Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II - Apêndice A - PARTE 2

                                                      

Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II (Os Economistas) (1890)


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Pgs. 340-349


"APÊNDICE A: "O Crescimento da Liberdade de Indústria e da Livre Empresa"

190 - Marshall falando da Inglaterra é tipo Trump e Douglas no History falando da "América" e seu destino manifesto: A posição geográfica da Inglaterra foi causa de ter ela sido povoada pelos membros mais fortes das mais vigorosas raças do norte europeu.


191 - ...Dá uns motivos que parecem meio românticos: O costume da primogenitura inclinou os filhos mais jovens das famílias nobres a procurarem sua própria fortuna, e não tendo privilégios especiais de casta eles rapidamente misturaram-se com o povo. Essa fusão de diferentes camadas tendeu a tomar a política parecida com os negócios, enquanto esquentava as veias da aventura mercantil com as generosas, audazes e românticas aspirações do sangue nobre. Seria o país da grande força de caráter: somente eles, se deixamos de lado os holandeses, souberam como associar a ordem à liberdade.


192 - A Inglaterra, com a organização capitalista da agricultura, abriu caminho para os avanços seguintes: Ela tomou a dianteira em converter as compensações pelo trabalho em pagamentos em dinheiro, uma reforma que muito fortaleceu o poder de qualquer um conduzir a sua vida de acordo com a sua própria e livre escolha.


193 - Mais origens de tudo: O afrouxamento dos liames do costume foi acelerado igualmente pelo grande aumento dos salários reais que sucedeu a peste negra no século XN; pela grande queda dos salários reais que, no século XVI, resultou da depreciação da prata, da depreciação da moeda, da apropriação das receitas dos mosteiros para as extravagâncias da Corte, e finalmente pela extensão do pastoreio de ovelhas que expulsou muitos trabalhadores de suas antigas moradas, reduziu rendimentos reais e alterou o modo de vida dos que restaram. O movimento foi posteriormente estendido pela expansão do poder real sob os Tudors, que puseram fim à guerra privada, e tomaram inúteis os bandos de apaniguados que os barões e os senhores rurais mantinham. O hábito de deixar os bens imóveis para o primogênito, e de distribuir a propriedade pessoal entre todos os membros da família, de um lado aumentou o tamanho das propriedades fundiárias, e de outro reduziu o capital que os donos de terra tinham à sua disposição para explorá-la.


194 - Afirma que, apesar da crueldade para com os pobres, a grande fazenda inglesa, arável e pastoril, explorada com capital emprestado, foi precursora da fábrica inglesa.


195 - Atribui um papel também ao individualismo da religião após a reforma protestante: A Reforma "era a afirmação ... da individualidade... A individualidade não é a totalidade da vida, mas é uma parte essencial da vida em cada região de nossa natureza e de nosso trabalho, em nosso trabalho pela parte e pelo todo. É verdade, embora não seja toda a verdade, que temos que viver e morrer sós, s6s com Deus".


196 - Coloca ressalvas ao puritanismo que parece admirar: A licenciosidade de certas formas de arte criou em espíritos sérios, mas estreitos, um preconceito contra toda arte. Depois é só elogios: A primeira expansão da força tinha então algo em si de rude e descortês, mas essa força foi necessária para o próximo passo à frente. Ela precisava ser purificada e suavizada por muita tribulação, ser menos cônscia de si sem tomar-se mais fraca, até que novos instintos pudessem tomar corpo em torno dela, para reviverem, numa forma mais alta, o que havia de mais belo e de mais sólido nas antigas tendências coletivistas. Ela intensificou as afeições de família, os sentimentos terrenos mais ricos e plenos: talvez nunca tivesse havido um material a um tempo tão forte e tão fino, com que construir um nobre arcabouço de vida social.


197 - ...As características industriais e comerciais da Inglaterra foram intensificadas pelo fato de muitos aderentes das novas doutrinas em outros países terem procurado em suas costas um asilo seguro da perseguição religiosa. Os imigrantes foram, assim, uma força positiva, avalia.


