Anabela - Crescimento económico, capital humano e especialização produtiva (Ótimos Dados) (Mestrado) I

     

Texto: Anabela - Crescimento económico, capital humano e especialização produtiva (Ótimos Dados) (Mestrado)


1 - Dissertação de mestrado - Faculdade de Economia da Universidade do Porto - (2013/2014) - Autora: Anabela Sofia da Silva Queirós.


2 - Alguma dúvida disso?: "Não obstante a importância destes últimos, os principais determinantes do crescimento económico são: o nível de desenvolvimento inicial, o crescimento da população, o investimento em capital físico e o stock de capital humano (e.g. Barro, 1991; Hanushek e Woessmann, 2012; Aisen e Veiga, 2013)."


3 - Por outro lado, o capital humano facilita captação de tecnologia dos países vizinhos através da absorção de ideias e da importação de equipamentos. (...) a especialização de um dado país em atividades tecnologicamente mais avançadas amplificará os efeitos (positivos) do capital humano no crescimento económico (Silva e Teixeira, 2012). (...) Neste contexto, as industrias designadas ‘high-tech’ observam maiores taxas de crescimento da produtividade e, portanto, contribuem mais do que proporcionalmente para o crescimento económico (Silva e Teixeira, 2012). 


4 - De forma semelhante à acumulação de capital físico, a aquisição de competências e de conhecimento constitui um meio de formação de capital através do adiamento do consumo, com o objectivo de obter maior rendimento no futuro.


5 - Coloca que o capital humano é a base do P & D. Não tem como fazer o segundo bem sem o primeiro adequado. 


6 - Problemas na mensuração: Verifica-se que a escolaridade média da força de trabalho constitui a proxy mais comum na medição do stock de capital humano dos países. As taxas de literacia e de matrícula por grau de escolaridade constituem variáveis fluxo, traduzindo apenas o investimento em capital humano, afetando o stock deste com um enorme desfasamento temporal (Woessmann, 2003). As proxies usadas nos estudos empíricos traduzem de forma imperfeita o stock de capital humano de um país. Tal deve-se a erros existentes nas bases de dados, à inadequação da proxy aplicada (Woessmann, 2003), e ao facto de não incluírem fatores tais como a experiência, a educação informal, as depreciações, a qualidade dos sistemas de ensino e os diferentes tipos de educação (Sianesi e Reenen, 2003). Por outro lado, o uso de medidas referentes à escolaridade média não contempla as diferenças nas competências apreendidas entre os países e pressupõe que um ano escolar adicional aumentará o capital humano a uma dimensão constante (Woessmann, 2003). 


7 - A maioria dos estudos analisados evidencia uma relação positiva e significativa da variável capital humano com o crescimento económico (Barro, 1991; Mankiw et al., 1992; Easterly e Levine, 1997; Hall e Jones, 1999; Bodman e Le, 2013) independentemente da proxy utilizada para medir esse mesmo capital humano (e.g. escolaridade média da população em idade ativa e taxa de matricula inicial no ensino primário e secundário). (...) Não obstante, Levine e Renelt (1992), Benhabib e Spiegel (1994), Mauro (1995), Rajan e Zingales (1996) e Moral-Benito (2012) não evidenciam impactos estatisticamente significativos do capital humano no crescimento económico. Especificamente, quando as taxas de matrícula no ensino secundário e primário são usadas como variáveis de controlo, observamos frequentemente resultados pouco robustos 


8 - Tentando melhorar a mensuração da qualidade: Para colmatar este ponto, são introduzidas medidas que pretendem diferenciar a qualidade da educação nos países. Estas passam pelo peso dos gastos públicos e/ou privados em educação no PIB real, rácio estudantes por professor, salários dos professores e duração do ano letivo, tanto em número de horas como de dias (Barro e Lee, 1996; Hanushek, 1996; Woessmann, 2003). De forma a captar diferenças nos conhecimentos apreendidos entre países, diversos autores (e.g. Lee e Barro, 2001; Hanushek e Woessmann, 2008; 2012, Hanushek, 2013) incluem os resultados dos testes de avaliação internacionais como proxy da qualidade dos sistemas de ensino (e. g. PISA - Programme for International Student Assessment - e TIMSS – Trends in International Mathematics and Science Study), obtendo um impacto positivo e significativo dos mesmos no crescimento económico. Contudo, Breton (2011) conclui que a escolaridade média é uma proxy mais robusta do stock de capital humano e que este tem já implícito a qualidade da educação, uma vez que a correlação entre escolaridade média e o resultado dos testes é muito elevada.


