Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte IV
Livro: Blanchard, Olivier - Macroeconomia (2011) - Parte IV
Pgs. 76-98:
80 - O capítulo 4 é sobre "Mercados de bens e mercados financeiros: o modelo IS-LM". Por que Hicks teve de formalizá-lo? Quando John Maynard Keynes publicou sua Teoria geral, em 1936, houve consenso de que seu livro era fundamental, porém, ao mesmo tempo, praticamente impenetrável. (Experimente ler e você concordará.) Ocorreram muitas discussões sobre o que Keynes “realmente quis dizer”.
81 - Bases: Descrevemos o equilíbrio do mercado de bens como a condição de que a produção, Y, seja igual à demanda por bens, Z. Chamamos essa condição de relação IS. Vai partir do Y = C(Y − T) + I ¯ ("investimento barra em cima dele, porque é dado") + G.
82 - Investimento costuma depender do nível da atividade econômica - demanda acima do esperado, crescente, acima da capacidade etc. ... Enfim, aumento do produto... - e da taxa de juros para empréstimos. Formaliza assim:
83 - ... Agora já temos então: Y = C(Y − T) + I(Y, i) + G.
84 - Taxa de juros e curva IS. Um aumento da taxa de juros vai pressionar pela diminuição do produto:
85 - ...Resumindo: o aumento da taxa de juros diminui o investimento. A diminuição do investimento leva a uma diminuição do produto, que diminui ainda mais o consumo e o investimento por meio do efeito multiplicador.
86 - Na verdade, tudo afeta IS: Generalizando, qualquer fator que, para uma dada taxa de juros, diminui o nível de produto de equilíbrio faz com que a curva IS se desloque para a esquerda. Examinamos o aumento dos impostos, mas o mesmo vale para uma redução dos gastos do governo ou uma diminuição da confiança do consumidor (que diminui o consumo dada a renda disponível).
87 - Coloca, ao que entendi, que é melhor colocar a LM como uma relação com renda real e moeda real. M/P = Y L (i). A vantagem de descrever as coisas dessa maneira é que a renda real, Y, aparece do lado direito da equação, em vez da renda nominal, $Y. E a renda real (ou, de forma equivalente, o produto real) é a variável em que nos concentramos quando examinamos o mercado de bens.
88 - Mantida a oferta de moeda (o que, na prática, me parece que quase nunca acontece), quanto maior for o nível do produto, maior será a demanda por moeda e, portanto, maior a taxa de juros de equilíbrio.
89 - (Algumas partes são praticamente repetição de capítulos anteriores, então não estou anotando)
90 - A relação IS vem da condição de que a oferta de bens deve ser igual à demanda por bens. Ela nos mostra como a taxa de juros afeta o produto. A relação LM vem da condição de que a oferta de moeda deve ser igual à demanda por moeda. Ela nos mostra como o produto, por sua vez, afeta a taxa de juros. Agora, combinamos as relações IS e LM.
91 - Por tudo exposto, um aumento de impostos, por exemplo, desloca "negativamente" a curva IS, pelo que faz com a renda disponível, mas, no modelo, não desloca LM (pois tributos não constam na equação que forma a mesma), apenas resultando num deslocamento pela curva LM. (Não confundir deslocamento na curva LM com deslocamento da curva LM):
92 - ... Se a taxa de juros não diminuísse, a economia iria do ponto A para o ponto D da Figura acima, e o produto estaria no nível associado ao ponto D. Em virtude do declínio da taxa de juros — que estimula o investimento —, o declínio do nível de atividade se dá apenas até o ponto A’. Ou seja, há uma força que contrabalanceia a contração no produto, mas não de forma suficiente a retorná-lo ao nível original. O equilíbrio vai "cambaleando" pro lugar certo, digamos assim. (...) O que acontece com os componentes da demanda? Por hipótese, os gastos do governo permanecem inalterados. (Supomos que a redução do déficit orçamentário ocorra por meio de um aumento de impostos.) O consumo certamente cai. Os impostos sobem e a renda cai, portanto, a renda disponível cai pelos dois motivos. ... A última questão é: o que ocorre com o investimento? Por um lado, um produto menor significa vendas e investimento mais baixos. Por outro, uma taxa de juros mais baixa leva a um investimento mais alto. Sem saber mais sobre a forma exata da relação de investimento, na equação (5.1), não é possível dizer qual é o efeito dominante. (Por isso que, ao fim, ressalta que diminuição do déficit fiscal pode levar até mesmo a uma diminuição do investimento: A contração - do aumento de imposto - leva a um produto mais baixo e, portanto, a uma renda mais baixa; à medida que o consumo diminui menos do que a renda, a poupança privada também diminui. E ela pode diminuir mais do que a redução do déficit orçamentário, levando a uma diminuição, em vez de um aumento, do investimento).
