Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XV

  

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) XV


Pgs. 401-429:


340 - Capítulo 19 é sobre ganhos e discriminação. Cita os "diferenciais compensatórios" para empregos com demandas menos fortes: recolhedor de lixo... minerador de carvão... ganham mais que outros trabalhadores com nível similar de educação. Afirma que isso serve para baixar salário também: Os professores ganham menos que os advogados e os médicos, que têm nível similar de educação. O baixo salário dos professores compensa a grande satisfação intelectual e pessoal que seu emprego oferece. Mankiw faz uma piada que ensino de economia devia ser gratuito.


341 - Nos Estados Unidos, por exemplo, os graduados recebem quase o dobro dos ganhos daqueles que apenas concluíram o curso médioEssa grande diferença foi documentada em diversos países do mundo. Ela tende a ser maior nos países menos desenvolvidos, em que a oferta de trabalhadores com instrução é escassa. (...) Muitos estudos documentaram que a diferença de remuneração entre os trabalhadores altamente qualificados e os de baixa qualificação aumentou nas últimas décadas. (...) O incentivo para prosseguir nos estudos nunca foi tão grande. Hipótese de Mankiw: a demanda por mão de obra qualificada aumentou em relação à demanda por mão de obra não qualificada. Teria a ver, ao menos nos países ricos, com a ampliação do comércio: (...) Como a mão de obra desqualificada é abundante e barata em muitos outros países, os Estados Unidos tendem a importar bens produzidos com mão de obra não qualificada e exportar bens produzidos com mão de obra qualificada. Assim, quando o comércio internacional se expande, a demanda interna por mão de obra qualificada aumenta e a demanda interna pela não qualificada diminui.



342 - Alguns argumentam, porém, que talvez parte considerável dessa diferença tenha vindo da própria mudança tecnológica. Os novos empregos seriam muito mais intensivos em tecnologia que os "novos empregos" do passado. (Já vi um gráfico que indicava isso).


343 - Nem tudo é esforço, talento ou escolaridade: A sorte também influencia na determinação dos salários. Se uma pessoa frequentou uma escola técnica para aprender a consertar televisores a válvula e depois descobriu que essa qualificação se tornou obsoleta por causa da invenção do transistor, ela acabaria ganhando um salário baixo se comparada com outras pessoas com o mesmo tempo de treinamento. O baixo salário desse trabalhador se deve à sorte - um fenômeno que os economistas reconhecem, mas sobre o qual pouco esclarecem. Mankiw lembra também do fator "beleza". Hamermesh e Biddle descobriram que a beleza paga bem. As pessoas consideradas mais atraentes que a média ganham 5 % mais que as de aparência média, e aquelas de aparência média ganham entre 5% e 10% a mais que as consideradas menos atraentes que a média. Foram encontrados resultados semelhantes tanto para os homens quanto para as mulheres.


344 - ...Quando os economistas do trabalho estudam os salários, relacionam o salário do trabalhador com as variáveis que podem ser medidas - anos de instrução, tempo de experiência, idade e características do emprego. Todas essas variáveis afetam o salário dos trabalhadores da maneira prevista pela teoria, mas respondem por menos da metade da variação nos salários em nossa economia. Como grande parte da variação nos salários não é explicada, as variáveis omitidas, incluindo talento, esforço e sorte, devem desempenhar uma função importante. 


345 - Mankiw discute se o (identificado acima) preconceito com gente feia tem razão de ser ou não... Se já há motivo fundado pra esperar menor produtividade... Seria tipo o "sinal" que um diploma dá apesar de não garantir eficiência. "... é racional para as empresas interpretar o título universitário como sinal de talento". Enfim, os outros são muito mais plausíveis: A disposição da empresa para pagar mais aos trabalhadores atraentes reflete as preferências de sua clientela. Ou... Será que o chefinho quer um "assédiozinho bom"?


346 - Na verdade, ao que entendi, a "teoria da sinalização" na questão da escolaridade chega a querer ignorar o "capital humano". Esquisito. Segundo a teoria da sinalização, a instrução não aumenta a produtividade, de modo que aumentar o nível de instrução de todos os trabalhadores não afetaria os salários. (...) O mais provável é que a verdade esteja em algum ponto entre esses dois extremos.


