Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXVI
Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXVI
Pgs. 743-771:
537 - O capítulo 30 é sobre "política monetária".
538 - Um aumento do PIB real obviamente deslocará a curva de demanda por moeda para a direita. Há mais bens e serviços para comprar.
539 - Criminalidade baixa, varejo dominado por pequenos negociantes e baixíssimo custo de oportunidade em manter dinheiro vivo (taxa de juros no chão) fazem com que o Japão seja uma economia que usa pouco cartões. (Não sei hoje em dia). Usam muito dinheiro vivo pra quase tudo.
540 - A taxa de juros de equilíbrio funciona conforme a preferência por liquidez. Ao estabelecer metas para as taxas de juros e persegui-las em operações no mercado aberto, o FED (BCs) altera a "preferência" e gera um novo equilíbrio, não controlando exatamente, porém, a quantidade total de moeda (embora indiretamente o faça. Ou espera fazer).
541 - Krugman coloca que entre fim dos anos 70 e início dos anos 80, o FED preferiu metas para os agregados. Quantidade de moeda. Os juros é que flutuavam. Hoje é o contrário. Observa que, no fundo, não há mudança real significativa.
542 - Há dias em que a taxa efetiva no mercado interbancário pode variar um pouco em relação à meta. Na crise de 2008, como já visto, tiveram dias em que variou bruscamente (aquele spread TED lá). Porém, no geral, o FED faz o que é preciso e derruba ou eleva para onde quiser com suas operações em mercado aberto.
543 - E se a demanda por moeda/liquidez sobre por outros fatores que não a manipulação da taxa de juros? Ou seja, sobe para qualquer quantia desta (seria o exemplo de uma mudança considerável do PIB real ou mudança institucional e-ou de tecnologia bancária que gera maior preferência por liquidez)? As operações em mercado aberto terão de ser mais vigorosas que o inicialmente estimado a fim de fazer os juros do mercado interbancário convergirem para a meta estabelecida.
(Krugman não fala nada, mas uma economia instável e aberta aos fluxos de capital podem sofrer mudanças drásticas de preferência por liquidez, não? Como ter taxas de juros dentro da meta com facilidade se boa parte da poupança pode ser convertida em outra moeda "mais segura", por exemplo? Uma dolarização pode levar a queda da demanda por "Real", por exemplo, o que diminui preferência por liquidez em moeda local e os fundos disponíveis para empréstimo, o que vai pressionar a taxa de juros de equilíbrio para cima. Não? Haja BC comprando título nesse caso. E como não virar um ciclo vicioso, já que o Tesouro tem que vender esses títulos para o setor privado?)
544 - Juros mais baixos significam maior oferta de moeda, logo, tendem a incentivar investimento, que aumenta a renda devido a efeito multiplicador, o que leva a maior consumo. Ou seja, demanda agregada se desloca para a direita. Nos juros mais altos, tudo isso também ocorre, só que ao contrário.
545 - A baixa inflação tem possibilitado políticas monetárias frouxas nos EUA desde o fim dos anos 90. Entretanto, esteve tudo de acordo com a Regra de Taylor simples, que parece balizar as decisões do Fed mesmo antes de ter sido formulada por John Taylor em 1993. Porém, a partir de 2008, a regra pediria taxas de juros negativas de 4 a 6% - já que o "hiato de desemprego" era alto e havia deflação -, o que não é possível. (Por isso que surgiu o QE, creio, outra forma mais radical de estímulo) (Krugman confirma páginas depois).
546 - A Regra de Taylor olha para trás e as metas de inflação para a frente. Porém, focar na meta da inflação pode significar lentidão para responder a tendências. Uso de "Taylor" pode ajudar a visualizá-las, por mais que se use "Taylor" para manipular os juros de forma a atingir as metas de inflação, digamos assim. Tais metas diminuem a incerteza. Krugman coloca, porém, que um tanto de flexibilidade pode ser necessário. Cita que o FED se antecipou até mesmo à regra de Taylor ao fim de 2007, prevendo que hora ou outra a regra ia mandar baixar os juros (pelos sinais que a economia estava emitindo antes dos índices serem captados por "Taylor").
547 - Christina Romer e David Romer identificaram, em trabalho de 1994 ("Política monetária importa sim), analisando atas, cinco períodos entre 1952 e 1984 em que o FED quis e conseguiu certa recessão para expulsar inflação da economia. Desinflação. Queda geral do nível de preços. O desemprego costumou subir 2 pontos percentuais sempre que isso foi feito. Cita 1955, 1969, 1974, 1978 e 1980.
