Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XI

         

Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XI


Pgs. 205-221:


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201 - Importante: Pense, por exemplo, em um país que perca parte de seu estoque de capital, digamos, em consequência de bombardeios em uma guerra. O mecanismo que acabamos de ver sugere que, se a perda de capital do país for muito maior do que as perdas humanas, esse país sairá da guerra com um nível baixo de capital por trabalhador, isto é, em um ponto à esquerda de K*/N. O país experimentará um grande aumento tanto no capital por trabalhador quanto no produto por trabalhador durante algum tempo. Isso descreve bem o que aconteceu após a Segunda Guerra Mundial nos países que tiveram uma destruição proporcionalmente maior de capital do que de vidas humanas (veja a Seção “Foco: Acumulação de capital e crescimento na França após a Segunda Guerra Mundial”).


202 - Joga mais uma fórmula supérflua simplesmente para trazer a noção de capital e produto no "estado estacionário": O valor do capital por trabalhador no estado estacionário é tal que o montante de poupança por trabalhador (o lado esquerdo) é exatamente suficiente para cobrir a depreciação do estoque de capital por trabalhador (o lado direito).


203 - Coloca que a taxa de poupança, no longo prazo, não vai gerar uma taxa fixa maior de crescimento do produto, digamos assim. Entretanto, certamente modificará o nível do produto por trabalhador. Tudo o mais constante, os países com uma taxa de poupança mais alta obterão um produto por trabalhador mais elevado no longo prazo. (...) A Figura 11.3 ilustra esse aspecto. Considere dois países com a mesma função de produção, o mesmo nível de emprego e a mesma taxa de depreciação, mas com taxas de poupança diferentes, digamos, s0 , onde s1 > s0:



204 - Por fim, mais uma obviedade que é consequência de tudo visto: Um aumento da taxa de poupança levará a um maior crescimento do produto por trabalhador durante algum tempo, mas não para sempre.


205 - Ainda sobre a II Guerra e a recuperação dos países europeus: Há muita evidência não científica de que pequenos aumentos de capital levam a grandes aumentos do produto. Pequenos reparos em uma ponte importante levariam à reabertura da ponte. Isso proporcionaria uma grande redução do tempo de viagem entre duas cidades, levando a custos de transporte muito menores.


206 - Taxa de poupança crescente reduz o consumo no curto prazo. Porém, necessariamente aumenta no longo? Depende. Recorre a um exemplo extremo e um gráfico. ... considere uma economia em que a taxa de poupança é igual a um: as pessoas poupam toda a sua renda. O nível de capital e, portanto, de produto nessa economia será muito elevado. Mas, como as pessoas poupam toda a sua renda, o consumo é igual a zero. O que acontece é que a economia está carregando um montante excessivo de capital. Para manter esse nível de produto é preciso que todo o produto se destine apenas a repor a depreciação! Uma taxa de poupança igual a um também implica consumo igual a zero no longo prazo.



207 - ...O nível de capital associado ao valor da taxa de poupança que produz o maior nível de consumo no estado estacionário é conhecido como nível de capital da regra de ouro. Senão a depreciação vai pesando sobre toda a economia. Porém, a evidência empírica indica que a maioria dos países da OCDE encontra-se, na verdade, bem abaixo do nível de capital da regra de ouro. O aumento de sua taxa de poupança levaria a um consumo maior no futuro. Taxa de poupança na casa dos 20 e poucos % é mera escolha política. Seria sacrificar os atuais eleitores em nome das gerações posteriores (que não votam).


208 - EUA e sua Previdência. Chegaram a mirar na "capitalização" no início, mas acabou sendo um sistema de repartição. Os benefícios pagos aos aposentados superam atualmente 4% do PIB. Para dois terços dos aposentados, os benefícios da Previdência Social representam mais de 50% de sua renda. ... Diz que há poucas dúvidas de que o programa reduz a pobreza na terceira idade e de que, por outro lado, diminui a taxa de poupança do país. A poupança tende, bastante, a ser menor nos sistemas previdenciários de repartição. Em tese, o poder público poderia compensar a diminuição da poupança privada aumentando a poupança pública. Na prática, isso somente acontece nos de capitalização, já que o dinheiro que chega tem que ser necessariamente investido e render os anos todos da atividade. A poupança pública, assim, aumenta na proporção que diminui a privada (já que algum dinheiro já está obrigatoriamente "capitalizando" para o futuro, perde-se parcialmente o ímpeto para poupar e investir em outras coisas).


209 - ...Coloca que uma transição seria bem complicada, pois, na pior das hipóteses, os trabalhadores atuais estariam financiando, por capitalização, sua própria aposentadoria ao mesmo tempo em que contribuem também para pagar as dos aposentados atuais, os quais não podem "ficar na mão", visto que certamente fizeram o mesmo com os aposentados da época deles.


210 - De forma meio mal explicada, traz uma suposição que parece se basear na função de produção Cobb-Douglas. O produto é igual à multiplicação da raiz quadrada do capital pela raiz quadrada do trabalho. Depois "manda" um desenvolvimento algébrico que, por enquanto, nada me diz sobre sua importância:



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211 - Após mais álgebra e álgebra e álgebra, entendi onde ele quis chegar aqui (seria bom mostrar como é isso na prática, mas preferiu o abstrato): O capital por trabalhador em estado estacionário é igual ao quadrado da razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação.