347 - Superastros: ..."surgem em mercados que apresentam duas características: • Todos os clientes do mercado querem desfrutar do bem ofertado pelo melhor produtor. • O bem é produzido com uma tecnologia que possibilita ao melhor produtor ofertá-lo a todos os clientes a um baixo custo." (...) Se Johnny Depp é o melhor ator que há, então todos irão querer assistir a seu próximo filme; assistir ao dobro de filmes com um ator que tenha a metade do talento não é um bom substituto. (...) Podemos agora entender por que não há superastros entre os carpinteiros e os encanadores. Com as demais condições permanecendo iguais, todos preferem empregar o melhor carpinteiro, porém o carpinteiro, ao contrário do ator de cinema, só pode oferecer seu serviço a um número limitado de clientes. Embora o melhor carpinteiro possa obter um salário mais elevado que a média, o carpinteiro médio ainda assim conseguirá ganhar bem. As tecnologias audiovisuais possibilitam isso.


348 - Terroristas de alta qualificação: por que algumas pessoas instruídas de países do Ocidente estão propensas ao fanatismo? (Entram no Isis ou em algum setor de "defesa" do governo) (...) Os autores comparam os homens-bomba com terroristas mais comuns. Enquanto os terroristas típicos tinham menos de 21 anos e quase 18% tinham, pelo menos, alguma instrução de nível superior, a idade média dos mais bem-sucedidos era de quase 26 anos e 60% tinha diploma universitário. Dá alguns exemplos de "burrice" dos terroristas no texto. (...) Isso significa que os terroristas escolhidos para atacar os Estados Unidos são provavelmente diferentes do terrorista típico. Eles foram selecionados entre aqueles com mais habilidade para burlar a segurança.


349 - Sindicatos, salário mínimo e decisões de usar "salário de eficiência" também podem gerar prêmios salariais para além da produtividade. Há pesquisas que sugerem que os trabalhadores sindicalizados ganham cerca de 10% a 20% a mais do que aqueles que exercem a mesma atividade e não são sindicalizados.


350 - Parece que a questão do "salário de eficiência" é polêmica. Segundo a teoria, salários elevados podem reduzir a rotatividade da mão de obra, aumentar o empenho do empregado e aprimorar a qualidade dos trabalhadores que procuram emprego na empresa. Então faria sentido em alguns casos. Talvez empresas com alto custo de treinamento inicial ou em que experiência é tudo. 


351 - Discriminação. Afirma que exige análise cuidadosa, pois ela pode ser decorrente de alguma outra discriminação principal, como, por exemplo, diferentes níveis de escolaridade, a qual explicaria parte da tabela abaixo. (Ok, Mankiw, mas há mil tipos de racismo, inclusive o institucional).



352 - Coloca que diferentes escolas para cada um desses grupos pode gerar (e gera) diferenças de "capital humano". O capital humano adquirido sob a forma de experiência de trabalho também pode ajudar a explicar as diferenças salariais. Em particular, as mulheres tendem, em média, a ter menos experiência de trabalho em comparação com os homens. Uma razão para isso é que a participação feminina na força de trabalho vem aumentando nas últimas décadas. Por causa dessa mudança histórica, a trabalhadora média é, hoje, mais jovem que o trabalhador médio. Além disso, existe uma grande possibilidade de as mulheres interromperem sua carreira para criar os filhos. Por esses dois motivos, a trabalhadora média tem menos experiência que o trabalhador médio. (...) Homens e mulheres não escolhem os mesmos tipos de trabalho, e esse fato pode ajudar a explicar algumas das diferenças nos ganhos entre eles.


353 - Pelo menos admite isso: A maioria dos economistas acredita que parte dos diferenciais salariais observados pode ser atribuída à discriminação, mas não há consenso a respeito de quanto. E isso: Naturalmente, diferenças no capital humano entre grupos de trabalhadores podem, elas mesmas, refletir discriminação.


354 - Cita o estudo "Emily tem mais empregabilidade que Lakisha?", usando nomes comuns a determinados grupos étnico-raciais e currículos iguais. 50% a mais de "telefonemas interessados" para o "nome branco". 2004.


355 - Lembra o remédio natural do mercado "competitivo": os proprietários das empresas que só se preocupam em ganhar dinheiro estão em vantagem quando concorrem contra aqueles que também se preocupam com a discriminação


356 - Cita como a segregação, que nem existia antes das leis, causava prejuízo econômico aos bondes que eram obrigados a transportar "espaços vazios" algumas vezes. Os diretores da ferrovia poderiam ou não gostar dos negros, mas não estavam dispostos a abrir mão dos lucros para atender ao preconceito.


