Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XIII
Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XIII
Pgs. 361-380:
293 - Capítulo 17 é sobre Oligopólio e, ao contrário de todos os outros três tipos de mercado, demandará teoria dos jogos. (...) Os oligopolistas se beneficiam quando cooperam e agem como se fossem um monopólio - fabricando uma pequena quantidade de produto e cobrando um preço superior ao custo marginal. Mas, como cada oligopolista se preocupa somente com seu próprio lucro, há fortes incentivos em ação que impedem que um grupo de empresas mantenha os resultados cooperativos.
294 - Começa por um exemplo simples envolvendo duopólio e galões de água. Escala/curva de demanda. O interessante é que o custo de produção total e marginal é zero no exemplo:
295 - ... Logo... No mercado perfeitamente competitivo (não haveria mercado né? Ao que entendi): A quantidade de equilíbrio seria de 120 galões. O preço da água refletiria o custo de produção e a quantidade eficiente de água seria produzida e consumida. Já num monopólio, o monopolista escolheria só produzir sessenta e vender a R$ 60,00, mesmo podendo produzir bem mais. Lucro é sempre mais importante que eficiência.
296 - Pois bem, um cartel transforma o oligopólio num monopólio (se fizerem tal conluio). Dividem a produção de modo a imitar o monopólio. Um artigo de jornal trazido por Mankiw lembra que mensagens de empresas a investidores/acionistas muitas vezes podem servir, abertamente, de sinal para algum acordo: "...espera-se que em fevereiro tenha fim a atual guerra de preços entre companhias aéreas...", por exemplo. A legislação de combate aos cartéis é algo delicado, coloca. É importante para um investidor saber dos passos/preços que uma companhia tem em mente, mas isso pode gerar conluios num setor e ineficiências.
297 - Na escala da figura acima dá pra perceber porque acaba tendo que entrar a "teoria dos jogos". Algum dos duopolistas pode pensar: "Eu também poderia produzir 30 galões. Nesse caso, seria vendido um total de 60 galões de água ao preço de $ 60 por galão. Meu lucro seria de $1.800 (30 galões x $60 por galão). Eu poderia produzir 40 galões. Então, seria vendido um total de 70 galões ao preço de $50 por galão. Meu lucro seria de $2 mil ( 40 galões x $50 por galão). Embora o lucro total do mercado diminuísse, meu lucro seria maior porque eu teria uma participação maior no mercado". Se o outro pensar o mesmo... 80 galões são produzidos. O lucro de nenhum deles aumenta. Os dois só perderam tempo e dinheiro (lucro total do mercado diminuiu). O interessante é que isso origina um novo "auto interesse": "Nesse caso, a lógica do interesse próprio de Jack leva a uma conclusão diferente: "Agora, meu lucro é de $1.600. Suponhamos que eu aumente a produção para 50 galões. Nesse caso, venderia um total de 90 galões de água e o preço seria de $30 por galão. Então, meu lucro seria de apenas $1.500. Em vez de aumentar a produção e diminuir o preço, é melhor eu manter a produção em 40 galões." O outro vai e pensa igual? Temos um "equilíbrio de Nash". Ruim para ambos de certa forma. O ideal seria cooperar. (...) Uma vez que tenham atingido esse equilíbrio de Nash, Jack e Jill não têm incentivos para tomar uma decisão diferente. Enfim, com cooperação o equilíbrio seria uma coisa. Sem, é outra. (Não sei bem qual dos dois é o de Nash - acho que é o "não-cooperativo" -, mas a lógica da coisa é fácil de pegar).
