Pablo Polese (PP) - Sobre a Centralidade da Tática no Campo Autonomista

 

Pablo Polese (PP) - Sobre a Centralidade da Tática no Campo Autonomista:

784 - Checar essa informação: Não é à toa que se lê mais Foucault que Pannekoek, e não é por acaso que o principal financiador de estudos feministas (revistas, pesquisas, projetos etc) é a Fundação Ford. Essa mesma Fundação financiou o estabelecimento do movimento negro no Brasil após o final da ditadura militar. Em ambos os casos, propiciou com eficácia o estabelecimento da mesma orientação política, de matriz norte-americana. Isso não quer dizer que a bandeira feminista ou a da luta contra o racismo sejam menos importantes ou em si mesmas reformistas, integradas à ordem, mas quer dizer que as vertentes que defendem práticas sociais feministas e anti-racistas num molde menos perigoso à ordem do capital são as que serão incentivadas aqui e ali por fatores objetivos, mais que tudo econômicos, e subjetivos, especialmente no plano da disputa de ideologias enquanto parte da luta de classes.

785 - O MPL perde a potencialidade anticapitalista não por ter se centrado numa tática de revolta de rua descolada de alguma “estratégia radical”, nem por ter abandonado a bandeira da tarifa zero, ou por se tratar de uma demanda que o capitalismo conseguiu integrar pela via dos mecanismos de mais-valia relativa (o que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, e quando acontecer será uma “vitória” daquelas que o capitalismo adora conceder), mas pura e simplesmente porque deixa de se organizar de modo radical, assim como outrora aconteceu com o MST e tantos outros órgãos de luta da classe trabalhadora. Nesse sentido, o problema da tática não é menor ou secundário ao da estratégia, tal como na equação dos “fins” e “meios” de Maquiavel. A tática e a estratégia caem e se erguem juntas e chegam sempre de mãos dadas na encruzilhada dupla que persegue toda luta social: ou se radicalizam ou são derrotadas.

786 - Rosa Luxemburgo nos comentários críticos à forma-partido previamente definida e sempre centralista: a contradição dialética do movimento social-democrata, que, de acordo com o processo de desenvolvimento como um todo, precisa avançar entre dois obstáculos: entre a perda do seu caráter de massa e o abandono do objetivo final, entre a recaída no estado de seita e a queda no movimento de reformas burguês. Por isso é uma ilusão totalmente a-histórica pensar que a tática social-democrata em sentido revolucionário possa ser garantida, previamente e de uma vez por todas; que o movimento operário possa, de uma vez por todas, ser defendido contra desvios oportunistas. É certo que a doutrina marxista nos dá uma arma devastadora contra todos os tipos fundamentais de pensamento oportunista. Como, porém, o movimento social-democrata é um movimento de massa e os obstáculos que o ameaçam não vêm da cabeça dos homens e sim das condições sociais, os erros oportunistas não podem ser impedidos de antemão; apenas quando, na prática, adquirirem forma tangível, podem ser superados através do próprio movimento – evidentemente com a ajuda das armas oferecidas pelo marxismo. (...) os erros cometidos por um movimento operário verdadeiramente revolucionário são, do ponto de vista histórico, infinitamente mais fecundos e valiosos que a infalibilidade do melhor “comitê central”.

787 - Outro acusa de usarem Rosa para se defender reformismo Bernsteiniano (o movimento é tudo) e Toninegrismos (fundamental é que a coisa se espalhe, não o sujeito). Ao que Pablo responde: “não se trata de qualquer treta e sim das tretas que se organizam de modo radical pondo em marcha o germe do novo”.

788 - Pablo critica a separação forma-conteúdo. Os sovietes, por exemplo, enquanto conselhos que operacionalizavam o poder da classe, não eram um meio organizativo e tático para a vitória estratégica da revolução russa de 1917. Eles eram a própria revolução. Não eram uma forma que apontava para a possibilidade de um conteúdo socialista, eram o conteúdo socialista tomando forma. E quando os bolcheviques assumem o comando do Estado e integram os sovietes enquanto órgãos estatais, o que temos é a contrarrevolução atuando. Na visão dos bolcheviques, pelo contrário, o que temos é a explosão da forma para salvar o conteúdo.

789 - Crítica que Arabel faz à autogestão como panacéia: o problema do cenário internacional não esta só no âmbito das forças da contra-revolução, mas na pressão do mercado mundial para o valor-trabalho ser a forma geral de valor nas trocas.

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