548 - Krugman concorda com a neutralidade monetária. Moeda é neutra no longo prazo. O que a política monetária faz é suavizar a coisa e talvez evitar prolongamentos desnecessários de equilíbrios perversos, ao que entendi. "Longo prazo estaremos mortos". Cobrir os hiatos da vida. Política monetária para economias já equilibradas ao produto potencial seria, porém, algo meio inútil (também ao que entendi). Algo como abaixo (LRAS é o produto potencial):
549 - Juros de longo prazo: em tese não devem variar com as mudanças da ponta de curto prazo. Uma redução dos juros aumenta a oferta de moeda no curto prazo, mas, no longo prazo, isso significará, salvo mudanças no produto potencial, mero aumento do nível de preços e, portanto, da moeda demandada. Ou seja, a demanda, no longo prazo, acompanhará o aumento da oferta de moeda. O que isso significa? Juros tendem a retornar ao patamar original. O juros baixos de curto prazo foram provisórios. Assim, já prevendo tudo isso, os agentes privados se antecipam de modo a não mexer muito na ponta longa quando há essas expansões monetárias. (Na prática tudo isso tem sido bem diferente, mas creio que isso possa ser explicado por outros fatores que influenciam a coisa).
550 - Gráfico que parece dar suporte à Teoria Quantitativa:
551 - A relação não é lá muito perfeita. Creio que distorções têm a ver com o crescimento do PIB de cada país (o que faz com que todos acabem ficando meio que abaixo da linha) e mudanças na preferência por liquidez em geral (falta de confiança nas aplicações que imobilizam capital por muito tempo?)...Quais seriam, portanto, as consequências de grandes expansões monetárias? O nível geral de preços não aumenta imediatamente após ela. No longo prazo é que o nível de preços chegará na mesma proporção. Pode não chegar se o PIB realmente muda e "engole" parte do aumento da oferta de moeda com aumento de bens e serviços. (Ou se os receptores da moeda "entesouram", creio, o que deve estar acontecendo muito, tipo comprando ativos para o longo prazo).
(Enfim, Krugman não vai a tanto. Sou eu especulando).
552 - Em 2009, a PIMCO aplicou e comprou títulos de longo prazo, apostando, portanto, na queda ainda maior das mesmas. Economia continuaria deprimida. Morgan Stanley apostou na alta. Em 2011, PIMCO apostou que finalmente viria a recuperação da economia e a alta dos juros. Dessa vez, errou e pediu desculpas no TWSJournal.
553 - Krugman lembra que a poupança também cresce quando baixam as taxas de juros, tudo o mais mantido constante. Isso pelo outro lado do efeito multiplicador. Parte de cada rodada de novo investimento inicial vai sendo poupada ema algum grau, o que aumenta a disponibilidade dos fundos para empréstimo, o que torna esse modelo coerente com o da preferência por liquidez, que também sobe. Enfim, o aumento do PIB real pela oferta monetária gera sua própria poupança. Porém, tudo isso só vale para o curto prazo. Produto agregado. No longo prazo, o que vale é o produto potencial e o mercado de fundo de empréstimos vai determinar o de moedas/liquidez, afirma.
554 - ...No longo prazo, a demanda por moeda vai aumentar, com o tempo, na mesma proporção que a oferta aumentou (afinal, o produto potencial continua o mesmo, em tese), restaurando o equilíbrio anterior a um nível de preço maior. Salários e outros preços subiram e o PIB potencial não. A taxa de juros de longo prazo viria apenas da poupança, portanto (ou dos QE da vida).
555 - O capítulo 31 é sobre Inflação, desinflação e deflação. Krugman explora as diferenças entre baixa inflação e alta. A "vantagem" da segunda é que mina a rigidez dos preços e salários. Esses vão mudar rapidamente devido o pânico inflacionário e ninguém saber se está no nível adequado a não perder no "conflito distributivo", digamos assim. Reações são rápidas. Vira uma espécie de "vale-tudo". E aí a oferta monetária realmente nada fará nem no curto prazo a não ser mudar distribuições de renda - geralmente pra pior - e gerar instabilidade de preços. A inflação baixa é a que permite que mudanças na oferta monetária possam alterar o PIB real - produto agregado - no curto prazo, pois, tendo em vista a rigidez, os salários e preços demoram um tempo a reagir.
556 - ...A consequência disso tudo é que o modelo clássico pré-keynesiano, com moeda sempre neutra, tem mais chance de explicar as economias com alta inflação. Geralmente o índice de preços andará colado ao da oferta monetária. Governo geralmente estará abusando do imposto inflacionário.
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