Daniel Caribé (PP) - 25 Anos de Subordinação
Daniel Caribé (PP) - 25
Anos de Subordinação:
122 - Não foi encontrado
qualquer indício de participação popular nos editais que saíram. As tais
audiências públicas não parecem ter tido qualquer influência. É desta forma que o próprio Edital aponta
aos seus poucos leitores que tiveram acesso ao documento as fontes das maiores
críticas: a falta de participação popular e a fraude das audiências públicas; a
contraditória colaboração do Ministério Público; acordos com o Governo do
Estado que agora se tornou o mais forte crítico do Edital; e a Lei de
Mobilidade Urbana que foi simplesmente atropelada.
123 - Coloca que a alta
popularidade do governo ajudou no fato de que estavam nem aí, inclusive nas
farsas das audiências públicas, para ouvirem ou responderem a qualquer crítica.
Há relato em texto no site do Tarifa Zero, recomenda.
124 - De qualquer forma a licitação continua e,
tudo indica, já temos os vencedores. Apenas três consórcios apresentaram
propostas, um para cada área operacional, e, já habilitados nos requisitos técnicos
e jurídicos, deverão ser declarados vencedores dentro em breve. Uma licitação,
como já era previsível, sem concorrência. Isto significa que, segundo cálculos
expostos na minuta do contrato (Anexo II do Edital), a empresa vencedora da
área menos lucrativa ganhará algo em torno de 3,5 bilhões de reais, enquanto a
mais lucrativa se aproxima dos 4 bilhões de reais. Desconfio que seja muito
mais. O critério foi “maior oferta à prefeitura” pela concessão. Não a
menor tarifa.
125 - No total, a Prefeitura pretende arrecadar
cerca de R$ 180 milhões com a licitação e as empresas vencedoras receberão o
direito de explorar a atividade durante os próximos 25 anos.
126 - Coloca que não é
papel do movimento social propor soluções técnicas ou jurídicas para os gestores.
Não se trata de uma renovação da classe gestorial. Ainda assim, o MPL São Paulo
chegou a propor um projeto de lei. (...)
Os movimentos sociais, em particular,
e os trabalhadores, no geral, apresentam os problemas, os gestores do Estado e
das empresas, se devida e radicalmente pressionados, correm para achar soluções
que os garantam no poder. E é esta a dialética que permitiu até agora o
capitalismo se desenvolver, e é esta dialética que vai levar esta contradição
às últimas consequências.
127 - O debate técnico e legal pode ser usado para mascarar decisões
políticas e como os números, das estatísticas ou da contabilidade, podem ser
facilmente adulterados para justificar decisões caras à população, como o
aumento da tarifa. Não há melhor maneira de observar isto do que fazendo uma
rápida consulta às tabelas de custos apresentadas pela Prefeitura e pelas
empresas para balizarem o último aumento da tarifa.
128 - Garante-se no
edital o “equilíbrio econômico-financeiro” inclusive com revisão de quatro em
quatro anos, mesmo já estando estipulada revisão tarifária anual. Praticamente
um capitalismo sem riscos. Porém, se
parte do pressuposto de que toda e qualquer atividade econômica incorre em
riscos. A garantia do equilíbrio econômico-financeiro não pode ser usada como
justificativa para transferir aos usuários dos serviços públicos todo o risco
da atividade a ser exercida pela empresa contratada. Ademais, foi consolidado
o roubo já anteriormente perpetrado. O
problema aqui é que a tarifa atual já custa quase o dobro do que deveria se
levarmos em conta a inflação de 1994 para cá.
129 - A grande questão é que já não se sabe mais
quem é prefeito e quem é empresário e se os estudos a serem realizados pela
Prefeitura para respaldarem as revisões serão de confiança ou se seguirão o
método de superfaturamento das planilhas, que é a regra.
130 - Bem que os trabalhadores em suas greves,
principalmente os rodoviários, poderiam usar do mesmo artifício e, além de
solicitarem aumentos salariais com base na inflação, apresentarem uma lista dos
seus itens de consumo favoritos, feita por eles mesmos sem auditoria externa,
e, com base no aumento destes produtos, garantirem o equilíbrio
econômico-financeiro das suas famílias. Pois é isto que a SETPS vinha fazendo
ano após ano.
131 - Enquanto os avanços tecnológicos são
amplamente usados para monitorar os trabalhadores e tirar deles maior
produtividade, as ferramentas que objetivam melhorar as condições de trabalho
ou a vida dos usuários são categoricamente descartadas.
132 - Edital feito sob
medida para tudo ser novo sem nada mudar. Inviabiliza
a participação de novas empresas, para ficar em apenas um exemplo, além
daquelas que atualmente oferecem o serviço na cidade, a imposição de já possuir
a frota de ônibus e as garagens com suas instalações, itens bastante detalhados
nos anexos do Edital.
133 - Até José Carlos Aleluia, o anterior
secretário Municipal de Urbanismo e Transporte e principal defensor do Edital,
hoje candidato a deputado federal pelo DEM, se mostrou insensível diante de
tanto altruísmo e espírito cívico dos nossos empresários ao questionar o fato
das empresas de ônibus apresentarem balanços que as colocam no vermelho por
longos anos: “Não considero plausível [as planilhas]. Um sistema com 18
empresas tendo um prejuízo desta ordem quebraria em três meses. Não temos tido
notícias de falências. Você viu alguma empresa de ônibus falindo em Salvador
recentemente?” (ver aqui). (...) A tarifa de R$2,80, uma das mais caras do
país; a frota sendo uma das com tempo de uso mais prolongado; a quase
exclusividade do ônibus enquanto modalidade de transporte público; o número
reduzido de ônibus frente a demanda; nada disso e outras muitas coisas devem
ser usadas como parâmetros para mensurar a competência ou para questionar a
lisura dos empresários soteropolitanos.
134 - Fala-se em
investimento de bilhões que justificam o prazo longo, não ficando clara tal
vinculação e custo, já que nem a renovação da frota daria algo próximo a esse
valor, segundo o texto.
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