YT - O que é ser Conservador? I Roger Scruton

 

O que é ser Conservador? I Roger Scruton


1 - Ser conservador é preferir o familiar ao desconhecido. Segurança. Contra as felicidades utópicas. Pé no chão e ceticismo, alegam. Não se trata de aceitar tudo como está.

2 - Não é ser reacionário. Não é ser contra todas as mudanças, nem ser refém do passado. Seria respeitar o passado e pedir calma. Que as mudanças sejam lentas. 

3 - "O indivíduo é tolo, a espécie é sábia". Há um motivo pelas quais certas instituições sobreviveram aos diversos testes do passado. As tradições contém uma sabedoria nelas. Sabedoria que se expressa na história. 

4 - Curioso que é um pensamento da modernidade. Só faz sentido num mundo em constante mudança, o mundo moderno. É uma "reação" não-reacionária (os que querem voltar ao passado idealizado) a isso.

5 - O conservadorismo nasce, para Scruton, quando a pessoa percebe que pertence a um todo maior, que é a sociedade. Não somos autossuficientes. Língua, costumes e roupas, por exemplo, não brotam do indivíduo em geração espontânea. Instituições como escolas, hospitais, igrejas e famílias têm uma razão de ser, de existir. Devem ser respeitadas e protegidas para as gerações futuras. O fim de tudo não é a mera liberdade individual. 

6 - Criticava Thatcher especialmente por ela dizer que sociedade não existe. 

7 - Há coisas específicas que não escolhemos, que transcendem o indivíduo. Exemplo: a ideia de continuidade que nos dá a instituição "monarquia inglesa", a qual ele defende. O mesmo para a família, vem de um legado.

8 - O Estado só deve ser reformado em função de sua preservação. A União Europeia é vista por exemplo como ameaça à soberania inglesa, às suas tradições e mesmo ao common law.

9 - A "constituição" da sociedade não é escrita. Ele usa no sentido que Aristóteles e mesmo reacionários defendem. Constituição não-escrita. As regras abstratas - leis escritas - perdem para a tradição e valores, que devem basear as leis. 

10 - A Revolução Francesa seria a tentativa de enquadrar a sociedade em ideias e valores novos. Isso geraria bagunça e despotismo segundo o ceticismo conservador. A sociedade é complexa demais para isso. O bom senso das pessoas importa mais que as novas ideias. Mudanças devem ser lentas. Não dá para fazer tábula rasa das pessoas. 

11 - Tradicionalismo, organicismo e ceticismo, portanto. Seria a tríade conservadora. 

12 - Paine criticava os conservadores por quererem que os mortos governassem os vivos. Defendia a soberania de cada geração para se reinventar. 

13 - Para liberal, tudo que existe tem que ter uma justificativa. Para Scruton, isso não se justifica. O individual não é suficiente. O que nós somos está ligado ao passado. A liberdade individual não é plena e pode ser limitada pelas tradições e aquilo que é orgânico. 

14 - A propriedade não é um direito liberal que vem do trabalho, mas algo que nos vincula ao mundo. Um lar. Gerações passadas e futuras estão vinculadas e isso nos humaniza. Se a população está com fome, a liberdade econômica não pode ser plena. Pode-se punir especulação gananciosa, por exemplo.

15 - Estado e sociedade não se separam. Não é um mal necessário. Estado protege os direitos. Eles não são naturais ou anteriores. Isso é uma ficção liberal.  Os direitos devem existir, mas é a autoridade estatal quem os protege. União de ambos. Estado não deve interferir na economia para que não seja contestada sua legitimidade harmonizadora, favorecendo "x" ou "y", mas não por ferir supostos direitos naturais. 

16 - As leis são para dar previsibilidade, coerência e coesão à ação do Estado.

17 - Trata-se de um conservadorismo romântico, afirma Daniel, baseado no livro de Lowy. Valoriza a nostalgia e passado. É melancólico. O mundo moderno (frieza das relações) é um mundo desencantado e o conservadorismo quer o reencantamento. Critica-se o progresso. Nem tudo que é novo é o melhor. É o romantismo conservador (existiriam o revolucionário e o fascista também).

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