Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XVII

       

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XVII


Pgs. 515-573:


359 - O crescimento médio da economia mundial entre 1000 e 1800 foi de 0,% ao ano segundo Angus Maddison. (Pode haver uma subestimação disso aí por possivelmente não incluir melhorias na economia de subsistência e artesanal, mas não tenho certeza).


360 - Krugman coloca que a Argentina começou a descolar do Canadá em 1930 e culpa políticas macro erradas (inflação persistente) e instabilidade política enquanto o Canadá fazia progresso regular. (A meu ver ele está culpando sintomas). 


361 - Lembra que superávit ou déficit não são necessariamente bons nem ruins. Os bálticos tiveram excelente desempenho nos anos 2000-07 com pesados e crescentes déficits externos, via integração com o Ocidente. Já o asiáticos, via de regra, cresceram também muito via superávits externos. 


362 - O capítulo 22 é sobre PIB e IPC. Monitoramento da economia em geral.



363 - Uma maneira fácil de medir o PIB é talvez reunir todas as empresas de uma economia e somar quanto venderam de bens finais (pra evitar contagem dupla ou tripla). O gasto agregado é a segunda maneira. Dará igual. Consumo das famílias, compras governamentais e gasto de investimentos. Além da exportação líquida, claro, que há sempre. A terceira maneira é somar salários, lucros, juros e aluguéis das famílias. Dará igual também. Os estatísticos usam os três métodos. 



364 - Ao medir o PIB em gastos agregados em bens e serviços finais produzidos no país, também se deve tomar o cuidado de evitar dupla contagem.


365 - O PIB conta até "aluguel a si mesmo" do dono da casa própria, o que evita distorções na questão de grande parcela ou não de aluguel ou dono de casa própria, no tempo e espaço. 


366 - Resultado: mudanças no estoque acrescentam ou diminuem o PIB, mas nos insumos não. Eles desaparecem na produção, não são bens finais. Bens usados também não entram no PIB, para que se evite dupla contagem pelo mero aumento de negociação. Bens de capital, ao contrário dos intermediários, estão incluídos.


367 - Países pequenos com muitos fluxos financeiros podem ter diferenças significativas entre PNB e PIB. O dos EUA é 1,3% maior (PNB), mas o da Irlanda é 82% menor (2010), em razão de salários de trabalhadores temporários emigrados de regiões mais pobres da Europa e remessa de lucros de  empresas "irlandesas" para países como os EUA (investidores dos EUA compram muitas ações de lá).


368 - Uma das dificuldades de responder na mesma magnitude/intensidade à crise de 29 era que as contas nacionais eram precárias, havendo quase uma adivinhação da coisa. Usavam apenas alguns índices para tentar estimar a produção econômica, como por exemplo, tonelagem de transporte ferroviário e preço das ações (que nem devem entrar num PIB). Hoje em dia, consultorias privadas ainda usam alguns "indicadores indiretos" de atividade econômica para fornecer (vender) espécies de estimativas em períodos menores (mensalmente) que os divulgados oficialmente (trimestralmente) para empresas que querem e precisam estar ainda mais sensíveis a tal variação.


369 - Cesta de consumo típica dos EUA:



370 - O índice de preços ao atacado (ao produtor) tem composição totalmente diferente - energia, principalmente, e alimentos pesam mais aqui - e, por vezes, é uma prévia do que ocorrerá depois no varejo (salvo compressão duradoura da taxa de lucro, creio. Vimos isso no "coronavírus").


371 - O capítulo 23 é sobre "Desemprego e inflação". Introduz mencionando que o BC inglês em 2011 tinha um dilema. Desemprego alto e inflação de doze meses querendo passar e já passando de 4%, o que não era bem a meta. Alguns mandavam focar no primeiro problema, pois a inflação era temporária e se devia a outros fatores que não demanda. Desemprego estava em 7,7% (e era 5,7% em 2008).


372 - A força de trabalho de um país se mede pelos empregados e desempregados, sendo que esses últimos são pessoas que continuam procurando emprego. 


