Anabela - Crescimento económico, capital humano e especialização produtiva (Ótimos Dados) (Mestrado) III
(continuação)
31 - Relativamente à mudança estrutural, verificamos que, na grande maioria dos países, ao longo dos anos, ocorreu uma redução do peso das actividades de baixa intensidade em conhecimento (designadas de ‘low’). Esta tendência foi acompanhada pelo aumento do peso das actividades altamente intensivas em conhecimento (designadas de ‘high’). Este aumento foi bastante acentuado na generalidade das economias, com exceção do Canadá.
32 - Low tech: Podemos incluir no primeiro grupo: Grécia, Itália, Portugal, Espanha e Coreia do Sul. Ao analisarmos a composição produtiva destes países verificamos que as actividades ‘low’ assumem uma grande importância relativamente às restantes atividades. Em todos estes países, mais de um quarto da população empregada desempenham funções que envolvem baixos níveis de conhecimentos. Espanha evidencia o maior peso relativo das actividades ‘low’, com cerca de 40% da população empregue. Segue-se Portugal que apresenta um peso relativo médio de 39,2% na última década. Entretanto, em todos esse índice apresentou severa queda (o que pode, talvez, explicar o forte crescimento): A Coreia do Sul observou uma quebra de cerca de 51% desde a década de 60, tendo o peso destas atividades passado de 56,4% para apenas 27,8% do total do emprego. Da mesma forma, a Grécia observou uma perda de cerca de 41%. Já no caso de Portugal, as perdas verificadas pelas atividades ‘low’ nas últimas 5 décadas rondaram os 27% (cf. Figura 9).
33 - Medium-tech: No caso da Dinamarca e da Finlândia, estas actividades ocupam mais de 60% do total do emprego, tendo o peso das indústrias ‘medium’ crescido cerca de 20% nos últimos anos. Já no Japão, Noruega, Austrália e Suécia a percentagem do emprego nas atividades ‘medium’ permaneceu quase inalterada. As taxas de crescimento verificadas foram de apenas 1% no Japão, 3% na Noruega, 5% na Austrália e 7% na Suécia. Esta última apresenta também um elevado peso relativo das indústrias ‘high’ na sua composição setorial quando comparada com outros países. Contudo, a elevada presença das indústrias ‘medium’ verificada determina a classificação atribuída, por nós, à Suécia. Da mesma forma, a Coreia do Sul também regista um elevado peso relativo das indústrias ‘medium’. No entanto, optamos por incluí-la no primeiro grupo, uma vez que o peso das indústrias ‘low’ destaca-se face a outros países.
34 - High tech: Reino Unido, Holanda, França, Luxemburgo, Bélgica, Alemanha, Estados Unidos da América e Irlanda podem ser classificados como relativamente especializadas em atividades ‘high’, uma vez que estas se têm vindo a destacar na composição setorial das economias. Neste grupo de países, na última década, as indústrias ‘high’ representavam mais de um quinto do total do emprego. Contudo, a evolução da importância destas indústrias ao longo do tempo, diferiu bastante de país para país. O Reino Unido é a economia que, na última década, apresenta o maior peso relativo médio de atividades ‘high’ na composição do emprego, com cerca de 25,6%.
35 - Embora ainda sejam relativamente especializados em atividades ‘low’, Portugal e Espanha apresentam ritmos de crescimento do peso das ‘high’ bastante elevados.
36 - Vai para a segunda parte do estudo: O primeiro inclui 21 países pertencentes à OCDE, dos quais dispomos um painel balanceado (os dados de toda a cross-section são observados durante o período) para os anos compreendidos entre 1960 e 2011. O segundo painel adiciona ao primeiro 9 países, maioritariamente pertencentes à Europa de Leste (Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa), mas o período é mais curto (1990-2011) devido à indisponibilidade de dados.
37 - Resultados dos modelos dela: O capital humano apresenta um impacto positivo e estatisticamente significativo em ambos os modelos, o que corrobora a H1 (“Países com stock de capital humano mais elevado estão associados a maior crescimento económico”) e sugere, tal como postulado na literatura, que países que apresentam níveis de escolaridade mais elevados da população em idade ativa tendem, em média, a crescer mais rapidamente nos períodos considerados (1960-2011/1990-2011). ... Assim, a H2 (“Países que experienciam alterações em termos de estruturas produtivas no sentido de um maior peso das atividades de mais elevado conteúdo tecnológico tenderão a observar maiores taxas de crescimento económico”) é também confirmada.
38 - Hipótese 3 só é confirmada com ressalvas: No entanto, a H3 – “O impacto do capital humano no crescimento económico de um país é tanto maior quanto mais especializado for o país em atividades de elevado conteúdo tecnológico” – apenas vem confirmada no painel que envolve um horizonte temporal mais vasto (1960-2011) (Modelo I). No modelo II... A estimativa do efeito moderador do capital humano na mudança estrutural apresenta-se negativa e estaticamente significativa. (O Leste Europeu é muito específico. Tem a questão dos benefícios trazidos às pequenas economias pela integração com o Euro e forte recuperação - tardia para muitos - da crise de 1990 correlacionada ao desmoronamento do sistema anterior.
39 - ... Concluímos daqui que para o período em causa (1990-2011) e para o conjunto de países em análise, que incluí um número considerável de economia do Leste Europeu, o crescimento económico vem explicado pela dinâmica dos níveis de capital humano (anos de escolaridade) e o peso decrescente das actividades intensivas em conhecimento (‘high’).
40 - Conciliação dos resultados que ela faz: Assim, constatamos que os efeitos da interação da mudança estrutural com o capital humano apenas se fazem sentir no muito longo prazo, podendo evidenciar resultados contrários em períodos muito curtos de análise e que envolvem amostras de países em transição.
41 - Quanto as instituições (após constatar, com "significância de 1%" que o gasto estatal está associado a diminuição do crescimento), constatou: "Assim, dado que a estimativa associado ao índice ‘Direitos Políticos’ é negativa, retira-se daqui que os países mais democráticos, onde os processos eleitorais decorrem de forma livre e transparente, apresentam em média, e como expectável, maior crescimento económico (qualquer que seja o modelo considerado)". O mesmo para as "liberdades civis". Porém... : "No Modelo I encontramos um resultado oposto ao esperado. Tal poderá ser justificado pelo facto de, em alguns países incluídos neste painel, os primeiros anos do período em análise (década de sessenta, essencialmente), em que apresentam taxas de crescimento muito elevadas, terem coincidido com períodos de ditadura, logo com índice de Liberdades Civis associado muito elevados."
42 - Por fim, algumas tabelas interessantes:
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