Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XI
Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XI
Pgs. 311-340:
239 - O capítulo 15 é sobre monopólios. Enquanto uma empresa competitiva é uma tomadora de preços, uma empresa monopolista é uma formadora de preços. (...) O preço de mercado do Wmdows é muitas vezes superior ao seu custo marginal. (...) Os monopólios podem controlar o preço de seus produtos, mas, como os preços elevados reduzem a quantidade que os clientes compram, seus lucros não são ilimitados. Até porque há os "linux" e piratas da vida.
240 - Um exemplo clássico de poder de mercado que resultou da propriedade de um recurso-chave é o da ,, DeBeers, empresa de diamantes da Africa do Sul. A companhia foi fundada em 1888 por Cecil Rhodes, empresário inglês (e benemérito distribuidor de bolsas de estudo). A DeBeers às vezes controla cerca de 80% da produção mundial de diamantes. Como sua participação no mercado é de menos de 100%, a DeBeers não é exatamente um monopólio, mas, nem por isso, a empresa deixa de exercer influência considerável sobre o preço mundial dos diamantes. A "benevolência" de Mankiw para com um canalha como "Rhodes" é nojenta.
241 - Alguns monopólios surgem não de "controle de recurso-chave", mas de patente, por ex.: Se o governo considerar que o medicamento é realmente original, a patente é aprovada, o que confere à empresa o direito exclusivo de fabricação e venda do produto por 20 anos. (...) O direito autoral faz do romancista um monopolista sobre a venda de seu livro.
242 - Monopólio natural: Uma indústria é um monopólio natural quando uma só empresa consegue ofertar um bem ou serviço a um mercado inteiro a um custo menor que duas ou mais empresas. (...) Ou seja, para qualquer quantidade dada de produto, um maior número de empresas leva a uma menor produção por empresa e a um custo total médio mais elevado. (...) Um exemplo de monopólio natural está na distribuição de água. Para levar água aos moradores de uma cidade, uma empresa precisa construir uma rede de tubulações. Se duas ou mais empresas competissem na prestação desse serviço, cada empresa teria de pagar o custo fixo da construção da rede. Assim, o custo total médio da água é menor se uma só empresa suprir o mercado.
243 - Pontes impossíveis de congestionar: Como há um custo fixo para a construção da ponte e um custo marginal desprezível para os usuários adicionais, o custo total médio de uma viagem pela ponte (o custo total dividido pelo número de viagens) diminui com o aumento do número de viagens. Por essa razão, a ponte é um monopólio natural. A ponte em questão só deixa de ser se o mercado se expandir muito. A cidade multiplicar por 10 ou sei lá... "com a expansão do mercado, um monopólio natural pode evoluir e se tornar um mercado mais competitivo".
244 - Com efeito, como a empresa competitiva vende um produto que tem muitos substitutos perfeitos (os produtos de todas as demais empresas do mercado), a curva de demanda com que cada empresa se defronta é perfeitamente elástica. No monopólio é o contrário.
245 - A quantidade, porém, num monopólio, não deixa de variar em razão do preço. A curva de demanda do mercado estabelece uma restrição à capacidade que o monopolista tem de lucrar com seu poder de mercado. Não dá pra vender sempre mais ao maior preço possível. Ajustando a quantidade produzida (ou o preço cobrado, o que dá no mesmo), o monopolista pode escolher qualquer ponto da curva de demanda, mas não pode escolher um ponto que esteja fora dela.
246 - Monopólios têm receita marginal decrescente. É o inverso dos mercados competitivos: ... como as empresas competitivas são tomadoras de preços, sua receita marginal é igual ao preço do bem. Um monopolista, por sua vez, quando aumenta a produção em uma unidade, precisa reduzir o preço cobrado por unidade vendida, e essa redução do preço reduz a receita advinda das unidades que já vinha vendendo. Como resultado, a receita marginal do monopólio é menor do que o preço. ... a receita marginal pode até se tomar negativa. A receita marginal é negativa quando o efeito preço sobre a receita é maior que o efeito quantidade. Nesse caso, quando a empresa produz uma unidade adicional de produto, o preço cai o suficiente para fazer que a receita total diminua, mesmo que a empresa esteja vendendo mais unidades.
247 - Ainda sobre monopólio: Como o preço da empresa é igual à sua receita média, a curva de demanda é também sua curva de receita média.
248 - Para maximizar o lucro, a monopolista vai seguir a mesma regra geral: igualar a receita marginal ao custo marginal. Aumentar ou diminuir a produção até isso acontecer. A diferença é que não precisará usar o "preço de mercado competitivo", pois ela mesma pode escolher o preço baseada tão somente na curva de demanda em si. A curva de demanda, como já dito, é a sua curva de receita média, pois está livre das forças da concorrência. No exemplo abaixo, em vez de "A" vai escolher "B":
249 - O lucro é o preço menos o custo total médio vezes a quantidade.
250 - Curva de oferta? ...um monopólio não tem uma curva de oferta. Uma curva de oferta nos diz a quantidade que a empresa decide ofertar a qualquer preço dado. Esse conceito (só) faz sentido quando analisamos empresas competitivas, que são tomadoras de preço.
