Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XIX

                

Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte XIX


Pgs. 356-365:


353 - Capítulo 19 se chama "O mercado de bens em uma economia aberta". Na economia fechada, não precisa subtrair as importações em "Z", pois elas inexistem. Os três primeiros termos — consumo, C, investimento, I, e gastos do governo, G — constituem a demanda doméstica por bens. Se a economia for fechada, C + I + G também será a demanda por bens domésticos. Inclusive "reformula" a fórmula de Z: No Capítulo 3, ignorei a taxa real de câmbio e subtraí IM, não IM/. (quadrado é o "e" de exchange). Enganei o leitor. Não queria falar de taxa de câmbio real — e complicar as coisas — logo no início do livro. (...) De modo equivalente, 1/ é o preço dos bens estrangeiros em termos de bens domésticos. Assim, IM(1/) — ou, de modo equivalente, IM/ — é o valor das importações em termos de bens domésticos. E, por fim, deve-se adicionar as exportações, claro.


354 - Importações dependem da renda e da taxa de câmbio. Uma apreciação da moeda leva a mais importações. Nas exportações, Y asterisco é a renda estrangeira e o câmbio maior gera menos demanda pelos bens domésticos.




355 - Gráfico: Para chegar à demanda por bens domésticos, devemos primeiro subtrair as importações. Isso é feito na Figura 19.1(b) e nos dá a reta AA. A reta AA representa a demanda doméstica por bens domésticos. A distância entre DD e AA é igual ao valor das importações, IM/. (...) Enquanto parte da demanda adicional recair sobre bens domésticos, AA terá uma declividade positiva. Um aumento da renda leva a um certo aumento da demanda por bens domésticos. Na adição das exportações abaixo, como não dependem da renda doméstica (dependem da renda estrangeira), a distância entre ZZ e AA é constante, motivo pelo qual as duas retas são paralelas. Atenção, agora, na parte (c) abaixo: "No nível de produto Y, por exemplo, as exportações são dadas pela distância AC, e as importações, pela distância AB, de modo que as exportações líquidas são dadas pela distância BC".



356 - Ao que entendi de "d", se nada - renda estrangeira crescendo forte, por exemplo - puxa as exportações, a tendência é a balança comercial piorar com o crescimento do produto interno, daí a função decrescente. Países com forte crescimento precisam ter forte avanço das exportações também se quiserem manter equilíbrio.


357 - De tudo exposto, tira a seguinte equação:



358 - Também depreende-se do equilíbrio que "Não há, em geral, motivo para que o nível de produto de equilíbrio, Y, seja igual ao nível de produto em que o comércio está em equilíbrio, Y"tb"." ("Recorde que, nos termos comumente utilizados no Brasil, a balança comercial refere-se apenas ao saldo de bens, ao passo que o texto refere-se ao saldo de bens e serviços (N. RT.)."):



359 - Simula um aumento dos gastos do governo dado um determinado equilíbrio comercial: o aumento do produto de Y para Y’ leva a um déficit comercial igual a BC. As importações sobem e as exportações não se alteram. Consequência? Numa economia aberta, seu efeito - expansionismo fiscal - sobre o produto é menor do que seria em uma economia fechada. Tudo isso se deve, obviamente, a que parte da demanda doméstica recai sobre bens estrangeiros. Coloca que países muito abertos, como a Bélgica, terão multiplicador ainda menor. Déficit comercial tende a crescer ainda mais.


360 - Quanto à renda estrangeira, ocorre o fenômeno reverso, digamos assim. Um aumento da demanda estrangeira leva a um aumento do produto e a um superávit comercial. Na verdade, ao que entendi, exportações líquidas podem subir mesmo com produto interno se deteriorando, a depender do caso. (...) O que acontece com a balança comercial? Sabemos que as exportações aumentam. Mas será que o aumento do produto doméstico leva a um aumento tão grande das importações que efetivamente deteriora a balança comercial? Não.


361 - Principal perigo das contas externas "desequilibradas": um país que consistentemente apresenta déficits comerciais acumula dívidas para com o resto do mundo e, assim, deve fazer pagamentos de juros cada vez mais altos para o resto do mundo. O perigo de todos os países tentando equilibrar isso? Numa crise, todo mundo pode querer esperar a "economia mundial" em vez de gastar internamente para reaquecer a demanda...cada país pode apenas esperar que os outros aumentem suas demandas. Dessa forma, o país fica no melhor dos mundos, com um produto maior e uma melhora de sua balança comercial. Mas, se todos os países esperarem, nada acontecerá e a recessão poderá durar bastante tempo. Possível solução para uma OCDE e G7 da vida? Se todos os países coordenarem suas políticas macroeconômicas de modo a aumentar sua demanda doméstica simultaneamente, cada um poderá aumentar a demanda e o produto sem aumentar seu déficit comercial (em relação aos demais; mas o déficit comercial combinado desses países em relação ao resto do mundo ainda aumentará). Perigo disso tudo é que funciona como um "cartel". Cada país tem incentivo para violar - secretamente ou não - o combinado.


362 - Passa a tratar de depreciação e balança comercial. Nem precisa de equação nenhuma, mas como sempre ele usou (abaixo). Alteração do câmbio nominal pode até manter as coisas intactas, mas apreciações ou depreciações reais da moeda local afetam as exportações e importações, como já amplamente sabido e até intuido.



363 - ...Ou seja, depreciação leva a aumento das exportações e diminuição das importações (no mínimo de bens importados). Deve-se ter em conta, porém, que "o preço relativo dos bens estrangeiros em termos de bens domésticos, 1/, aumenta. Isso aumenta a conta das importações, IM/. A mesma quantidade de importações agora é mais cara de comprar (em termos de bens domésticos)". Ou seja, as importações devem diminuir o suficiente para compensar o aumento do preço das importaçõesA condição sob a qual uma depreciação real leva a um aumento das exportações líquidas é conhecida como condição de Marshall-Lerner.


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