Livro: John Galbraith - O Pensamento Econômico em Perspectiva - Capítulos 21 e 22

                                                                                                                                                                          

Livro: John Galbraith - O Pensamento Econômico em Perspectiva



Pgs. 254-262


"CAPÍTULO 22: "O Presente Como Futuro, 1"


213 - Coloca que os economistas almejam a respeitabilidade científica dos campos "exatos/naturais", portanto, querem petrificar suas leis. Igualmente imutável, diz-se, seria a motivação humana numa economia competitiva de mercado.


214 - Na sua concepção, não é mais tão significativa a dialética entre capital e trabalho. O "inimigo" do capitalista seria o "governo". É o governo que reflete as preocupações e os interesses de uma população que abrange muito mais que apenas os trabalhadores— uma população que inclui os idosos, os pobres urbanos e rurais, as minorias, os consumidores, os fazendeiros, os ecologistas, os defensores de medidas públicas em áreas relegadas pela iniciativa privada (e. g., habitação, transporte e saúde), os advogados da educação e dos serviços públicos em geral.


215 - O ponto principal de Galbraith me parece ser o de que a determinação dos preços e mesmo do salário não se dá num modelo de livre-concorrência, conforme se supõe por aí (entre os "clássicos").


216 - Coloca, ainda, que é a organização em si e não o grande empreendedor que é a força da empresa. A composição e interação complexa entre suas partes. 


217 - Coloca, também, que os trabalhadores "agora" estão muito mais preocupados com estabilidade e não perder o que conquistaram do que com aumentos de renda. Isso, e não os preços ou a distribuição desigual da renda, é patentemente a principal angústia social do nosso tempo.



Pgs. 263-270


"CAPÍTULO 22: "O Presente Como Futuro, 2"


218 - As ideias fundamentais do pensamento japonês provêm em grande parte das tradições americana e britânica, mas possuem um componente marxista mais forte do que seria considerado de bom tom nos países de língua inglesa. Observa-se repetidamente que muitos japoneses que se tornaram altos executivos ou altos funcionários públicos começaram suas vidas como marxistas. Não que haja alguma expectativa séria de revolução. Mas o fato é que a influência marxista teve uma consequência significativa: ela isenta o pensamento econômico e político japonês de noção de uma dicotomia ou mesmo de um conflito social entre a economia privada de mercado e o Estado. (...) No Japão, o Estado é efetivamente, como dissera Marx, o comitê executivo da classe capitalista; e isso é aceito como normal e natural. Afirma, ainda, que não-militarismo japonês do pós-guerra garantiu investimentos mais diretamente produtivos. Por fim, cita os aspectos toyotistas do modelo, na cooptação dos trabalhadores (sem usar essas palavras).


219 - (De certa forma, Galbraith parecia encantado demais com o Japão na boca da crise - dois anos após o livro. Até o Brasil aparece como esperança, naquela época ainda poderia parecer uma crisezinha o que se passava por aqui).


220 - Expõe as contradições do suposto antiprotecionismo: ...Nos Estados Unidos, no momento em que escrevo estas palavras, o governo Reagan tem repetidamente deixado de lado a sua retórica mercadológística para acudir bancos em processo de falência e exportadores carentes - e também, a um custo sem precedentes, para proteger os fazendeiros do livre mercado.


221 - Parece aberto a pensar as consequências da, à época ainda "nova", teoria das expectativas racionais. Se os agentes antecipam as políticas, mais motivo ainda para não querer analisar problemas de macro e microeconomia separadamente. Galbraith, apesar claramente de gostar de Keynes, critica essa divisão que veio com ele.


222 - Os preços e salários, por serem estabelecidos numa interação entre os poderes dos sindicatos e o das empresas, foram no passado uma fonte evidente de inflação. Isso, no entanto, nunca foi inteiramente aceito pela teoria microeconômica clássica de mercado - que sustenta que preços e salários são determinados independentemente do poder dos compradores e vendedores de trabalho. Defende a negociação e intervenção na questão dos salários e preços. Europeus e Japão já seriam mais eficientes nisso, por exemplo, que os países de língua inglesa, coloca. 


223 - Coloca que problemas "macro" como o desemprego também pedem adoção de políticas identificadas como "micro". Não daria pra atacar só com uma frente (tipo só com política monetária).


224 - Os últimos parágrafos finais do livro: A assimetria política da Revolução Keynesiana (a assimetria que há entre as medidas políticas necessárias para combater o desemprego geral e as medidas necessárias para coibir um excesso geral de demanda) foi adequadamente analisada. E sobre a economia: ...Ela vive numa constante, e muitas vezes relutante, adaptação às mudanças. Não reconhecer isso é a fórmula certa para a obsolescência e para a repetição e o acúmulo de erros. Isso, também, a história nos narra.



FIM


.


Comentários