Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXIII
Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXII
Pgs. 630-646:
532 - FED. Hoje, o Fed é administrado por seu Conselho de Governadores (Board of Governors), que é composto por sete membros indicados pelo presidente e confirmados pelo Senado. Os governadores têm mandatos de 14 anos. Assim como os juízes federais têm mandato vitalício para que possam ficar isolados da política, os governadores do Fed têm mandatos longos cujo objetivo é assegurar a independência de pressões políticas de curto prazo ao formularem a política monetária.
533 - Reservas fracionárias aumentam a oferta de moeda. É como os bancos operam no capitalismo atual. Explica: Novamente, considere a oferta de moeda na economia. Antes que o Primeiro Banco Nacional concedesse empréstimos, a oferta de moeda era de$ 100 em depósitos no banco. Mas, quando o banco começa a conceder empréstimos, a oferta de moeda aumenta. Os depositantes ainda têm depósitos à vista num total de $ 100, mas agora os tomadores de empréstimos têm $ 90 em moeda corrente. A oferta de moeda (que é igual à moeda corrente mais os depósitos à vista) é igual a$ 190. Portanto, quando mantêm somente uma fração de depósitos como reserva, os bancos criam moeda.
534 - ...Aumentar moeda não é, entretanto, aumentar riqueza: Mas os tomadores de empréstimos também estão se endividando, de modo que os empréstimos não os tornam mais ricos. A economia apenas ficou mais líquida, mas não mais rica.
535 - Multiplicador de 10%. se o sistema bancário como um todo mantém um total de $100 de reservas, então ele só pode ter $1.000 em depósitos.
536 - Capital bancário: Os recursos que um banco obtém pela emissão de ações para seus proprietários. (...) Um banco usa esses recursos financeiros de diversas formas para gerar lucro os recursos que os proprietários do banco colocam na instituição para seus proprietários. Ele não apenas faz empréstimos e mantém reservas, mas também compra ativos financeiros, como ações e títulos.
537 - Muitas empresas na economia dependem da alavancagem, o uso de dinheiro emprestado para complementar os fundos existentes para fins de investimento. O grau de alavancagem é a razão de ativos para o tanto de capital bancário (patrimônio líquido): O grau de alavancagem de 20 significa que, para cada dólar do capital investido pelos proprietários na instituição, o banco tem $20 de ativos. Dos $20 de ativos, $19 são financiados com dinheiro emprestado - seja em depósitos realizados ou pela contração de dívidas. ... Com tal alavancagem, o banco pode embolsar um valor maior quando ativos se valorizam. Um título qualquer que comprou (dívida do governo, sei lá) subindo 10% pode elevar em 100% o capital bancário, já que o valor dos depósitos usados para isso não muda ou rende bem menos.
538 - Fragilidade: O mesmo princípio funciona também ao contrário, mas as consequências acarretam sérias dificuldades. Suponha que algumas pessoas que contraíram um empréstimo do banco fiquem inadimplentes e deixem de pagá-lo, reduzindo, assim, o valor dos ativos do banco em 5%, que passariam a$ 950. Como os depositantes e os detentores da dívida possuem o direito legal de serem pagos antes dos proprietários do banco, o valor do patrimônio líquido cairia para zero. Logo, quando o grau da alavancagem é 20, uma queda de 5% no valor dos ativos bancários provoca uma queda de 100% no capital do banco. Se o valor dos ativos bancários cair mais 5%, eles ficariam abaixo de seu passivo. Nesse caso, o banco estaria insolvente e ficaria incapaz de pagar os detentores das dívidas e de honrar os depósitos dos correntistas na íntegra.
539 - FED e a operação de "recapitalização" (tipo 2008/09). Cada dólar novo gera vários novos em crédito. Cada novo dólar mantido como moeda corrente aumenta a oferta de moeda em exatamente $1. Cada novo dólar depositado em um banco aumenta a oferta de moeda em uma magnitude maior porque aumenta as reservas e, portanto, a quantidade de moeda que o sistema bancário pode criar.
540 - O FED tem como expandir oferta monetária sem comprar título público (operações em mercado aberto)? Sim. Empréstimos diretos. Há várias formas de os bancos conseguirem empréstimos do Fed. Tradicionalmente, os bancos emprestam da janela de descontos do Fed e pagam uma taxa de juros sobre o empréstimo, a qual é denominada taxa de redesconto. Diminuindo a taxa, o FED ajuda a expandir a coisa.
541 - ...É uma solução muito usada em crises. Por exemplo, quando o mercado de ações caiu em 22%, em 19 de outubro de 1987, muitas corretoras de Wall Street se viram temporariamente necessitadas de fundos para financiar o elevado volume de negócios com ações. Na manhã seguinte, antes da abertura da bolsa, o presidente do Fed, Alan Greenspan, anunciou a" disposição do Fed de servir como fonte de liquidez para dar sustentação ao sistema econômico e financeiro". Muitos economistas acreditam que a reação de Greenspan à queda da bolsa foi uma das principais razões para que houvesse tão pouca repercussão.
