Livro: Kupfer e Hasenclever - Economia Industrial (2013) - Capítulos 3, 4, 5 e 6

                                                       

Livro: David Kupfer e Lia Hasenclever - Economia Industrial (2013)



Pgs. 45-59


"CAPÍTULO 3: "Economias de Escala e Escopo (Mariana Iootty e Marina Szapiro)"


45 - Custos fixos independem da produção - não são uma função da quantidade produzida, como os variáveis - e têm alguns exemplos famosos: ...aluguéis, equipamentos, manutenção da fábrica e seguro, entre outros. No longo prazo, a diferenciação deixa de fazer sentido, pois todos os custos podem ser ajustados ao melhor cenário. Segue gráfico com comportamentos usuais dos diversos tipos de custos:



46 - Dá as demonstrações algébricas da legenda do gráfico, mas é um tanto intuitivo.


47 - Custo médio de longo prazo para a empresa planejar "a vida": À medida que o nível de produção aumenta, os CMeLP de uma empresa podem permanecer constantes, aumentar ou diminuir. Se o CMeLP da empresa é reduzido quando a produção é elevada, a empresa possui economias de escala. O contrário? Deseconomias de escala.


48 - Muita álgebra também para conclusões que me parecem bem simples: ...De forma análoga, é possível demonstrar que se a função está sujeita a retornos decrescentes, os CMeLP serão crescentes e, por fim, uma função sujeita a retornos constantes gera CMeLP constantes.


49 - De acordo com a teoria tradicional dos custos, a curva de CMeLP é derivada das curvas de CMeCP; cada ponto da curva de CMeLP corresponde a um ponto da curva de CMeCP, que é tangente à curva de CMeLP naquele ponto. Dada a flexibilidade dos fatores de produção no longo prazo, o CMeLP é sempre pelo menos tão baixo quanto o CMeCP; ou seja, é possível que a empresa produza determinada quantidade no longo prazo com menor custo do que no curto prazo. (...) A teoria tradicional dos custos, que admite ser a curva de CMeLP a envoltória inferior das curvas de CMeCP, utiliza esse formato em U da curva de CMeLP assumindo que as economias de escala existem até um determinado tamanho da planta produtiva, que é conhecido como tamanho ótimo da planta, no qual, então, todas as possíveis economias de escala são exploradas. (...) Para muitos autores, a curva de CMeLP em formato de U é apenas uma curva teórica, não sendo verificada na prática, pelo menos de forma frequenteDe fato, como veremos ao fim deste capítulo, existe uma crescente evidência empírica que sustenta o formato da curva de CMeLP em L, como mostrado no Gráfico 3.3.



50 - ...Em defesa dessa curva aí acima (que, pra mim, parece mera curva U com deseconomias menores, mas enfim... vai entender...): ...Argumentou-se que as deseconomias de escala derivadas das ineficiências gerenciais, apontadas pela teoria tradicional como as responsáveis pelo aumento dos custos após o tamanho ótimo da planta, poderiam ser evitadas a partir da implementação de modernos métodos de gerência. Além disso, foi apontado também que mesmo se as deseconomias gerenciais de fato aparecessem (para elevadas escalas produtivas), elas seriam insignificantes em relação às economias de escala – que poderiam derivar de fontes, como veremos a seguir, no nível da planta, da multiplanta, ou da multiprodução – de forma que os custos totais por unidade produzida se manteriam constantes. Na defesa de uma curva de CMeLP em formato de L, muitos autores argumentaram ainda que as deseconomias de escala podem até ser significativas para elevadas escalas produtivas, o que resultaria, de fato, em aumento dos CMeLP; mas isso ocorreria num nível de produção tão elevado que estaria fora da área relevante de produção, podendo, portanto, ser ignorado.


51 - Alguns autores propuseram uma mescla entre as curvas de CMeLP em formatos de U e L, como representado no Gráfico 3.4. (...) No segmento plano da curva para uma determinada faixa de produção (entre os níveis q1 e q2), as economias e deseconomias de escala praticamente se igualariam, determinando, pois, uma faixa de custos constantes por unidade produzida. A empresa teria boa flexibilidade de quantidade assim.



