Econ - Valério Arcary - O Capitalismo Pode Ter Uma Morte Natural Ou Não (Bom!) II
(continuação...)
395 - Rosdolsky, por exemplo, que se localiza entre os comentaristas que atribuem a Marx um prognóstico favorável à crise final, destaca, também, as mediações feitas pelo próprio Marx:
“Todavia - e dentro de determinados limites - o capital pode compensar a queda da taxa de lucro mediante o aumento da massa de lucro. Sobre isso, lemos nos Grundrisse: "Na média, a massa de lucro - ou seja, a mais-valia considerada à margem de sua relação formal, não como proporção, mas sim como simples magnitude de valor, sem relação com nenhuma outra magnitude - crescerá não conforme a taxa de lucro, mas sim conforme o volume do capital. A taxa de lucro evolui em relação inversa ao valor do capital, mas o lucro total evolui em relação direta com ele.”
396 - Uma parte do texto fala das inúmeras possibilidades de contra-balancear a tendência à queda da taxa de lucro. Redução de impostos e depreciação de capital, por exemplo. (Uma guerra pode fazer sentido mesmo, penso. As pessoas aceitam a queda brutal das condições de vida seguidas de sensações de melhoras por anos com a reconstrução do patamar anterior - e oportunidades para lucros pela composição orgânica menor. O problema é que, durante uma guerra, pode-se abrir uma vaga revolucionária. Creio que é por isso que a burguesia só usa como último recurso o conflito generalizado)
397 - Para Rosa o capitalismo tinha um limite histórico inflexível: o sistema só poderia continuar garantindo a sua reprodução, enquanto conseguisse ampliar a sua penetração em mercados pré-capitalistas. (Se era isso, estava errada).
398 - Coloca que Lênin criticou esse “limite fixo” de Rosa para a expansão do Capital. Certamente, a tese fundamental da dialéctica marxista é que todos os limites na natureza e na sociedade são convencionais e móveis, que não há qualquer fenómeno que não possa em certas condiçoes, transformar-se no seu contrário.
399 - Rosa e a necessidade de gastos em bens e serviços improdutivos (especialmente armamentos): Deve-se lembrar que a produção dessas mercadorias é capaz de elevar a taxa geral de lucro sem alterar a produtividade da força de trabalho, quer dizer, a taxa de mais valia. As modernas formas de consumo improdutivo, sejam aquelas individuais (de bens de luxo) sejam aquelas estatais (de armamentos) mostraram-se, historicamente, as mais adequadas para cumprir esse papel. (Se conceituarmos essa produtividade aí como “mais-valia marxista”, ela está correta). (E realmente uma forma de se encarar tudo isso é que não se está, aí, criando valor - ao menos na vida média do trabalhador mundial -, mas mero lucro).
400 - Mandel: La acumulación del capital intentó demonstrar que la reproducción ampliada(?) era imposible en el capitalismo 'puro'. (Se foi isso, ela errou feio).
401 - Critica uma interpretação que não sei sequer se alguém defende. Seria esta aqui: o capitalismo, apesar de todas as enfermidades sociais que lhe são próprias, ainda representaria progresso histórico. Em uma palavra: as condições objetivas não estavam maduras para uma transição histórica, e todas as revoluções que tentaram ir além do capitalismo foram uma aventura voluntarista. Estavam condenadas, desde o início, ao fracasso. Esta linha de análise não se sustenta, porque reduz a história do século XX a um mal entendido.
402 - Sweezy diz que Rosa tratava de destruição iminente para evitar o corpo mole que o SPD queria fazer, adiando a revolução a um futuro indefinido e vivendo por décadas ou mais de concessões progressivas.
403 - Nos comentários ao texto, show de bobagens.
404 - O velho “Prefácio”: Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. (...) Ao mudar a base econômica, revoluciona-se, mais ou menos rapidamente, toda a imensa superestrutura erigida sobre ela.
405 - Marx não acreditava em reduções de jornada - e “Preço, salário e lucro” - sem intervenção legislativa. Acordos privados não eram viáveis para tanto.
406 - Bakunin e a pobreza: Mas a pobreza e o desespero ainda não são suficientes para gerar a Revolução Social. Eles podem ser capazes de provocar rebeliões locais intermitentes, mas não grandes levantes em massa generalizados. (...) Mas o proletariado italiano está imbuído de um grau maior de consciência revolucionária apaixonada do que as massas russas, uma consciência que diariamente se torna mais forte e mais clara. Por natureza inteligente e apaixonado, o proletariado italiano está finalmente começando a entender o que quer e o que deve ser feito para alcançar sua emancipação completa.
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