Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XIV

      

Livro: Paul Krugman - Introdução à Economia (2015) - Parte XIV


Pgs. 435-452:


286 - Programas de bem-estar nos EUA (Welfare State) são com (assistência aos necessitados/pobres, seja em espécie, como o Medicaid e o cupom-alimentação, ou não) ou sem critério de renda (Previdência social, seguro-desemprego e Medicare). Estes últimos representam um gasto três vezes maior. Somei quase $ 1,4 trilhão em 2010 nos últimos. O "Crédito tributário sobre a Renda do Trabalho" é um "imposto de renda negativo" pra quem está na pobreza e tem um trabalho e custou $ 55 bilhões em 2010. 


287 - Dados de Krugman para a previdência: 60% dos americanos com 65 anos ou mais têm mais da metade da sua renda advinda da Previdência. 20% têm apenas ela, sem qualquer outro ativo rendendo algo.


288 - O seguro-desemprego dura 26 semanas (prorrogáveis em caso de recessões severas, tendo chegado até a 99 durante a de 08-09) e garante aproximadamente 35% do salário anterior lá. 


289 - Todo esse sistema de seguridade, impostos e transferências nos EUA é bem progressivo, ajudando bastante os idosos e camadas mais baixas:



290 - Krugman destaca o "Bolsa-família" como exemplo internacional e de ótimos resultados. Finalmente um elogio ao Brasil nos livros de economia. 


291 - O imposto de renda negativo é para incentivar o trabalho em relação aos outros benefícios. Se estiver sem emprego, não recebe tal "crédito tributário" (EITC).


292 - Seguro privado é responsável por 34% dos gastos totais em saúde dos EUA, percentual bem mais elevado que outros países avançados (20 a 30%). Gastos pessoas com saúde já chegam a 17,6% do PIB. 


293 - Cooperativas de compra em seguros de saúde podem ter ter efeito diverso do que se pretende. Querem obter descontos oferecendo grande quantidade de segurados. Porém, o segurado individual esperto que está fora dos grupos de risco tende a "se sair" pra procurar descontos individuais por isso. Assim, a seleção adversa (e sua espiral da morte) tende a agir sobre os demais. Ficam grandes "packs" de segurados mais velhos e/ou problemáticos a serem oferecidos a seguradoras que não são bestas. Assim, ninguém dá desconto ou, pior ainda, sequer pode querer fornecer o serviço ao preço médio... 


294 - Vender seguro-saúde de base no emprego pode garantir porém uma fuga da "seleção adversa". Se é a todos os funcionários de uma empresa, significa que será um grupo "médio", bem representativo da média talvez. Diminui o risco de rolar seleção e problemas de assimetria da informação. Empregadores obrigam todos a participar do plano de saúde (pra garantir o desconto) e fica tudo bem. Ademais, há certo subsídio estatal, nos EUA, para essa prática, em razão de isenções tributárias. Já idosos e trabalhadores em tempo parcial muitas vezes ficam de fora. 


295 - O seguro-saúde do governo abrange cerca de 95 milhões de pessoas (dados de 2010), a maioria pela via do Medicaid e Medicare. E uma menor parte no plano de saúde militar. O seguro-saúde de base no emprego cobre 170 milhões de pessoas e os comprados diretamente cobrem 30 milhões. Pode-se ver que alguns estadunidenses possuem de dois tipos. E sem cobertura alguma? 50 milhões.


296 - ...7% dos recebedores do Medicare são responsáveis por 50% dos custos (normal, acho. Muitos idosos hoje são tratados com drogas caras segundo Krugman). Os custos excedem as contribuições. Medicare não tem renda mínima pra entrar. 


297 - ...Medicaid também gasta mais com os mais velhos, porém, diferentemente do anterior, há uma renda mínima para entrar no programa. 


298 - Saúde debilitada prévia, histórico médico ruim e/ou baixa renda costumam afastar ofertas de seguradoras. Até parte da classe média é afetada por isso. Na verdade, a maioria dos "não-segurados" está acima da linha de pobreza. 35% possuem renda superior a duas vezes o limite da mesma. 


