PP - Textos Diversos XXIV

 

Passa Palavra (PP) - Brexit e os Foras do Nacionalismo:

834 - No mesmo artigo a revista afirma que em 2013 as pesquisas de opinião mostravam que a parcela de europeus satisfeita com a democracia sob a UE chegava a uma baixa recorde.

835 - Menciona uma extrema-direita britânica organizada: Não por acaso há anos o país tem sido palco de mobilizações nacionalistas contrárias aos imigrantes, que resultaram em campanhas como a “put britain first” (empreguem os britânicos primeiro), e a criação do próprio Partido Britain First, de extrema-direita, cujo slogan é “taking our country back” (tomando nosso país de volta). Esse Partido possui um braço paramilitar, o Britain First Defence Force (Primeira Força de Defesa Britânica), famoso por suas “Patrulhas Cristãs” em que os membros usam uniformes verdes, carregam cruzes brancas e gritam slogans anti-islâmicos.

836 - Quase nenhum economista era a favor da saída do Reino Unido. A decisão pela “saída” envolve muito mais do que uma proporção ligeiramente majoritária de cidadãos que se recusam a seguir seus líderes políticos. Elas precisam ser vistas como uma rejeição notável às elites políticas e empresariais, assim como às “opiniões de especialistas”. E também ilustram as divisões regionais que predominam após um período de baixo crescimento, especialmente de um crescimento que beneficiou mais a alguns grupos do que a outros.

837 - O Reino Unido verificou a partir de 1992, data da fundação da UE, a sua mais longa expansão econômica na história, com taxas de crescimento ultrapassando as da eurozona por margens significativas. Contudo, para a população mais velha e menos educada, que foi o grupo que favoreceu a saída da UE no referendo, os ganhos foram se tornando menos animadores, principalmente a partir da recessão iniciada em 2008. Foi a população mais jovem e educada, concentrada na cosmopolita Londres e nas highlands escocesas, que apoiou a permanência.

 

Passa Palavra (PP) - Goiás, Comunidade Se Mobiliza Contra a Militarização de Escola:

838 - Para a surpresa de muitos, a maioria dos pais e alunos era contra não só pelas taxas que passarão a ser cobradas com a mudança, mensalidade e compra do uniforme, mas pela própria ideia da gestão militar e estrita do ensino para seus filhos. Esses pais queriam agir para impedir essa decisão de se efetivar. Até então, era um consenso que a população era completamente a favor da depuração militar da indisciplina escolar.

839 - Escola militar: Caso o gestor se mostre incompetente ou indisposto para a tarefa de quebrar essa resistência, pode ser facilmente substituído. Isso, nas palavras do governo do estado, é uma “gestão flexível, mais adaptável à realidade escolar”, comparada às atuais direções eleitas pela comunidade escolar, que são um pouco mais difíceis de substituir às escuras.

840 - Quem não chega no horário exato da aula tem que assinar um “boletim de ocorrência” e às vezes não pega aula, o uniforme (com mais de dez peças) tem que estar perfeitamente em ordem, o cabelo dos meninos tem que ser curto e os das meninas rabo de cavalo, são proibidos piercings e tatuagens, “linguagem desrespeitosa e gírias” (como “mano” e “velho”) são proibidas também. Ao começo de cada aula, os alunos tem que bater continência para o professor e pedir autorização para se sentar.

841 - A resistência contra a militarização começou a se tornar pública a partir de uma iniciativa de um jornal comunitário da região, o Jornal O Prego. Um debate no fim de semana, nas férias, reuniu 40 pessoas entres pais, estudantes, professores e alguns trabalhadores da região. Nesse debate, foi decidido que se faria outra reunião dentro do colégio com mais mobilização para tentar continuar a luta. (...) A mobilização que até então tinha ficado no Facebook e no Whatsapp, além do boca a boca, tomou uma face mais militante com as panfletagens nos pontos de ônibus e comércios. Foram deixados avisos na Igreja Católica da região, além das igrejas evangélicas. Mas um aspecto importante foi a passagem de casa em casa, batendo nos portões e conversando com os pais e estudantes dos bairros próximos sobre a pauta. Essa divulgação, por mais que não tenha chegado a todos, gerou uma repercussão grande na comunidade.

842 - A reunião teve surpreendentes 130 pessoas e os intelectuais tiveram dificuldades em não dar um formato acadêmico à luta. Foi-se esvaziando por causa disso, mas deu tempo de marcar uma manifestação.

843 - Imprensa e MP foram movimentados e já se fala em isenção de taxas para acalmar o movimento. Entretanto, a militarização ainda não era reversível (creio que não foi, pelo que googlei).

844 - Críticos: “Seus críticos, porém, apontam com frequência que essas escolas tidas como excepcionais em geral recebem financiamento extra, atendem menos alunos com problemas disciplinares, e dariam ênfase excessiva para a preparação para testes”.

