Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II - Apêndice A - PARTE 1
Livro: Alfred Marshall - Princípios de Economia Vol. II (Os Economistas) (1890)
Pgs. 314-327
"APÊNDICE A: "O Crescimento da Liberdade de Indústria e da Livre Empresa"
173 - Selvagem pré-histórico é completamente indolente, clima quente destrói as energias, "raça" mais forte" vinda de um clima frio domina... etc... A velha ladainha.
174 - Coloca que qualquer inovação era vista como ofensa aos costumes, rotinas e tal. Critica, portanto, a propriedade coletiva, que engessaria tudo.
175 - Os gregos eram mais modernos sob muitos aspectos do que os povos da Europa medieval, e sob certos aspectos eram ainda mais avançados do que o nosso tempo. Mas não atingiram a concepção da dignidade do homem como homem: consideravam a escravidão como uma lei da Natureza, toleravam a agricultura, mas desdenhavam todas as outras indústrias como degradantes; e pouca coisa ou nada conheceram dos problemas econômicos de interesse absorvente em nossa época. Traz trechos de Platão nesse sentido.
176 - ...Tinham todos eles percepção rápida e a capacidade para idéias novas, fatores de empreendimento de negócio, mas faltava-lhes deste a fixidez de objetivos e paciência.
177 - Romanos: Singularmente livres das restrições do costume, moldavam suas próprias vidas com uma escolha deliberada que nunca fora antes conhecida. Fortes e destemidos, firmes de propósito e abundantes de recursos, ordeiros nos hábitos e clarividentes no julgamento; e assim, embora preferissem a guerra e a política, tinham em uso constante todas as faculdades requeridas para o empreendimento de negócios. Elogia a liberdade de comércio que existia lá.
178 - Os problemas? Cita um ou outro. ...Suas importações eram conquistadas pela espada, não compradas com os frutos do trabalho especializado em que os cidadãos tinham um justo orgulho, como as de Veneza, Florença ou Burgos. (...) Os equites encontravam os seus ganhos mais lucrativos na exploração dos tributos, na pilhagem das províncias, e, nos últimos tempos, no favor pessoal dos imperadores, e não cultivavam o espírito probo e o trabalho íntegro que se fazem mister para a criação de uma grande indústria nacional. E com o passar do tempo a iniciativa privada foi sufocada pela crescente sombra do Estado. O trabalho livre era débil.
179 - O Direito Romano na dissolução dos costumes: ...os juristas tornaram-se os intérpretes decisivos dos direitos legais de muitas nações, e sob a influência estóica puseram-se à busca das leis fundamentais da Natureza, que acreditavam jazer ocultas na base de todos os códigos particulares. Essa procura do universal, em oposição à dos elementos acidentais da justiça, atuou como um solvente poderoso sobre os direitos comuns da posse, para os quais não se podia dar nenhuma outra razão senão o uso local.
180 - ...A influência romana e especialmente estóica podemos atribuir indiretamente muito do bem e do mal de nosso sistema econômico atual: de um lado muito do incontido vigor do indivíduo na direção de seus próprios negócios; e de outro lado não poucos graves erros cometidos sob a coberta de direitos estabelecidos num sistema legal, que mantém o seu campo de vigência, porque seus principais fundamentos são sábios e justos.
181 - Os teutões, parte do "povo germânico", são parcialmente criticados por Marshall: "A cordialidade e a fidelidade deram-lhe uma força especial, inclinando-o a estimar demasiado as instituições e costumes de sua família e sua tribo. Nenhuma outra grande raça conquistadora mostrou tão pouca capacidade, como os teutões, de adotar novas Idéias de povos mais cultos, embora mais fracos, que conquistavam. Orgulhavam-se de sua rude força e energia, e pouco se importavam com a ciência e as artes." Coloca que os sarracenos não tinham a mesma integridade moral, mas apreciavam a ciência e as artes. Logo... "eterna gratidão" a eles. O problema teria sido que o clima quente e a "sensualidade" trouxeram rápida decadência.