93 - Expansão monetária a um dado (fixo) nível de preço. Que ocorre com IS? A oferta de moeda não afeta diretamente nem a oferta nem a demanda por bens. Não está na equação. Quem se desloca aqui é a LM. A economia se move sobre a curva IS. ... Ao contrário do caso da contração fiscal, podemos dizer exatamente o que ocorre com os diversos componentes da demanda após uma expansão monetária. Como a renda é mais alta e os impostos não se alteraram, a renda disponível sobe e o consumo, também. Como as vendas são maiores e a taxa de juros é menor, o investimento também sobe inequivocamente. Uma expansão monetária, portanto, incentiva mais o investimento do que uma expansão fiscal.
94 - EUA, Clinton, Greenspan, toda a década de 90 e a combinação de políticas em sentidos opostos: A estratégia correta era combinar uma contração fiscal (para se livrar do déficit) com uma expansão monetária (para assegurar que a demanda e o produto permanecessem altos).
95 - Greenspan chamou de exuberância irracional o otimismo ao fim da década de 90: A taxa média anual de crescimento do investimento de 1995 a 2000 excedeu 10%. É uma taxa muito alta. Em 2001 vieram os cortes de investimentos, resultando em queda na demanda. Veio a forte queda dos juros - de 6 e algo para menos de 2% - e a redução de impostos do primeiro período W. Bush. Com a guerra, os gastos aumentaram também.
96 - ...Coloca que a expansão fiscal em 2001 evitou uma queda muito maior do produto que sofria com a retração forte do investimento. Coloca também que isso foi muito mais a causa que qualquer pouca contribuição do onze de setembro. ... a recessão começou muito antes de 11 de setembro e terminou logo depois. Até se temia que a confiança do consumidor caísse, mas não foi o que ocorreu a partir dali. Quanto ao corte de impostos, coloca que muitos economistas consideram que deveria ter sido apenas um impulso provisório. Porém, os cortes e os déficits fiscais a eles associados acabaram por se tornar permanentes por quase toda a década de 00.
97 - ...Por que as políticas fiscal e monetária não foram utilizadas para evitar a recessão em vez de limitá-la? O motivo é que mudanças na política afetam a demanda e o produto apenas ao longo do tempo (...). Portanto, quando ficou claro que a economia dos Estados Unidos estava entrando em uma recessão, era tarde demais para usar a política para evitá-la. O que a política fez foi reduzir a magnitude e a duração da recessão.
98 - A dinâmica na "coisa": ... em resposta a um aumento dos impostos, leva algum tempo para que os gastos de consumo respondam à diminuição da renda disponível, mais algum tempo para que a produção diminua em resposta à diminuição dos gastos de consumo, mais tempo ainda para que o investimento diminua em resposta a vendas mais baixas, para que o consumo diminua em resposta à mudança induzida na renda, e assim por diante. ... Com a expansão monetária, leva algum tempo para que os gastos de investimento respondam à diminuição da taxa de juros, mais algum tempo para que a produção aumente em resposta a um aumento da demanda, e mais tempo ainda para que o consumo e o investimento aumentem em resposta à mudança induzida no produto, e assim sucessivamente. ... Quanto tempo? Essa pergunta só pode ser respondida ao examinarmos os dados e utilizarmos a econometria. A Figura 5.9 mostra os resultados desse estudo econométrico, que usa dados dos Estados Unidos de 1960 a 1990:
99 - ...Exemplo de leitura cima: Ao nos concentrarmos na melhor estimativa — a linha cheia —, vemos que um aumento de 1% da taxa do mercado interbancário leva a um declínio das vendas no varejo. A maior diminuição das vendas no varejo, −0,9%, ocorre após cinco trimestres. (...) Em resposta à diminuição das vendas, as empresas cortam sua produção, mas menos do que a diminuição das vendas. Dito de outro modo, as empresas acumulam estoques por algum tempo. O ajuste da produção é mais suave e lento do que o ajuste das vendas. A maior queda, de −0,7%, é alcançada ao fim de oito trimestres. Em outras palavras, a política monetária funciona, porém com longas defasagens. São necessários cerca de dois anos para que a política monetária tenha seu efeito total sobre a produção. ... Por fim, coloca que, no médio prazo, os preços parecem sim se mover, o que mostra que o IS-LM parece melhor adequado ao curto prazo.
100 - Por fim, há um apêndice ressaltando que o BC pode responder ao aumento de renda que pressiona a taxa de juros para cima, eis que ele controla a oferta de moeda. Como? Aumentando a oferta de moeda em resposta ao aumento da renda, de Ms para Ms’. Se fizer isso, a taxa de juros se manterá constante. O equilíbrio se moverá de A para D, e a taxa de juros permanecerá constante em i A. A curva LM resultante, representada por LM’ na Figura 1(b), será horizontal. ... Essa pode ser uma política muito extrema. Talvez o Banco Central deseje permitir que a taxa de juros aumente, ainda que menos do que aumentaria se o Banco Central mantivesse a oferta de moeda constante... iria de A para C.
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