Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XXVII
Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XXVII
Pgs. 481-499:
476 - O capítulo 25 se chama "Política monetária: um resumo". Em 1981, a inflação média da OCDE era de 10,5%; em 2006, havia caído para 2,2%. Em 1981, dois países (de um total de 30) tinham uma taxa de inflação abaixo de 5%; em 2006, o número havia aumentado para 25.
477 - Trata dos custos da inflação. Sola de sapato... distorções tributárias... coisas já vistas. Falta de correção da tabela do IR... Imposto sobre ganhos nominais que são ganhos menores ou até prejuízos reais... Enfim, etc. As receitas tributárias podem ir avançando contínua e automaticamente. Coloca que o direito até poderia resolver algumas dessas coisas, mas na prática não é feito.
478 - ...Menciona também os problemas das pessoas com ilusões monetárias. (Ele faz um "parênteses" interessante mostrando que essa ilusão atinge cerca de metade das pessoas. Isso lá nos EUA: ...(pessoas no Aeroporto Internacional de Newark, pessoas em dois shopping centers de Nova Jersey e um grupo de estudantes de graduação de Princeton...). Mesmo cálculos simples são evitados - rendimento real, por exemplo - e a pessoa tem surpresas desagradáveis. Critica inclusive quando o mercado não cria títulos indexados para proteger (quem queira) o sujeito da variabilidade da inflação.
479 - O que sempre pensei sobre nenhum país querer inflação zero ou deflação, como querem os austríacos da vida: Na verdade, a inflação não é de todo ruim. Podem-se identificar três benefícios da inflação: (1) a senhoriagem, (2) a opção de taxas reais de juros negativas para a política macroeconômica e (3) (paradoxalmente) o uso da interação entre ilusão monetária e inflação para facilitar os ajustes dos salários reais. (...) uma economia com uma taxa média de inflação maior tem mais oportunidades de usar a política monetária para combater uma recessão. (...) Os que desejam uma taxa de inflação em torno de 3% enfatizam que os custos de uma inflação de 3% contra uma de 0% são pequenos e que os benefícios da inflação valem a pena.
480 - Coloca que a senhoriagem não é relevante para os países da OCDE: Veja o caso dos Estados Unidos. A razão entre a base monetária — a moeda emitida pelo Fed (veja o Capítulo 4) — e o PIB é de cerca de 6%. Um aumento do crescimento da moeda nominal de 3% ao ano (que, no final, leva a um aumento da inflação de 3%) levaria, portanto, a um aumento da senhoriagem de 3% × 6%, ou 0,18% do PIB. Esse é um montante de receitas pequeno para se obter em troca de 3% a mais de inflação.
481 - Pessoal que defende inflação zero: Saber que o nível de preços será aproximadamente o mesmo daqui a 10 ou 20 anos simplifica diversas decisões complicadas e elimina o alcance da ilusão monetária. Além disso, dado o problema de consistência temporal com que os bancos centrais se defrontam (discutido no Capítulo 24), a credibilidade e a simplicidade da meta de taxa de inflação são importantes. Aqueles favoráveis à inflação de 0% acreditam que a estabilidade de preços pode atingir esses objetivos melhor do que uma meta de taxa de inflação de 3%.
482 - Como os BCs agiam até a década de 90? ...Se, por exemplo, ele desejasse atingir uma taxa de inflação de 4% e a taxa de crescimento normal do produto (a taxa de crescimento resultante da taxa de progresso tecnológico e da taxa de crescimento da população) fosse de 3%, então o Banco Central escolheria uma meta de taxa de crescimento da moeda nominal de 7%. (...) No curto prazo, o Banco Central permitia desvios do crescimento da moeda nominal em relação à meta. (...) Para comunicar ao público não apenas o que ele desejava atingir no médio prazo, como também o que ele pretendia fazer no curto prazo, o Banco Central anunciava uma banda de variação para a taxa de crescimento da moeda nominal que ele pretendia atingir. Às vezes, essa banda era apresentada como um compromisso do Banco Central; às vezes, era apresentada simplesmente como uma previsão em vez de um compromisso.
483 - Lembra que é mais complexa a relação entre taxa de inflação e crescimento nominal da moeda: ...a relação não é estreita o suficiente para que, ao escolher uma taxa de crescimento da moeda nominal, o Banco Central possa atingir exatamente sua taxa de inflação desejada, nem mesmo no médio prazo.
484 - ...Nesse sentido, os EUA: A inflação média de 1981 a 1990 caiu para 4%, enquanto o crescimento médio da moeda ao longo do mesmo período ainda estava em 7,5%. Desde 2000, a inflação média e o crescimento médio da moeda estão muito próximos: cerca de 2,5%. M1 no caso. O Fed não controla diretamente M1. O que ele controla é H, a base monetária; mas ele pode escolher H para atingir qualquer valor de M1 que desejar. É, portanto, razoável imaginar que o Fed controla M1.
485 - ...Coloca que divergências podem advir de mudanças de hábitos, como a popularização dos cartões de crédito, que diminuem a demanda por moeda, levando a que, no médio prazo, o estoque real de moeda também caia. Em tal situação, o crescimento nominal da moeda precisa ser desacelerado caso se queira manter constante a inflação. Aumento do produto aumenta a demanda por moeda, porém, forças como essa aí do cartão de crédito atuam em sentido contrário. Pode ser algo tão forte que exija períodos de crescimento da moeda inferior ao da inflação vigente, mesmo em ambiente de produto crescendo bem. Acho que o período 1995-2005 mostra isso. Em linguagem matemática é o seguinte: "Se, em consequência da introdução dos cartões de crédito, a demanda real por moeda reduz-se à metade, então M/P = 1/2.YL(i) Para um dado nível de produto e uma dada taxa de juros, M/P deve também cair pela metade. Dado M, isso implica que P deve dobrar."
