Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXIV

          

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XXIV


Pgs. 705-724:


498 - ...Ao criticar a austeridade fiscal, Krugman diz que a Argentina fez tudo que quiseram os credores entre 1997 e 2001 a fim de passar confiança. Cortavam despesas e aumentavam impostos a fim de equilibrar o orçamento e demonstrar responsabilidade fiscal. Como a economia não reagia, continuando a se deprimir, não deu certo. Revoltas levaram ao "default" em 2001. Já teriam passado desde antes do "ponto do não-retorno"? Ou austeridade funciona menos do que se diz? Coloca que a Irlanda passou por problema parecido com o resgate financeiro da crise de 2008. Antes, sempre tivera orçamento equilibrado. Juros dispararam após a crise. Em 2010 a economia continuava fraca e 12% longe do PIB de 2007. (Que eu saiba, depois acabou dando certo a austeridade aqui durante a década, 2014 pra frente. Só não sei a causa da esticada maluca. PIB dobrou em cinco anos. Tem que verificar a causalidade).


499 - O capítulo 29 é "moeda, bancos e os bancos centrais". Depósitos bancários à vista também são considerados "dinheiro".  Não só moeda/cédula é. Alguns incluem as poupanças na definição, pois são quase líquidos também. Fazem parte do M2, no qual Krugman inclui até depósitos à prazo do tipo CDB de pequeno valor, já que, para liquidá-lo, o processo é rápido e no máximo se paga uma penalidade pelo resgate antecipado (e Krugman diz que essa é a diferença essencial do M1 pra o M2, a penalidade na conversão, que torna o ativo menos líquido portanto, não o fato de receber algum juros. Se isso é a classificação dele ou o consenso entre os economistas eu já não sei). Enfim, M2 são ativos muito líquidos em geral, ainda que rendam algum juros, ao contrário do M1. Ações não entra de jeito nenhum (só se for num "M4" da vida, mas afirma que o FED não usa nem mais M3 como algo útil).


500 - O dinheiro dispensa o problema da "dupla coincidência de necessidades" do escambo.


501 - A função unidade de conta é fácil de entender quando se traça uma analogia com a economia medieval. Se os preços dos atuais aluguéis seguissem a mesma lógica daquela época, os modernos "landlords" iriam pedir serviços por mês de aluguel. "Limpe minha casa duas vezes na semana e traga dois quilos de filé a cada cinco dias". Ficaria mais complicado/dificultoso de comparar com outras demandas de bens e serviços em troca. Outro poderia pedir "limpe minha casa menor três vezes na semana e traga três quilos de frango...". Enfim, o dinheiro simplifica calcular o custo em relação à "corveia". (De fato, mas escamoteia que são trocas "desiguais", já que o capital "rende por si só").


502 - Diz que na "moeda mercadoria", a utilidade em si da mesma é importante. Muita gente usa. O próprio ouro era muito usado em joias e ornamentação.


503 - A "moeda garantida por mercadoria" era diferente. O banco não precisava ter todo o ouro depositado para cada nota de "dólar". Apenas o que cobrisse resgates habituais. O resto ele emprestava para usos comuns, do cotidiano e tal. Ao que entendi, bastava igualar ativo e passivo de ouro. Assim, esse sistema liberava mais ouro e prata para seus usos úteis na sociedade. Não aprisionava esses recursos como moeda todo o tempo.


504 - A "moeda fiat", baseada tão somente em confiança (no status oficial que o governo dá a moeda), completou o serviço (de liberação de recursos reais para seus usos úteis) e livrou a oferta monetária das amarras dos mineradores de ouro e prata, possibilitando políticas monetárias mais flexíveis. 


505 - Sobre os agregados monetários, lembra que, além do "mundo do crime", pequenas empresas e empregados por conta própria gostam de negociações em dinheiro vivo, por poder usar isso para esconder rendas das receitas federais da vida. Registro bancário de transação é muito difícil de sonegar.


506 - Diz que 60% da moeda "americana" é mantida fora dos EUA. 


507 - Em 1933, Roosevelt rompeu a ligação entre dólar e ouro. Ela foi restaurada alguns anos depois, mas foi rompida novamente em 1971, dessa vez para sempre. 


