Econ - Facebook - Discussões da Comunidade “Economia” e “Economia Mainstream”
Facebook - Discussões da Comunidade “Economia” e “Economia Mainstream”:
349 - O que Paulo Gala parece defender no “paper” é que, para fechar o gap entre desenvolvido e subdesenvolvido, os países que parecem estar obtendo mais sucesso são aqueles em que a cesta de exportação apresenta nível crescente de complexidade. Porém, é realmente complicado saber se isso é causa ou sintoma.
350 - Réplica de Felipe: “Se eu rodo o crescimento dos últimos 22 anos com o índice de 1995 em nível, os países menos complexos foram os que mais cresceram.”. Ele próprio atribui isso ao “boom das commodities”. (Só que eu diria mais. Quanto menor o PIB PPC, quanto mais longe da armadilha da renda média, mais facilmente esses países têm espaço para crescer mesmo sem “boom das commodities”. Não é só uma questão do crescimento desses ser dependente, mas de virem mais de baixo. Os desenvolvidos (geralmente já tendo passado pelo bônus demográfico, espiral positiva de escolarização básica e na fronteira tecnológica) tendem a crescer menos que os da renda média, que, por sua vez, tendem a crescer menos que os subdesenvolvidos mais atrasados. Isso teria que ser levado em conta).
351 - Felipe: produzir um pouco de tudo compromete ganhos de escala, da especialização do trabalho e de vantagens comparativas.
352 - Um defensor da complexidade: Um aumento expressivo e inequívoco da complexidade se dá ao longo de 30 anos. O processo de aumento da complexidade tem idas e voltas, não dá certo de primeira, tem conflitos de competição. Não é como um choque monetário ou um frenesi político. (...) Um estudo intelectualmente honesto sobre crescimento econômico sabe considerar inclusive o espaço de tempo de maturação das políticas, isto é, há uma intertemporalidade.
353 - A mesma relação vale para o nível de renda, e a lógica econômica por trás disso é a seguinte. Existem muitos países com alta participação da Indústria no PIB por conta de cadeias de produção focadas unicamente na extração de minerais como o petróleo, é o caso do Kuwait, Haiti, Congo, etc.. Ter uma forte cadeia de extração mineral por conta dos recursos naturais e o resto da economia não desenvolvida causa baixo nível de renda. (...) Para os países desenvolvidos é outra história, o aumento da produtividade diminui o preço dos manufaturados enquanto os serviços em sua maioria trabalho-intensivos e com menor nível de automação aumentam o preço à medida que a economia se desenvolve e a renda das pessoas cresce, dessa forma você observa uma redução da participação da Indústria no PIB ao longo do tempo, mas não é uma redução do Índice de quantidade, é uma redução relativa do Índice de preços. É o que tem acontecido com os Estados Unidos por exemplo.
354 - Rodrik faz parte de um departamento de política e não de economia! Já foi refutado em vários outros temas econômicos, em que defendeu outros absurdos, como desvalorizacões cambias serem fontes de crescimento econômico!
355 - Paulo Morceiro: Imaginei. Por isso não há correlação positiva. Geralmente, existe uma associação positiva entre crescimento da indústria de transformação e do PIB (Lei de Kaldor). Não há com todo o setor industrial. Non sense. (...) Quem defende a industrialização defende a manufatura, isto é indústria de transformação. Não mineração, construção civil e serviços de utilidade pública. Hoje em dia, para o Brasil, que já atingiu a renda média, a manufatura que realmente importa é a de média-alta e alta tecnologia. Seu exercício não vai contra o que gente como o Paulo Gala defende porque a maior parte do setor industrial que vc considerou não tem complexidade.
356 - Felipe contestando a proteção ao Agro e Plano Safra: o IPEA tem um estudo publicado ha uns meses mostrando que os subsídios fiscais em favor da indústria são infinitamente maiores.
357 - Felipe vê alguma correlação em certos estudos, mas…: aqui, testo para causalidade de granger (o que vem primeiro, pib ou industria?) o resultado sugere que PIB venha primeiro, e que industria, na verdade, seja um resultado do PIB, nao o contrario. Pedro Ruas comenta: Isso faz sentido quando a gente olha o começo de uma industrialização no Brasil pós 1929, que alguns historiadores associam que tenha vindo do capital adquirido com a economia do café.
358 - Há um gráfico que mostra imensa correlação entre anos de escola e PIB PPC:
359 - Outra teoria, sugerida por George Reisman, é que a inflação seria um dos fatores chave para a desindustrialização, já que ela prejudica a lucratividade das empresas que precisam de muito capital para suas operações.
360 - Felipe: investimento em produção de bens e serviços sofisticados está associado a um tipo de investimento muito arriscado em pesquisa e desenvolvimento e também em bens de capital caros e de menor liquidez. Suponha que a indústria brasileira importe uma máquina supersofisticada para montagem de veículos, mas que essa máquina exija compra de insumos cotados em dólar. Um movimento abrupto na taxa de câmbio inviabilizaria completamente o retorno da máquina comprada. (...) Logo, uma contraposição a essa teoria de que complexidade causa crescimento é a ideia de que indústrias são intensivas demais em capital e não são flexíveis o suficiente para mudar suas operações em situações macroeconômicas voláteis. Logo faz muito mais sentido um país emergente de fiscal bagunçado feito Brasil (por exemplo) se especializar em bens/serviços que possuam proteção natural contra depreciaçoes cambiais, desonerações variadas, criação de reservas de mercado pelo governo, etc. (repliquei com hedge cambial e pacto por estabilidade macro).
.
Comentários
Postar um comentário