52 - No caso do monopólio natural, a estrutura de custos é caracterizada por economias de escala em todos os níveis da faixa relevante de produção (região até o ponto onde a curva de demanda de mercado cruza com a curva de CMeLP). Dessa maneira, a EME da planta é tão grande que supre toda a demanda do mercado. Foi a justificativa para o Brasil estatizar telecomunicações e energia elétrica no início, dá o exemplo. Seria mais eficiente e a iniciativa privada nunca faria. 


53 - Economias de escala reais: é o método de produção que se aprimora. Especialização do trabalho... Aproveitamento ótimo das máquinas (menor ociosidade, por exemplo)... A produção cresce em quantidade proporcionalmente maior que a adição de algum fator. Economias de escala pecuniária: pode-se ganhar escala - torna-se atrativo - porque um preço de algum insumo reduziu, por exemplo.


54 - ...Vale ressaltar que a redução de preços do insumo (p"i") e, portanto, a obtenção de ganhos de economias de escala pecuniárias por parte da empresa, reflete em geral ganhos de economias de escala reais por parte do fornecedor, uma vez que quanto maior é a demanda da empresa por fatores produtivos, menores serão os custos para o fornecedor produzi-los e fornecê-los


55 - Ganho de escala em "economia geometrica". Exemplo: Considere r como o raio da unidade processadora. Desse modo, as economias geométricas podem ser assim traduzidas: o custo de fabricação da unidade aumenta em r² enquanto o produto dela resultante (volume) aumenta em r³.

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56 - Outro tipo de economia: Uma outra relevante fonte de economia de escala, que se apresenta no nível da planta, está associada à lei dos grandes números: quanto maior for o tamanho da planta produtiva, sendo, portanto, maior o número de máquinas utilizadas, proporcionalmente menores deverão ser, por exemplo, o staff de manutenção e o número de peças de reposição necessário.


57 - Trata ainda das economias de escala dinâmicas. Exemplo: ...quanto maior a produção, por mais tempo a máquina poderá operar com a mesma regulagem, o que irá reduzir os custos associados à perda de tempo necessária ao reinício da operação. Outro exemplo são as economias de aprendizado, que têm custo alto, pela lentidão e erros, no início: ...À medida que a produção aumenta, os trabalhadores se tornam mais rápidos e precisos em suas funções; as máquinas são adaptadas e os ajustamentos são feitos na direção do melhor sistema de produção.


58 - E o que são as economias de escopo? Isso significa dizer que o custo de produzir os produtos "qa" e "qb" conjuntamente é menor do que o custo de produzi-los separadamente. ...depende em grande medida das economias de escala. Aumentam os "fatores comuns" de produção e compartilhamentos de insumos para não deixar nada ocioso. Ademais, surgem o que chamam de "complementaridades tecnológicas e comerciais". Exemplo: ..A utilização de insumos comuns e a propaganda com os produtos são importantes fontes desse tipo de economias de escopo. Esta última ocorre porque, na medida em que uma empresa realiza custos com propaganda de um determinado produto e este passa a ser reconhecido no mercado por sua qualidade, a empresa poderá incorrer em menores custos com propagandas de outros produtos.


59 - A estratégia de multiplantas exige certo cálculo e é adotada em boa parte das indústrias. Se a empresa tem que acompanhar o crescimento da demanda, ela pode escolher entre duas opções: realizar frequentes adições de capacidade em pequena escala ou adições menos frequentes numa escala maior. A primeira opção reduz o grau de excesso de capacidade que pode vir a se verificar na empresa, o que, entretanto, é compensado pelo maior custo unitário do capital. Por outro lado, adições menos frequentes implicariam maior capacidade ociosa.


60 - ...Outra possível razão: A existência de mercados geográficos dispersos e de centros fornecedores de insumos longínquos acaba acarretando significativos custos de transporte. Desse modo, a operação multiplanta seria uma forma de minimizar os elevados custos de transporte associados à operação nesses mercados.


61 - ...Citam mais outros dois fatores, um pouco mais vagos: alcance de especialização no nível das multiplantas e flexibilização da operação (operar só na planta que está no momento com custo menor e etc). Enfim, tudo isso, no fundo, parece ter a ver com demandas altamente flutuantes talvez?


