Econ - Valério Arcary - Por Quê Não Poderá Existir um Capitalismo Sem Crises Cada Vez Mais Severas
Valério Arcary - Por Quê Não Poderá Existir um Capitalismo Sem Crises Cada Vez Mais Severas:
407 - Conjuntura em 2002: Nem o Brasil estava na iminência do défault, já que as reservas foram turbinadas pelo acordo com o FMI e a expansão das exportações já sinalizava mega-superavit comercial, nem a inflação estava na iminência de um descontrole, porque o efeito da alta do dólar era transitório.
408 - EUA em 2002: Os juros já são negativos, seguindo um caminho que o Japão conhece muito bem, desde os anos 90. A remuneração dos títulos é inferior à expectativa de inflação e, mesmo assim, o volume de capital que procura segurança não diminui. (Pois bem…)
409 - Paul Singer: se há contra-tendências, como o próprio Marx foi o primeiro em admitir, a tendência à queda da taxa média de lucro pode ser, de fato, neutralizada. A questão é, todavia, mais complexa que um exercício de escolástica marxista. O problema histórico não é saber se é possível que a tendência possa ser neutralizada. Mas, responder por quanto tempo e em que condições.
410 - Esta taxa de lucro é definida, em Marx, como a proporção entre a massa de mais-valia e o capital empregado para produzi-la, ou o conjunto da mais-valia produzida dividida pelo conjunto do capital. (Por sinal... Pelo próprio conceito de mais-valia de Marx é possível aumentar a massa de lucro sem mexer na mais-valia. Consequentemente não mexeria na “taxa de lucro” definida aí. Porém, como é possível aumentar o lucro sem mexer no capital empregado, deveria necessariamente haver mudança na taxa de lucro também, por fora da mais-valia. Assim, taxa de lucro não deveria ser definida dessa forma).
411 - A expectativa média de vida na escravidão dos engenhos de cana no Brasil colonial está razoavelmente estabelecida, admitindo um cálculo conservador, em menos de dez anos de trabalho. A expectativa de vida é, para além de qualquer dúvida, um dos indicadores mais relevantes dos graus de exploração.
412 - O texto tem muitas viagens que sequer estou comentando.
413 - Coloca limites ambientais e possível escassez de matéria-prima como limitador da recuperação do lucro e mais-valia (pelo barateamento da cesta de consumo básico): Uma dieta americana, rica em produtos pecuários, requer quatro vezes mais grãos por pessoa que uma dieta baseada no arroz num país como a Índia. O consumo quatro vezes maior de grãos por pessoa significa igual crescimento no consumo de água. Outrora um fenômeno localizado, hoje a escassez de água rompe fronteiras, por meio do comércio internacional de grãos (...). Guerras podem ser por água no futuro. (Ou não. Dessalinização, melhor aproveitamento da água do esgoto, como Israel e etc.)
414 - Como a taxa de lucro tende a cair (quando o texto bipolar admite isso), a financeirização tende a subir. Isso é irrefreável, já que nem todo mundo tem uma massa gigantesca de mais-valia na mão para extrair um bom lucro a uma taxa menor. Financeirização e concentração de capital vão enganando a coisa.
415 - Essas destruições serão cada vez mais dolorosas, confirmando Marx. Concluo que ele acredita na baixa da taxa. Só achei a argumentação pouco profunda.
Variações Invariáveis:
416 - Datado.
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