Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) IV

         

Livro: Mankiw, Gregory - Introdução à Economia (2010) IV


Pgs. 126-143:


68 - ... Quando a demanda é elástica, a receita total diminui em caso de aumento de preço. Como a demanda é elástica, a redução da quantidade demandada é tão grande que mais do que compensa o aumento do preço. Na inelástica, não. A quantidade demandada até diminui, mas, devido ao preço/elasticidade, a receita aumenta.


69 - Sabemos que uma curva de demanda linear tem inclinação constante. (...) a inclinação é a razão entre as variações das duas variáveis, ao passo que a elasticidade é a razão das variações percentuais nas duas variáveis. (...) A curva de demanda linear ilustra o fato de a elasticidade-preço da demanda não ser necessariamente a mesma em todos os pontos da curva da demanda. Uma elasticidade constante é possível, porém nem sempre e o caso.




70 - A "elasticidade-renda":



71 - Os bens supérfluos, como caviar e diamantes, tendem a apresentar elevada elasticidade-renda porque os consumidores sabem que podem passar sem eles se sua renda for baixa demais.


72 - A elasticidade-preço cruzada da demanda: A elasticidade-preço cruzada da demanda mede o quanto a quantidade demandada de um bem responde às mudanças no preço de um outro bem. (...) O fato de a elasticidade-preço cruzada ser um número positivo ou negativo depende de os dois bens em questão serem substitutos ou complementares.


73 - Mesma lógica da "demanda": A oferta de um bem é chamada elástica se a quantidade ofertada responde substancialmente a mudanças no preço. A oferta é chamada inelástica se a quantidade ofertada responde pouco a mudanças no preço. (...) Por exemplo, os terrenos de frente para o mar têm oferta inelástica porque é quase impossível aumentar a oferta desse bem


74 - A oferta é, geralmente, mais elástica no longo prazo do que no curto prazo. Demora pra responder.


75 - Elasticidade sem constância: A Figura 6 apresenta um exemplo numérico desse fenômeno. Quando o preço se eleva de $ 3 para $ 4 (um aumento de 29%, de acordo com o método do ponto médio), a quantidade ofertada sobe de 100 para 200 (um aumento de 67%). Como a quantidade ofertada tem uma variação proporcionalmente maior que a variação do preço, a curva de oferta tem elasticidade superior a 1. No entanto, quando o preço sobe de $12 para $15 (um aumento de 22%), a quantidade ofertada sobe de 500 para 525 (um aumento de 5%). Nesse caso, a quantidade ofertada tem uma variação proporcionalmente menor que a variação do preço, de modo que a elasticidade é inferior a 1.



76 - Avanços na agricultura podem, com muita chance, ser ruins para os agricultores, pois há muita "inelasticidade" lá, digamos. Se a situação dos agricultores piora com a descoberta do novo híbrido, por que eles o adotam? A resposta vai ao âmago de como os mercados competitivos funcionam. Como cada agricultor representa uma pequena parte do mercado de trigo, ele toma o preço do trigo como dado. Para qualquer preço dado do trigo, é melhor usar o novo híbrido para produzir e vender mais. Mas, quando todos os agricultores seguem esse raciocínio, a oferta de trigo aumenta, o preço cai e os agricultores se veem prejudicados.


77 - É essa queda da receita total do "agro", devido à demanda inelástica, que faz os menos produtivos serem "expulsos" para as cidades.  Em 1950, havia 10 milhões de pessoas trabalhando no campo nos Estados Unidos, o equivalente a 17% da força de trabalho do país. Hoje, menos de 3 milhões de pessoas trabalham em fazendas, ou 2% da força de trabalho. Essa mudança coincidiu com enormes avanços na produtividade das fazendas: apesar da queda de 70% no número de produtores rurais, a produção agropecuária das fazendas norte-americanas mais que dobrou desde 1950.


78 - Por isso que redução de oferta no campo pode gerar bem-estar para o grupo específico: O objetivo dos programas é reduzir a oferta de produtos agropecuários e, com isso, aumentar seus preços. Por causa da demanda inelástica por seus produtos, todos os fazendeiros obtêm uma maior receita total se fornecem ao mercado uma safra menor. Fazendeiro algum, agindo por conta própria, deixaria a terra ociosa, pois cada um deles toma o preço de mercado como dado. Mas, se todos os fazendeiros, juntos, o fizerem, cada um deles será beneficiado


79 - OPEP e os choques: Entre 1982 e 1985, o preço caiu a uma taxa mais ou menos constante de 10% ao ano. A insatisfação e a desorganização prevaleceram entre os países membros da Opep. Em 1986, a cooperação entre esses países deixou de existir e o preço despencou 45%. Em 1990, o preço do petróleo (descontada a inflação) voltou ao ponto em que estava em 1970 e se manteve nesse baixo nível durante a maior parte da década de 1990.


80 - Causa: como é intuitivo, o horizonte de tempo vai transformando a oferta inelástica em elástica. A situação é bem diferente no longo prazo. No decorrer de períodos mais longos, os produtores de petróleo que não são membros da Opep respondem aos altos preços aumentando a exploração e criando nova capacidade de extração.


