Livro: Hunt, E. K. - História do Pensamento Econômico - Capítulo 17 - "PARTE B"

                       

Livro: Hunt, E. K. - História do Pensamento Econômico



Pgs. 655-672


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A Escola Austríaca e a Escola de Chicago

 

521 - Embora a primeira geração de discípulos de Menger incluísse tanto reformadores sociais quanto conservadores, a natureza ultraconservadora da escola austríaca é descrita mais adequadamente como o produto de dois pensadores da segunda geração de discípulos de Menger, Ludwig von Mises e Friederich A. Hayek. Ensinaram na Universidade de Chicago e foram, portanto, influência. De modo geral os austríacos defendem uma abordagem racionalista à teoria econômica, enquanto Milton Friedman e seus seguidores defendam a abordagem empírica.


522 - ...Eles sustentam que sua “análise é isenta (tanto quanto possível) de nossos valores pessoais”.  Num livro didático muito utilizado e escrito sob a ótica dos austríacos e de Chicago, Armen Alchian e William Allen declararam: “A teoria econômica é ‘positiva’ ou ‘não normativa’. 


523 - ...Primeiro, eles mantêm a fé na Lei de Say do automatismo do mercado. Eles simplesmente constatam que qualquer instabilidade observada no capitalismo é totalmente culpa do excesso de governo.


524 - Os monopólios não são relevantes e, quando duram muito, a culpa é do governo. Resumo do que pensava Friedman sobre isso. 


525 - Cita onze abstenções sugeridas por Friedman, incluindo "o auxílio governamental em caso de desastres naturais".


526 - A maioria dos teóricos destas escolas se furta a levar em consideração as conclusões devastadoras da demonstração da retroca (ver Capítulo 16), mas o fazem a um custo intelectual muito alto: negam a existência do capitalismo. Não há, em sua opinião, uma coisa geral chamada capital e, portanto, não precisam calcular a produtividade do capital. Essas escolas completaram o processo, iniciado por Say, Senior e Bastiat, de obscurecer as diferenças entre trabalho e capital. Em sua teoria não há trabalhadores e capitalistas; só há indivíduos que fazem trocas. Alchian e Allen, por exemplo, escrevem: “Toda pessoa… é uma forma de bem de capital. E quase toda forma de bem físico é uma forma de trabalho, no sentido que o trabalho de alguém esteve envolvido em dar-lhe o valor que tem hoje”.


527 - Taxa de juros teria a ver unicamente com preferência temporal, segundo entendi da explicação. 


528 - A teoria, obviamente, ignora completamente o modo como o sistema capitalista cria uma situação na qual alguns agentes da troca têm maior poder de barganha (embora fazendo poucas coisas socialmente úteis) e outros tenham que realizar as trocas numa posição de fraqueza ou até desespero. Mas dadas as “dotações iniciais” – expressão mistificadora da economia utilitarista –, os dois agentes da troca se beneficiam.


529 - Ademais, o trabalhador não pode ser visto como capitalista. Ele não pode "vender seu bem de capital", pois já seria escravismo. O trabalhador precisar ser livre para que exista concorrência e troca. As descrições pretensamente universais de  J . Hirshleifer e afins padecem de lógica interna.


530 - Trazem um tragicômico quadro-resumo do que chamam tautologia neoclássica:



531 - Será que os teóricos realmente acreditam que toda troca entre um capitalista e um trabalhador beneficia significativamente o trabalhador? Será que acreditam realmente que toda ação humana é uma busca racional, calculista de maximização da utilidade? 


532 - O cinismo dos escritos de Mises dá um estudo psicológico. Até que ponto ele acredita nas baboseiras de criança que cria? O nobre herdeiro "progressistas" é o personagem de ficção "coletivo" mais tosco que já vi na vida. As "três classes progressistas" - detentoras do capital - são os heróis da patacoada: ..."O processo de mercado oferece ao homem comum a oportunidade de desfrutar dos frutos das realizações de outras pessoas". Ideologia em seu puro estado.


533 - Até o sexo entra no bolo e tem um preço. McKenzie e Tullock se referem a “relações sexuais comuns” e à prostituição. Na prostituição o pagamento é “monetário” e nas “relações sexuais comuns” o pagamento é “não monetário”.


534 - A interação humana que preenche adequadamente nossas mais verdadeiras necessidades humanas é a verdadeira antítese do tratamento comercializado, racional dos seres humanos como mercadorias que é exaltado pelas escolas austríaca e de Chicago.


A Batalha Continua

 

535 - As expectativas racionais, de Lucas, surgem nos anos 70: Não mais se iria supor que os indivíduos, simplesmente, maximizavam utilidade, como também eles jamais errariam consistentemente de novo. Logo, você poderia enganar estes indivíduos uma vez, mas nunca duasEstes indivíduos parecem mais supercomputadores, comparados aos prosaicos calculadores de prazer e dor, de Bentham. Os indivíduos tornaram-se capazes de antecipações poderosas a fim de neutralizar quaisquer políticas monetárias ou fiscais dos governos. Intervencionismo perdia a força.


536 - Criticam os modelos de Ciclos Reais de Negócios: ...o modelo dos Ciclos Reais de Negócios combina os indivíduos maximizadores de utilidade ultrainteligentes com a estrutura de um modelo de crescimento no qual não existem mais problemas de demanda. As flutuações de curto prazo do ciclo econômico, ou a instabilidade do capitalismo, são explicadas pelas respostas racionais dos indivíduos a choques tecnológicos. Embora a teoria como um todo não tenha tido um amplo e duradouro sucesso, as técnicas de modelagem têm sido influentes. 


537 - Colocam o novo-keynesianismo como os "filhos" de Samuelson em resposta aos novo-clássicos. Contratos nominais rígidos e informação assimétrica são as "armas de contra-ataque", digamos assim.


538 - Abrandamento da batalha entre novo-clássicos e novo-keynesianos: Recentemente, esta batalha se tornou mais branda. Cada um dos lados se assentou, utilizando um modelo comum como arcabouço para suas discussões. Este modelo (isto é, o de equilíbrio geral dinâmico estocástico) permite a cada lado incorporar os seus próprios microfundamentos com a característica em comum de indivíduos maximizadores de utilidade. (...) O uso de um modelo geralmente aceito para conduzir suas pesquisas desempenha um papel análogo ao da síntese neoclássica, de Samuelson.


539 - ...Os autores colocam que estão simplificando um tanto o "estado da arte", mas é mais ou menos isso. Questões como "os direitos de propriedade" não são mais discutidas sem sérias limitações. 


540 - Citam, ainda, os "nomes" das pesquisas da economia comportamental/experimental. Experimentos repetidos têm demonstrado que indivíduos de verdade tendem a incorrer em um conjunto comum de erros. (...) dado o valor que a ortodoxia conferiu à modelagem matemática, há um desafio em saber se os resultados obtidos em estudos experimentais podem ser incorporados em modelos sofisticados.


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