Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXXI

                

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXXI


Pgs. 824-834:


613 - ...A "nova economia keynesiana" surge nos anos 90 como resposta a isso. Lembra a rigidez dos preços e salários. Faz mais, argumenta que monopolistas têm pouco incentivo para tentar acertar o preço exato. Podem vender mais a preço mais baixo que o "natural" e vender menos a preços mais altos que o "natural". O lucro não muda muito. Talvez não valha a pena gastar tempo, dinheiro e esforço tentando se antecipar à política macro dos governos. Como parte da economia tem proximidade com o modelo de quase-monopólio, políticas ativas podem sim funcionar.


614 - Critica os teóricos da "economia pelo lado da oferta" apoiados por Reagan e jornalismo econômico da época. Chegaram a prever que os EUA estavam do lado errado da Curva de Laffer (o que não se comprovou) e que os cortes de impostos e afins iriam aumentar o produto potencial de modo a compensar o "prejuízo inicial". Bem... A dívida/PIB continuou crescendo. Krugman argumenta também que não houve aceleração do produto potencial na era Reagan (aí já não sei, mas parece possível que não tenha havido. Grande parte da coisa foi recuperação de um hiato de 7%, o que podia ser gerado por qualquer tipo de expansionismo fiscal, talvez até com mais frutos).


615 - Kydland e Prescott ganharam o Nobel de 2004 em razão dos estudos sugerindo que os ciclos econômicos eram causados por acelerações e desacelerações da produtividade e, por consequência, da oferta agregada. Krugman considera que a teoria é válida como advertência, mas que seus próprios proponentes reconhecem o espaço para políticas ativas, já que a oferta tem certa inclinação. Não é uma reta. (Ademais, negar a grande importância do papel da demanda tornaria difícil explicar a possível retração imensa de produtividade que deve ter acontecido em 1929).


616 - ... Produtividade e ciclo. Quem causa quem? A correlação é inegável. Possivelmente há certa causalidade recíproca, mas quem tem maior peso nisso? Ainda não se sabe bem. Por exemplo, se o produto agregado cai (choque de oferta, como em 73 e 80), a produtividade pode e tende a cair independentemente de qualquer real retração "tecnológica" e-ou de combinação de fatores. Nesse cenário, mais empresas podem, estar, por exemplo, operando de modo acima do custo variável médio e abaixo dos custos totais médios (o que seria cobrir também o custo fixo médio). Empresas podem estar até mesmo, pela rigidez dos salários ou de legislação trabalhista, impedidas de reduzir seu pessoal ao nível que maximizaria a produtividade do trabalho e PTF. Demitir pode ser até mais custoso (retreinar outro, pagar rescisões, ou outro motivo qualquer). Por outro lado, é possível argumentar a favor do "lado da oferta" também nessa correlação, afinal, o gráfico mostra que muitas recessões foram precedidas por declínios quase contínuos da produtividade dos "boom", seria a instabilidade do próprio processo de evolução tecnológica:



617 - Coloca que os teóricos das "expectativas racionais" diriam que o algum sucesso do FED em 2007-09 se deveu a ter surpreendido os agentes econômicos na reação à crise. Seria tipo um trade bem feito. 


618 - Sistematiza o consenso da "Grande Moderação", que se deu no plano prático e teórico. 



619 - Política monetária ineficaz? Hoje, para a grande maioria, apenas se houver armadilha de liquidez. (Eu me pergunto se o próprio Keynes realmente já não pensava assim, mas aí só lendo). Nessa situação, o FED inventou outras coisas porém. Se não há armadilha, serve bastante no curto prazo e talvez até no longo (discute-se). Sobre a política fiscal, serve, para a maioria, tanto como estabilizador automático quanto para suavizar ciclos, desde que não se busque acriticamente equilíbrio orçamentário. Ou seja, a todo custo. 


620 - Política fiscal em tempos normais? Podem intensificar um "boom" de uma reação que já está ocorrendo, gerando bolha até. Engessamento e lentidão da política fiscal podem ser contraproducentes.


621 - Krugman coloca que muitos se opuseram à expansão fiscal de 2009. Um dos argumentos que se mostrou errado era de que o "crowding out" do excesso de gastos do governo faria a taxa de juros subir (ao menos a de equilíbrio), até pela perda da confiança empresarial. O contra-argumento, que parece ter sido vencedor (creio que pode haver uma tréplica de que o QE tornou tudo artificial e distorcido, o que Krugman não coloca. A "quadréplica" seria de que, como isso não gerou inflação... Não houve danos) , era de que a economia estava deprimida demais para tanto. A preocupação com a lentidão da política fiscal também não cabia, pois a economia tendia a continuar deprimida por muito tempo ainda. Outros achavam que o FED já vinha fazendo um expansionismo muito forte, inclusive arriscando minar sua credibilidade de décadas construída no combate eficaz à inflação.


622 - ...Outro argumento usado contra era o da "equivalência ricardiana". Famílias e empresas reduziriam gastos e investimentos temendo alta de impostos em futuro próximo para pagar a dívida galopante. 


623 - ...Outros defendiam a austeridade expansionista para resgatar a confiança. Coloca que essa política não teve melhor sorte. Pelo contrário até. Cita a Grã-Bretanha. (Talvez, mas também não parece ter sido muito pior). 


624 - Após o QE2 de 2010 (Fed comprou 600 bi dólares de títulos longos), começou em 2011 a operação Twist, mexendo com a curva de juros. Alguns diziam que o Fed se arriscava em excesso. Outros que agia de modo insuficiente. Alguns sugeriam aumentar a meta implícita de inflação tolerada para pressionar o juros reais para o campo negativo (ainda mais talvez). A crítica era de que isso comprometia décadas de expulsão de perigosas expectativas inflacionárias internalizadas. 


625 - Por fim, coloca que a Irlanda da segunda metade da década de 80, na qual "funcionou" - déficit orçamentário caiu de 13 para 2% em quatro anos e o crescimento subiu de 1 para 8% ao ano - a austeridade expansionista, não serve de exemplo por estar em condições bem diferentes, quais sejam: taxa de juros de 12%, que pôde cair até 8%, contrabalanceando o efeito negativo fiscal e forte taxa anual de crescimento das exportações em razão do crescimento na época da vizinha Grã-Bretanha. Teria sido quase uma tempestade perfeita reversa.


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