Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXV
Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXV
Pgs. 671-698:
566 - A parte XI do livro é sobre a macroeconomia das economias abertas. E o capítulo 31 se chama "conceitos básicos". Muita coisa não preciso anotar.
567 - Quando a Volvo, a fabricante sueca de automóveis, produz um carro e o vende a um residente dos Estados Unidos, a venda é uma importação dos Estados Unidos e uma exportação da Suécia.
568 - Internacionalização dos EUA ("Esse aumento do comércio internacional durante as últimas décadas deve-se, em parte, às melhorias no transporte". Frete muito mais barato hoje):
569 - Varian analisando o Ipod em 2010 (isto aqui é interessante):
"O valor de varejo de um iPod com vídeo de 30 gigabites examinado pelos autores era $ 299. O componente mais caro era o disco rígido, manufaturado pela Toshiba, que custava cerca de $ 73. Os outros componentes mais caros eram o monitor (quase $ 20), o processador de vídeo/multimídia ($ 8) e o dispositivo de controle ($ 5). A montagem final, realizada na China, custava apenas $ 4 por unidade.". (...) A Toshiba pode ser uma empresa japonesa, mas a maior parte dos discos rígidos é feita nas Filipinas e na China. Então, talvez parte do custo do disco rígido deveria ser alocada para esses países. (...) A margem de lucro das partes genéricas, como porcas e parafusos, é muito baixa, pois esses itens são produzidos por indústrias altamente competitivas e podem ser feitos em qualquer lugar. Desse modo, eles agregam pouco ao valor final do iPod. Peças que exigem mais especialização, como o disco rígido e os chips de controle, têm valor agregado muito maior. (...) Segundo as estimativas dos autores, os $ 73 do disco rígido da Toshiba que faz parte do iPod contêm quase $54 em peças e mão de obra. Assim, o valor agregado pela Toshiba ao disco rígido foi $19, mais os próprios custos diretos de mão de obra. Esses $19 são atribuídos ao Japão, já que a Toshiba é uma empresa japonesa. (...) Eles estimaram que $163 do valor de venda de $299, nos Estados Unidos, eram captados por empresas e trabalhadores norte-americanos, dividindo esse valor em $75 para custos de distribuição e mercado, $80 para a Apple e $8 para os vários fabricantes de componentes norte-americanos. O Japão contribuiu com quase $26 para o valor agregado (a maior parte através do drive de disco da Toshiba), enquanto a Coreia contribuiu com menos de $1. Os custos de mão de obra e peças não relacionadas envolvidos na fabricação do iPod chegaram a quase $ 110. (...) O valor real do iPod não está nas peças, nem mesmo na montagem. A maior parte desse valor está na concepção e no projeto. Por esse motivo, a Apple recebe $80 por cada equipamento vendido, o que é, de longe, a maior parte do valor agregado em toda a cadeia de suprimento. O pessoal extremamente habilidoso da Apple desenvolveu uma forma de combinar 451 peças em um bem de valor. Eles não produzem, mas criaram. No fim das contas, e isso o que interessa,
(...E é trabalho. Se eles continuassem decompondo tudo iriam perceber que tudo, no fundo, é trabalho humano rs).
570 - Não foi só a questão do frete que mudou tudo: Por sua vez, bens produzidos com tecnologia moderna são, frequentemente, leves e fáceis de transportar. Os produtos eletrônicos, por exemplo, têm pouco peso em relação a cada dólar de seu valor, o que toma fácil produzi-los em um país para serem vendidos em outro. (...) Uma vez que um estúdio de Hollywood tenha produzido um filme, ele pode enviar cópias para todo o mundo a custo quase zero. E, de fato, os filmes são um dos principais produtos de exportação dos Estados Unidos.
571 - Um residente dos Estados Unidos que tivesse $20 mil poderia usar esse dinheiro para comprar um carro da Toyota, mas poderia, alternativamente, usar o dinheiro para comprar ações da empresa Toyota. A primeira transação representaria um fluxo de bens, enquanto a segunda representaria um fluxo de capital.
572 - Investimento externo líquido = Compra de ativos externos por residentes internos - Compra de ativos internos por residentes no exterior.
573 - Se o McDonald's abrir uma lanchonete na Rússia, trata-se de um exemplo de investimento externo direto. Alternativamente, se um norte-americano comprar ações de uma empresa russa, esse é um exemplo de investimento externo em carteira. (Portfólio)
574 - Relação entre exportações líquidas (balança comercial mesmo) e investimento externo líquido: Quando uma nação apresenta superávit comercial (EL >O), significa que vende mais bens e serviços para residentes no exterior do que compra. O que faz com a moeda que recebe da venda líquida de bens e serviços para o estrangeiro? Talvez esteja comprando ativos externos. Então, o capital está saindo do país (IEL > O). Pode estar usando os dólares em excesso para "comprar/acumular" reservas internacionais para uma crise, por exemplo, e isso não deixa de ser comprar um ativo estrangeiro (possivelmente o título de dívida de longo prazo de lá, Bonds), saída de capital, portanto.
575 - Lembra que a poupança total de uma nação inclui o IEL (positivo ou negativo). No caso dos EUA, "toda a poupança da economia dos Estados Unidos aparece como investimento na economia dos Estados Unidos ou como investimento externo líquido dos Estados Unidos." ... se comprar uma ação japonesa por exemplo, com iene da exportação (o segundo caso). ... Quando os investimentos internos de um país excedem a poupança, o investimento externo líquido é negativo, o que indica que os residentes no exterior estão financiando parte desses investimentos por meio da compra de ativos internos.
