YT - Mussolini e a ascensão do FASCISMO

 

Mussolini e a ascensão do FASCISMO


1 - Vídeo de 2020 do canal "Leitura ObrigaHISTÓRIA". Vídeo baseado no livro Donald Sassoon: Mussolini e a ascensão do Fascismo.

2 - Coloca que a popularidade da "guerra para acabar com todas as guerras" é contestada por alguns historiadores. O que é inegável é que grandes parcelas da população ficaram empolgadas. Especialmente os homens. Todos pensavam que a guerra seria rápida e decisiva.

3 - Quem mais se opunha à guerra? Católicas e socialistas. A Itália, porém, estava tentando tirar o atraso da corrida colonial pela África. Queria reverter as vergonhosas derrotas anteriores. 1896 tomaram surra dos etíopes e foram inclusive castrados. Só em 1911 e 1912 a Itália teve sucesso tomando a Líbia e parte das ilhas que estavam com a Turquia. Os nacionalistas se fortaleceram com isso, mesmo tendo os liberais e os católicos ("cruzada contra os bárbaros pagões") apoiado essas guerras. 

4 - Socialistas e liberais do parlamento viam a economia italiana como ainda fraca para participar. Socialistas usaram o "slogan neutrista": "nem apoiar, nem sabotar". Católicos acabaram ficando ao lado do Estado

5 - Mussolini nessa época era da ala esquerda inclusive do partido Socialista. Nessa época, o termo "socialismo" estava em disputa. havia elaborações teóricas até sobre "Socialismo de Direita". Foi expulso, em 1914, quando escreveu no "Avanti" a favor da "neutralidade ativa", dizendo que seria covardia se ausentar da História. Aos poucos ele foi caindo nas graças dos nacionalistas, mesmo ainda se dizendo de esquerda. Sua ambiguidade ideológica inicial era até útil. O ressentimento pela guerra unia várias tendências da Itália. Consciência nacional recém-criada. Todos pagaram o preço lutando na guerra e não receberam a gratidão da pátria. Ricos, com sua rede de amizades e contatos, tinham como escapar da guerra e ficarem ainda mais ricos enquanto o resto se ferrava. Os veteranos estavam muito decepcionados. Eram um público "capitalizável" politicamente. A extrema-direita soube aproveitar isso, cooptando associação paramilitares no futuro.

6 - O nacionalismo italiano se sentia inferiorizado pelo Tratado de Versalhes. Os negociadores italianos foram quase ignorados. Suas maiores ambições não deram em nada. 

7 - Em 1919, Mussolini ainda não conseguia capitalizar com o ressentimento contra a "vitória mutilada" (termo de Gabriel D'Annunzio). Socialistas, com suas graves, e o partido popular católico eram quem cresciam.

8 - Sassoon observa que Mussolini tinha um importante jornal (chamava mais atenção que um partido) e já estava envolvido nos "fasci di combatimento". Tal movimento ainda tinha pautas esquerdistas: voto feminino; abolição do Senado; salário mínimo; jornada de oito horas; representação dos trabalhadores nas empresas; imposto sobre riqueza; confisco de bens da Igreja e imposto especial sobre os lucros de guerra. Enfim, flertava com todos os lados. Nessa época, era bastante "antiparlamentar", pois era o sentimento geral. O Executivo aproveitou para concentrar poder, até porque os socialistas tiveram 32% dos votos e se tornaram o maior partido. Os liberais, antes maior partido, caíram para terceiro. Como os socialistas eram anticlericais e anticapitalistas, a Itália ficou paralisada. O governo. 

9 - Afirma que não havia ameaça séria de revolução, mas sim muitas greves e intensas atividades sindicais. Ciclos industriais e liberais ficavam com medo e os fascistas souberam manipular isso com o tempo. Como muita greve acabou em mediação, os operários mais radicais se decepcionavam, pois achavam possível a revolução naquele momento. Em 1921, a ameaça esquerdista já era menor. Em 1922 a gerência da FIAT demitiu os "criadores de caso", socialistas e comunistas. Não houve reação dos sindicatos.

