Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXX

      

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XXX


Pgs. 775-792:


664 - Há um texto no livro sobre a obviedade de o multiplicador poder ser zero ou número bem maior que um a depender do hiato do produto. Economia em pleno vapor? Meio que não há que se falar em expansão fiscal como multiplicador. Possivelmente vira inflação ou distúrbio do tipo. Sempre acho, por exemplo, que Dilma desconsiderou esta lição básica aqui: Os gastos do governo com a construção de uma ponte podem ter um multiplicador maior que um corte de imposto, caso os consumidores poupem uma parte do corte inesperado. (Leia-se capitalistas). A reação/expectativa das pessoas com dinheiro também é um ponto essencial. ... se as taxas de juros aumentarem em resposta ao empréstimo do governo, então algum investimento privado que poderia ter ocorrido será preterido. O efeito deslocamento sob custo de capital muito elevado pode até neutralizar o multiplicador. Mankiw vai no em sentido parecido (acabo escrevendo as coisas antes de ler...): E, se os consumidores esperarem impostos futuros mais elevados para financiar o novo empréstimo do governo, eles podem despender menos hoje. Tudo isso reduziria o multiplicador fiscal potencialmente para abaixo de zero.


665 - ...Tudo isso leva a polêmicas em casos concretos entre os economistas: ... Uma avaliação alternativa feita por John Cogan, Tobias Cwik, John Taylor e Volker Wieland usa os modelos em que as taxas de juros e os impostos sobem mais rapidamente em resposta ao endividamento público maior. Seus multiplicadores são muito menores. Eles acham que o estímulo da América irá impulsionar o PIB em apenas um sexto do esperado pela equipe de Obama.


666 - Outro "detalhe": Os multiplicadores são maiores nas economias fechadas que nas abertas (porque há menos vazamentos do estímulo para o exterior por meio das importações). No mais, lembra que "os cortes de impostos temporários causam menos efeito que os permanentes, por exemplo. Os multiplicadores fiscais provavelmente serão menores nas economias altamente endividadas que nas prudentes.


667 - Depois o livro vai para seu penúltimo capítulo, o 35: O tradeoff entre inflação e desemprego no curto prazo. O último, 36, é de considerações finais. Se os formuladores de políticas monetária e fiscal expandirem a demanda agregada e moverem a economia para cima ao longo da curva de oferta agregada de curto prazo, podem expandir a produção e reduzir o desemprego por algum tempo, mas apenas à custa do aumento mais rápido do nível de preços. Se os formuladores de políticas contraírem a demanda agregada e moverem a economia para baixo ao longo da curva de oferta agregada de curto prazo, podem reduzir a inflação, mas apenas à custa temporária de menor produção e desemprego mais elevado.


668 - História da famosa "Curva de Phillips": Em 1958, o economista A. W. Phillips publicou um artigo no jornal britânico Economica que o tomaria famoso. O artigo era intitulado "A relação entre o desemprego e a taxa de variação dos salários no Reino Unido, 1861-1957". Nele, Phillips mostrava a existência de uma correlação negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação. Ou seja, Phillips mostrou que anos com baixo desemprego tendem a apresentar inflação elevada e anos com desemprego elevado tendem a apresentar baixa inflação.




669 - Friedman argumentava que uma coisa que a política monetária não podia fazer, a não ser por um período curto, era diminuir o desemprego por meio do aumento da inflação. Por que? Friedman mirava o longo prazo ao dizer isso. No fim das contas, os valores reais acabam se impondo aos nominais. Em particular, o crescimento monetário não influencia os fatores que determinam a taxa de desemprego da economia, como o poder de mercado dos sindicatos, o papel dos salários de eficiência ou o processo de busca de empregos. Implicação (neutralidade monetária):



670 - ... Portanto, tanto a curva de oferta agregada de longo prazo vertical quanto a curva de Phillips vertical no longo prazo implicam que a política monetária influencia as variáveis nominais (nível de preços e taxa de inflação), mas não as reais (produção e desemprego).


671 - Mankiw relembra que "natural" tem a ver com o desenho das leis e tal. Poder dos sindicatos e etc. O nível "natural" pode ser (muito) alto ou (muito) baixo a depender das condições. Uma mudança política que reduzisse a taxa natural de desemprego deslocaria a curva de Phillips no longo prazo para a esquerda. Daí todo pleito por flexibilização trabalhista. Além disso, como um menor desemprego significa que mais trabalhadores estão produzindo bens e serviços, a quantidade ofertada de bens e serviços seria maior para cada nível de preços dado e a curva de oferta agregada de longo prazo se deslocaria para a direita.


672 - Resumo do ponto de Friedman (pra ninguém bater em espantalho): Os formuladores de políticas podem adotar políticas monetárias expansionistas para reduzir o desemprego por algum tempo, mas o desemprego acaba por voltar para a sua taxa natural, e a continuidade da política monetária expansionista provoca somente maior inflação. (...) O trabalho de Friedman (...) foi a base de nossa discussão da diferença entre as curvas de oferta agregada de curto e de longo prazo no Capítulo 33. (...) como o nível de preços esperado e os salários nominais, por fim, irão se ajustar, a relação positiva entre o nível de preço real e a quantidade ofertada existe apenas no curto prazo. Friedman escancara a limitação do FED sobre os agentes da economia: ...a capacidade do Fed para criar inflação inesperada (conceito-chave) por meio do aumento na oferta de moeda só existe no curto prazo.



673 - ...Coloca-se, inclusive, como tendência, que a curva de Phillips voltará, no longo prazo, ao desemprego natural, agora com nível de inflação maior, salvo que alguém mexa nos fatores de "longo prazo" da coisa.  O "tradeoff" seria uma ilusão: Com o passar do tempo, as pessoas se acostumam à taxa de inflação mais alta e aumentam as expectativas com relação a elaQuando a inflação esperada aumenta, empresas e trabalhadores começam a levar essa inflação mais elevada em consideração ao estabelecer salários e preços. A curva de Phillips no curto prazo então se desloca para a direita. (Creio que isso não acontece se o hiato der espaço para a expansão monetária). A prova das limitações da "Curva de Phillips"? Os EUA do fim dos anos 60 e início dos 70:



674 - ...Mais especificamente, como a inflação permaneceu elevada no início dos anos 1970, as expectativas das pessoas em relação à inflação se aproximaram da realidade e a taxa de desemprego voltou à faixa entre 5% e 6% que prevalecera no início da década de 1960.


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