Livro: Hunt, E. K. - História do Pensamento Econômico - Capítulo 12
Livro: Hunt, E. K. - História do Pensamento Econômico
Pgs. 445-486
"CAPÍTULO 12: "Thorstein Veblen"
351 - Viveu sozinho e isolado. Veblen ensinou na Universidade de Chicago e na Universidade de Stanford, e não era benquisto em ambas, principalmente em Stanford.
A Filosofia Social Evolucionista Geral, de Veblen
352 - As instituições e cultura eram as responsáveis pelo que ele chamava de "instinto". (terminologia estranha). Em outro trecho, já relaciona genética a formação de hábitos... Enfim, como disseram os autores, ele era um meio-termo. É difícil resumir as ideias de Veblen sobre os traços humanos comuns porque sua própria classificação e a terminologia empregada eram diferentes em seus vários escritos.
353 - ...Os traços comuns a todos os seres humanos, que eram muito mais maleáveis do que os dos animais, só podiam ser encontrados, em sua expressão concreta e real, num contexto cultural. Havia uma vasta (porém não indefinida nem infinita) gama de expressões possíveis desses traços. Além do mais, dependendo das instituições sociais em questão, certos traços poderiam tornar-se exagerados em importância, enquanto outros poderiam ser suprimidos ou sufocados. Certas potencialidades poderiam concretizar-se, ao passo que outras continuariam sem se realizar.
354 - Associados ao instinto de construção estavam traços que Veblen chamava de “instinto paternal” e “instinto da curiosidade ociosa”. Esses traços eram responsáveis pelos avanços que tinham sido feitos na produtividade e na expansão do domínio humano sobre a natureza. Também eram responsáveis pelo grau de satisfação das necessidades humanas de afeição, cooperação e criatividade. Associados ao instinto de exploração, ou predatório, estavam o conflito humano, a subjugação e a exploração sexual, racial e de classe. As instituições sociais e o comportamento habitual, quase sempre, tendiam a ocultar a verdadeira natureza do comportamento exploratório e predatório por trás do que Veblen chamava de “espírito esportivo” e “cerimonialismo”.
A Crítica de Veblen à Economia Neoclássica
355 - Critica o hedonismo utilitarista do capital. O prazer seria tudo. No esquema hedonista normal da vida, não existem atos de desperdício, inúteis ou fúteis.
356 - Critica a mania da economia burguesa de querer transpor suas categorias a todo tipo de sociedade e atividade produtiva: "...assim, por exemplo, um grupo de nativos das Ilhas Aleutas enlameando-se nos restos de plantas marinhas deixados pela ressaca, usando ancinhos e rituais mágicos para achar mariscos, estariam, de acordo com a realidade taxionômica, realizando uma proeza de equilíbrio hedonista de renda, salário e juros."
357 - A função da teoria econômica neoclássica era obscurecer a natureza do antagonismo básico do capitalismo, que era o conflito entre proprietários e trabalhadores.
A Dicotomia Antagônica do Capitalismo
Propriedade Privada, Sociedade de Classe e a Subjugação da Mulher
358 - E os direitos naturais? "Essa teoria da propriedade baseada nos direitos naturais torna o esforço criativo de um indivíduo isolado e autossuficiente a base de sua propriedade. Com isso, deixa de lado o fato de que não existe um indivíduo isolado e autossuficiente… a produção só existe na sociedade, ou seja, somente através da cooperação de uma comunidade industrial. Esta comunidade industrial pode ser grande ou pequena… mas sempre inclui um grupo suficientemente grande para encerrar e transmitir as tradições, os instrumentos, os conhecimentos técnicos e os usos sem os quais não pode haver organização industrial nem qualquer relação econômica entre os indivíduos ou entre estes e seu ambiente…".
359 - Com o passar da História, os "trabalhos" de "bravura" e de "homens", fruto do instinto "destrutivo", passam por uma hipervalorização. É o auge das guerras e afins. Trabalhos rotineiros são desvalorizados e as mulheres subjugadas.
360 - Veblen achava que só o ressurgimento do instinto construtivo dominando socialmente o instinto predatório poderia acabar de vez com a subjugação da mulher.
361 - ...Por fim... Achava que o capitalismo tinha estimulado o desenvolvimento do instinto construtivo, muito embora, conforme veremos, ainda fosse controlado pelos que eram dominados pelo comportamento predatório. As forças sociais “que estão atuando agora para desintegrar a instituição do casamento como propriedade também podem agir no sentido de desintegrar a instituição correlata da propriedade privada”.