62 - Uma possível deseconomia de escala pode vir dos transportes. Ou seja, ficar cada vez mais difícil ser competitivo crescendo a oferta a consumidores mais distantes? Assim entendi. Porém... No caso de a oferta da planta representar apenas uma pequena parcela da demanda, será possível que esta planta aumente suas vendas sem necessariamente expandir seus custos de transporte. Vai citando outras possíveis contra-tendências: ...O terceiro fator diz respeito à possibilidade de a empresa transferir os custos de transporte para os consumidores. Se isso ocorre, os custos de transporte crescem lentamente com o nível de produto.


63 - As deseconomias gerenciais são as mais famosas. Esse decréscimo na eficiência gerencial poderia ser explicado primeiramente pelo fato de que após a empresa ter ultrapassado um tamanho ótimo, a equipe de  gerência perderia o controle sobre o processo de decisão. Em segundo lugar, a queda na eficiência gerencial seria decorrente da maior incerteza inerente ao comportamento da  demanda e do processo de competição enfrentado pela empresa de grande porte. Há contestação a tudo isso. Não seria um problema no mundo moderno, com conexão forte e novas estratégias, tomando medidas como: a descentralização do processo de tomada de decisão, a mecanização de várias funções gerenciais, o sistema de relatórios regulares entre os vários níveis hierárquicos, o uso de computadores e similares para o processamento de informação.


64 - Por fim, citam metodologias, cada uma com pontos fortes e fracos, para mensurar as curvas CMeLP. Estudos de engenharia, com entrevistas e tal. Estudos baseados em análises estatísticas, com regressões múltiplas, cross section e afins. Por último, estudos baseados na técnica do “sobrevivente”, analisando a planta ótima da indústria que prosperou. Constatou-se que, na prática, a curva de CMeLp tende a possuir um formato em L.


65 - Importância do tema: Na forma de vantagem absoluta de custos ou na forma de EME, os custos determinam, de maneira significativa, a magnitude das barreiras à entrada. Além disso, um conhecimento da estrutura de custos de uma indústria é de extrema importância para a política de regulação governamental e defesa da concorrência.


Pgs. 60-72


"CAPÍTULO 4: "O Modelo Estrutura, Conduta e Desempenho e seus Desdobramentos (Lia Hasenclever e Ricardo Torres)"


66 - Por que há variação "natural" da taxa de lucro entre setores? ...A segunda opção foi explorada pela economia industrial, que revelou haver barreiras à mobilidade dos fatores de produção e à entrada de novas empresas nos mercados.


67 - Os economistas da organização industrial são mais inclinados a explicações ricas em detalhes institucionais e quantitativos, sem descuidar da teoria que demanda a construção de fatos estilizados abstraídos da realidade.


68 - Scherer será a base, mas Mason foi o primeiro: ele unificou as abordagens de observações históricas e de reflexões teóricas críticas contemporâneas (Joan Robinson, Edward Chamberlin, e Piero Sraffa, por exemplo) e o apresentou o Modelo ECD como o quadro unificador, capaz de permitir autonomia ao campo de economia industrial como uma disciplina independente.


69 - Parece-me uma tentativa de sistematizar todos os fatores mais importantes na organização de uma empresa. Tem o seguinte quadro:



70 - ...afirmam que a coisa é um pouquinho menos mecanicista do que parece à primeira vista. Assim, por exemplo, condutas podem alterar a estrutura, como pode fazer uma inovação em P & D.


71 - Citam pesquisas empíricas com modelos ECD. Econometria e estudo de casos a partir de indicadores importantes. Todas muito limitadas. Para mim, a principal crítica parece ser esta aqui: Às vezes os métodos se perdiam nos problemas infindáveis da causalidade e da simultaneidade do conjunto de variáveis da estrutura, conduta e desempenho, sem conseguir saber o que determina o quê.


72 - Competição sem rivalidade? Só na concorrência perfeita: Se o mercado é amplo o suficiente para não ser influenciado pelas decisões individuais dos produtores, então, pode haver competição sem rivalidade entre as empresas. Dessa forma, os produtores se restringem a decidirem sobre a quantidade a ser produzida. Conduta e estratégia se tornam menos importantes/decisivas.


