Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXIV

      

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXIV


Pgs. 646-670:


552 - O próximo capítulo, o trinta, vai discutir crescimento da moeda e inflação. O nível médio dos preços da economia norte-americana foi 23% menor em 1896 que em 1880, e essa deflação foi um assunto de grande importância na eleição presidencial de 1896. Os fazendeiros, que haviam acumulado grandes dívidas, sofreram quando a queda dos preços de suas colheitas reduziu suas rendas e, com isso, sua capacidade de pagar dívidas. Eles defendiam políticas governamentais que tivessem por objetivo reverter a deflação.


553 - Obs.: Tendo em vista nossos objetivos neste capítulo, vamos ignorar as complicações introduzidas pelo sistema bancário e simplesmente tomar a quantidade de moeda ofertada como uma variável de política controlada pelo Fed. ...


554 - O que determina a demanda por liquidez? Vários fatores, não apenas a confiança na moeda e nos preços. ... A quantidade de moeda demandada depende da taxa de juros que as pessoas podem obter usando a moeda para comprar títulos em vez de deixá-la na carteira ou em uma conta corrente que pague juros baixos. Taxa de juros reais altas vão diminuir a demanda por liquidez.


555 - Friedman: inflação é sempre um fenômeno monetário. Explica a TQM simplificada e a teoria clássica. Sem grandes novidades. A moeda não afetaria as variáveis reais. Essa irrelevância das alterações monetárias para as variáveis reais é chamada neutralidade monetária.


556 - Posição de Mankiw: A análise clássica, contudo, está certa com relação à economia no longo prazo. No decorrer de uma década, por exemplo, as alterações monetárias têm efeitos importantes sobre as variáveis nominais (tais como o nível de preços), mas efeitos apenas insignificantes sobre as variáveis reais (como o PIB real).


557 - TQM e velocidade da moeda:



558 - M x V = P x Y, portanto. Cada nota de dólar deve mudar de mãos em média 20 vezes por anoEssa equação é chamada equação quantitativa porque relaciona a quantidade de moeda (M) com o valor nominal da produção (P x Y)


559 - Mankiw traz um gráfico que mostra "v" quase que estável historicamente. Os outros fatores é que mudam. Traz também gráficos de hiperinflações famosas na década de 20 passada. Em todos, o aumento da quantidade de moeda é paralelo e proporcional ao aumento do nível de preços.


560 - Ajuste da taxa de juros nominal à taxa de inflação é chamado efeito Fisher, em homenagem ao economista Irving Fisher (1867-1947), que foi o primeiro a estudar o tema. ... Para ser mais exato, o efeito Fischer estabelece que a taxa de juros nominal se ajusta à inflação esperada.


561 - Um determinado estudo constatou que inflação é o termo econômico mencionado mais frequentemente nos jornais dos Estados Unidos (muito à frente do segundo colocado, desemprego, e do terceiro, produtividade).


562 - Quais os custos da inflação alta e/ou crescente? 

A) custo de sola de sapato: os recursos desperdiçados quando a inflação incentiva as pessoas a reduzir a quantidade de moeda mantida em mãos. As pessoas deslocam muito tempo de sua vida a pensar método de gastar o dinheiro o mais rápido possível tão logo o receba. Bolívia de 1985: Então, enquanto sua esposa corre ao mercado para comprar o suprimento mensal de arroz e macarrão, ele sai com o restante dos pesos para trocá-los por dólares no mercado negro. Desperdícios de recursos humanos e tempo. 

B) os custos de menu aumentam muito: As empresas modificam seus preços com pouca frequência porque a alteração de preços tem custos. Os custos dos ajustes de preços são chamados custos de menu, uma expressão derivada dos custos que um restaurante tem ao imprimir um novo cardápio. Os custos de menu incluem o custo de decidir sobre os novos preços, o custo de imprimir novas listas de preços e catálogos, o custo de enviar essas novas listas de preços e catálogos aos fornecedores e clientes, o custo de anunciar os novos preços e até o custo de lidar com o aborrecimento dos clientes com a mudança de preços

C) Variabilidade dos preços relativos e alocação distorcida de recursos. Fica um caos. Ninguém sabe exatamente o melhor valor das coisas, o que consumir nem o que produzir. 

