Samuel Pessoa - Nacional desenvolvimentismo: Resposta à tréplica de Felipe Augusto Machado

 

Samuel Pessoa - Nacional desenvolvimentismo: Resposta à tréplica de Felipe Augusto Machado


1 - Sobre a possibilidade de subestimação do PIB também antes da República Velha, Samuel acha improvável: No entanto, como o ritmo de industrialização e de urbanização foi se acelerando nas últimas décadas do século XIX e entrou pelo século XX, é razoável imaginar que parcela significativa da subestimação ocorreu nas três primeiras décadas do século XX. Mas certamente esse é um tema para pesquisa futura.

2 - Parece considerar que o nacional-desenvolvimentismo é responsável também pelo período 1980-1992: "Por exemplo, utilizando a série de Maddison vimos no corpo do trabalho que somente o Japão cresceu mais do que o Brasil entre 1929 e 1980. Se considerarmos o período entre 1929 e 1992, há 12 países da base de Maddison com desempenho melhor."

3 - Volta a defender o período da República Velha: Esse capital privado produziu toda a geração de eletricidade até os anos 30, toda a telefonia, os serviços de transportes urbanos, bem como boa parcela das ferrovias. Tudo pelo setor privado, com o auxílio de bons marcos regulatórios e de um mercado de capitais bem moderno como descrito nas referências que estão no meu texto original. E, como vimos, o legado da RV para o ND não foi ruim. Havia uma base a partir da qual o crescimento do período posterior se fez.

4 - Ocorre que, com o ensino fundamental, o gasto era de 1% do PIB. O gasto do governo dos países asiáticos, em períodos nos quais a renda per capita deles era igual à nossa, era da ordem de 2% do PIB.[2] E essa estatística refere-se ao gasto com fundamental. Nesse período, nos países asiáticos, o ensino médio e o superior eram pagos pelas famílias. Na maioria dos países asiáticos, o ensino superior ainda é pago. (...) Além de eles gastarem o dobro do que gastávamos com o ensino fundamental, há outra diferença muito mais importante. No meu texto original, apresento na figura 19 as taxas brutas de matrícula. Elas eram escandalosamente baixas no período do nacional desenvolvimentismo. Sabemos que as mesmas taxas de matrícula eram elevadas nos países asiáticos.

5 - Para mim houve uma priorização do subsídio público ao investimento em capital físico – investimento que, com regulação adequada, poderia ser feito pelo setor privado (como a experiência da RV demonstra) – e, portanto, deixamos a área social de lado. Trata-se do que chamei de crescimento com pés de barro.

6 - No meu texto completo, apresento referências que documentam que não houve nos estaleiros, entre 2000 e 2011, grandes ganhos de eficiência, em que pese este ter sido um setor foco da política industrial da primeira década do século.

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