251 - Lucro: Considere o retângulo sombreado da Figura 5. A altura do retângulo (o segmento BC) é o preço menos o custo total médio, P- CTM, que é o lucro por unidade vendida. A largura do retângulo (o segmento DC) é a quantidade vendida QMÁX. Assim, a área do retângulo representa o lucro total do monopolista.
252 - Monopólio vira concorrência quando uma patente expira e todos os dados empíricos confirmam os gráficos e teoria acima. Quando a patente de um medicamento expira, outras empresas entram rapidamente no mercado e começam a vender os produtos chamados genéricos, quimicamente idênticos ao produto de marca do antigo monopolista.
253 - Monopólio e custos sociais: Podemos responder a essa questão usando o tipo de análise visto no Capítulo 7. Como nesse capítulo, usamos o excedente total como medida de bem-estar econômico de compradores e vendedores. Lembre-se de que o excedente total é a soma do excedente do consumidor e do produtor. (...) o monopolista decide produzir e vender a quantidade em que as curvas de receita marginal e custo marginal se cruzam; o planejador social escolheria a quantidade em que as curvas de demanda e de custo marginal se cruzam. A Figura 8 mostra uma comparação entre as duas situações. O monopolista produz menos do que a quantidade de produto socialmente eficiente:
254 - (Curioso que patentes da vida gerem ineficiências/distorções/pesos mortos... Não é à toa que grande parte da "galera ancap" bate nelas quase como se fossem impostos rs). (Obs.: o próprio Mankiw fez essa comparação óbvia depois: Com efeito, o monopolista se assemelha a um coletor privado de impostos... A diferença entre os dois casos é que o governo obtém uma receita a partir do imposto, ao passo que uma empresa privada obtém o lucro monopolista).
255 - (Continuo não conseguindo pensar "peso morto" meramente como "risco de distorções de incentivos equilibrativos". Se for algo maior que isso ainda preciso entender melhor). Critica-se o "negócio mutuamente benéfico que não ocorre" (em razão do monopólio): Como o valor que eles atribuem ao bem é maior do que o custo de fornecê-lo, esse resultado é ineficiente. Uma empresa em mercado competitivo entraria e forneceria a um lucro normal.
256 - Passei minutos pensando e, na continuação do texto, Mankiw escreve algo que na verdade parece ir no mesmo sentido do meu dilema: Essa transferência dos consumidores do bem para os proprietários do monopólio não afeta o excedente total do mercado - a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Em outras palavras, o lucro monopolista por si só não representa uma redução do tamanho do bolo econômico; representa apenas uma fatia maior para os produtores e uma fatia menor para os consumidores. Só reforça minha impressão, desde que encontrei o tema, de que o "peso morto" ocorre na esfera "micro", mas não necessariamente na "macro". Se a monopolista usa muito mal (tipo "comprar" regulamentações estatais em seu favor) o "superlucro", o custo social realmente pode ser um problemão. Mas isso é outra história.
257 - Noutra explicação, sobre "discriminação de preços", coloca que em algumas situações é vantajoso para uma monopolista operar com preços diferentes. Obra de arte produzida em larga escala (livro ou disco) em que fãs incondicionais pagariam dez vezes mais pelo mesmo produto que fãs condicionais. Supondo custo média igual (sem diferença de escala)... Se a receita/lucro total foi maior vendendo menos livros a menos fãs por um preço maior... usariam só o preço maior. Mas aí haveria o tal "peso morto" (que mais uma vez aparece sem minimizar o bem-estar global, digamos assim, a meu ver). Ou seja, várias pessoas que comprariam a um preço menor (e possível crescendo-se o lucro!), não compram.
257.1 - ... No exemplo que Mankiw deu "...Observe que a decisão da editora gera um peso morto. Há 400 mil leitores dispostos a pagar $ 5 pelo livro, e o custo marginal para atendê-los é zero. Assim, são perdidos $ 2 milhões de excedente total quando a Readalot cobra o preço mais elevado". ... Suponhamos agora que o departamento de marketing da Readalot faça uma descoberta: esses dois grupos de leitores estão em mercados separados. Os fãs incondicionais vivem na Austrália, enquanto os demais leitores vivem nos Estados Unidos. Pronto. Preços diferentes na veia. Outra hipótese é vender "edição capa dura"... "edição colecionador"... "edição com extras"... com distância bem maior pro "custo marginal" para os fãs hard. ... Mankiw conclui: Em outras palavras, ao cobrar diferentes preços de diferentes clientes, um monopolista pode aumentar seu lucro.
258 - Um corolário dessa segunda lição é que certas forças do mercado podem impedir as empresas de praticar discriminação de preços. Mais especificamente, uma dessas forças é a arbitragem, o processo de comprar um bem em um mercado a um preço baixo e vendê-lo em outro mercado a um preço mais elevado, a fim de obter lucro com a diferença entre os preços. Em nosso exemplo, se as livrarias da Austrália pudessem comprar o livro nos Estados Unidos e revendê-lo aos leitores australianos, essa arbitragem impediria que a Readalot praticasse discriminação de preços porque australiano algum compraria o livro ao preço mais elevado.