212 - ...Ademais... o produto por trabalhador em estado estacionário é igual à razão entre a taxa de poupança e a taxa de depreciação:



213 - ... suponha que a taxa de poupança dobre de 10% para 20%. Segue-se, da equação (11.8), que, no novo estado estacionário, o capital por trabalhador aumenta de 1 para 4. E, da equação (11.9), que o produto por trabalhador dobra, de 1 para 2. Portanto, a duplicação da taxa de poupança leva, no longo prazo, à duplicação do produto por trabalhador


214 - Finalmente traz um exemplo prático de aplicação de uma das fórmulas, a fim de mostrar que o produto por trabalhador após uma elevação de 10 para 20% da taxa de poupança aumenta por vários anos antes de "estacionar". O efeito vai se tornando gradualmente menor porém. (...) "O que a Figura 11.7 mostra com clareza é que o ajuste para o novo equilíbrio de longo prazo, mais elevado, leva muito tempo. O ajuste tem apenas 40% completos após 10 anos e 63% completos após 20 anos." (...) "A taxa média anual de crescimento é de 3,1% nos primeiros 10 anos e de 1,5% nos 10 anos seguintes." Motivo? "A diferença entre investimento e depreciação é maior inicialmente.". Enfim, coloca a fórmula e o gráfico que "fornece a mesma informação de um jeito diferente" (e melhor).




215 - O nível "ótimo" do estacionário, como eu já imaginava, chega a 50% de poupança (Não é a toa que a China até diminuiu, por precaução, quando bateu nesse teto): 



216 - No início da Revolução Industrial, somente 30% da população dos países que hoje constituem a OCDE sabia ler. Hoje, a taxa de alfabetização nos países da OCDE situa-se acima de 95%. (...) Hoje (2006), nos países da OCDE, praticamente 100% das crianças recebem ensino primário, 90% recebem ensino secundário e 38% recebem ensino superior. Os percentuais nos países pobres — os países com PIB per capita inferior a US$ 400 — são 95%, 32% e 4%, respectivamente. Isso sem falar na qualidade do ensino, lembra.



217 - H/N é o capital humano por trabalhador. O nível médio de qualificação. Trabalhadores mais qualificados podem realizar tarefas mais complexas; lidam mais facilmente com complicações inesperadas. Tudo isso leva a um produto por trabalhador maior. Como medir H/N: Considere, por exemplo, uma economia com 100 trabalhadores, metade dos quais é não qualificada e metade dos quais é qualificada. Suponhamos que o salário relativo dos trabalhadores qualificados seja o dobro do salário dos trabalhadores não qualificados. Podemos, então, construir H como [(50 × 1) + (50 × 2)] = 150. O capital humano por trabalhador, H/N, é igual a 150/100 = 1,5.


218 - ...Tudo é meio que igual à coisa do capital físico. As conclusões e análises serão as quase mesmas, basicamente. Exemplo: No longo prazo, o modelo mostra que o produto por trabalhador depende tanto de quanto a sociedade poupa como de quanto gasta com educação. ... Nos Estados Unidos, os gastos com educação formal representam cerca de 6,5% do PIB. Esse percentual inclui tanto os gastos do governo com educação quanto os gastos pessoais privados com educação. Coloca que tais gastos - os 6,5% do PIB - não incluem o "custo-oportunidade" do ensino secundário a grande parte dos alunos que já poderiam estar trabalhando ou trabalhando mais em vez de estudando, em tempo integral ou parcial. Ademais, os 6,5% não incluem os custos associados ao treinamento no trabalho


219 - ...Por fim, outra diferença importante diz respeito à depreciação. A depreciação do capital físico, em especial das máquinas, provavelmente é maior do que a depreciação do capital humano. As habilidades deterioram-se, mas de forma mais lenta. E diferentemente do capital físico, quanto mais usadas, mais demoram para se deteriorarem.


220 - Educação e produto: Observe o que nossa conclusão disse e o que não disse. Ela disse que um país que poupa mais ou gasta mais com educação alcançará um nível mais alto de produto por trabalhador no estado estacionário. Ela não disse que ao poupar ou ao gastar mais com educação um país poderá sustentar permanentemente um crescimento maior do produto por trabalhador. Ou seja, dada a taxa de progresso tecnológico, essas medidas não levam a uma taxa de crescimento permanentemente maiorAfirma, porém, que Romer e Lucas têm desafiado tal noção em suas pesquisas. O que ocorre quando o capital físico e o capital humano aumentam ao mesmo tempo? Quando um só - dos dois - cresce e o outro é fixo, os rendimentos com certeza são decrescentes. Porém, se crescem ao mesmo tempo, a taxa pode se sustentar por sabe-se lá até quando. ... Os modelos que geram um crescimento contínuo mesmo sem progresso tecnológico são chamados de modelos de crescimento endógeno, para refletir o fato de que, nesses modelos — ao contrário do modelo que vimos em seções anteriores deste capítulo —, a taxa de crescimento depende, mesmo no longo prazo, de variáveis como a taxa de poupança e a taxa de gastos com educação. O veredicto sobre essa classe de modelos ainda não foi dado, mas até agora tudo indica que nossas conclusões anteriores devam ser qualificadas, mas não abandonadas.


221 - O apêndice (pg. 221) tem explicações sobre a função Cobb-Douglas, mas não me interessei, pois achei mal explicado. Qualquer coisa eu googleio.


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