Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXII
Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXII
Pgs. 597-629 (fim de domingo):
497 - O capítulo 28 é sobre o desemprego. As pessoas "Fora da força de trabalho" não são desempregadas, apesar de serem adultos: essa categoria inclui aqueles que não se encaixam em nenhuma das categorias anteriores, tais como estudantes em tempo integral, aposentados e donas de casa.
498 - A taxa de participação na força de trabalho era, portanto, de uns 65%. Assim, em 2009, quase dois terços da população adulta norte-americana participavam do mercado de trabalho, dos quais 9,3% estavam sem trabalho.
499 - Mudanças políticas e natalidade menor ajudam a explicar a inserção da mulher no mercado de trabalho nas últimas décadas.
500 - Logo após a Segunda Guerra Mundial, homens e mulheres tinham papéis muito diferentes na sociedade. Apenas 33% das mulheres estavam empregadas ou em busca de emprego, em comparação com 87% dos homens. Passadas algumas décadas, a diferença entre as taxas de participação de homens e mullieres foi diminuindo gradualmente, à medida que um número crescente de mulheres ingressou na força de trabalho e alguns homens a deixaram.
501 - ... Explicações: O aumento na participação das mulheres na força de trabalho é fácil de entender, mas a queda na participação dos homens pode parecer estranha. Há vários motivos para esse declínio. Primeiro, os homens jovens hoje estudam durante mais tempo que seus pais e avós. Segundo, os homens mais velhos hoje se aposentam mais cedo e vivem mais tempo. Terceiro, com mais mulheres empregadas, mais pais permanecem em casa para criar os filhos
502 - O desemprego pode ser maior ou menor que o realmente existente. Há duas pressões contrárias que podem distorcer a autodeclaração: Elas podem estar se autodenominando desempregadas porque querem se qualificar a um programa governamental que dê assistência financeira aos desempregados ou porque estão realmente trabalhando e sendo pagas "por baixo do pano" para evitar a cobrança de impostos.
503 - Quem são os desalentados? Gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar. Por outro lado, alguns dos que informam estar fora da força de trabalho podem, de fato, querer um emprego. Essas pessoas podem ter tentado encontrar emprego e desistido, depois de uma busca infrutífera. Essas pessoas, chamadas trabalhadores desalentados, não aparecem nas estatísticas de desemprego, muito embora sejam trabalhadores sem emprego.
504 - Se os EUA fossem considerar só os desempregados há mais de 15 semanas, o desemprego seria só 6%. (abril de 2010).
505 - Se os EUA incluíssem na taxa de desemprego "Pessoas com trabalho de meio período por razões econômicas (...) aquelas que desejam um emprego e estão disponíveis para trabalhos em tempo integral, mas tiveram de aceitar um trabalho de meio período", a taxa seria de 17% no mesmo período.
506 - Quando se avalia a gravidade do problema do desemprego, uma questão a considerar é se o desemprego é tipicamente uma situação de curto prazo ou de longo prazo. Se o desemprego é de curto prazo, pode-se concluir que não é um problema muito importante. Os trabalhadores podem precisar de algumas semanas até encontrar a vaga que melhor se ajuste às suas preferências e habilidades.
507 - Segundo Mankiw, muita gente fica desempregada por uma ou poucas semanas. Muito mais que 9%, por exemplo. Entretanto, o desemprego de longo prazo, mesmo não sendo a regra entre as pessoas, é o mais persistente nas estatísticas. Parece contraditório, mas não é. São algumas pessoas que estão quase sempre desempregadas. A maioria das pessoas que fica desempregada logo encontrará um emprego. No entanto, a maior parte do problema do desemprego da economia é atribuível aos relativamente poucos trabalhadores que permanecem desempregados por longos períodos. (Por sinal, ele frisa que, para cada um dos tipos, precisa haver políticas diferentes).
508 - Diz que os 10% de desempregados em 2010 eram piores que os 10% do início de Reagan. Lá, apenas 25% estavam há mais de seis meses. Já em 2010, uns 50%. Isso é um problema: "Quanto mais tempo as pessoas ficam desempregadas, tanto mais é provável que eventualmente desistam de procurar um novo emprego", afirmou Wachter.
509 - Uma coisa é o "estrutural" e outra o "friccional": o desemprego que surge porque leva algum tempo para que os trabalhadores encontrem empregos que melhor se adaptem às suas preferências e habilidades.
510 - Ainda sobre medição: desemprego deve ser pesquisado nas famílias ou nas empresas? Os resultados podem ser diferentes. Nem sempre criação de mais emprego implica mais gente empregada: Por exemplo, uma pessoa que tem dois empregos de meio período, em empresas diferentes, seria contabilizada como uma única pessoa empregada na pesquisa com famílias, mas como duas vagas de emprego na pesquisa com as empresas. Outro exemplo: uma pessoa que tem negócio próprio seria considerada empregada na pesquisa com as famílias, contudo não seria contabilizada na pesquisa com as empresas, porque esta considera apenas os funcionários em folha de pagamento. Para desemprego, portanto, é melhor saber diretamente nas famílias, mesmo sendo uma amostragem menor. O relatório de gerações de vagas nem sempre implicam redução do desemprego.