576 - Juntando tudo: Como as exportações líquidas são as exportações menos as importações, as exportações líquidas (EL) são maiores que zero. Como resultado, a renda (Y = C + I + G + EL) deve ser maior que a despesa interna (C + I + G). Mas, se a renda (Y) é maior que a despesa (C + I + G), então a poupança (S = Y - C - G) deve ser maior que o investimento (I). Como o país está poupando mais do que está investindo, deve estar enviando para o exterior uma parte de sua poupança. Ou seja, o investimento externo líquido deve ser maior que zero. EUA: Como o país investe mais do que poupa, deve estar financiando parte do investimento interno por meio da venda de ativos no estrangeiro, ou seja, o investimento externo líquido deve ser negativo.
577 - ...O IEL que era levemente positivo na década de 60 foi caindo e se tornando bem negativo.
578 - Década de 90 nos EUA: tanto a poupança nacional como o fluxo estrangeiro de capital para os EUA aumentaram (apesar do IEL ainda negativo): De 1991 a 2000, o fluxo de capital para os Estados Unidos passou de 0,5% para 3,9% do PIB. (...) Mas o investimento aumentou de 13,4% para 17,7% do PIB quando a economia experimentou um boom da tecnologia da informação e muitas empresas estavam ansiosas por fazer esses investimentos de alta tecnologia. De 2000 a 2006, a entrada de capital nos Estados Unidos aumentou ainda mais, alcançando o recorde de 5,78% do PIB. O boom de investimento acabou depois de 2000, contudo, mais uma vez, o governo federal começou a sofrer déficits orçamentários, e a poupança nacional chegou a níveis extremamente baixos, dentro dos padrões históricos.
579 - Déficit comercial não correlacionado a queda da poupança nacional é algo que pode ter um significado ruim. Déficit da primeira metade dos 00: Se a poupança nacional caísse sem causar déficit comercial, o investimento nos Estados Unidos teria de diminuir. (...) Em outras palavras, dado que a poupança dos Estados Unidos declinou, é melhor ter investimento estrangeiro na economia norte-americana que não ter nenhum investimento.
580 - ... Vamos agora considerar um déficit comercial causado por um boom de investimento, como o que vimos na década de 1990. Nesse caso, a economia está tomando dinheiro no exterior para financiar a compra de novos bens de capital. Se esse capital adicional proporcionar um bom retomo na forma de maior produção de bens e serviços, então a economia deverá ser capaz de arcar com as dívidas que acumular. No entanto, se os projetos de investimento não proporcionar os retornos previstos, o endividamento parecerá menos desejável pelo menos em retrospecto.
581 - Por isso tudo que Mankiw diz: O déficit comercial não é um problema em si, mas, por vezes, pode ser um sintoma de um problema.
582 - Geralmente só se fala da taxa de câmbio nominal, mas quando se quer comparar (cesta de) bens, as empresas usam a taxa de câmbio real: ("e" x P)/P*. P asterisco é o preço estrangeiro e "e" é o câmbio nominal. Aí entra o PPP: Por exemplo, se um quilo de café custa 500 ienes no Japão e $5 nos Estados Unidos, a taxa de câmbio nominal deve ser de 100 ienes por dólar (500 ienes/$5 = 100 ienes por dólar). Caso contrário, o poder de compra do dólar não será o mesmo nos dois países. ... 1 = "e"P/P* (aí temos PPP). Também pode ser, portanto, pelas leis matemáticas, "e" = P*/P.
583 - A taxa de câmbio real de um país é um determinante- -chave de suas exportações líquidas de bens e serviços.
584 - Obviamente, uma política monetária expansiva/inflacionária maior de um país em relação a outro irá mudar a taxa de câmbio. Basta ver, por exemplo, o que ocorreu na Alemanha de 1921:
585 - A teoria da paridade do poder de compra, todavia, não é totalmente precisa. Ou seja, as taxas de câmbio nem sempre se movem de maneira a garantir que um dólar tenha o mesmo valor real em todos os países o tempo todo. (...) A primeira razão é que muitos bens não podem ser facilmente comercializados (bens "non-tradables", como corte de cabelo e construção de uma casa). Dá poucas chances de arbitragem. Cabeleireiros de igual produtividade se mudar para New York, por exemplo.
586 - A segunda razão pela qual a paridade do poder de compra nem sempre se mantém é o fato de que mesmo os bens comercializáveis nem sempre são substitutos perfeitos quando são produzidos em países diferentes. Por exemplo, alguns consumidores preferem carros alemães, e outros, carros norte-americanos. Além disso, as preferências dos consumidores podem mudar com o passar do tempo. Se os carros alemães subitamente se tornarem mais populares, o aumento da demanda irá elevar seu preço em relação aos carros norte-americanos. Mas, apesar dessa diferença de preços nos dois mercados, pode não haver oportunidade para uma arbitragem lucrativa porque os consumidores não consideram os dois tipos de carro como equivalentes.
587 - Conclui: Por essas razões, as taxas de câmbio reais flutuam ao longo do tempo. Entretanto, a teoria da paridade do poder de compra oferece um primeiro passo útil para a compreensão das taxas de câmbio.
588 - Algumas reclamações "locais" (de lá) sobre o déficit dos EUA são citadas no capítulo seguinte - capítulo 32: Muitos líderes empresariais argumentam que os déficits comerciais refletem concorrência desleal: as empresas estrangeiras são autorizadas a vender seus produtos nos mercados dos Estados Unidos, dizem eles, enquanto os governos estrangeiros impedem que as empresas norte-americanas vendam seus produtos no exterior.
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