298 - ...Como os monopolistas, os oligopolistas têm consciência de que aumentos da quantidade produzida por eles provocam a queda do preço do produto, que, por sua vez, afeta os lucros. Portanto, não chegam a seguir a regra das empresas competitivas de produzir até o ponto em que o preço é igual ao custo marginal. (...) Em suma, quando as empresas em um oligopólio escolhem individualmente a quantidade produzida que maximize o lucro, produzem uma quantidade maior que o nível produzido pelo monopólio e menor que o nível produzido pela competição. O preço oligopolista é inferior ao preço do monopolista, mas superior ao preço competitivo (que é igual ao custo marginal)
299 - E se o oligopólio vai crescendo? Mais empresas entrando (dominando também o recurso-chave ou algo do tipo) e tal. Quanto maior for o número de vendedores, cada um se preocupará menos com seu próprio impacto sobre o preço de mercado. Ou seja, conforme o tamanho do oligopólio aumenta, a magnitude do efeito preço diminui. Quando o oligopólio se torna muito grande, o efeito preço desaparece completamente, isto é, a decisão de produção de uma única empresa não terá mais nenhum efeito sobre o preço de mercado. Nesse caso extremo, cada empresa seguirá o preço do mercado quando decidir a quantidade a ser produzida. Ela aumentará a produção desde que o preço seja superior ao custo marginal. Baixar os preços a níveis mais próximos do custo marginal é outro possível benefício de uma abertura comercial: a teoria do oligopólio nos dá outro motivo, além da teoria da vantagem comparativa abordada no Capítulo 3, pelo qual todos os países podem se beneficiar do livre comércio.
300 - Dilema do prisioneiro. Sou talvez tão pouco individualista que demorei pra perceber que, na dúvida total e não havendo acordo prévio em que se possa realmente confiar (talvez por algum forte vínculo emocional), a melhor estratégia individualmente é confessar. Na pior das hipóteses, pega-se oito anos e na melhor... Liberdade, ainda que safada (por sinal, a média "4 anos" - chance 50/50% - é meio que melhor que arriscar a média "10,5 anos") (Acho que esse equilíbrio "individualmente positivo e socialmente negativo" tem a ver com a ideia de que não é racional a pessoa preferir a aposta de risco/retorno mais difícil, mas não creio que medir essa magnitude seja tão fácil quanto eu fiz há pouco. Outros fatores teriam que ser levados em conta: o nível de confiança e/ou ingenuidade de "A" e "B") :
301 - ...Tenderão, portanto, a ficar oito anos na cadeia. O ideal seria agirem como um "cartel" :)
302 - Pois bem... Tudo a ver com o exemplo maior do nosso capítulo 17:
303 - No caso acima, é melhor apostar entre 2.000 e 1.600 que entre 1.500 e 1.800. Esse exemplo ilustra por que os oligopólios têm dificuldade para manter lucros monopolistas. O resultado do monopólio é racional para o oligopólio no todo, mas cada oligopolista tem um incentivo para trapacear.
304 - A Opep conseguiu manter a cooperação e os preços altos de 1973 a 1985. O preço do petróleo subiu de $3 por barril, em 1972, para $11 em 1974 e, depois, para $35 em 1981. Depois disso ficou difícil e tinha muita divergência. ... A falta de cooperação entre os países da Opep reduz o lucro dos países produtores de petróleo abaixo do que poderia ser, ela beneficia os consumidores de todo o mundo.
305 - Jogo mortal (que inclusive originou a Teoria dos Jogos, segundo se conta): Se a União Soviética opta por se armar, os Estados Unidos ficam em melhor situação fazendo o mesmo para evitar a perda de poder. Se a União Soviética opta por se desarmar, os Estados Unidos ficam em melhor situação armando-se, porque isso lhes daria maior poder. Para cada país, armar-se é a estratégia dominante. O ideal seriam acordos desarmamentistas. Daria para confiar. porém?
306 - O uso moderado de recursos comuns muitas vezes não é a "estratégia dominante" também, o que leva a uma ineficiência social, digamos assim.
307 - A "não-cooperação" desses equilíbrios escrotos pode ter resultados socialmente bons ou ruins. No caso dos cartéis de oligopolistas, a não-cooperação é até socialmente boa. Porém, no caso da exploração eficiente de recursos comuns, a não-cooperação pode ser extremamente danosa, por exemplo.
