Aldo Sauda (PP) - Revolta Popular, O Limite da Tática”, Um Documento Pós-Leninista:
Aldo Sauda (PP) - Revolta
Popular, O Limite da Tática”, Um Documento Pós-Leninista:
32 - Crítica de um
trotskista a um texto e tática do MPL. Afirma que a ala paulista do movimento,
segundo texto de próprios membros do MPL, se comportou como partido, planejando
detalhadamente toda a revolta popular, sem passar por assembleias ou algo do
tipo. Afirma que os anarco-punks viam legitimidade com o MPL, mas não nos
partidos de esquerda.
33 - Afirma que em 2011
colocaram cerca de quinze mil pessoas nas ruas. A vanguarda desse precariado,
antes da massificação, eram os punks. Continua a análise: entre os anarco-punks, o MPL-SP não os organizava sequer como
movimento. Obviamente, a natureza própria da cultura punk lhe impunha barreiras
intransponíveis. Conseguiam, mesmo assim, minimamente dialogar com eles,
contendo os setores mais extremados que rejeitavam qualquer disciplina coletiva
nas manifestações. Conclui: Se o
MPL-SP organizava alguns como partido, entre outros existia apenas como fragmentos
de uma referência moral, sem capacidade real de direção no sentido estrito da
palavra.
34 - Os coxinhas que
vieram também confiaram um pouco no antipartidarismo do MPL.
35 - Partido: Devido à sua relação desigual com os
aparatos do estado burguês, necessita de uma direção concisa e relativamente
homogênea, uma estrutura deliberativa rápida e indivíduos que, ao contrário da
imensa maioria da população, estejam dispostos a sacrificar seu tempo (e, em
muitos momentos, suas próprias vidas) a uma causa histórica. (...) Já o
movimento, ou a organização social, é um agrupamento voltado a colocar a classe
trabalhadora em movimento contra o capital. Para atrair a maior quantidade
possível de trabalhadores, ele exige grande heterogeneidade política e os
métodos mais democráticos possíveis na sua tomada de decisão, algo que
naturalmente o deixa mais lento e menos conspiratório.
36 - Como nos lembra o texto, “foi justamente por não possuir esse polo
articulado que a Revolta do Buzú [de Salvador] não foi vitoriosa: o espaço
vazio foi ocupado por dirigentes de entidades estudantis burocratizadas e
partidos políticos”. Na política não existe vácuo. Para não perder espaço aos
partidos, o MPL-SP, a seu próprio modo, teve de se assimilar a eles.
37 - Com a queda da
tarifa, o MPL ficou sem ter muito o que dizer. Junto à questão do programa, o ultra-centralismo, que evitou
“assembleias abertas ou uma frente ampla” impediu que o movimento pudesse
criar, no calor das jornadas de Junho, fóruns capazes de minimamente moldar um
programa que dialogava com as exigências das ruas.
38 - Critica o artigo de
Caio e Leonardo do MPL: A ausência de
qualquer direção anticapitalista no auge de Junho é apresentada como uma inevitabilidade
benéfica, já que o objetivo último seria que a direção fosse algo
temporário, tendo que perder o controle. Porém... O MPL-SP deixou potencialmente de dirigir o levante não para uma massa
supostamente emancipada e emancipadora, mas, na prática, para a TV Globo e a
burguesia brasileira.
39 - A atual geração de trabalhadores que saiu às ruas em Junho é mais
escolarizada e, ao mesmo tempo, menos politizada que seus pais. Educada
politicamente durante o governo do PT, o atraso em sua consciência se deve em
boa parte à ideologia de conciliação de classes difundida pelo Partido dos
Trabalhadores. (Seria bom apresentar os dados comparativos).
40 - O dilema posto foi que, caso formalizassem seu papel de direção, ao menos
junto àqueles que mobilizaram em 2011, deixariam de ser “horizontais”. Caso
insistissem na horizontalidade, não teriam atingido o êxito e o protagonismo
que os destacaram do resto da esquerda em Junho. (...) Por fim, destaca-se no texto de Caio e Leonardo a importância de uma
“boa direção” para garantir os êxitos do movimento. A grande sacada do
bolchevismo foi, ao admitir a necessidade da “boa direção”, criar mecanismos
formais cuja intenção era democratizar o indispensável centralismo. Tal
proposta é a essência do pensamento organizativo de Lenin e Trotsky.
41 - Discordância nos comentários. De
modo sintomático, Aldo foca na questão da necessidade da direção e coloca como
se Caio e Leo a defendessem unilateralmente, e como se a defesa do “perder o
controle” fosse uma contradição que se mostrou uma trapalhada que abriu a
brecha para a direita, quando a meu ver os autores defendem que foi esse perder
o controle que potencializou a força do movimento e a vitória dos 20 centavos.
42 - A sensação que ficou para mim é que o MPL estava mais preocupado em
formar uma nova fileira de militantes do que em vencer a luta contra o aumento
(não entro no mérito da questão), e parte desse esforço era impedir que alguns
setores aparelhassem a influência que o MPL conquistou junto a outros setores
da base.
43 - Segundo o último
comentador, Bakunin procurava uma
articulação em que a organização política dava impulso, fazia-se ignição de uma
ativa mobilização de massas que produzisse ruptura. O alicerce das associações
e federações da classe trabalhadora faziam a vez das células de reconstrução
social.
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