10 - Socialistas se dividiram bastante. O setor comunista se desligou dos socialistas e fundou o PCI. 

11 - Mussolini diria mais tarde (a seu biógrafo) que não tinha, nesse período, clareza sobre o que seria exatamente o fascismo. Até porque o fascismo era parasitário de ideias populares a cada contexto.

12 - Afirma que o fascismo prosperou principalmente nas cidades pequenas e no interior. Grandes proprietários de terra e o campesinato eram conservadores. Católicos e com aversão ao Estado, impostos e socialistas. Durante a guerra, culparam o governo central pelo grande número de dispensados das cidades. A guerra era para enriquecê-los.

13 - Como os socialistas organizavam trabalhadores rurais em sindicatos, os quais faziam greve, e davam contratos do setor público a cooperativas (prejudicando interesses dos grandes proprietários), eram mal vistos. Ademais, subiam impostos sobre a propriedade e regulamentavam salários e jornada de trabalho. Por fim, governos eram acusados de não combater as ligas socialistas no campo. Proprietários passaram a contratar esquadrões entre os fascistas locais para garantir que ligas e socialistas não forçassem os agricultores a não-contratarem fura-greves. 

14 - A direita se unia portanto. A violência fascista era tolerada pelas classes superiores. Até a imprensa liberal elogiava os métodos fascistas, esperando usá-los como bucha de canhão. A polícia sequer aparecia nos lugares onde a violência criminosa dos fascistas imperava. Quando aparecia, era com atraso e nada apurava nem responsabilizava. O movimento liderado por Mussolini parecia pretender liquidar o sindicalismo, defender a propriedade e prometer emprego via obras públicas. 

15 - Contexto: havia dois tipos de industriais. Os desenvolvimentistas e os liberais. Mussolini flertava com ambos.

16 - Afirma que a violência fascista já tinha aparecido em Trieste, onde Mussolini foi recebido como herói por reprimir a minoria eslava. 

17 - Em 1920, destruíram redação de diário socialista e câmara do trabalho de Fiume. Violência se espalhou por Emiglia e Bolonha, onde atiraram matando nove socialistas e ferindo cem na comemoração socialista da vitória eleitoral. 

18 - Em janeiro de 1921, camisas negras, sob aplausos das elites locais, queimaram Câmara do Trabalho. Nos seis primeiros meses de 1921, foram 119 câmaras do trabalho destruídas; 59 círculos culturais socialistas; 107 cooperativas; 83 escritórios de ligas da terra; gráficas socialistas, bibliotecas e sociedades de ajuda mútua. Dirigentes socialistas eram intimidados, espancados ou assassinados. Onde os socialistas tinham votação expressiva, a violência era sistemática. Em outros lugares, esporádica.

19 - Fascistas. Composição segundo seus próprios números:

20 - Ademais, quase um sexto de todos os estudantes eram militantes fascistas. Maior percentual dos grupos. É que a população não era tão grande assim

21 - Em maio de 1921, os fascistas entraram num bloco de direita para concorrer às eleições. Começava o flerte com a legalidade, aproveitando que ganharam a simpatia de parte da elite que queria "botar ordem na casa". Conivência e simpatia dos policiais e militares também ajudava. Recebiam até transporte militar gratuito algumas vezes. Conseguiram algumas cadeiras já no parlamento, num bom crescimento. Mussolini resolveu acalmar os mais exaltados, mas não o suficiente para deixarem de ser vistos como ameaça.

22 - O novo governo convenceu Mussolini a assinar um "pacto de pacificação". Não-violência na disputa politica. Vários fascistas - ala radical - discordaram dessa institucionalização.

23 - Mussolini passou a buscar monarquia, industriais e Igrejas. Não era mais extremamente antimonarquista. Os interesses eram comuns, afirmou em setembro de 22. Era possível renovar a política sem acabar com a monarquia. "Devemos ter coragem de ser monarquistas". Ambos queriam a unidade do país sem se preocupar com a democracia. 