A Estrutura de Classes do Capitalismo e o Domínio da Indústria pelos Negócios
362 - Transição para o capitalismo: No período subsequente, de “trabalho livre”, em que a obrigação de trabalhar era causada pela necessidade de ganhar a vida e não por uma necessidade imposta coercitivamente, o instinto construtivo prosperou e as artes industriais apresentaram grande progresso. No século XIX, as forças predatórias, que tinham sido herdadas das sociedades escravocratas e feudais, começaram a ganhar força.
363 - Com a era dos grandes proprietários ausentes, o instinto predatório alcança seu auge no capitalismo. Tudo serve à maximização do lucro deles.
O Governo e a Luta de Classes
364 - Na sociedade capitalista, o principal dever do governo era fazer cumprir as leis da propriedade privada e proteger os privilégios associados a esta propriedade. (...) na interminável luta de classes entre trabalhadores e proprietários ausentes, os proprietários, quase sempre, venciam.
365 - Colocou que os funcionários do Estado não eram imparciais, já que naturalizavam e defendiam o proprietário ausente.
366 - Os hábitos de vida dos operários eram criativos e construtivos. Os hábitos de vida dos empresários eram destrutivos e se baseavam no domínio das técnicas de sabotagem. Os empresários tinham a seu favor o governo e os tribunais. Finalmente, os empresários e seus agentes tinham quase que um monopólio do uso da força mortífera.
O Imperialismo Capitalista
367 - O objetivo do imperialismo? Criar, aos proprietários ausentes, novas boas oportunidades de lucros, negócios, contratos. A forma política como se faz isso é opcional. Entretanto, segundo Veblen, o objetivo ia até mais além. Era suplantar o instinto cooperativo em nome do predatório. (Achei abstração demais, mas ok).
368 - "O valor cultural direto de uma política econômica de guerra é inequívoco. Dá uma disposição conservadora à população em geral. Em tempo de guerra… quando existe a lei marcial, os direitos civis são suspensos, e quanto mais ação belicosa e mais armas, maior é a suspensão destes direitos. O treinamento militar é um treinamento de precedência cerimonial, de comando arbitrário e de obediência inquestionável. Uma organização militar é, essencialmente, uma organização servil." (Pode ser, mas sociedades pacíficas também podem ser enormemente capitalistas).
Os Costumes Sociais da Cultura Pecuniária
369 - Quando o instinto predatório dominava a sociedade, os costumes vigentes eram os da classe ociosa, que era a classe que dirigia a sociedade. Veblen achava que “o aparecimento de uma classe ociosa coincide com o começo da propriedade…
370 - Em todas as sociedades divididas em classes, os poderes predatórios de um homem ou de um grupo eram tidos na mais alta estima. As pessoas que tinham desenvolvido, em grau muito elevado, as capacidades associadas à exploração possuíam o status mais honroso na sociedade. (...) Os diretamente relacionados às grandes propriedades são os que merecem maior consideração… Em seguida, vêm os empregos imediatamente subservientes à propriedade e às finanças – como os trabalhos em bancos e os ligados ao exercício do Direito.
371 - Veblen colocava que os muito pobres não conseguem conceber o mundo como poderia ser pela além de sua luta diária pela sobrevivência, estando ocupados demais com isso. Em geral eram os elementos economicamente mais seguros da classe operária que constituíam uma ameaça potencial ao status quo.
372 - Embora fosse verdade que a “renda livre”, os privilégios e os poderes dos capitalistas eram diretamente provenientes das leis da propriedade, da concentração da propriedade nas mãos dos proprietários ausentes, de seu controle sobre o governo e de todos os usos legítimos da força mortal, no longo prazo, seu poder de governar a sociedade dependia mais de sua capacidade de controlar as emoções, as ideias e as disposições ideológicas da maioria dos trabalhadores.
373 - Os capitalistas confiavam em dois meios principais de disciplina cultural e de controle social. O primeiro, conforme vimos, era constituído pelo patriotismo, pelo nacionalismo, pelo militarismo e pelo imperialismo. O segundo meio de controle emocional e ideológico da população era o consumo pela imitação (ou “consumismo”, como esse fenômeno veio mais tarde a ser chamado). O consumismo levava a uma insatisfação crônica. Nunca se tem ou se consome o suficiente. É preciso estar no topo do topo. Nessa cultura pecuniária, o trabalhador culpa sempre a si próprio.
374 - "Na medida em que a finalidade da imitação não é um grau absoluto de conforto ou de excelência, nenhum progresso do bem-estar médio da comunidade pode pôr fim à luta ou diminuir o esforço para conseguir o que se pretende. Uma melhora geral não pode acabar com a inquietação, cuja fonte é a ânsia que todos sentem de superar os vizinhos, quando a eles se comparam."
Avaliação das Ideias de Veblen
375 - Colocam que Veblen nunca aderiu a uma teoria do equilíbrio, rejeitava até a teoria do valor-trabalho.
376 - Colocam que Marx foi superior nas teorias da crise.
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