Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XXIII
Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XXIII
Pgs. 419-427:
412 - A parte VII do livro é sobre "Patologias", quando a macro vai muito mal. Tem dois capítulos. O capítulo 22 se chama "Depressões e crises". Por que crises deveriam passar rápido? Basta lembrar do modelo IS-LM: O fato de o produto estar abaixo do nível natural do produto - de modo equivalente, que a taxa de desemprego esteja acima da taxa natural de desemprego - leva, por sua vez, a uma diminuição do nível de preços ao longo do tempo. Dado o estoque nominal de moeda, a diminuição do nível de preços aumenta o estoque real de moeda. Esse aumento do estoque real de moeda desloca a curva LM para baixo, levando a uma taxa de juros menor e a um produto maior. A visão mais realista do modelo coloca tudo isso em outros termos - maior desemprego leva à desinflação para o mesmo estoque ou ritmo de crescimento da moeda -, mas com resultados semelhantes.
413 - A diferença entre juro real e juro nominal gerará resultado ambíguo para um produto abaixo do natural. Como a inflação cai, o estoque real de moeda aumenta causando tendência ao aumento do produto pelo deslocamento, pra frente, na curva LM. Porém, a queda da inflação também significa, concomitantemente, um aumento do juro real em razão da inflação esperada menor para os próximos anos. A queda dos juros nominal precisaria contrabalancear isso aí no mesmo ritmo/nível para não haver "diminuição adicional do produto":
414 - ...Ele dá um exemplo/hipótese numérico do ocorrido acima: ...Combinando os dois efeitos: a taxa nominal de juros diminui de 7% para 6%. A inflação esperada diminui de 5% para 3%. Portanto, a taxa real de juros vai de 7% − 5% = 2% para 6% − 3% = 3%. O efeito líquido de uma inflação menor é um aumento da taxa real de juros. Há o perigo de um ciclo vicioso de pessimismo. Numa segunda fase do mesmo exemplo...: A diminuição do produto de Y para Y’’ leva a uma diminuição adicional da inflação e, assim, a uma diminuição adicional da inflação esperada. Isso leva a um aumento adicional da taxa real de juros, que diminui ainda mais o produto, e assim por diante. Em outras palavras, a recessão inicial pode se tornar uma depressão profunda, com o produto caindo continuadamente em vez de voltar ao nível natural de produto. O mecanismo de estabilização que descrevemos nos capítulos anteriores simplesmente falha.
415 - ...Solução? O cenário (acima) foi derivado sob a hipótese de que a política monetária (em nosso caso, a taxa de crescimento da moeda nominal) permaneceria inalterada. (...) Em termos da Figura 22.2, tudo o que o Banco Central precisa fazer é aumentar o estoque nominal de moeda a fim de deslocar a curva LM para baixo o suficiente para aumentar o produto. (Ou seja, como eu meio que já havia indicado: baixar os juros de modo suficiente.) A armadilha da liquidez surge, porém, quando as taxas já se encontram zeradas. (Criaram os QE da vida por isso, creio). O aumento de oferta de moeda passa a não ter qualquer efeito sobre a taxa de juros nominal, a qual dificilmente vai descer de zero. O expansionismo monetário fica impotente.
416 - ...Resumindo a armadilha de liquidez: A moeda adicional é prontamente retida pelos investidores financeiros a uma taxa de juros inalterada — a saber, zero. Se, a essa taxa nominal de juros zero, a demanda por bens ainda for baixa demais, então não haverá nada mais que uma política monetária possa fazer para aumentar o produto. O produto não volta ao "natural" com essa solução de quase sempre, o expansionismo monetário.
417 - ...Se, em tal cenário, a inflação for alta, não há muito problema. Juro real será muito negativo e o investimento tenderá a decolar, já que é muito vantajoso tomar empréstimos a taxas de juros reais baixas/negativas. Se a expectativa é de deflação é que "ferrou-se". Juros reais estarão altos e serão um desincentivo pesado. Armadilha! Ciclo vicioso: "A uma dada taxa nominal de juros, uma deflação esperada maior leva a um aumento da taxa real de juros; a curva IS desloca-se para a esquerda na Figura 22.6, de IS para, digamos, IS’, levando a uma diminuição adicional do produto, de Y para Y’. Isso leva a uma deflação adicional, que leva a um aumento adicional da taxa real de juros, uma diminuição adicional do produto, e assim por diante".
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