508 - As "reservas bancárias" são a parcela líquida que um banco possui. Devem existir para garantir possíveis resgates e ficam numa conta junto ao FED. Ou seja, banco e FEd garantem a conversão em dinheiro vivo se/quando necessário/requisitado. Tudo para evitar uma "corrida aos bancos". Não são consideradas parte da moeda em circulação. (Mas entram nos agregados, não? Creio que sim. M1 da vida. Essa parte ficou mal explicada)


509 - As reservas acabam sendo um percentual bem menor - tipo uns 10% - dos depósitos efetivamente feitos num banco. Depósitos são o passivo do banco. Eles têm que devolver se assim for requisitado. E os empréstimos - que são ativos, assim como as reservas - costumam ser bem maiores que ambos. O "problema" disso é que os empréstimos, que rendem ótimos juros e receitas aos bancos, não são "líquidos". Então o banco aposta que não haverá corrida aos bancos. Eles até poderiam vender o ativo "empréstimos" a outros, mas, numa crise generalizada, pode ser que ninguém queira ou mesmo possa comprar tal crédito. Nesse caso, o banco corre o risco de vender tudo a um valor tão baixo que sequer pague os depósitos. Na menos pior das hipóteses - a pior é falência - haverá prejuízos econômicos ou até contábeis que terá no ano. Pessoas de fora, vendo isso, podem correr para serem os primeiros a retirarem os depósitos, não ficando com a bomba na mão (o que pode ocorrer com os últimos quando o castelo de cartas desabar).


510 - Redesconto - "janela de redesconto", aqui no Brasil - é uma linha de crédito emergencial de curto prazo aos bancos. FED/BC empresta ao banco para que esse não precisa, ao menos ainda, se desfazer de seus ativos a preço de banana. 


511 - ...FDIC é o SGC deles. Garante depósitos de boa parte das pessoas já que vai até $ 250k. É outro fator para impedir "corridas". As pessoas passam a temer menos os boatos, pois, mesmo quando não são verdadeiros, podem levar um banco à falência, por motivos óbvios. Vai ver o banco estava com a saúde perfeita até.


512 - ...Outra medida de proteção que a regulação bancária prevê é o capital obrigatório de ao menos 7% dos ativos - empréstimos e reservas - (salvo se algo mudou desde o livro). Tudo para diminuir o incentivo perverso que o banco tem para arriscar com os "high yields" e "junks" da vida. Não pode achar que o FDIC vai sempre cobrir tudo. E a ausência de monitoramento dos depositantes - justamente pela existência do FDIC - tende a deixar o banco muito solto pra arriscar. Esse capital, ativo do banco, será liquidado antes de o governo entrar para salvar. Geralmente é bem menor que os passivos, porém. Ou seja, o problema é só suavizado. A ideia é impedir que um picareta crie um banco e faça empréstimos irresponsáveis de "high yield" sem botar o dele na reta. Emprego de "capital próprio" obrigatório se tornou uma exigência coibidora dessas práticas.


513 - Cita, ainda, as reservas compulsórias de 10%, mas hoje (2021) acho que estão em zero, não? 


514 - BCs controlam soma (é a chamada "base monetária") da moeda em circulação (dinheiro na mão das pessoas) e reservas bancárias, mas não o percentual de cada coisa nesse total. A base monetária é diferente da oferta monetária. Esta última não inclui as reservas dos bancos junto ao FED e inclui os "depósitos em conta corrente", os quais, por sua vez, não entram na "base monetária". 



515 - ...Lembrando que "reservas excedentes" (às obrigatórias) viram empréstimos que viram multiplicação dos depósitos em outros bancos e, portanto, expansão da oferta monetária sob algum multiplicador considerável. Controlar a base é, de certa forma, controlar a oferta, mas é um controle frouxo, já que fica uma boa dose de discricionariedade aos agentes financeiros privados. 

(Quando o FED comprou títulos nos QE da vida, creio que a expansão dessas reservas não resultou numa proporcional expansão da oferta monetária. Parece-me que apenas garantiu que os bancos permanecessem "seguros" e direcionassem essa grana a patrimônio menos líquido, como o mercado acionário) (Krugman vai confirmar isso aí no próximo fichamento...)


...

Comentários