542 - A política de "reservas exigidas" (depósito compulsório) faz cada vez menos sentido, coloca. Além do mais, nos últimos anos, esse instrumento em particular tornou-se menos eficaz porque muitos bancos mantêm reservas em excesso (isto é, mais reservas do que o exigido).
543 - Lembra que os depósitos (reservas) remunerados pelo FED (com juros) também ajuda a controlar a liquidez.
544 - Uma crise de confiança pode ser mortal para o crédito. Clientes ficam com medo e retiram dinheiro dos bancos (demandam liquidez). "Quando isso acontece, o sistema bancário perde reservas e cria menos moeda. A oferta de moeda cai, mesmo sem nenhuma ação do Fed." (...) O segundo problema do controle monetário é que o Fed não controla a quantidade que os bancos decidem emprestar. A partir do depósito de moeda em um banco, existe criação de mais moeda somente quando o banco concede empréstimos. Cautela excessiva pode paralisas crédito mesmo com muitos/todos os estímulos possíveis do FED.
545 - Vale sempre relembrar que reservas fracionárias criam certos riscos em razão da desproporção entre depósitos e reservas (que é a parte do ativo imediatamente recuperável, ao contrário dos empréstimos que tendem a ser inclusive a maior parte do ativo): Mesmo que o banco esteja, de fato, solvente (o que significa que seu ativo é maior que o passivo), não terá dinheiro em caixa suficiente para possibilitar a todos os depositantes acesso imediato a seu dinheiro. Assim, evitar crises de confiança e corridas aos bancos é algo fundamental para a estabilidade do sistema. (...) Quando ocorre uma corrida, o banco é forçado a fechar as portas até que alguns empréstimos concedidos sejam pagos ou até que algum emprestador de última instância (como o Fed) forneça a ele a moeda corrente de que necessita para satisfazer os depositantes.
546 - ... Grande Depressão de 29: Após uma onda de corridas aos bancos e de fechamento destes, as famílias e os bancos tornaram-se mais cautelosos. As famílias retiraram seus depósitos dos bancos, preferindo manter a moeda sob a forma de moeda corrente. Essa decisão reverteu o processo de criação de moeda, à medida que os bancos responderam à queda das reservas com uma redução na concessão de empréstimos.
547 - Em 2008, o FED expandiu as reservas (comprou títulos longos e fez empréstimos diretos a fim de reconstruir o estímulo ao crédito). A maioria dessas reservas recém-criadas foi mantida como reservas em excesso pelo sistema bancário. Ao mesmo tempo, os bancos aumentaram a taxa de reserva para ter dinheiro suficiente em caixa, a fim de atender à demanda de seus depositantes, em caso de futuras corridas a bancos. A taxa de reserva mais elevada reduziu o multiplicador da moeda, o que reduziu a oferta de moeda. Entre 1929 e 1933, a oferta de moeda caiu 28%, mesmo sem nenhuma ação contracionista deliberada do Federal Reserve.
548 - Hoje o FED tem o FDIC que meio que garante que nenhum correntista vai sofrer com quebra de banco, o que torna o sistema mais estável, apesar de criar algum risco moral.
549 - Mankiw traz um artigo de Bernanke, de julho de 2009, explicando que se as reservas que o FED garantiu aos bancos passassem a desaguar rápido na economia (quando viesse a perspectiva de recuperação econômica e bons negócios/empréstimos), o jeito seria a autoridade monetária agir para que o ritmo da coisa não gerasse inflação. Enfim, moderar o processo. (Isso meio que acabou não sendo muito necessário, creio).
550 - O impacto dos depósitos remunerados sobre o resto da economia é fácil de entender: Os bancos geralmente não concedem empréstimos a uma taxa de juros menor que a taxa que podem ganhar livre de risco no Federal Reserve. Enfim, basta aumentar que se cria um "piso". "A considerável experiência internacional sugere que pagar juros sobre as reservas bancárias determina efetivamente as taxas de mercado de curto prazo". Diz Bernanke. Afirma ainda que, para reduzir liquidez quando for o momento, vale até recompra reversa (venda de títulos pelo FED com garantia de compra futura por um valor pouco mais elevado). Ao que entendi, exatamente igual ao BC brasileiro faz com as compromissadas. Cita vários meios. "Quarta, se necessário, o Fed poderia reduzir as reservas mediante a venda de uma parte das suas participações de títulos de longo prazo no mercado aberto. Cada uma destas políticas ajudaria a elevar as taxas de juros de curto prazo e a limitar o crescimento de maior amplitude da moeda e do crédito, apertando, assim, a política monetária".
551 - A "taxa de fundos federais" é tipo SELIC/CDI lá, parece. Na prática, a taxa de redesconto e a taxa de fundos federais andam lado a lado. Ademais...quando a taxa de fundos federais aumenta ou diminui, o mesmo acontece com as outras taxas de juros.
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