Anabela - Crescimento económico, capital humano e especialização produtiva (Ótimos Dados) (Mestrado) II
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21 - Após toda essa análise, cria-se um modelo econométrico de modo a medir (usa proxys) todas as variáveis a fim de buscar o quanto o capital humano explica o crescimento. A presente dissertação considera uma amostra de 30 países, sendo 26 dos quais europeus e os restantes Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Austrália. Vai de 1960 a 2010. Pareceram-me bem justificadas as escolhas. "Desta forma, com base na literatura, é usada a escolaridade média da população com idade igual ou superior a 25 anos para medir o stock de capital humano, retirada da base de dados construída por Barro e Lee (2010), estudo mais recente destes autores relativo a dados de capital humano. (...) Estes valores provêm da base de dados EU KLEMS (O'Mahony e Timmer, 2009), disponível www.euklems.net, que nos fornece (entre outras variáveis) o número de empregados em cada indústria. As várias actividades económicas estão divididas conforme a classificação da ISIC REV.3 (‘International Standard Industrial Classification’). Estes valores foram transformados em percentagens relativamente ao total do emprego de cada economia. Posteriormente, os dados foram agrupados consoante a intensidade de conhecimento que cada actividade requer. Esta classificação baseia-se no trabalho de Peneder (2007) que divide cada indústria em: ‘muito baixo’, ‘baixo’, ‘médio-baixo’, ‘intermédio’, ‘médio-alto’, ‘alto’ e ‘muito alto’ conforme as competências e grau de conhecimento exigidos por cada uma. Como a EU KLEMS apenas fornece dados relativos ao período entre 1972 e 2007, foram estimados os valores dos anos em falta. Para tal, assume-se que o peso de cada indústria no período entre 1690 e 1971 evolui à taxa de crescimento média dos 10 anos subsequentes. Da mesma forma, os valores dos anos posteriores a 2007 são calculados assumindo a taxa de crescimento média dos 10 anos anteriores. Como acontece nos vários estudos empíricos de crescimento económico (Barro, 1991; Levine e Renelt, 1992; Mauro, 1995; Moral-Benito, 2012), a acumulação do capital físico (I) será medido através da percentagem do investimento em relação ao PIB. Da mesma forma, os gastos públicos (G) serão medidos através da fração do consumo público no PIB"
22 - Para a questão das instituições, usa o seguinte medidor: "No que toca às medidas institucionais, este estudo baseia-se em Moral-Benito (2012). Tal como este autor, usamos os Índices de ‘Liberdades Civis’ e de ‘Direitos Políticos’, provenientes da ‘Freedom House’. Estes índices são construídos através de avaliações de especialistas em direitos humanos, académicos, jornalistas e políticos. São medidos através de uma escala de 1 a 7, sendo que 1 representa o maior grau de liberdade e 7 o menor."
23 - A página 21 da dissertação (29 do pdf) possui um quadro com os diversos modelos e medidores usados em estudos econométricos famosos sobre crescimento, ao que entendi. Barro, Mankiw, Acemoglu...
24 - Alguns resultados me parecem interessantes: As economias pertencentes ao grupo ‘Baixo nível/Baixo desempenho’ são: Bélgica, França, Reino Unido e Suécia (cf. Figura 1). Estes países registam níveis de desenvolvimento económico abaixo da média da amostra, tendo tido uma evolução a um ritmo mais lento relativamente aos demais. Trata-se de um grupo um tanto heterogêneo. Reino Unido, por exemplo, fez reformas neoliberais desde os anos 80 (cobrindo maior parte da análise).
25 - No segundo grupo, Baixo nível/Forte desempenho, constam Coreia do Sul, Chipre, Polónia, Portugal, Japão, Grécia, Espanha, Itália e Finlândia (cf. Figura 2). Nível baixo, mas ritmo forte no período. Também curioso, pois Portugal, Japão, Grécia, Itália e talvez até Espanha têm ido muito mal nas últimas duas décadas (a última delas não captada/tratada por essa dissertação). Creio que o forte desempenho se deveu a um passado, aproveitando a janela de "produtividade do capital" que ainda havia. O que me leva a observar que esse estudo certamente seria mais interessante caso estivesse medindo algum tipo de PTF ou ao menos produtividade do trabalho (em vez de PIB per capita).
26 - Países com um ritmo mais fraco (no 1960 a 2010) que o grupo anterior, mas que iniciou de nível alto: Alemanha, Dinamarca, Canadá, Austrália, Holanda e Estados Unidos da América.
27 - Por fim, os países que registram Elevado nível/Elevado desempenho são Áustria, Irlanda, Luxemburgo e Noruega (cf. Figura 4). Todos bem pequenos? Está aí a explicação?
28 - Em geral, os países que em 1960 possuíam um stock de capital humano relativamente baixo, observam taxas de crescimento bastante superiores às economias que partem com uma média de anos de escolaridade significativamente superior.
29 - Crescimento da escolaridade média em vários países no período:
30 - Em 2010, a maior escolaridade era, portanto, dos EUA.
(continua...)
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