YT - Ep.06 da série 'ECONOMIA BRASILEIRA' : 1986 – 1987 – Plano Cruzado e reformas

 

Ep. 06 da série 'ECONOMIA BRASILEIRA' : 1986 – 1987 – Plano Cruzado e reformas


1 - O novo golpe não veio. A legitimidade veio com o fim da inflação. Por uns meses...

2 - Não dava para fazer um plano ortodoxo para domar a inflação. Seria pedir um golpe. Ademais, poderia não resolver (como não resolveu em Figueiredo) o problema principal: a indexação da economia. Austeridade nenhuma dava jeito. Podia fazer a que quisesse.

3 - ... Inflação inercial: a origem desta era tributária. Em 1964, criou-se um sistema de indexação generalizada baseada na correção monetária. Impostos e rendimentos financeiras eram indexados à inflação. Naturalmente isso se espalhava para as rendas do trabalho. Mário Simonsen já falava em 1970 desse problema. Em tese, era um jeito de conviver bem com a inflação que acabou se mostrando, mais tarde, um problema. Como reduzir a inflação se fosse necessário? Como parar tal inércia? 

4 - ... O "remédio" correção monetária via criando práticas informais. Espera-se a nova inflação. Aluguel, salários e preços vão se reajustando na expectativa de aumento de cada um deles. O ciclo se retroalimenta. Ninguém podia parar (Eu diria até que acirra o conflito distributivo certamente, eis que num cenário de mais incerteza). Uma boa analogia é feita no documentário. É como assistir jogo de futebol num estádio em que os de baixo começam a se levantar. Ao fim disso, do processo de todo mundo ir levantando aos poucos, está todo mundo em pé assistindo e tudo "dando" a mesma visão de que se estivesse todo mundo sentado.

5 - ... A rodada de correção de preço e salário ficava mais rápida à medida que a inflação subia a novo patamar. O medo gerava isso. Incerteza. Dobrava cada vez mais rápido. Chegou-se a ter taxa de juros de 1% ao dia. A inflação com correção monetária era terrível.

6 - Em Israel, um programa heterodoxo teve sucesso em 1985. Pérsio Árida trouxe a boa nova. O Plano Cruzado seria o "senta". Fevereiro de 86. Congelamento de preços e salários teve sucesso inicial (mas só). A economia acelerou. a popularidade do governo chegou a passar de 80%.

7 - Sarney organizou as contas estatais, diz o documentário. Havia quatro orçamentos e grande desordem. Só o orçamento da União passava pelo controle do Congresso. As finanças públicas eram falsamente equilibradas. As operações do "orçamento monetário" - da "conta de movimento" - eram maiores que as do convencional (o aprovado pelo Congresso). Era um orçamento paralelo usado pelo Banco do Brasil especialmente. Não havia limites para os empréstimos. Irresponsabilidade fiscal, diz o documentário. Os políticos montavam em cima, para dar empréstimo a torto e a direito. Emissões de papel-moeda. O Ministro da Fazenda era, assim, um rei, já que nomeava os presidentes dos bancos e isso não passava pelo Congresso.

8 - Dilson Funaro acabou com a conta de movimento. Todo lucro que o BB tinha era raspado pelos políticos, coloca o documentário. 

9 - Sarney afirma que o Plano Cruzado foi o que legitimou a convocação da Constituinte. Não teria como sem.

10 - Final de 86 o Cruzado 1 já era um fracasso. A demanda subia de elevador e a oferta subia de escada. Desabastecimento. O consumo crescente era insustentável. Como era uma economia fechada, não tinha como importar, logo, a pressão pelo aumento de preços era o resultado natural desse desabastecimento. Reequilibraria a oferta e demanda. 

11 - Quando se congela preços, há setores que reajustaram um dia antes do congelamento e outros que reajustaram bem mais atrás. Tem-se, então, desequilíbrios permanentes que precisam ser mapeados e consertados. Toda uma ineficiência. Margens mais folgadas e outras bem apertadas. O lucro vem mais da sorte ou azar a respeito do que da eficiência produtiva. Resumindo: desequilíbrios nos preços relativos. Era difícil arrumar isso sem volta da inflação. 

12 - Consolida-se a democracia, mas volta a crise em 1987. Empresas e Estados falindo. 

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