24 - Antes mesmo do flerte com a monarquia, abordou os industrais, declarando simpatia ao liberalismo econômico, apesar de dizer que o fascismo não se confundia com mais nenhum outro ideal. Em fevereiro de 1922, escreveu que a esquerda não representava mais a mudança e o progresso (a direita seria a reação e o conservadorismo). O importante agora era acabar a orgia da indisciplina. Os industriais gostaram do aceno antissindicalista. A retórica liberal, com abandono do intervencionismo, dava frutos portanto. 

25 - Num escrito de abril de 1920 e num discurso de setembro de 1922, Mussolini aparece teorizando "contra o Estado":


26 - A "Confindustria" aprovou a escolha de Mussolini como primeiro-ministro antes mesmo de ele aceitar o cargo. Enfim, os liberais, perdendo força política, queria um cão de guarda. Um liberal foi nomeado como ministro das Finanças. Medidas liberais tomadas:

27 - Em junho de 1921, no primeiro discurso como deputado, disse que o fascismo não pregava (mais) o anticlericalismo. Seria algo contras as tradições latinas imperiais de Roma. Estado deveria fornecer ajuda material às escolas e hospitais do Vaticano. Declarou-se contra o divórcio, que era a grande pauta católica à época. 

28 - Menciona os sindicatos brancos (católicos), mais moderados e inspirados na "Rerum Novarum" (1891). Chegaram a ser atacados fortemente pelos "camisas negras". 

29 - Os católicos de centro se aproximavam dos liberais. Inclusive um papa conservador e anticomunista assumiu na época e, por isso, o Partido católico foi pressionado a aceitar o novo regime - Mussolini em 1922. 

30 - Mussolini era a "voz da moderação" (era respeitado nos círculos políticos e não queria assustar os simpatizantes) entre os próprios fascistas. Não apoiava o governo, mas a prioridade era impedir a ascensão dos socialistas. 

31 - Expulsaram o conselho socialista de Milão, forçaram prefeitos socialistas a renunciarem a seus cargos e reprimiram greves de 1922 "contra a violência fascista e entreguismo do governo". A popularidade chegava ao auge com essa repressão, já que o fascismo dava impressão de pôr ordem no país. Adesão ao partido subia muito. Em agosto, Mussolini já falava em talvez assumir o governo. 

32 - A ideia da "marcha sobre Roma", com colunas armadas, em outubro de 1922, seria uma manifestação de fascistas da Itália inteira a fim de pressionar a Monarquia a entregar o governo. Afirma-se que muitas autoridades apoiaram e forneceram transportes baratos aos fascistas. Essa era a posição do líder no evento:


33 - O primeiro-ministro Luigi Facta queria decretar estado de sítio e impor lei marcial para que o rei assinasse autorizando o Exército a conter os fascistas. Rei Victor Emanuel III não só não assinou como pediu para que Mussolini montasse um governo. A monarquia temia mais a esquerda que qualquer outra coisa. Exagerava a força da ala mais radical comunista. Barrar os fascistas seria uma vitória para a esquerda. Não era tolerável. A direita italiana se uniu em torno de Mussolini e boa parte da população já estava cansada de tudo (guerras e crises econômicas), querendo apenas alguma situação tranquila e pacificadora. 

34 - Sassoon colocava que não eram muitos os que se deram conta do que viria.

35 - Fascistas foram orientado a marcharem sobre Roma pacificamente, eis que Mussolini foi nomeado primeiro-ministro. Alguns saquearam socialistas antes de voltarem para casa. 

36 - Partidos seriam mais tarde dissolvidos. Uma confederação nacional de sindicatos fascistas (de fachada) foi criada. Sindicatos eram obrigados a aderir. Foi criado também um "tribunal especial para defesa do Estado", a fim de reprimir opositores. Liberdade de imprensa acabou e foi criada uma polícia secreta. Novo código jurídico foi criado e os manuais escolares passaram a ser submetidos ao controle do governo.

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