Lula e PT - Textos Diversos V - Florestan Fernandes - PT, Os Dilemas da Organização
Florestan Fernandes - PT, Os Dilemas da Organização:
74 - Afirma que o partido não existe só para alcançar o poder. Precisa absorver interesses e valores de uma classe.
75 - Fala em tarefas do “bloco histórico”. Trata-se não só de adquirir uma consciência social operária e socialista, mas de eliminar a alienação política dos assalariados, moldados pelo capital. Por fim, é preciso inseri-los na luta política, salientando suas duas faces: a corporativa e economicista, e aquela que, a médio e longo prazos, enfatiza a perspectiva do poder e do que fazer com o Estado. A compreensão da marcha.
76 - Parece ver os seguintes desafios para um programa petista: Além disso, recorre-se a estimular vários setores da burguesia no sentido de assumir as responsabilidades e os riscos – além das vantagens – de sua posição de classe como capitalistas. Em suma, cortar cordões umbilicais entre a empresa, a “socialização dos riscos” e o governo “cartorial”, que não podem durar para sempre. A burguesia se vê compelida a diminuir sua resistência a mudanças sociais radicais e à reforma urbana, à reforma agrária, à alteração gradativa da brutalidade da industrialização etc.
77 - Um partido socialista não pode nem deve esperar a transição para o socialismo para formular exigências que são vitais para a dignidade humana e a fruição de um padrão decente de vida.
78 - Elogia, assim, a proposta do PT na Constituinte e o programa de 89 de Lula.
79 - Faz críticas, porém, no flanco da revolta contra a ordem: A educação para o socialismo continua a ser uma esfera pobre e secundária.
80 - Elogia alguns pontos: A diminuição da jornada de trabalho ou a posse da terra, por exemplo, encerram um sentido radical.
81 - Esse texto deve ter sido em 1989. Nota-se claramente, entretanto, que ele se depara com um dilema político: ou se conforma com as estreitas possibilidades liberais e social-democráticas da transformação da ordem e da revolução dentro da ordem, ou avança, pela aceleração da história, da ocupação do poder para a conquista do poder, desvendando a verdadeira face de um partido revolucionário. Só a derradeira opção coincide com a sua imagem e com a grandeza de sua promessa política.
82 - Suas pretensões: Parodiando Lenin, poderíamos dizer: sem consciência social socialista nada conseguiremos! Nem a transformação e a revolução dentro da ordem (em sentido capitalista) será possível. Nem a revolução dentro da ordem (em sentido socialista) e a construção de uma sociedade estará ao nosso alcance. Não basta um ABC do socialismo (ou do comunismo) para arrancar da natureza humana do militante ou do simpatizante o aburguesamento em que ele está engolfado e no qual apodrece. É necessário avançar muito mais e engendrar nele uma segunda natureza humana, socialista, aferida para que ele se liberte do passado e do presente e aspire a erigir, para si e para os outros, uma sociedade socialista aberta para o advento do comunismo.
83 - Vê na ambição clara pelo poder institucionalizado o risco de que o partido se perca. Ninguém deseja que o PT se torne modalidade mais atraente, séria e sólida de populismo.
84 - Mais crítica: Os trabalhadores, sindicalizados ou não, tomados como classe, estão alinhados com posições ofensivas predominantemente explosivas, dado o grau de ressentimento contra a ordem que ostentam. A identificação com o Lula é a contraface dessa propensão psicossociológica coletiva e ela se objetiva de modo perturbador para os de cima, pois a alegria espontânea não disfarça a raiva latente e o irrefreável ranger de dentes. O partido não tenta aproveitar politicamente as potencialidades do comportamento coletivo e permite que ele se dissipe nos fins institucionalizados e regulados pela ordem, no plano da representação e das eleições ritualizadas. Tampouco lhe infunde uma duração permanente e conteúdos ideológicos contra a ordem, restringindo-se a colher os frutos das mobilizações mais imediatistas. Cita algo que diz ser “pura fantasia”: Os talentos teóricos do partido, citando Gramsci, falam no recurso à “guerra de posição” e à “guerra de movimento”.
85 - Pensar a revolução como possível, no Brasil, sem pôr lado a lado classe e raça, equivale a desperdiçar um arsenal nuclear que nunca funcionará como um todo dentro da ordem.
Governo Lula e Cortes na Educação Para Dar Liquidez:
86 - Corte de 1,3 bilhão na Educação em 2010. Texto não muito profundo.
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