Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXVII
Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXVII
Pgs. 772-781:
557 - Krugman afirma que, de fato, o FED monetiza a dívida. Por mais que não compre diretamente do Tesouro, compra de forma triangular. Vai ao mercado comprar títulos da dívida dos agentes privados que compraram do governo. E talvez esses comprem justamente por saberem que o FED - e sua liquidez quase infinita - entrará na ponta compradora quando eles forem vender.
558 - ...O pagamento de juros do Tesouro ao FED volta, por lei, para o Tesouro. Então, quando o FED compra esses títulos no mercado aberto, é como se eliminasse a dívida até. É uma senhoriagem, já que isso gera receita extra do nada. Afirma Krugman que isso representa, porém, menos de 1% do orçamento do governo e que o FED, ao fazer isso, não está olhando ou preocupado com a receita, sendo apenas colaterais do combate a inflação e desemprego - achando o melhor "trade-off" entre ambos, digamos.
559 - Quando a senhoriagem vira uma fonte clara e importante de receita, os emprestadores começam a temer que o governo use inflação (aumento de oferta monetária no longo prazo) para pagar o valor nominal devido, o que garantiria perdas reais a estes. O financiamento privado da dívida cessa e o governo passa a imprimir dinheiro mais do que a economia "suporta" (sem gerar inflação problemática no caso), cobrindo grandes déficits públicos. (O Brasil fez isso nos últimos doze meses. Acumulado de 8% na inflação e de 2% na LFT).
560 - Na hiperinflação, as pessoas reduzem a quantidade de moeda real que mantém. Vão transferindo todo o poder de compra que podem para outros ativos, que tendem a acompanhar a inflação no mínimo. A ideia é ficar com o mínimo de liquidez/moeda possível. Assim, a taxa de inflação acaba subindo tanto pela expansão da oferta monetária quanto pela redução da preferência por liquidez. Espiral: "a impressora solta dinheiro com rapidez cada vez maior , tentando compensar o fato de que o público está reduzindo a quantidade de moeda real (poder de compra) que mantém".
561 - Coloca que a crise inflacionária no Zimbábue dos anos 2000 foi precedida por uma desorganização da produção quando Mugabe tomou as fazendas de uma minoria branca para entregá-las a "gente que o apoiava". O quanto isso simplifica? Só estudando.
562 - Na Grã-Bretanha a inflação bateu 26% em 1975. Nos EUA, o pico foi de 13% no início dos anos 1980.
563 - Lei de Okun: o desemprego cíclico (a parte cíclica do desemprego) costuma se mover de forma menos intensa que o hiato do produto. Em 1982 o hiato chegava a 8% enquanto o desemprego cíclico era cerca de 4% acima do "natural". Geralmente mais 1% de hiato vai gerar mais 0,5% de desemprego. Razão principal para tanto é que muitas empresas, em vez de demitir, ao menos num primeiro momento, optam por "trabalhar menos horas". Conseguem acordos para reduzir o tempo de trabalho e os salários. Ademais, muitos trabalhadores desempregados acabam virando "desencorajados" ou "desalentados". Só conta como desempregado quem está procurando emprego. Por fim, Krugman coloca que a produtividade geralmente avança no boom ou desacelera e/ou retrai nas crises. Assim, o emprego se expande menos do que poderia nos "boom" e cai menos do que poderia nas "crises". Esses dois movimentos suavizam a curva de desemprego.
564 - Traz um painel de dados de inflação e desemprego nos EUA de 1955 a 1968 que mostram uma curva de Phillips. Funciona um pouco mesmo a simples, sem levar em conta os choques negativos de oferta (desloca pra cima toda a curva, já que o eixo y é a inflação. Um choque positivo desloca para baixo). Há outros fatores a influenciá-la, ou seja, deslocá-la. Alguns no curto prazo e outros em qualquer prazo. Salário mínimo... Sindicatos... Rigidez trabalhista... E... Principalmente expectativas!
565 - ...Por fim, a inflação esperada (Friedman e Phelps, 1968) acabou se mostrando o fator talvez que mais afeta a inflação presente, podendo torná-la alta ou baixa mesmo quando o nível de desemprego sugeriria o contrário. (Daí as estagflações da vida). É a importância crucial das expectativas na economia (não se trata só de "corrida aos bancos", por exemplo, influencia tudo). Quando um aumento contínuo do nível de preço é "internalizado" pelas expectativas, a curva de Philips é inevitavelmente deslocada para cima. Ou seja, a qualquer desemprego dado será maior. Espera-se quase sempre que a inflação dos últimos anos se mantenha. As reivindicações salariais e etc., por exemplo, partirão de tal base.
566 - Por que o empregador não veta o aumento de salários segundo mero aumento da demanda agregada (ou seja, algo muito potencialmente provisório se não houver hiato a ser corrigido)? Talvez porque contratar "depois" seja mais custoso que ceder ao aumento "agora". Afinal, temporariamente ele também ganha com o deslocamento positivo de curto prazo do produto agregado. O nível geral de preços aumenta, ele vende mais, porque não "dividir" um pouco do lucro? Nem sempre é fácil visualizar e calcular tudo que está acontecendo na macroeconomia real. Ou então ele vê tudo isso e tem algum plano "desinflacionário" para depois. Vai ser "trader", ganhar dos outros, acertar o "momentum". Assim, a curva de Phillips é deslocada para cima temporariamente, dando possível ilusão de que será algo virtuoso.
567 - Anos 70: coloca que os choques do petróleo e a desaceleração geral da produtividade empurraram a curva de Phillips para cima no curto prazo. Nos anos 90 foi o contrário. Esses choques foram ambos positivos. Assim, o preço das commodities, por exemplo, devido ao impacto sobre insumos, pode deslocar "Phillips" para cima ou para baixo.
568 - Enfim, no longo prazo, a expectativa de inflação - inflação esperada - é incorporada à curva de Phillips. De modo que, se o produto potencial não aumenta, é possível a estagflação, o que exige uma custosa "desinflação".
569 - A NAIRU tem a ver com a "hipótese da taxa natural". Acaba sendo a taxa natural de desemprego, afirma. Qualquer tentativa de reduzir o desemprego para um percentual abaixo do natural de uma economia só consegue, no médio e longo prazo, acelerar a inflação. Em outras palavras, o trade-off entre desemprego e inflação tem grandes limites no longo prazo. Se não há hiato do produto (e seu desemprego cíclico) a ser coberto... Teria que mexer nas estruturas do desemprego se quiser baixar a coisa.
570 - ...Krugman afirma que os países europeus viram a NAIRU na prática ao tentar reduzir o desemprego para abaixo de 9% no final da década de 80 e no final dos anos 90. Sempre acabavam acelerando a inflação.
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