73 - Bain - anos 50 - avança em relação a Mason. O autor demonstrou que a taxa de lucro dos setores (indicador de desempenho) é estatisticamente correlacionada com o grau de concentração e com o nível de barreiras à entrada, afirmando existir uma relação indireta entre os desempenhos e as estruturas de mercado. O autor marca de certa forma uma ruptura com a abordagem de E. Mason e um retorno à tradição neoclássica conforme ilustra o Quadro 4.3, ou seja, os desempenhos podem ser diretamente deduzidos das características das estruturas. Trata-se de barrar/dificultar potenciais entrantes em um mercado. Bain estabeleceu três tipos de barreiras à entrada: diferenciação de produto, vantagens absolutas de custos e economias de escala. ...Assim, sua teoria fornecia uma explicação alternativa para a inexistência, na vida real, de mercados perfeitamente competitivos.



74 - ...Grandes empresas podem não entrar em colusão, indo para a guerra. Pequenas empresas podem ser disruptivas. As estratégias das empresas são, portanto, responsáveis pelo dinamismo dos mercados. Análises estáticas podem levar a grandes erros.


75 - ...Alguns autores chegam a falar do conceito de barreiras à entrada estáticas e dinâmicas. As primeiras são decorrentes de condições estruturais das indústrias e dos mercados e as segundas resultam de estratégias deliberadas das empresas estabelecidas para deterem a entrada das empresas potenciais entrantes. Neste sentido, as estratégias empresariais são utilizadas como mecanismos de prevenção à entrada.


76 - Ademais, há as "barreiras à saída", como multas contratuais e custos irrecuperáveis. Exemplos incluem patentes combinadas com investimentos físicos e em especialização dos recursos humanos e investimentos em propaganda e marketing. Custos de capital muito específicos... etc. Um ótimo exemplo é a indústria ferroviária, na qual os trilhos utilizados não são vendáveis, fazendo com que as empresas ferroviárias permaneçam no mercado mesmo com prejuízo.



PARTE II - Análise Estrutural dos Mercados



Pgs. 73-83


"CAPÍTULO 5: "Concentração Industrial (Marcelo Resende e Hugo Boff)"


77 - Limites das medidas de concentração industrial: a) Se a entrada em um mercado for fácil, nenhuma empresa poderá exercer poder de mercado, não importando o quão ampla seja sua participação nesse mercado; b) Uma empresa pode ter uma parcela de mercado elevada não decorrente de poder de mercado, mas advinda de custos reduzidos ou de produtos de qualidade superior; c) O cálculo de medidas de concentração pressupõe a delimitação de mercado e implica ignorar a disciplina exercida por substitutos próximos, comercializados em outros mercados.


78 - Conceitos: Concentração e desigualdade: ...Por exemplo, uma indústria composta de duas empresas que dividem o mercado em partes iguais possui graus de desigualdade e de concentração mínimos. Entretanto, a entrada de uma terceira empresa para atender 1% do mercado em detrimento das empresas estabelecidas (que preservam 49,5% cada uma) aumentará consideravelmente o grau de desigualdade, mas não o grau de concentração, já que o poder de mercado das empresas instaladas não será significativamente afetado com a presença da empresa entrante.


79 - A razão de concentração de ordem k é um índice positivo que fornece a parcela de mercado das k maiores empresas da indústria (k=1, 2, …, n). Assim...

80 - ...Quanto maior o valor do índice, maior é o poder de mercado exercido pelas k maiores empresas. Nas aplicações empíricas, toma-se comumente k=4 ou k=8, isto é, considera-se apenas a participação das quatro ou das oito maiores empresas. As respectivas razões de concentração são conhecidas como CR(4) e CR(8). 


81 - Afirmam que mais evoluído é o índice de concentração de Hirschman-Herfindahl (HH). Tal expressão pode ser reescrita como (...) , o que evidencia a estrutura de pesos implícita no índice HH. Elevar cada parcela de mercado ao quadrado implica atribuir um peso maior às empresas relativamente maiores. Assim, quanto maior for HH, mais elevada será a concentração e, portanto, menor a concorrência entre os produtores.