299 - O estadunidense médio além de gastar mais com saúde do que seus pares desenvolvidos também é único que não goza de algum tipo de seguro público universal. No Reino Unido, é tudo estatizado. No Canadá, é como um Medicare que não é só para idoso. Paga as contas médicas. A França é um misto de ambos os sistemas. Interessante que o gasto médico total per capita nos outros países é muitíssimo menor (menos da metade na Grã-Bretanha). A qualidade não parece ser inferior e a maioria dos indicadores são parecidos ou até superiores.


300 - Argumentam alguns que o sistema "atual" (2009) dos EUA é ineficiente. Enquanto demais países gastam só três por cento com despesas operacionais, as companhias de seguro-privado gastam 14% evitando seleção adversa e com marketing. São os custos da alta fragmentação. Enfim, altos custos operacionais do sistema. Ademais, os custos crescentes fazem com que cada vez menos pessoas possam pagar. Mesmo com cenário de crescimento populacional, a cobertura caiu 10 milhões nos anos 00.


301 - (Não sei bem como tudo ficou após as ampliações dos anos Obama, mas é um bom diagnóstico da situação até 2010).


302 - "Zerar" o número de não-segurados implica proibir que alguém possa escolher "não contribuir". Do contrário, a espiral da morte da seleção adversa começa a agir. Uma fiscalização rigorosa também se torna necessária para evitar custear recursos desnecessários. Não reembolsar tudo, tabelar preços de certos procedimentos, etc. 


303 - Traz um estudo/experimento mostrando que o Medicaid no mínimo faz uma boa diferença na vida das pessoas. O custo-benefício é outra discussão. 


304 - Maior gasto social certamente envolverá, porém, maior alíquota marginal de impostos (38% na Grâ-Bretanha e 52% na França e 34,4% nos EUA), o que pode causar algum tipo de desincentivo à acumulação e crescimento de renda. (Acho que a pessoa precisa ter na cabeça que, no geral, realmente está valendo a pena financiar um sistema público de saúde mais eficiente que o privado. Perde no imposto pra economizar no gasto com seguro de saúde privado). 


305 - O desenho dos programas de assistência social também não podem gerar desincentivos. Um trabalho não pode gerar diminuição real da renda. Isso é bem difícil de desenhar, pois envolve vários programas. (Deve ser por isso que falam tanto em unificação. Critérios mais unificados no mínimo). 


306 - Krugman coloca que a posição política sobre tamanho do Estado e Bem-Estar parece ter diminuído as sobreposições de democratas e republicanos. Hoje, o democrata mais direitista certamente estará à esquerda do republicano mais esquerdista. Antes não assim, diz ele. 


307 - Krugman faz uma comparação muito interessante entre trabalhadores franceses e estadunidenses. A produtividade por hora era, em 2010 ao menos, quase a mesma. A diferença de PIB per capita de 80% poderia sugerir que os franceses trabalham menos horas (um fato) justamente porque o imposto marginal é alto desestimulando o trabalho adicional (e economistas defendem isso). Pois bem, verificou-se que há desemprego maior na França e que a população na "idade ótima para trabalho" (25 a 54 anos) tinha taxas normais de emprego. 80% em ambos os países estão empregados. Ou seja, os "altos impostos" não parecem fazer qualquer diferença nas comparações entre essas faixa etárias (o que reforça o que anotei sobre o ponto 304). ...


308 - ... A diferença no número de horas trabalhadas parece vir dos jovens universitários franceses que, como não pagam pelos seus estudos, não optam por trabalhar nessa idade, o que pode ser até uma virtude, já que isso pode "se pagar" depois. Ademais, a legislação francesa, na prática, garante férias maiores que a média de duas semanas que os trabalhadores dos EUA possui. Outra diferença que explica o número de horas. Entre 55 e 64 anos, 40% dos franceses estão empregados. Nos EUA, 60%. A previdência francesa é mais generosa com essa faixa. Isso retira eficiência de fato, mas traz qualidade na velhice.


309 - Mesmo alguns empresários defendem Welfare State. Há razões. Se uma pessoa vai se aventurar a sair do emprego para empreender, ela não precisa temer pela sua saúde. Não vira um "não-segurado". Sair do emprego é menos arriscado. 


310 - ...Não sem motivo, todos os países escandinavos estão no TOP dez de países com maior empreendedorismo. 


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