9 - Baumol: As indústrias mais produtivas, designadas por Baumol como ‘progressivas’ (Hartwig, 2012), ganham maior peso nas economias, uma vez que oferecem salários mais elevados, atraindo indivíduos mais qualificados e com melhores competências. Estes fenómenos geram efeitos diretos no crescimento, ao originar novas formas de produção que resultarão numa realocação mais eficiente dos recursos e maior capacidade de rendimento (Zagler, 2009; Noseleit, 2013). Assim, mudanças estruturais a favor da especialização em setores ‘progressivos’ e/ou tecnologicamente mais avançados levam a crescimento económico (Peneder, 2003; Silva e Teixeira, 2012). 


10 - Por um lado, constata-se que regiões mais industrializadas observam maior crescimento económico do que as regiões predominantemente agrícolas (Marelli, 2004). Por outro, a especialização em produtos agrícolas torna ainda, segundo Aditya e Acharyya (2013), o país mais vulnerável a choques externos.


11 - Associado às questões da procura, Aditya e Acharyya (2013) constatam que, em termos dinâmicos, a especialização das exportações em bens de elevado conteúdo tecnológico tem uma relação positiva com o crescimento económico. (...) Assim, se os consumidores possuírem maiores níveis de educação e formação serão mais propensos a procurarem produtos ‘high-tech’, o que contribuirá positivamente para a existência de mudança estrutural ‘virtuosa’ (Justman e Teubal, 1991). Afirma que existe o contrário também. Crescimento traz novos padrões de consumo que incentivam a produção de bens com alta complexidade. 


12 - Menciona que um problema dessa evolução é o desemprego tecnológica da destruição criativa. 


13 - Cita a "doença dos custos" de Baumol como perigo, mas a meu ver não explica.


14 - O capital físico e o capital humano são complementares, uma vez que incrementos no stock de capital físico levam a um aumento da produtividade marginal do capital humano e vice-versa (Caselli e Coleman, 2006).


15 - Norte-Sul: Estes últimos, durante o seu processo de terciarização, especializaram-se em serviços intensivos em trabalho, captando mão-de-obra pouco qualificada resultante da migração rural; em contraste, os países do Norte especializaram-se em produtos ‘high-tech’, transacionáveis, requerendo estes setores elevados níveis de capital humano.


16 - O capital humano elevado incentivaria inovação e empreendorismo.


17 - A importância do "PIB per capita" inicial é devido aos retornos decrescentes de capital. Países mais pobres têm mais espaço para crescer e continuamente crescem mais. (...) As economias mais pobres possuem um baixo nível de capital em relação ao fator trabalho, pelo que observam rendimentos marginais superiores às nações mais ricas.


18 - Um elevado peso do setor público poderá ainda, produzir ineficiências e gerar o crowdingout do investimento privado (Dreher, 2006). Adicionalmente, não é certo que a despesa pública produza impactos na produtividade do setor privado. Em contraste, os estudos de Levine e Renelt (1992), Mauro (1995) e Moral-Benito (2012) não evidenciam resultados robustos relativamente a esta variável.


19 - A existência de ‘boas instituições’ poderá restringir a ação do governo no desrespeito pelos direitos de propriedade (Acemoglu et al., 2001)A proteção contra a expropriação, ou seja, a protecção dos direitos de propriedade tem vindo a revelar-se uma das principais medidas institucionais, com impacto positivo no crescimento económico (Acemoglu et al., 2001; Hanushek e Woessmann, 2008). O crescimento económico poderá ser comprometido por atividades desviantes. Se uma economia for propícia à existência destas, os incentivos ao investimento serão escassos. (...) Mauro (1995) evidencia uma relação negativa e significativa entre os índices de corrupção e o crescimento económico dos países. Por outro lado, Hall e Jones (1999) evidenciam uma relação positiva e significativa entre estas variáveis.


20 - Instabilidade política: ameaça, mais uma vez, os direitos de propriedade (Barro, 1991) e cria volatilidade nas políticas macroeconómicas (Aisen e Veiga, 2013), gerando incerteza, o que deteriora a confiança dos investidores. Empiricamente, são usadas como medidas de instabilidade política o número de revoluções e golpes de estado anuais bem como o número de assassinatos políticos que os países registam (Barro, 1991; Mauro, 1995; Easterly e Levine, 1997). Tal como o expectável, Easterly e Levine (1997) evidenciam um impacto negativo e significativo da instabilidade política no crescimento económicoBarro (1991) observa também este resultado quando usa a proxy ‘número de revoluções e golpes de estado por ano’, sendo que o ‘número de assassinatos políticos’ não apresenta resultados estatisticamente significativos.


(continua...)

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