YT - Paulo Gala - Por que a produtividade no Brasil é baixa?
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Por que a produtividade no Brasil é baixa?
1 - As pessoas podem ser produtivas e educadas, mas se não houver estrutura produtiva, esse avanço na escolarização ou mesmo qualidade não irá se refletir na economia. A estrutura setorial de emprego brasileira é ruim. Não haverá ganhos significativos de produtividade. Defende, por exemplo, que se o trabalhador brasileiro imigrasse ou fosse transportado a outro país, poderiam produzir muito mais.
2 - Fala da "doença de Baumol"- https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_dos_custos_de_Baumol . Wiki: Envolve um aumento de custos em atividades que não experimentaram aumento da produtividade. Isso aparentemente vai contra a teoria de economia clássica que os salários estão intimamente ligados a mudanças de produtividade do trabalho (...) A Doença de custo do Baumol é frequentemente usada para descrever as consequências da falta de crescimento da produtividade no setor quaternário da economia e serviços públicos como hospitais públicos e faculdades do estado. Desde que muitas atividades de administração pública são fortemente intensiva há pouco crescimento da produtividade ao longo do tempo.. Os custos de serviços em geral tendem a subir. Há ausência significativa de ganhos de escala e escopo na maioria deles, como cabeleireiro, uber, garçom, enfermeira, manicure, doméstica ou violinista. Já o custo dos bens a baixar com o desenvolvimento econômico (produtividade geral).
3 - No Brasil, só há 22% empregado em serviços sofisticados/empresariais (não deixa claro como chegou ao número, creio que é a soma desse tipo de serviço com o trabalhador de indústria manufatureira. Só assim bate mais ou menos o dado. Ele também afirma que na Coréia, Alemanha ou República Tcheca esse dado chega a 35 a 40%). Por sinal, achei meio diferente do que o próprio dado do blog dele apresenta:
4 - Comparativo da produtividade geral do Brasil e a produtividade do trabalhador de cada setor:
5 - No blog, Gala afirma: Até mesmo na construção civil, mesmo com auxílio de máquinas mais sofisticadas, a produtividade entre trabalhadores dos diversos países não é muito distinta. (...) O boom de crédito, commodities e consumo observado no Brasil nos últimos anos estimulou justamente os setores com baixos ganhos potencias de produtividade e desestimulou os setores potencialmente ricos em economias de escala e retornos crescentes: as manufaturas. (Eu não diria 100% isso por dois motivos xifópagos: (1) os altos ganhos de produtividade na agricultura podem ter sido ajudados com esse "boom", talvez por ganhos de escala, e (2) esses ganhos talvez tenham sido responsáveis pelo nosso único período de aumento da produtividade nos últimos quarenta anos. O problema são os limites disso. Uma coisa pode ser ao custo da outra. Possivelmente até).
6 - Texto de 2018: Como mostra o importante estudo da UnB, “Produtividade no Setor de Serviços” no Brasil, o setor concentra hoje 74% da força de trabalho no país e foi responsável por 83 em cada 100 novos postos formais de trabalho gerados nos últimos anos.
7 - Creio que trata do período 2006-2012 aqui: A forte subida de salários por aqui sem o acompanhamento do aumento de produtividade provocou importante alta dos custos relativos do trabalho. As margens de lucro caíram.
8 - Este aqui é outro bom gráfico do blog. Produtividade do trabalhador brasileiro em cada subsetor e também o valor agregado ao PIB que cada setor ou subsetor gera (achei os dados estranhos por sinal, pois não batem com vários outros. Seriam distorções de "preços constantes"?):
9 - Outros posts do mesmo blog vão lembrar do efeito Balassa-Samuelson ("os ganhos de produtividade de um economia ocorrem principalmente no setor de bens transacionáveis - manufaturas e commodities - e não no setor de bens nao tradables - serviços")... O corte de cabelo em Cingapura ou nos EUA é de 50 a 100 dólares. Aqui é tipo um quinto disso ou menos a depender da região. Pra mim parece tudo conectado ao mesmo fenômeno (Baumol). Sobre isso, Baumol seria talvez menos preciso, já que generaliza a bens e serviços. Tradables e "non-tradables" seria um par melhor? Para Paulo, no fundo todos estão falando a mesma coisa.
10 - Outra forma de explicar o Balassa-Samuelson que vi na internet e que menciona inclusive a questão do câmbio (detalha melhor lá): "Uma vez que o setor comercializável dos desenvolvidos era mais produtivo que o setor comercializável dos países em desenvolvimento, o mercado de trabalho em cada grupo de países gerava uma convergência específica de salários pagos entre todos os setores da economia." Transbordamento.
11 - Outro post traz o mapa da produtividade média e população empregada de cada subsetor comparável à produtividade média brasileira (e faz o mesmo para os EUA depois:
12 - Paulo observa que também há grande diferença de produtividade intra-setorial. Brasil tem muita manufatura mid-low tech.
13 - Paulo afirma no vídeo que não há diferença significativa de produtividade entre EUA e Brasil nos setores de serviços não-sofisticados. Porém, os próprios dados do seu blog, os quais copiei ao ponto 11, parecem contestar fortemente isso. Não sei se esses índices de produtividade filtram ou não o "efeito Balassa", mas mesmo que filtre, ainda há diferença de produtividade importante.
14 - Imigração livre faria com que os trabalhadores de países pobres migrassem para
15 - Serviços sofisticados/empresariais dificilmente têm como crescer e ser relevantes sem um forte setor produtivo/manufatureiro para demandá-los (talvez apenas a proximidade geográfico/cultural/linguística é que possa permitir que algum país "se aproveite" do setor produtivo do vizinho para fornecer serviços sofisticados. Não sei se é o caso dos bálticos).
16 - A queda da indústria na participação no PIB é uma questão de preços correntes. Em preços constantes muitas vezes não se verifica. Trata-se da combinação efeito Balassa-Samuelson e doença de Baumol.
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(gráficos encontrados no próprio blog do professor Paulo Gala)
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