D) Impostos: alguns têm sua base enormemente alargada, com taxação de lucros nominais muito maiores que os reais. Distorce os incentivos iniciais, tornando tudo mais complicado de decidir (exemplo é a venda de ações. Desincentivo à poupança. ... a inflação exagera o montante dos ganhos de capital e aumenta, inadvertidamente, a carga tributária sobre esse tipo de renda. Mankiw sugere leis tributárias amplemente "indexadas")

E) Confusão na precificaçãoComo a inflação faz com que os dólares tenham valores reais diferentes em períodos diferentes, calcular o lucro de uma empresa - a diferença entre suas receitas e seus custos - é mais complicado em uma economia com inflação. Portanto, até certo ponto, a inflação faz com que os investidores fiquem menos capazes de distinguir as empresas bem-sucedidas de outras malsucedidas, o que, por sua vez, impede os mercados financeiros de desempenhar seu papel de alocar a poupança da economia entre tipos alternativos de investimento.

F) Redistribuição arbitrária de riqueza: Devedores e credores podem ser muito beneficiados ou muito prejudicados ou quererem revisões judiciais com algum grau de arbitrariedade e alto custo social. Ricos e classe média podem se indexar melhor. Etc.


563 - Diz que Friedman chegou a propor ("regra de Friedman") uma deflação moderada como meio de livrar a economia dos "custos de sola de sapato". As pessoas não precisarem mais passar tanto tempo pensando em como evitar o dinheiro perder valor ou se livrar dele logo (nem acho que isso seja um problema real hoje em dia). Mankiw comenta: Ainda assim, há também custos de deflação. Alguns deles espelham os custos da inflação. Por exemplo, assim como o nível de preços elevado induz os custos de menu e a variabilidade do preço relativo, o nível de preços em queda também o faz. Além do mais, na prática, a deflação raramente é tão estável e previsível como Friedman recomendava. Ela, com mais frequência, surge como uma surpresa, resultando na redistribuição da riqueza voltada para os credores e longe dos devedores. Como os devedores são muitas vezes mais pobres, essas redistribuições na riqueza são especialmente perversas.


564 - Mankiw volta ao exemplo do fim do século XIX. Bancos se enriqueceram às custas dos agricultores com a forte deflação das duas últimas décadas. Como esse foi um fato inesperado, levou a uma grande redistribuição de riqueza. A maioria dos agricultores do Oeste do país estava endividada. Seus credores eram os banqueiros do Leste. A solução veio por acaso: O aumento da oferta de ouro veio também das minas da Africa do Sul. Como resultado, a oferta de moeda e o nível de preços começaram a aumentar nos Estados Unidos e em outros países que operavam sob o padrão ouro. Em 15 anos, os preços nos Estados Unidos voltaram aos níveis da década de 1880, e os agricultores se encontraram em melhor posição para lidar com suas dívidas. 


565 - Traz artigo dele de janeiro de 2010 negando que o QE iria resultar em inflação. Adfirmou, inclusive, que as taxas de juros de longo prazo baixas mostravam que o mercado não estava preocupado com a inflação. (...) Ben S. Bernanke, presidente do Fed, imprimiu dinheiro não para financiar o presidente Obama, mas para resgatar o sistema financeiro e sustentar uma economia fraca. Afirma, como já sabemos, que virou mero "excesso de reservas". Afirma que o mercado sabia que daria certo porque o FED tinha "bala" para agir caso os bancos começassem a emprestar forte visando lucrar com algum "boom": Pode-se vender uma grande carteira de títulos lastreados por hipotecas e outros ativos que se acumularam ao longo dos últimos anos. Quando os compradores privados desses ativos os pagarem, eles drenarão as reservas do sistema bancário. Além de poder pagar juros sobre as reservas. (...) O truque é obter inflação suficiente para ajudar a economia a se recuperar sem perder o controle do processo. A afinação, contudo, é difícil de fazer. (...) Os investidores que estão abocanhando títulos de mais de 30 anos do Tesouro e que estão pagando menos de 5%, estão apostando que o Fed manterá os riscos de inflação em xeque. Eles provavelmente estão certos.


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