82 - Observa-se que o limite inferior de HH decresce à medida que aumenta o número de empresas e que no limite (para n → ∞) ele tende para zero. Isso se for implicando a redução da concentração também, não apenas brigando entre as pequenas, segundo entendi (embora eu fique boiando em boa parte desses trechos). HH depende tanto do número de empresas quanto da dispersão relativa da repartição do mercado entre elas (CVn). (...) Desde o início de 1980, a Federal Trade Commission dos Estados Unidos tem defendido a utilização do índice Hirschman-Herfindahl em substituição ao índice CR(4) para fins de política antitruste. 


83 - ...Uma nítida implicação do HH: Com efeito, como HH é uma função convexa das parcelas de mercado, o efeito potencial das fusões horizontais entre duas ou mais empresas (sem alteração nas parcelas de mercado das outras) sempre resultará em aumento na concentração medida pelo índice. No exemplo, tudo é imensamente mais simples que as páginas de álgebra: Considere uma indústria composta de quatro empresas com as participações de mercado (percentuais) de 40, 30, 20 e 10. Nesse caso, o índice inicial (pré-fusão) é HHante = 402 + 302 + 202 + 102 = 3.000. Suponha agora que a terceira e a quarta empresas abram processo de fusão na agência reguladora. Ao calcular o valor potencial do índice pós-fusão, o regulador obterá: HHpós = 402 + 302 + 302 = 3.400. Esse valor inclui o processo na terceira faixa. Como a variação no índice HHpós – HHante = 400 supera 50 pontos, o regulador obterá com isto um sinal de alerta contra tal fusão.


84 - (A parte de "números equivalentes" e "entropia de Theil" não entendi sequer em que avança em relação ao anterior. E como este capítulo todo me interessa bem pouco, realmente não me esforcei aqui.)


85 - Traz tabela com exemplos práticos de segmentos industriais brasileiros medidos por CR e HH entre 1986 e 1998. Geralmente os dois índices tiveram trajetórias parecidas. Mais: Notemos também que, com exceção do segmento celulose e derivados, todos os demais mostram tendência geral para aumento  da concentração a partir de 1994, seja ela medida por CR(4), ou por HH. Tal resultado é, todavia, uma casualidade, pois em outras amostras podem exibir trajetórias bastante distintas.


86 - Ao menos esta conclusão aqui me pareceu dedutível desde o início do assunto: ...e os índices CR(4) e HH não exibem proporcionalidade e que, portanto, não são equivalentes entre si.



87 - A parte dos critérios só serve para reforçar as limitações do índice CR.



Pgs. 84-94


"CAPÍTULO 6: "Diferenciação de produtos (Luciano Losekann e Margarida Gutierrez)"


88 - Produtos homogêneos? Difícil. ...Por exemplo, preferem abastecer o carro em postos de gasolina próximos à sua residência ou consumir seu refrigerante preferido, mesmo que seus preços sejam mais elevados. (...) Dessa forma, empresas que atuam em mercados onde os produtos são diferenciados se defrontam com uma demanda residual inclinada, havendo espaço para fixação de preços.


89 - Na verdade, há inúmeras estratégias de diferenciação: ...especificações técnicas; desempenho ou confiabilidade; durabilidade; ergonomia e design; estética; custo de utilização do produto; imagem e marca; formas de comercialização; assistência técnica e suporte ao usuário; financiamento aos usuários. E há setores mais ou menos sensíveis a tudo isso.


90 - A diferenciação vertical implica uma hierarquia entre mesmos produtos (carro igual, mas com maior potência no motor, por exemplo). Todos se beneficiam com a versão melhor. A diferenciação horizontal ocorre quando os produtos não podem ser considerados melhores ou piores, ou seja, não se pode ordenar a qualidade dos produtos. (...) a modificação em um atributo do produto causa aumento na utilidade de alguns consumidores e diminuição na de outros. Exemplifica com a cor do carro.