486 - Como a oferta e demanda por moeda têm esses "fatores extras" que podem "não levar à taxa de inflação desejada", BCs passaram a trabalhar com metas de inflação. Expectativa no mundo das fórmulas de Phillips: "...a meta de inflação levaria o Banco Central a agir de modo a eliminar todos os desvios do produto em relação a seu nível natural." (Esqueceram de combinar com os constantes choque de oferta, cambiais e especulativos frequentes em países emergentes, especialmente os mais abertos financeiramente, como o Brasil).
487 - ...Coloca que alguns BCs viram como solução à instabilidade do M1, tentar controlar M2 para garantir o controle da inflação. Quem é o M2? Nos Estados Unidos, M2 — que às vezes também é chamado de moeda no sentido amplo — inclui M1 (moeda manual e depósitos à vista), mais cotas de fundos mútuos de investimento, contas de investimento (o mesmo que cotas de fundos de investimento, mas emitidos por bancos em lugar de fundos) e depósitos a prazo (depósitos com vencimento explícito de alguns meses a alguns anos e com uma penalidade para retiradas antecipadas). Em 2006, M2 totalizou US$ 7 trilhões em comparação com US$ 1,3 trilhão de M1. Enfim, ativos de alta liquidez.
488 - ...Problema é que M2, assim como M3 também, também apresentam médias decenais bastante diferentes da inflação em vários períodos, como visto no gráfico acima, por exemplo. No caso desses agregados, há um agravante: o BC/FED controla menos diretamente ainda. Ex: Se as pessoas mudarem de letras do Tesouro para fundos de investimento, isso aumentará M2 — que inclui os fundos de investimento, mas não inclui as letras do Tesouro. Enfim, Blanchard coloca que as metas de inflação acabam sendo o ideal mesmo.
489 - Meu problema das metas é todo este - e obviamente ele sabia, só não estava entrando no assunto: Em algumas situações, por exemplo, a inflação aumenta mesmo quando o desemprego está na taxa natural de desemprego. Nesse caso, o Banco Central se defrontará com uma escolha mais difícil: se mantém o desemprego à taxa natural e permite que a inflação aumente ou se aumenta o desemprego acima da taxa natural para manter a inflação controlada. (Inflação aumenta até com desemprego acima da taxa natural, vide Brasil).
490 - Parâmetros da Regra de Taylor: I) Seja pi"t" a taxa de inflação e pi* a meta da taxa de inflação; II) Seja i"t" a taxa nominal de juros e i* a meta da taxa nominal de juros — a taxa nominal de juros associada à meta da taxa de inflação pi* no médio prazo; III) Seja u"t" a taxa de desemprego e u"n" a taxa natural de desemprego. Por fim, há os coeficientes positivos "a" e "b". Obs: O coeficiente "a" deveria, portanto, refletir quanto o Banco Central se preocupa com o desemprego em relação à inflação. E "b" é o contrário:
491 - ...Outros pesquisadores têm explorado a possibilidade de aperfeiçoar essa regra simples: por exemplo, permitir que a taxa nominal de juros responda não apenas à inflação atual, mas também à inflação futura esperada.
492 - Algo esperado até: É interessante, ao examinarem o comportamento tanto do Fed nos Estados Unidos quanto do Bundesbank na Alemanha, que pesquisadores tenham verificado que, embora nenhum desses dois bancos centrais pensassem em seguir uma regra de Taylor, ela efetivamente descreve muito bem o comportamento deles nos últimos 15 ou 20 anos.
493 - Passa a falar do FED controlando a oferta e demanda por moeda: Exemplo é o depósito compulsório. Lá se chama "requerimento de reserva": Ao mudar os requerimentos de reservas, o Fed muda o montante de reservas que os bancos devem reter para um dado montante de depósitos à vista e, ao fazer isso, muda a demanda por moeda do Banco Central. Um aumento dos requerimentos de reservas leva a um aumento da demanda por moeda do Banco Central, levando a um aumento da taxa de juros de equilíbrio. Isso funciona no sentido oposto também. Uma diminuição dos requerimentos de reservas leva a uma diminuição da taxa de juros. Um aumento dos requerimentos de reservas pelo Fed pode forçar os bancos a tomar medidas drásticas para aumentar suas reservas — por exemplo, cobrar alguns dos empréstimos que fizeram. Por esse motivo, o Fed tornou-se cada vez mais relutante em utilizar requerimentos de reservas como um instrumento de política macroeconômica, preferindo, em vez disso, contar com seus outros instrumentos.
494 - Empréstimo do FED aos bancos: Quanto ele empresta e sob que condições é chamado de política de redesconto do Fed. A taxa à qual ele empresta aos bancos é chamada de taxa de redesconto. Quando o Fed empresta aos bancos, diz-se que ele empresta por meio da janela de redesconto. (...) Do ponto de vista do Fed, emprestar aos bancos é muito semelhante a comprar títulos em uma operação de mercado aberto. Além de expandir a base, em ambos os casos, o Fed adquire direitos — sobre o banco, no caso do empréstimo aos bancos, e sobre o governo, no caso de uma operação de mercado aberto. Essa tem sido mais usada. Até a introdução das operações de mercado aberto na década de 1930, a política de redesconto era o principal instrumento do Fed para mudar a oferta de moeda.
495 - Diretores nada falam, mas... A evidência sugere fortemente que o Fed tem, na realidade, uma meta de inflação implícita em torno de 2% a 3%. Salienta que alguns economistas criticam isso e preferem regras explícitas a fim de dar maior credibilidade. Período Greenspan abaixo:
.
Comentários
Postar um comentário