373 - Trabalhadores "desencorajados" e os "marginalmente ligados à força de trabalho" são os que, ao menos no momento, deixaram de procurar emprego. (Nos EUA são os que não procuram há quatro semanas). Talvez voltem. Enfim, um desses grupos deve ser um sinônimo que Krugman usou para o que conhecemos mais como "desalentados". Isso pode levar a uma subestimação do nível de desemprego, afirma.  


374 - Lembra que os subempregados não se incluem entre os desempregados. Se fossem juntados estes, os desalentados e os desempregados no auge da crise de 2008, daria uns 17% de "desemprego".


375 - Jovens e negros são os principais atingidos. Mesmo recém-formados em boas universidades podem encontrar dificuldades para empregos em tempo integral num período de recessão:



376 - Krugman lembra que a recuperação pós-recessões de 1990-91 e 2001 não foram imediatamente seguidas de quedas nas taxas de desemprego. Na verdade, até subiram um pouco no ano seguinte antes de começarem a cair. (Creio que isso possa ter a ver com desalentados desistindo na crise e voltando a procurar na retomada tímida, o que eleva o desemprego, e só encontrando mesmo quando o "boom" já está mais indubitável). É a "recuperação sem emprego", geralmente fraca, com o PIB crescendo abaixo da média histórica. Depois é que acelera mais. 


377 - Desemprego nos EUA nunca baixa de 4%. Há no mínimo esse nível de friccional. Empresas e setores "caem" e "sobem", digamos assim. Gostos e gastos do consumidor mudam. Trabalhadores se movem de um emprego a outro mesmo em economias aquecidas. No caminho, podem perder algum tempo com isso. Nem sempre se aceita a primeira oferta pós-perder ou sair de um emprego. Muitas vezes a pessoa sabe que vale mais e um mercado aquecido pode até ajudar. Daí a persistência dos tais quatro por cento. 


378 - Em 2007, nos EUA, houve, por exemplo, 62 milhões de "separações de empregos" e 63 milhões de contratações. Haja fricção. Faz parte. Somente um em cada seis desempregados em 2007 era alguém há mais de seis meses procurando emprego. Desemprego total era de 4,6%, mas o "estrutural" talvez fosse de apenas 0,8%. Claro que podia ter certo nível também de subutilização ou quem sabe até desalento. Por tudo exposto, o desemprego friccional "não sinaliza um excedente de trabalho".


379 - Krugman coloca que o "estrutural" tem a ver com as questões já estudadas anteriormente: sindicatos, salários de eficiência, salário mínimo ou defasagem entre empregados e empregadores, a qual pode ser de qualificação (leva tempo para "novos treinamentos exigidos por novas 'produções') ou mesmo de geografia (migração resolve, mas pode ser um processo não muito rápido). Outra questão são os efeitos colaterais de políticas públicas. O nível de incentivo ao desemprego que poderia gerar algum seguro-desemprego muito generoso. Economistas consideram que isso e o salário mínimo alto (talvez sindicatos também) são algumas das razões pela taxa europeia ser comumente mais alta. (O principal não seria o fato de o universitário lá não ter que pagar por estudos? Não sei bem quão significativo é tal dado).


380 - (Em tempo, vejo como problemática essa relação automática que os economistas fazem entre luta sindical e desemprego estrutural. Muitas vezes essas lutas levam sim a novos métodos de extração de mais-valor, isso sim. Pressiona os patrões a aumentarem a produtividade, que é a forma mais moderna de avanço do capital. De toda forma, associa-se, entre os economistas, a queda da taxa natural do desemprego à perda da força dos sindicatos a partir dos anos 80. Flexibilização do trabalho também teve seu papel, como a proliferação das agências de empregos temporários ou maior facilidade para demitir).


381 - A taxa "natural" de desemprego seria a soma do estrutural com o friccional. Os desvios em relação a ela seria o desemprego cíclico, "natural" dos ciclos da atividade econômica, mas não "natural" no sentido do conceito, que se quer mais natural ainda rs.


