Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXX

               

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXX


Pgs. 813-823:


598 - O capítulo 33 se chama "macroeconomia: eventos e ideias". É quase HPE. Inicia colocando que a teoria clássica do nível de preços intuía sim - muitos dos economistas - que a moeda não era exatamente neutra no curto prazo. Porém, achavam que os efeitos de tal não-neutralidade não eram significativos/relevantes. Eram céticos quanto à possibilidade de mudanças no produto agregado mesmo no curto prazo. Achavam que mudava o nível de preços sem que se fizesse quase nada pelo "produto agregado". 


599 - Krugman traz dados de que os EUA eram 35 a 40% agricultura e 15 a 20% manufatura-mineração entre 1840 e 1860. Já nos quarenta anos seguintes, as curvas se moverão em sentido contrário e irão quase que inverter a mencionada proporção em 1900. A economia predominantemente agrícola tem poucos choques de demanda e muitos de oferta. Assim, os preços flexíveis acabam absorvendo a coisa. Taxa de lucro muda menos, ao que entendi. As crises modernas surgem com a industrialização e seus excedentes. Os choques de demanda passam a ser fundamentais. 


600 - Coloca que, antes de Keynes, muitos pensavam até que recessões eram essencialmente benéficas. Purgadoras etc. (Por sinal, os "austríacos" até hoje pensam assim).


601 - Além dos estudos sobre demanda agregada no curto prazo, Keynes também ressaltava a importância do "espírito animal" (confiança empresarial). Não era apenas a oferta de moeda que iria determinar o investimento e o produto. Armadilhas - espécies de equilíbrios negativos - são possíveis e podem durar mais tempo que o necessário. 


602 - A frase de que "homens práticos que se querem isentos são escravos de algum defunto economista" é dele. 


603 - Segundo Krugman, já existia a ideia de política monetária ativa e mesmo uso de algum déficit em recessões. Entretanto, nada com muita convicção. Narra inclusive que, em 1937, a ala "não keynesiana" (ainda não havia essa divisão porém, acho) dos conselheiros de Roosevelt o convenceram a "equilibrar o orçamento" e aumentar as taxas de juros, o que renovou a recessão. Política fiscal agressiva só aconteceu mesmo por acaso - necessidades da II Guerra. Não foi por ideias keynesianas. Como isso expandiu a demanda agregada e retirou o país da recessão, percebeu-se que Keynes tinha razão. O déficit começou a subir em 1941 (Pearl Harbor) e chegou a incríveis 30% do PIB em 1943. 


604 - Hicks que criou, em 1937, o termo "armadilha da liquidez" para explicar as ideias de Keynes sobre os limites da política monetária. 


605 - Friedman e o monetarismo: curto prazo é importante. Expansionismo teria sido adequado em 29. Porém, considera que a oferta monetária deveria aumentar de forma leve (3% ao ano, ou seja, na medida do crescimento econômico) e constante. Efeito "colateral" disso? Política de fiscal fica ainda mais ineficiente. Crowding out aumentará. A demanda por moeda alcançará mais rapidamente a pequena oferta de moeda adicional e a taxa de juros de equilíbrio subirá, desestimulando investimentos privados. O aumento das compras do governo é, assim, bastante contrabalanceado, ainda que parcialmente, pela redução dos gastos de investimento do setor privado. O multiplicador se torna baixíssimo. 


606 - Política monetária tende a ser menos defasada que a fiscal com relação à resposta imediata ao atual estágio de uma economia. Friedman temia que muito ativismo pudesse, na verdade, piorar as coisas. As respostas, pelo engessamento, viriam em hora errada.


607 - O que é o "v" do MV = PY? Velocidade é a razão entre o PIB nominal e a quantidade de moeda. Em tese, teria crescimento constante. O gráfico de Krugman mostra uma realidade bem diferente e errático, o que mina as premissas iniciais do monetarismo (não bastaria um aumento de oferta constante, pois a demanda por moeda muda erraticamente ao mesmo nível de PIB às vezes. Tal crescimento não é previsível):



608 - Krugman crê que as trajetórias erráticas da "velocidade da moeda" têm a ver com inovações do mercado financeiro. Entre fim dos anos 70 e 1982, as ideias monetaristas dominaram no FED. Depois deve ter sido mais difícil fazer a coisa funcionar e houve abandono. Nesse período curto, o FED abandonou metas de taxas de juros e trabalhou com "bandas/faixas" para algumas medidas de ofertas monetárias. Controlava a moeda deixando o juros meio que flutuar. Ao fim dos anos 80, a taxa de juros já tinha voltado a ser a meta. Moeda que flutuasse.


609 - Coloca, porém, que Friedman até hoje é influente na questão da "taxa natural de desemprego", que limita muito macroeconomia ativa. Só funcionam até determinadas taxas de desemprego. Críticas à teoria? No máximo se critica que a hipótese possa valer para taxas de inflação muito baixa ou negativas. Essas permitiram, para alguns economistas, fortes espaços para o expansionismo.


610 - Ciclo econômico da política. Coloca que Nixon foi mestre nela. Garantiu a recuperação da eleição de 72 às custas de uma maior inflação no mandato seguinte.     


611 - O monetarismo hardcore teria causado um declínio dramático no produto agregado em 2008, já que a oferta jamais poderia ter se expandido como se expandiu, pela teoria. 


612 - A nova macroeconomia clássica (novo-clássicos?) surge para contestar, em razão das expectativas racionais, que política macro ativa possa funcionar mesmo no curto prazo. Trabalhadores e empresários não vão basear suas reivindicações sobre preços e salários apenas na inflação passada, mas também na política governamental - monetária e fiscal - planejada para o futuro com base na informação disponível existente. (Já participei de greves e ninguém é tão racional assim. Olha-se muito mais para o passado mesmo e o futuro é muito difícil de prever). A ideia é que se parece claro que o governo gerará mais inflação (como se isso fosse sempre fácil de prever... Os "austríacos" ou mesmo grandes gestores de 2008 que o digam...), as decisões sobre preços e salários já irão incorporar isso aí. Para Robert Lucas - da Universidade de Chicago - e seguidores, política monetária falhava no longo e no curto prazo. Praticamente não importava. Reduzir o desemprego só funcionaria, sem gerar inflação, de surpresa. Pois bem, Krugman acredita que Lucas no mínimo exagerou.


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