 

Passa Palavra (PP) - Nação Em Cólera, Uma Nova Fase da Contrarrevolução Sem Revolução:

845 - Parece que nos movimentos atuais, como há um século atrás, os democratas acreditam poder usar as hordas furiosas para atacar seus inimigos da vez, como uma arma para, violentamente,​ substituir no controle do Estado uma fração dos gestores por outra. Entretanto, se o fascismo original dependeu da derrota da revolução para encontrar permeabilidade no proletariado,​ o fascismo pós-fascista não precisou de tanto. O esgotamento dos partidos da esquerda eleitoral e o esfacelamento dos grupos de extrema-esquerda foram o suficiente para setores da classe trabalhadora buscarem respostas no campo da extrema-direita; gestamos uma contrarrevolução sem revolução. Ao que tudo indica, a história tem nos ensinado muito pouco.

846 - Ódio aos políticos e anti-intelectualismo característicos do fascismo estão lá.

847 - Apelo aos “homens de ação”, que não respeitam limites teóricos do “jogo”: Esses homens, se necessário ​passando por cima da legalidade, ​das regras de um ordenamento jurídico-político corrupto ​e degradado, atendem aos clamores populares. É nesses termos que as massas nas ruas saúdam ​o juiz Sérgio Moro como um chefe em potencial ​da nação em cólera. (...) Pavimentadora: o mesmo anti-intelectualismo e o mesmo desprezo pelos ritos democráticos têm ganhado corpo no âmbito da esquerda. (...) Da política da repulsa ao racista e ao machista passamos para a política da repulsa ao corrupto e ao petista.

848 - Para além da moral, os atos organizados por essa nova direita são uma mimetização dos métodos outrora utilizados pelos movimentos ​da esquerda ​autônoma: as grandes convocações abertas, o clamor pelo apartidarismo,​ o ato encarado ​como um espetáculo que serviria supostamente para atemorizar as autoridades,​ a ausência de lideranças fixas etc. Porém, há algumas diferenças:​ os atos são amplamente divulgados pela grande mídia, os partidos (de esquerda ​e de direita) são atacados violentamente, são proclamadas novas autoridades morais e algumas siglas são lideradas por empresários. Citam também gritos de guerra e apropriação de música de funk como similaridade.

849 - Não seriam contra o desmonte do Estado e alguns se pronunciaram favoravelmente ao casamento homoafetivo. ​Uma demonstração dessa hipótese talvez apareça num relato sobre militantes de esquerda ​que tentaram disputar ​o ato do dia 13 “por dentro”: conseguiram dialogar por algum tempo com a massa, até que uma das lideranças do ato os percebeu ​e inflamou a violência ​e a histeria contra “os comunistas que fazem apologia às drogas” – aquelas pessoas que, minutos antes, conversavam tranquilamente ​se tornaram violentas de uma hora para outra. É no moralismo ​e na estética ​que se unificam esses grupos sociais com interesses tão diversos.

850 - Será que nos deparamos com uma mudança no padrão de resolução dos conflitos sociais e políticos, de mecanismos democrático-populares para mecanismos semelhantes aos que se podem verificar na Venezuela, onde manifestações e resistências massivas são organizadas pela oposição e acabam resultando em choques violentos entre direita e esquerda na ruas?

851 - Comentador sobre fascismo: É importante lembrar que, imediatamente antes disso tudo, o fator determinante foi que a I Guerra mundial terminou porque os soldados de todos os lados das trincheiras passaram a se recusar a matar uns aos outros, voltando as armas contra seus próprios generais, e os operários passaram a se recusar a obedecer nas fábricas, buscando fazer conselhos de operários e soldados (sovietes) para transformar a sociedade, entre 1917-1924.

852 - “(…) o que há de peculiar no fascismo é seu caráter simétrico e a posteriori. Simétrico porque, afirmando que supera os extremos, coloca-se, na realidade num ponto mediante entre eles. E a posteriori porque este equilíbrio é realizado entre terrenos políticos já existentes, o conservador e o revolucionário. Não se trata, como para os adeptos da tradição, de prolongar e transformar inteiramente aquilo que já existe, nem, como os agentes da revolução, de criar uma nova realidade, mas de superar o existente sem romper com o quadro dessa existência. Por isso defino o fascismo como uma revolta que não comprometeu a coesão social” (João Bernardo – Campinas, 1998, Tese Doutorado, p. 32).

853 - Pablo contra a tese da grande mídia como principal ator do golpe: Caro LSCF, (...) Penso que embora a mídia tenha poder real de influenciar os rumos da política, ela não tem papel independente, vontade própria, e só age tendo forças econômicas por trás, estas sim com interesses bem delineados. Tanto que durante uma década (fora a época do Mensalão) houve uma lua de mel entre grande mídia e PT. Tentei, numa pesquisa feita entre março e maio do ano passado, rastrear as forças econômicas interessadas na saída do PT do poder. Precisaria atualizar algumas coisas, em especial quanto às forças externas, interessadas, por exemplo, no desmantelo do esquema tríade Estado(Partidos)-empresas-empresas estatais, feito pela Lava-Jato, a fim de, por exemplo, ter acesso legal à exploração de fatias do pré-sal, concessões estatais em grandes obras etc.

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