259 - Hipótese: A discriminação de preços perfeita descreve uma situação em que o monopolista conhece exatamente a disposição para pagar de cada cliente e pode cobrar de cada comprador um preço diferente. A ineficiência do peso morto cai, eis que o produtor agora pode se apropriar de todo lucro possível:
260 - Interessante mesmo: Os assentos em aviões são vendidos a muitos preços diferentes. A maioria das companhias aéreas norte-americanas cobrará um preço menor por uma passagem de ida e volta entre duas cidades se o viajante passar a noite de sábado na cidade de destino. Isso pode parecer estranho à primeira vista. Que diferença pode fazer para a companhia aérea um passageiro pernoitar no sábado na cidade de destino? O motivo é que essa regra é uma maneira de separar os que viajam a negócios dos demais. Um passageiro em viagem de negócios tem alta disposição para pagar e, provavelmente, não vai querer passar a noite de sábado na cidade para onde foi. No entanto, um passageiro que esteja viajando por motivos pessoais tem menor disposição para pagar e maior probabilidade de estar disposto a pernoitar no sábado na cidade de destino. Assim, as companhias aéreas conseguem praticar discriminação de preços cobrando um preço menor dos passageiros que passam a noite de sábado na cidade de destino.
261 - Cupons seguem lógica parecida: É pouco provável que uma executiva rica e ocupada esteja disposta a gastar seu tempo recortando cupons do jornal (ou pizza!); ela provavelmente estará disposta a pagar um preço mais elevado por muitos bens. Alguém que esteja desempregado tem maior disposição para recortar cupons e menor disposição para pagar. Assim, cobrando um preço menor apenas dos clientes que recortam cupons, as empresas podem praticar a discriminação de preços com sucesso.
262 - Bolsas de estudo: Cobrando anuidades elevadas e oferecendo seletivamente ajuda financeira, as escolas cobram dos alunos preços baseados no valor que eles atribuem ao estudo.
263 - Os descontos por quantidade são, em muitos casos, uma forma bem-sucedida de discriminação de preços porque a disposição de um cliente para pagar por uma unidade adicional diminui à medida que ele compra mais unidades.
264 - Espetáculos trabalham muito com discriminação por preço para cobrir a maior demanda possível.
265 - A legislação antitruste tem tanto custos quanto benefícios. As vezes as empresas se fundem não para reduzir a competição, mas para reduzir os custos por meio de uma produção conjunta mais eficiente. (...) Por exemplo, muitos bancos americanos se fundiram nos últimos anos e, combinando suas operações, conseguiram reduzir seus quadros administrativos. (...) Os críticos das leis antitruste são céticos em relação à capacidade do governo de fazer a análise de custo-benefício necessária com precisão suficiente.
266 - Preço de um monopólio natural? Nos monopólios naturais, o custo total médio é decrescente. Logo, o governo não pode cobrar simplesmente o custo marginal, pois este estará sempre abaixo do custo médio total. Ninguém iria querer um monopólio que só dá prejuízo e nunca reembolsa o custo fixo.
267 - Ademais, um monopolista regulado pelo "custo", seja o total médio ou o marginal, não tem incentivo para baixá-lo. Estagnação produtiva. Então não há solução fácil para o "preço ideal".
268 - Artigo de jornal: Os juízes concordaram, em grande parte, com o raciocínio da chamada Escola de Economistas de Chicago, que sustenta que grandes companhias não são necessariamente ruins e que o mercado - não o governo - é o mais adequado para a promoção da concorrência. A administração de George W. Bush estava em grande parte de acordo com aquela premissa. No mandato de Bush, o Departamento de Justiça não acusou uma única empresa de adquirir ou manter impropriamente um monopólio em um caso que não envolvesse uma fusão. Em 2008, o então presidente consagrou sua visão em diretrizes oficiais, as quais significativamente elevaram o nível de exigência para caracterizar a monopolização.
269 - Propriedade pública na organização dos serviços? Essa solução é comum em muitos países europeus, onde o governo é proprietário e operador de empresas de serviços públicos como as de telefonia, água e energia elétrica. Stigler acha melhor o controle privado: ...em minha opinião, o grau de"falha do mercado" da economia norte-americana é muito menor do que o de" falha política" decorrente das imperfeições das políticas econômicas encontradas nos sistemas políticos reais.
270 - Em certo sentido, os monopólios são comuns. A maioria das empresas tem algum controle sobre os preços que cobram. Elas não são obrigadas a cobrar o preço de mercado por seus produtos porque estes não são exatamente idênticos aos ofertados por outras empresas. Um Ford Taurus não é idêntico a um Toyota Camry. O sorvete da Ben and Jerry não é idêntico ao da Breyer. Todos esses bens têm curvas de demanda com inclinação descendente, o que confere a cada produtor certo grau de poder de monopólio. (...) No fim, o poder de monopólio é uma questão de grau. E verdade que muitas empresas têm algum poder de monopólio e também é verdade que seu poder de monopólio é normalmente limitado.
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