Economia Mainstream - Guia econômico contra o anarcocapitalismo II
(continuação)...
10 - Monopólios naturais: aquelas em que os custos fixos são muito altos e os custos marginais são muito baixos. Como exemplo, podemos citar a distribuição de energia elétrica, o fornecimento de água, a distribuição de gás natural, sistemas de segurança pública, serviços de transporte público e o sistema jurídico. ... Se o monopólio for deixado por conta própria, o preço estabelecido será Pareto-ineficiente.
11 - Coloca que a praxeologia "libertária" prevê que a ação humana se dá sempre buscando sair de uma menor satisfação para uma maior satisfação. Favaro critica tal concepção, eis qu permite presumir uma forte racionalidade nos atos humanos. Afirma que desde os anos 80 não dá mais para defender que tudo seja assim: Esses pesquisadores descobriram a existência do que veio a se chamar vieses cognitivos, que são padrões de distorção de julgamentos e percepções que fazem com que o indivíduo não aja racionalmente. O programa de pesquisa que estuda a relação entre os vieses e o comportamento econômico é chamado de economia comportamental, e este programa é cada vez mais influente na academia, tendo já rendido dois prêmios Nobel a pesquisadores dessa área (Kahneman e Thaler).
12 - Enfim, a junção de psicologia comportamental e economia.
13 - Um desses vieses é o viés do status quo, que faz com que o indivíduo prefira o estado atual das coisas, mesmo se uma alteração de sua situação proporcionasse um aumento no seu bem-estar. Um exemplo prático desse viés é a escolha da opção de aposentadoria. Se a opção default (opção padrão) é uma pequena contribuição, tendo como consequência uma pequena aposentadoria, a maioria dos trabalhadores escolhe essa opção. Por outro lado, se a opção default é uma contribuição razoável, tendo como consequência uma aposentadoria também razoável, a maioria dos trabalhadores também escolhe tal opção! (...) Apenas a economia comportamental dá conta de explicar esse fenômeno: as pessoas escolhem a opção que gasta a menor quantidade de energia mental, a opção-padrão. Para um estudo desse tipo de comportamento, veja esse artigo.
14 - Favaro afirma, a partir daí, que em decisões sobre um futuro longínquo o governo pode ser até um bom guia, por exemplo. As pessoas seriam meio relapsas com o "longo prazo".
15 - Por fim, lembra o problema da assimetrias, que até tem a ver com o anterior: Muitas teorias econômicas começam com a suposição de que todos têm informações perfeitas sobre tudo. Por exemplo, se os produtos de uma empresa não são seguros, essas teorias econômicas presumem que os consumidores sabem que o produto não é seguro e, portanto, comprarão menos dele.
16 - Como exemplo de irracionalidade generalizada, podemos citar o caso da fosfoetanolamina. Em 2016, o Congresso liberou o tratamento de câncer com essa substância, sob pressão popular, mesmo com absolutamente nenhuma evidência apontando a segurança e a eficácia dessa substância no combate ao câncer. Tudo isso porque um charlatão fez propaganda enganosa. As vítimas de câncer, entendivelmente, se agarraram a essa esperança. O que não é entendível é o Congresso passar por cima da Anvisa, dos especialistas no assunto, e liberar o uso do produto sem nenhuma garantia de segurança por parte dos técnicos. (...) E isso ocorre apesar do governo regular a segurança, a eficácia e a ética na produção do bem. Imagine se não regulasse? (...) Imagine o tempo que não iria demorar para as pessoas perceberem que um produto é ineficaz, tempo este mais do que suficiente para os acionistas da empresa que o produz lucrarem bastante? Imagine o tanto de charlatões vendendo produtos milagrosos não estariam lucrando em cima da esperança das pessoas?
17 - Uma área específica em que a assimetria de informações se faz presente é no setor bancário. Sem regulação governamental, as pessoas não saberiam se o banco iria manter seguro o seu dinheiro, permitindo que elas demandem sua devolução a hora que quiserem. Os bancos têm um incentivo perverso para emprestar o dinheiro depositado mais do que a prudência permitiria, pois apenas eles têm a informação do quanto de dinheiro tem depositado em seus cofres. Os bancos sofrem daquilo que se chama de moral hazard. O governo pode, então, melhorar a situação, estabelecendo uma cota mínima de dinheiro a ser mantida no cofre dos bancos, uma reserva compulsória.
18 - Um comentador ancap se revolta contra a defesa de necessidade de regulação estatal: Historicamente, regulamentações não foram feitas pra proteger consumidor. É documentado a intenção das empresas de cartelizar o mercado.
.
Comentários
Postar um comentário