91 - Chamberlin incia os modelos de competição monopolística: ...Os Gráficos 6.1a e 6.1b, que utilizam curvas de demanda lineares, descrevem o modelo de Chamberlin. As empresas atuam maximizando lucros, escolhendo o nível de produção que iguala a receita marginal ao custo marginal. Em uma situação inicial (Gráfico 6.1a), as empresas escolhem produzir qi , com preços iguais a pi , e realizam lucros extraordinários (área destacada no gráfico). Como a entrada é livre, essa situação não é sustentável. (...) O nível de produção socialmente ótimo ocorre quando as empresas são eficientes, ou seja, produzem ao menor custo médio possível.:



92 - Assim, o resultado do modelo é que o nível de produção de equilíbrio é socialmente ineficiente, já que as empresas atuam em escalas em que o custo médio não é mínimo. Isto é interpretado da seguinte forma: o excesso de diversidade de produtos não permite às empresas realizarem  a totalidade das economias de escala disponíveis. Afirma-se, inclusive, que o modelo exposto é uma simplificação do modelo original, o qual inclui a questão da "miopia dos preços" - espécie de jogo concorrencial -, mas sem alterar os resultados principais. 


93 - Há críticas ao modelo de Chamberlin. Se os produtos são diferenciados, então como os custos podem ser os mesmos? CMe eficiente serão diferentes para cada, tornando a análise mais complexa. Empiricamente, o que se observa são empresas que oferecem produtos diferenciados que têm preços e custos distintos entre si. Seria outra incoerência: A hipótese de entrada livre na indústria também é incoerente com a possibilidade de diferenciação de produtos. A diferenciação é um fator que gera barreiras à entrada, já que as empresas entrantes têm de realizar gastos substanciais com esforços de  venda para reverter a preferência do consumidor por produtos de empresas já estabelecidas.


94 - Usa "modelos locacionais" para raciocinar sobre a diferenciação de produtos. Já estudei isso em algum fichamento antigo. Numa avenida - modelo de cidade linear - o equilíbrio se dá com os "pontos de venda" se deslocando para o meio/centro, a fim de capturar os indiferentes. Afinal, para os extremos, o "meio" mais próximo ainda é melhor que o mais distante. A diferenciação padeceria da mesma lógica. Bala 100% doce e 0% doce? . No caso das balas, ambas as empresas ofereceriam balas com “doçura” moderada, nem muito, nem pouco doce. Esse resultado é conhecido como princípio da diferenciação mínima. (Por isso que adquirir ótimos chocolates amargos em alguns supermercados é algo bem difícil rs). Sobre isso, faz toda uma formalização chata que nem me serve pra nada. 


95 - ...O negócio é confuso, pois, ao que entendi, há quem defenda é o contrário: ...Para resolver esse problema de indefinição,  os autores consideram custos de transporte quadráticos. Ou seja, os consumidores são mais sensíveis à distância que têm de percorrer para adquirir o produto, o que significa que valorizam mais o produto da loja mais próxima. Nesse caso, o equilíbrio ocorre com as empresas se localizando nos extremos da cidade. Dessa forma, segundo esses autores, o princípio da mínima diferenciação não é válido, e sim seu oposto, o da máxima diferenciação.


96 - O modelo de Salop é de cidade circular: A consideração de um espaço circular, com consumidores distribuídos uniformemente por seu perímetro e empresas simétricas, é conveniente ao objetivo do modelo, já que não há vantagens iniciais de localização. Uma interpretação prática seria a decisão da localização de quiosques ao redor de uma lagoa. (...) É adotado como hipótese que as empresas se localizam equidistantes umas das outras (ou seja, implicitamente considera-se o princípio da máxima diferenciação).


97 - ...Por fim, não entendi nada da explicação, mas a conclusão seria: ...o número de empresas que corresponde ao ótimo social é metade do número que surge com a livre atuação do mercado. Portanto, como no modelo de Chamberlin, se o mercado opera livremente, é gerado um número de diversidades de produtos maior que o desejável.


98 - Joe Bain, em 1956, considera a vantagem de diferenciação de produto uma das fontes de barreiras à entrada na indústria. Dessa forma, a entrada de novas empresas não é livre e as empresas podem obter lucros supranormais sem atrair competidores.


99 - As indústrias nas quais a diferenciação de produto se constitui em um importante instrumento de concorrência são classificadas como oligopólio diferenciado. Nessas indústrias, os gastos com comercialização e publicidade são elevados, assim como os esforços inovativos.


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