357 - Lembra este porém: É possível ainda que os clientes prefiram ser servidos por garçons morenos. Se essa preferência discriminatória for forte, a entrada de restaurantes que contratam loiros não conseguirá eliminar o diferencial salarial entre morenos e loiros.


358 - Um estudo publicado em 1988 no ]ournal of Labor Economics examinou os salários de jogadores de basquete e concluiu que os jogadores negros ganhavam 20% menos do que os jogadores brancos de talento comparável. O estudo também concluiu que a presença do público era maior nos jogos de times com uma maior proporção de jogadores brancos. Uma interpretação desses fatos é de que, pelo menos na época do estudo, a discriminação por parte do público tomava os jogadores negros menos lucrativos que os brancos para os donos das equipes.


359 - Estudo de 1990: As figurinhas de rebatedores negros eram vendidas por 10% menos do que as de rebatedores brancos comparáveis em talento, e as figurinhas de lançadores negros eram vendidas por 13 % menos que as de lançadores brancos comparáveis em talento.


360 - Um texto de Hal Varian traz um estudo interessante sobre homens preferindo "competição" mesmo quando, antes, sem saber, mulheres e homens apresentavam desempenhos iguais na tarefa. Remuneração por unidade correta ou por competição com um(a) colega? Não houve diferença no desempenho de homens e mulheres em nenhum dos dois sistemas. Apesar disso, o dobro de homens escolheu a competição (75% contra 35%). (...) Por que os homens escolheram a competição? Talvez porque se sentissem mais confiantes sobre suas habilidades. Os dados confirmam essa hipótese, pois 75% dos homens acreditavam que venceriam a competição com quatro jogadores, enquanto 43% das mulheres acreditavam que poderiam se sair melhor em grupo. (...) Embora os dois grupos tivessem muita confiança em seu desempenho, os homens tinham muito mais. [ ... ] Os resultados desse experimento são consistentes com a descoberta do professor de finanças de Berkeley, Terry Odean, de que os homens negociam ações em excesso, aparentemente porque eles (erradamente) sentem que têm habilidade excepcional para escolher vencedores. As mulheres negociam menos, mas, em média, têm melhores resultados, porque geralmente seguem uma estratégia de investimento de longo prazo. (...) As autoras resumem os resultados: "De uma perspectiva de maximização salarial, as mulheres com alto desempenho raramente entram na competição, e os homens com baixo desempenho entram com muita frequência''. Ambos são prejudicados por esse tipo de comportamento, mas, pelo menos nesse experimento, os custos para as mulheres que não escolheram a competição quando deveriam tê-lo feito excederam os custos para os homens que a deveriam ter evitado. (...) Os sociobiologistas podem sugerir que tais diferenças têm propensões genéticas; os sociólogos podem argumentar que estão relacionadas às expectativas e aos papéis sociais; os psicólogos do desenvolvimento podem enfatizar as práticas de educação oriundas da infância. Qualquer que seja a causa, Muriel Niederle e Lise Vesterlund certamente levantaram questões interessantes e importantes.


361 - O capítulo 20 é sobre desigualdade de renda. Foca nos EUA.



362 - Comparação entre países: Para alguns países, não há dados disponíveis. E, mesmo quando há, nem todos os países coletam dados da mesma maneira; por exemplo, alguns coletam dados sobre a renda individual, enquanto outros, sobre a renda familiar. Outros, ainda, coletam dados sobre os gastos, em vez da renda. (...) A medida da desigualdade é a razão entre a renda dos 10% mais ricos da população e a dos 10% mais pobres. A maior igualdade é encontrada no Japão, onde os 10% mais ricos recebem 4,5 vezes mais que os 10% mais pobres.



363 - Evolução da taxa de pobreza nos EUA - Você pode constatar que a taxa de pobreza caiu de 22,4%, em 1959, para uma taxa inferior de 11,1 %, em 1973. (obs.: o limite é bem alto, mas, pelo que entendi, não muda):



364 - Pós-73: Embora o crescimento econômico tenha aumentado a renda da família típica, o aumento da desigualdade tem impedido as famílias mais pobres de compartilhar essa maior prosperidade econômica. (...) Esses efeitos também atuam em conjunto: entre as crianças negras e hispânicas que vivem em famílias encabeçadas por mulheres, cerca de metade vive na pobreza.



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