511 - Volta a lembrar que certa procura de emprego é normal e inevitável. A economia está sempre mudando: (...) na verdade, as preferências e as habilidades dos trabalhadores variam, os atributos dos empregos variam e as informações sobre candidatos a empregos e empregos oferecidos se disseminam lentamente entre as muitas empresas e famílias na economia.
512 - ...As mudanças no consumo podem levar a hiatos temporários nos deslocamentos da força de trabalho. Faz parte da transição. Quando os consumidores decidem que preferem os computadores da Dell aos da Apple, a Dell aumenta o emprego e a Apple demite trabalhadores.
513 - Há dados que mostram que pelo menos 10% dos empregos industriais norte-americanos são eliminados todos os anos. Além disso, mais de 3% dos trabalhadores deixam voluntariamente seu emprego num mês típico, algumas vezes porque percebem que ele não se ajusta bem às suas preferências e habilidades. (...) A internet, por exemplo, pode ajudar a facilitar a procura de emprego e a reduzir o desemprego friccional. O governo poderia lubrificar as transições e deslocamentos com agências de empregos (SIMM... SINE...). Alguns criticam essa intermediação: Esses críticos dizem que o governo não é melhor - e, mais provavelmente, seja pior - na disseminação das informações corretas aos trabalhadores certos e na decisão de quais tipos de treinamento para os trabalhadores são os mais valiosos. Afirmam que essas decisões devem ser tomadas particularmente por trabalhadores e empregadores.
514 - Texto de julho de 2010: Na longa recessão e na recuperação medíocre, o governo expandiu os pagamentos do seguro-desemprego mais que em qualquer época desde que esse benefício foi concedido em 1930. Discute-se nele se seria um desincentivo ao trabalho, havendo quem reclame de que se rejeitou emprego de 80 mil dólares/ano.
515 - EUA e crise de 2008. 60 a 70% dos desempregados estavam recebendo. Os benefícios são baseados nos salários anteriores do trabalhador (50% do último, parece); a média é de $310 por semana. Apenas os trabalhadores que perderam o emprego sem justa causa são elegíveis. Aqueles que pediram demissão ou que são novos na força de trabalho não se qualificam. Eles devem comprovar semanalmente ou a cada duas semanas, dependendo do estado, e mostrar que estão procurando emprego.
516 - Summers versus Summers: Em 1993, Lawrence Summers, agora guru econômico do presidente Obama, escreveu o seguinte: "os programas de assistência do governo contribuem para o desemprego de longa duração[ ... ] ao oferecerem os meios que incentivam o cidadão a não mais trabalhar". Quando, em abril, um editorial do Woll Street Journal apresentou a opinião de Summers, ele retrucou por meio de carta: "No momento da pior crise econômica em oito décadas [ ... ] não pode haver dúvidas de que a causa esmagadora do desemprego são as dificuldades econômicas, não a existência do seguro-desemprego".
517 - Mankiw afirma que de fato há resultados no sentido de que a procura pelo emprego é no mínimo menos eficiente durante o seguro-desemprego, aumentando, assim, o desemprego. Há algum nível de incentivo. Entretanto, há seus benefícios: O programa atinge seu objetivo primário de reduzir a incerteza quanto à renda com a qual os trabalhadores se deparam. Além disso, quando os trabalhadores rejeitam ofertas de emprego pouco atraentes, têm a oportunidade de procurar empregos que melhor se adaptem às suas preferências e habilidades. Alguns economistas argumentam que o seguro-desemprego melhora a capacidade que a economia tem de combinar cada trabalhador com o emprego que lhe é mais adequado.
518 - Salário mínimo x Jovens x Desemprego estrutural: A legislação do salário mínimo é, mais frequentemente, obrigatória no caso dos membros da força de trabalho menos habilidosos e menos experientes, como os adolescentes. Seus salários de equilíbrio tendem a ser baixos e, portanto, com maior probabilidade de caírem abaixo do mínimo legal. E somente entre esses trabalhadores que a legislação do salário mínimo explica a existência do desemprego. (Talvez a realidade brasileira seja bem diferente. De toda forma, nos EUA: ..."Entre os adolescentes empregados, 19% ganhavam o salário mínimo ou menos, quando comparados com 3% dos trabalhadores com 25 anos ou mais".
519 - A legislação do salário mínimo é apenas uma das razões pelas quais os salários podem ficar "excessivamente altos". Cita, ainda, nesse sentido, os sindicatos e os salários de eficiência.