182 - Marshall coloca que, no pré-capitalismo (termo meu aqui), a livre iniciativa era penalizada por taxas e tributos se bem sucedida. Ou até pilhada mesmo. O autogoverno do povo só era possível nas cidades livres. Florença... Burgos... Ou até na antiga Atenas. Origens de certa igualdade jurídica entre os membros de uma sociedade.
183 - ...conquanto cidadãos mais ricos por vezes estabelecessem um governo fechado em que os artesãos não tomavam parte, era raro manterem muito tempo esse poder: a grande massa dos habitantes tinha freqüentemente todos os direitos de cidadania, decidindo por si a política exterior e doméstica da cidade, e ao mesmo tempo trabalhando com as mãos e se orgulhando disso. Organizaram-se em grêmios (corporações), aumentando assim a coesão e educando-se no autogoverno. Apesar de os grêmios serem freqüentemente exclusivistas, e os seus regulamentos de trabalho por fim terem retardado o progresso, eles realizaram uma grande obra antes que se revelasse essa tendência letal. ... Abriram espaços para a moderna civilização industrial. (...) Sucumbiram, porém, após prolongadas perturbações de tumultos e guerras, diante do crescente poder dos países que os cercavam. E verdade que quando conseguiram domínio sobre os vizinhos, sua política foi dura e opressiva, de sorte que a sua final derribada pelas forças do interior foi até certo ponto o resultado de uma justa retribuição.
184 - O Feudalismo foi quiçá um passo necessário no desenvolvimento da raça teutônica. Deu campo à habilidade política da classe dominante, e educou o povo em hábitos de disciplina e de ordem. Mas encerrava, em formas de certa beleza exterior, muita crueldade e impureza física e moral. Cita crueldade e extorsão para com as classes baixas e opressão da mulher, por exemplo.
185 - Passa pano para a Igreja como pacificadora e gestora social da época. Ademais, a Igreja era um protesto permanente contra a exclusividade de casta. Era democrática em sua organização, como o exército da antiga Roma. Estava sempre disposta a elevar aos postos mais altos os homens mais capazes, qualquer que fosse a camada em que tivessem nascido.
186 - Também elogia os valores cristãos: O feudalismo teutônico tinha instintos mais generosos do que a dominação militar da antiga Roma, e o laicato, tanto quanto o clero, era influenciado pelos ensinamentos, imperfeitamente compreendidos que fossem, da religião cristã, com respeito à dignidade do homem como homem.
187 - A força militar do feudalismo por muito tempo foi enfraquecida pelos orgulhos locais. Adaptava-se admiravelmente para amalgamar num todo vivo o governo de uma vasta área, sob o gênio de um Carlos Magno, mas era igualmente propensa a dissipar-se nos seus elementos constitutivos tão cedo se fosse o condutor genial. A ltália por muito tempo foi governada por suas cidades, uma das quais, efetivamente, de descendência romana, com a ambição e a dura fixidez de propósitos dos romanos, defendeu seus canais contra todos os ataques até plena era moderna. E na Holanda e em outras partes do continente as cidades livres foram por muito tempo capazes de desafiar a hostilidade de reis e barões que as circundavam.
188 - Os Estados, com suas monarquias absolutistas, cercavam as cidades e cresciam. O mundo teria então retrocedido se não tivessem aparecido justamente nessa época novas forças para romper os liames da opressão, e espalharam ... a liberdade sobre a Terra. Dentro de um curto período vieram a invenção da imprensa, o Renascimento, a Reforma e a descoberta das rotas oceânicas para o Novo Mundo e a Índia.
189 - Coloca que Holanda e Bélgica foram subjugadas pelo poderio militar da Espanha e, ao que entendi, França depois. Não aprofunda.
(...)
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