308 - Tudo isso tem um grande porém... em um jogo repetido do dilema dos prisioneiros, os dois jogadores podem perfeitamente ser capazes de chegar ao resultado cooperativo. Os duopolistas do início podem, visando o lucro futuro em detrimento do momentâneo, ser capazes de firmar acordos que preveem até penalidades simples. Ex: monitoramento mútuo e, se um aumentar, o outro aumenta e os dois se dão mal. (...) O dilema repetitivo dos prisioneiros é um jogo muito complicado. Para encorajarem a cooperação, os jogadores precisam penalizar um ao outro pela não cooperação. Mas a estratégia descrita anteriormente para o cartel de água de Jack e Jill - romper o acordo depois que qualquer jogador o desrespeitar pela primeira vez - não perdoa o rompimento do acordo. Em um jogo que se repita muitas vezes, pode ser preferível uma estratégia que permita aos jogadores voltar ao resultado cooperativo depois de um período de não cooperação. Enfim... O "torneio de dilema dos prisioneiros" pode ter um resultado diferente da "partida/dilema dos prisioneiros".
309 - ... Para ver qual estratégia funciona melhor, o cientista político Robert Axelrod realizou um torneio. As pessoas participavam enviando programas de computador criados para jogar repetidas vezes o dilema dos prisioneiros. Cada programa jogava contra todos os outros programas. O "vencedor" era o que recebesse o menor número total de anos na prisão. (...) A vencedora foi uma estratégia simples chamada olho por olho (tit-for-tat). De acordo com essa estratégia, o jogador começa cooperando e depois repete o que o outro jogador fez na rodada anterior. Assim, quem joga dessa maneira coopera até que o outro jogador desrespeite o acordo; ele então desrespeita o acordo até que o outro jogador volte a cooperar. Em outras palavras, essa estratégia começa de modo amigável, penaliza jogadores hostis e os perdoa se for o caso. Para surpresa de Axelrod, essa estratégia simples funcionou melhor que todas as outras estratégias mais complicadas enviadas para o torneio.
310 - Para deslocar a alocação de recursos para um ponto mais próximo do ótimo social, os formuladores de políticas devem tentar induzir as empresas participantes de um oligopólio a competir em vez de cooperar. As leis antitrustes estabelecem punições pesadas.
311 - Na parte final do capítulo, discute as questões mais polêmicas: a) fixação de preço de revenda; b) dumping (argumenta que a empresa menor pode simplesmente reduzir a oferta sofrendo menos e deixando a maior arcando com um prejuízo desproporcional enquanto sobe a demanda...); c) venda casada... (não aumentam a disposição do comprador, que vai dar lá seu valor a ambos e simplesmente aceitar ou não, ou seja, não seria abuso do poder de mercado por parte do vendedor...) e "c.2)" o caso da Microsoft e o seu "navegador embutido".
312 - Por que existem então as vendas casadas? Uma possibilidade é que elas sejam uma forma de discriminação de preços. Suponhamos que só haja dois cinemas. O City Theater está disposto a pagar $ 15 mil por Homem de ferro e $ 5 mil por Hamlet. O Country Theater quer fazer exatamente o inverso: está disposto a pagar $ 5 mil por Homem de ferro e $ 15 mil por Hamlet. Se a Makemoney cobrar preços separados pelos dois filmes, sua melhor estratégia será cobrar $ 15 mil por filme e cada cinema optará por apresentar apenas um filme. Mas, se a Makemoney oferecer os dois filmes em um pacote, poderá cobrar de cada cinema $ 20 mil pelos filmes. Assim, se diferentes cinemas atribuírem valores diferentes aos filmes, a venda casada poderá permitir que o estúdio aumente seu lucro, cobrando um preço combinado mais próximo da disposição total para pagar dos compradores.
313 - Por fim, traz o caso Google (2009), que queria se colocar como parte do competitivo mercado global da publicidade em geral - e não como uma monopolista de serviços de busca na internet. Não parece bem correto: E mesmo se você comprar a ideia do Google de que as fronteiras entre as mídias foram ofuscadas pela tecnologia, ainda é difícil explicar como a empresa poderia manter uma margem de operação de 30%, apesar dos prejuízos com a hospedagem de concorrentes confiáveis, se enfrentasse grave competição.
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