520 - Embora hoje apenas 12% dos trabalhadores norte-americanos sejam sindicalizados, os sindicatos já tiveram, no passado, grande influência no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Nas décadas de 1940 e 1950, quando os sindicatos atingiram seu auge, cerca de um terço da força de trabalho norte-americana era sindicalizado. (...) Na Bélgica, Noruega e Suécia, por exemplo, mais da metade dos trabalhadores é sindicalizada. Na França e Alemanha, o salário da maior parte dos trabalhadores é determinado por acordos coletivos estabelecidos legalmente, mesmo que apenas alguns sejam sindicalizados. Nesses casos, os salários não são determinados pelo equihbrio entre oferta e demanda do mercado de trabalho competitivo.
521 - Os economistas que estudam os efeitos dos sindicatos costumam concluir que os trabalhadores sindicalizados ganham cerca de 10% a 20% mais do que trabalhadores semelhantes não sindicalizados.
522 - Nem todos os "outsiders" da negociação coletiva ficam sem emprego. Alguns deles continuam desempregados e esperam pela chance de se tornarem insiders para ganhar o salário mais alto dos sindicalizados. Outros aceitam empregos em empresas não sindicalizadas (...) Esse aumento na oferta de mão de obra, por sua vez, reduz os salários nos setores não sindicalizados. (A ideia é "sindicalizar" o mundo todo, mas deixa quieto... Discussão pra depois...).
523 - Sindicatos: Os defensores argumentam que os sindicatos são um antídoto necessário para o poder de mercado das empresas que contratam trabalhadores. O caso extremo desse poder de mercado é a "cidade-empresa", em que uma única empresa contrata a maioria das pessoas em uma região geográfica. Numa cidade-empresa, se os trabalhadores não aceitam os salários e as condições de trabalho oferecidas pela empresa, eles têm pouca escolha: ou mudam de cidade ou param de trabalhar.
524 - Outro argumento liberal em favor dos sindicatos: Mesmo que os sindicatos tenham os efeitos adversos de empurrar os salários para cima do nível de equilíbrio e de causar desemprego, eles têm a vantagem de ajudar as empresas a manter uma força de trabalho satisfeita e produtiva.
525 - As várias possibilidades de "salário eficiência": a) "Uma empresa pode considerar mais lucrativo pagar salários elevados e ter trabalhadores saudáveis e produtivos que pagar salários baixos e ter trabalhadores menos saudáveis e produtivos. (...) Esse tipo de teoria dos salários de eficiência pode ser relevante para explicar o desemprego em países menos desenvolvidos, onde a alimentação inadequada é um problema mais comum". b) Rotatividade: "Quanto mais uma empresa paga aos seus trabalhadores, menor a frequência com que desejarão sair do emprego. (...) A razão é que existe um alto custo para as empresas contratar e treinar novos trabalhadores". c) Qualidade (ao que entendi aqui, o que se quer é evitar seleção adversa): "...como não é possível avaliar precisamente a qualidade dos candidatos, o processo de contratação apresenta certo grau de incerteza". d) Esforço do trabalhador: remunerado acima do nível de oferta/demanda tenderá a se esforçar mais, por valorizar mais o que recebe. (...) se fossem demitidos, rapidamente conseguiriam encontrar outro emprego com o mesmo salário.
526 - Exemplo clássico de tudo isso? Ford em 1914: A política de altos salários da Ford teve muitos dos efeitos previstos pela teoria dos salários de eficiência. A rotatividade caiu, as faltas diminuíram e a produtividade aumentou. Os trabalhadores eram tão mais eficientes que os custos de produção da empresa diminuíram, apesar de os salários terem aumentado." As condições de produção da Ford também sugeririam um efeito multiplicador grande na eficiência da coisa: "Os trabalhadores organizados em linha de montagem são altamente interdependentes. Se um deles faltar ou trabalhar lentamente, os outros trabalhadores terão menos condições de completar suas próprias tarefas"
527 - Resumo: Enquanto a revolução da informação muda o processo de procura de emprego, enquanto o Congresso ajusta o salário mínimo, enquanto os trabalhadores formam ou abandonam sindicatos e enquanto as empresas alteram sua confiança nos salários de eficiência, a taxa natural de desemprego se expande.
528 - A parte X do livro é sobre "Moedas e preços no longo prazo". O capítulo 29 é "O sistema monetário". E o que é a moeda? meio de troca, uma unidade de conta e uma reserva de valor.
529 - Um exemplo de moeda-mercadoria é o ouro. O ouro tem valor intrínseco porque é usado na indústria e na fabricação de joias. Coloca que isso também já aconteceu com cigarros (prisioneiros da II guerra) e na URSS (antes do colapso total). Artigo de 2008: (...) segundo Bales, na maior parte do sistema de penitenciário federal, a cavala tornou-se a moeda corrente mais usada.
530 - A moeda sem valor intrínseco é chamada moeda de curso forçado (fiat money).
531 - Coloca que há uns 3600 dólares por habitante dos EUA em moeda corrente (2009), mas crê que boa parte pertence a estrangeiros que querem se proteger de desvalorizações locais. (...) A segunda explicação é que grande parte da moeda corrente está sendo mantida por traficantes de drogas, sonegadores de impostos e outros criminosos.
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