198 - Durante os séculos XVII e XVIII, a Corte e as classes altas permaneceram mais ou menos frívolas e licenciosas, mas a classe média e certas parcelas da classe trabalhadora adotaram uma linha de vida severa: pouco se compraziam com divertimentos que interrompessem o trabalho, e tinham um alto nível dos confortos materiais que apenas podiam obter por um trabalho perseverante e duro. Empenhavam-se em produzir coisas que tivessem utilidade sólida e duradoura, ao invés das desejadas apenas para fins de festividades e ostentação.


199 - Os "homens de negócios": Os empresários a principio apenas organizaram a oferta sem dirigir a lndústria, que estava nas mãos de pequenos patrões.


200 - Coloca que a Inglaterra enfrentou graves problemas justamente quando tinha tudo para embalar (primeira metade do Século XIX), como a guerra e a concorrência com a França, resultando também em perda de colônias. (...) o infortúnio tinha reduzido a Renda Nacional líquida do povo inglês. Em 1820, 1/10 dela era absorvido no pagamento apenas dos juros da Dívida PúblicaOs artigos barateados pelas novas invenções foram notadamente os manufaturados de que o trabalhador não era senão um pequeno consumidor.


201 - Novas indústrias versus corporações de ofício: A tendência das indústrias de bater asas de lugares onde eram superreguladas pelas corporações era velha, já se tinha apresentado no século XIII, embora fosse então relativamente fraca.


202 - O novo espírito empresarial segundo Marshall: A nova raça de empresários se compunha principalmente dos que tinham feito suas próprias fortunas, homens fortes, expeditos, cheios de iniciativa, os quais, compenetrados do sucesso obtido por suas energias próprias, estavam inclinados a presumir que o pobre e o fraco deviam ser culpados, antes que lamentados, pelos seus infortúnios. Impressionados com o desatino dos que se esforçavam em amparar a ordem econômica que a corrente do progresso tinha superado, eram levados a julgar que nada mais era necessário do que tornar a concorrência perfeitamente livre, e deixar aberto o caminho aos mais fortes. Glorificavam a individualidade de caráter, e não tinham nenhuma pressa em encontrar um substituto moderno para os vínculos sociais e industriais que noutros tempos mantinham os homens unidos.


203 - A situação do pobre trabalhador inglês no início do Século XIX: Ele não gozava toda a vantagem da liberdade econômica, não tinha uma união eficiente com os seus companheiros, nem tinha conhecimento do mercado, nem o poder de reservar-se para dado preço que o vendedor de mercadorias tem: era forçado a trabalhar e a deixar a sua família trabalhar durante longas horas, e sob condições insalubres. Isso repercutiu na produtividade da população operária, e pois no valor líquido de seu trabalho, fazendo baixar portanto os seus salários.


204 - Ainda a guerra contra a França: ...Sustentava-se que, não fosse a força que a Inglaterra auferiu de suas novas indústrias, teria provavelmente sucumbido a um despotismo militar estrangeiro, como as cidades livres outrora. Pequena como era em população, sustentou em certos períodos quase todo o peso da guerra contra um conquistador que dominava quase todos os recursos do continente.


205 - Os sindicatos nessa época: Seu principal intento era incrementar sua própria liberdade econômica pela revogação das leis contra as ligas de trabalhadores.


206 - Marshall coloca que a teoria social evoluiu: Agora pela primeira vez estamos vendo a importância de insistir em que o rico tem deveres tanto quanto direitos, considerado individual como coletivamente. ...com a ajuda do telégrafo e da imprensa, do governo representativo e dos sindicatos trabalhistas, é possível ao povo pensar na solução de seus próprios problemas.


207 - Elogia o povo alemão, que seria mais naturalmente "dócil". Elogia List também. A direção da indústria pelo Governo se mostra nas suas formas melhores e mais atraentes na Alemanha; e ao mesmo tempo as virtudes da indústria privada, o seu vigor, engenho e plasticidade começam a ter aí pleno desenvolvimento.


208 -  Em todo país, mas especialmente na Alemanha, muito do que há de mais brilhante e sugestivo na prática e no pensamento econômicos é de origem judaica. E em particular aos judeus alemães devemos muitas especulações audazes sobre o conflito de interesses entre o indivíduo e a sociedade, sobre as suas últimas causas econômicas e as possíveis soluções socialistas.


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