81 - Drogas: Muito embora o objetivo de uma política de proibição das drogas seja reduzir seu uso, o impacto direto dessa política recai mais sobre os vendedores que sobre os compradores. Quando o governo impede que algumas drogas entrem no país e prende mais traficantes, aumenta o custo de venda das drogas e, portanto, reduz a quantidade ofertada a qualquer preço dado. A demanda por drogas - a quantidade que os compradores desejam a qualquer preço dado - não muda. (...) Não há deslocamento da curva... Porém... A diminuição na quantidade de equilíbrio mostra que a proibição das drogas reduz seu uso.


82 - ... Tal medida deveria reduzir o crime, mas não é bem isso que acontece. O que há de "elástico" nessa demanda talvez seja a galera menos viciada e que simplesmente deixa de comprar, mas a regra seria a "inelasticidade": ... considere a quantia total que os usuários de drogas pagam pelas drogas que compram. Como são poucos os viciados em drogas que abandonarão seus hábitos destrutivos por causa de um aumento nos preços, é provável que a demanda por drogas seja inelástica, como indica a figura. Se a demanda é inelástica, então um aumento nos preços aumenta a receita total do mercado de drogas. Ou seja, como a proibição das drogas aumenta o preço destas proporcionalmente mais do que reduz seu uso, ela eleva a quantidade total de dinheiro que os usuários pagam pelas drogas que compram. Os viciados que já tinham de roubar para sustentar seus hábitos terão uma necessidade ainda maior de dinheiro rápido. Assim, a proibição das drogas pode aumentar o nível de crimes ligados a elas.


83 - ... Em vez do deslocamento da oferta, especialistas pregam, portanto, campanhas educativas para deslocamento da demanda... 


84 - ... A contra-argumentação proibicionista (que nem deve levar em conta os custos monetários e não-monetários de toda essa guerra): Mas a demanda pode ser mais elástica no decorrer de períodos mais longos porque os maiores preços desencorajariam as experiências com drogas entre os jovens e, com o tempo, levariam a um menor número de viciados em drogas. Nesse caso, a política de proibição aumentaria os crimes ligados a drogas no curto prazo e os reduziria no longo prazo


85 - Resumindo: Para curvas de demanda inelástica, a receita total move-se na mesma direção que o preço. Para curvas de demanda elástica, a receita total move-se na direção oposta ao preço.


86 - O próximo capítulo é para dizer que controle forte de preço máximo gera escassez em mercados competitivos e livres. Preços vão abaixo do "preço de equilíbrio". Quantidade demandada sobe e a ofertada cai.


87 - ... Em resposta a essa escassez, algum mecanismo para o racionamento de sorvete se desenvolverá naturalmente. O mecanismo pode assumir a forma de grandes filas: os compradores que estão dispostos a chegar cedo e esperar na fila conseguem o sorvete, enquanto os que não estão dispostos a esperar ficam sem ele. Alternativamente, os vendedores podem racionar o sorvete de acordo com seus critérios pessoais, vendendo apenas para amigos, parentes ou membros de seus grupos étnicos ou raciais. Observe que, embora o preço máximo seja resultado de um desejo de ajudar os compradores de sorvete, nem todos os compradores se beneficiam da política. (...) As longas filas são ineficientes, porque consomem o tempo dos compradores. A discriminação de acordo com os critérios do vendedor também é ineficiente (porque o bem não vai necessariamente para o comprador que lhe dá valor mais alto) e potencialmente injusta.


88 - Moradia e controle de aluguéis: ... Todavia, como oferta e demanda são inelásticas no curto prazo, a escassez inicial causada pelo controle dos aluguéis é pequena. Deixa de haver construção de novos (a taxa de lucro já não compensa e o capital migra para outros setores) e mesmo a manutenção dos existentes. A cidade vai deteriorando. (A solução seria a concomitância com um processo real de distribuição de renda e capital - humano ou qualquer outro - para que os ex-pobres, agora com maior poder de compra, pudessem assumir esses custos ao menos de manutenção).


89 - ... Outro "problema" é o potencial explosivo da demanda: Do lado da demanda, os baixos aluguéis encorajam as pessoas a morar sozinhas (em vez de morar com os pais ou dividir um apartamento com outras pessoas) e induzem mais pessoas a se mudar para as cidades. Assim, tanto a oferta quanto a demanda são mais elásticas no longo prazo. (...) Em cidades onde há controle dos aluguéis, os proprietários usam diferentes mecanismos para racionar a moradia. Alguns mantêm longas listas de espera, outros dão uma preferência para inquilinos sem filhos, e há ainda aqueles que discriminam com base na etnia. No caso dos apartamentos, às vezes são alugados para pessoas que oferecem dinheiro por "baixo do pano" aos zeladores dos prédios. Em essência, essas propinas elevam o preço total de um apartamento (incluindo o suborno) para níveis mais próximos do preço de equilíbrio. (...) Por que um proprietário gastaria dinheiro para manter e melhorar suas propriedades quando as pessoas estão fazendo fila de espera para morar em qualquer imóvel residencial?


90 - (Tudo isso é verdade, mas esse pessoal não parece estar pensando nas evidentes vantagens. Com isso nem quero ser prescritivo).


91 - ... Por fim, argumenta Mankiw que mais regulações, sobre os sintomas perversos, tornam a fiscalização das leis cada vez mais socialmente difícil e custosa, podendo nem compensar o benefício social.


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