382 - Lembra que a taxa natural é bem mais alta para os jovens, os quais possuem muito maior desemprego friccional, o qual compõe a coisa afinal. 


383 - A taxa natural subiu entre 1950 e 1980 (EUA) porque o bônus demográfico e a "revolução cultural" fizeram com que muitos jovens e mulheres, ambos inexperientes, entrassem no mercado de trabalho. A proporção deles  na força de trabalho total foi crescente até fim da década de 70. Com a estabilização da proporção das mulheres e a queda, a partir dos anos 80, dos jovens como proporção (demografia muda para "envelhecimento gradual" da força de trabalho, digamos), a "experiência acumulada" faz com que a taxa natural tenda a baixar. À pag. 557 da terceira edição há ótimo gráfico ilustrando tudo isso.


384 - Subsídios ao emprego e, talvez, programas de treinamento também poderiam funcionar no sentido de diminuir o desemprego estrutural e o natural, supõe. 


385 - Segundo Krugman, a Alemanha Oriental sofre com um longo desemprego estrutural desde a reunificação (cita dados de 2008) em razão de os sindicatos terem permanecido fortes e sem aceitar a desigualdade salarial em relação aos alemães "ocidentais". Assim, sendo menos produtivos, recebem mais ou menos a mesma coisa. Daí o desemprego. Só recentemente isso estaria "caindo". Em outros países ex-"socialistas", esse processo já teria acontecido bem antes e rápido, dá a entender. 


386 - A parte de Krugman sobre custo de "sola de sapato" é até mais curiosa que a de Mankiw. Bancos brasileiros chegaram a 15% do PIB na era da inflação. Mais que o dobro dos EUA. Na Alemanha do início dos anos 20, o número de empregados bancários foi de 100 mil para 375 mil. Conta-se que comerciantes tinham até maratonista empenhados em levar cada centavo que chegava no caixa o mais rápido possível para ser aplicado em algum banco que protegesse da inflação. Gastava-se enormes tempos nos bancos e tentando se livrar da inflação. Todo um esforço improdutivo roubava tempo de todos os agentes da economia. 


387 - Custos de menu: na hiperinflação do Brasil, metade do tempo dos empregados era "reetiquetando" preços.


388 - Custos de "unidade de conta": empresas podem passar a pagar impostos sobre "lucros fantasmas". Enormes valorizações nominais que a alíquota abocanha, quando o "lucro real" é, na verdade, bem pequeno. O sistema tributário pode se tornar bem disfuncional portanto. 


389 - A inflação (e deflação) também gera perdas injustas entre tomadores de empréstimos e emprestadores. Redistribuição de renda meio aleatória, salvo indexação. Empréstimos de longo prazo vão ficando cada vez mais difíceis. Fica difícil tomar decisões de investimentos. 


390 - O capítulo 24 é sobre crescimento econômico no longo prazo. Foi a partir de 78 que a economia chinesa começou a se descolar da "gêmea" Índia. (Ou seja, parece que o mérito chinês não é tão simples quanto dizem).



391 - Índia. Crescimento começou a acelerar a partir de 1980. Liberais dizem que foram as reformas liberalizantes de 1991, mas é fato que a arrancada começou antes, afirma Krugman. Na página 575, afirma-se que os investimentos em capital físico na China, muito mais altos que na Índia, fizeram metade da diferença nesse deslocamento. A outra metade foi realmente progresso tecnológico superior chinês. 


392 - Coloca que a arrancada dos EUA, em PIB per capita, no pós-guerra se deveu especialmente ao aumento da força de trabalho, incorporando as mulheres e civis adultos aumentaram de 50 para 58% da população (ainda sem muitos gastos com idosos). O emprego cresceu mais rápido que a população.


393 - Lembra, porém, que se tomado o Século XX inteiro, cerca de 90% do arranque dos EUA realmente vem da produtividade.


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