André Lara Resende - Vale tudo pelo equilíbrio fiscal?
Lara: equilíbrio fiscal a todo custo é inaceitável
https://horadopovo.com.br/lara-resende-equilibrio-fiscal-a-qualquer-custo-e-moralmente-inaceitavel/
1 - Furman e Summers agora defendem uma política fiscal expansionista, baseada num programa de investimentos públicos.
2 - Só pesquisando isso: Para a maioria dos economistas, inclusive os recém-convertidos como Summers, Bernanke, Blanchard e Rogoff, a tese de que os atuais juros excepcionalmente baixos são fruto de um excesso de poupança, de um “savings glut”, é predominante. Além de anacrônica, a tese do excesso mundial de poupança não tem sustentação nos fatos. Desde o início do século, a poupança está em queda, não apenas nos EUA, mas na grande parte das economias ocidentais. (A análise tem que ser mundial, ALR, pois a Ásia exporta poupança).
3 - Atribui a baixa nas taxas longas de juros à decisões do BC e forward guidance. Critica quem "não foi ainda capaz de incorporar o fato de que, num sistema monetário exclusivamente fiduciário, a expansão do crédito pelo banco central prescinde do aumento da poupança."
4 - Não é preciso se preocupar com a existência prévia de poupança, pois a poupança irá aparecer se o investimento for feito. Esta é a principal lição da Teoria Geral de Keynes. (não qualquer investimento, num prazo de tempo razoável, ALR, já que há expectativas dos agentes no jogo)
5 - (É certo que quanto mais capacidade ociosa, mais o investimento público pode dar certo ou normalizar o nível de emprego, mas fenômenos como histerese ou má alocação de capital podem prejudicar e muito isso aí. Até piorar um ciclo).
6 - O Estado, por deter o monopólio da força e do direito de impor obrigações, enquanto se mantiver institucionalmente organizado, é o agente com credibilidade para ser um devedor líquido. Essa é a razão pela qual a moeda puramente fiduciária é aceita como unidade de conta e meio de pagamento no país que a emite. (Ok, mas eu posso preferir moeda/dívida de outro estado com maior credibilidade/estabilidade da moeda em garantia de poder de compra internacional)
7 - A confusão decorre da incapacidade de distinguir entre fluxos de poupança e fluxos de crédito. Fluxos de poupança exigem renda não consumida; fluxos de crédito, não.
8 - O caso de uma economia sem capacidade ociosa, na qual seja necessário investir para ampliar a capacidade produtiva, a expansão do crédito para financiar o consumo não leva ao crescimento e pode provocar pressões inflacionárias. Já a expansão do investimento, aumentando a capacidade de produção, pode fazer sentido. A condição é que o retorno do investimento seja superior à taxa de juros do financiamento.
9 - A inconveniência do padrão-metálico (lastro) é diminuir a flexibilidade na expansão do crédito. Aumentar o risco de "default": Porque restringe a possibilidade de concessão de crédito puro pelo Estado, a moeda metálica restringe a liquidez da economia e introduz o risco de inadimplência na dívida pública. Sem a faculdade de emitir moeda, restrita pela disponibilidade do lastro metálico, a dívida corre risco de não poder ser honrada. A possibilidade de default da dívida, somada à iliquidez crônica, praticamente inviabilizavam a expansão do crédito pelo Estado. Dada a severa restrição de crédito interno, o Estado era obrigado a recorrer a credores externos que tinham acumulado prata e ouro.
10 - Aqui ele chegou no que digo sempre: O déficit provocado pelo QE, que sintomaticamente não é computado nas estatísticas de déficit público, ao inundar de liquidez o mercado para a compra de ativos financeiros, fazendo F = (G – T) = B, não estimula o investimento, I, nem a demanda, A. Não corre risco de provocar desequilíbrio externo, (M – X), nem pressão inflacionária, mas provoca a inflação de ativos financeiros e, consequentemente, a concentração da riqueza.
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