Fernando de Holanda Barbosa e etc. - A Taxa de Juros Natural e a Regra de Taylor no Brasil: 2003-2015

 

Fernando de Holanda Barbosa e etc. - A Taxa de Juros Natural e a Regra de Taylor no Brasil: 2003-2015


1 - A taxa de juros natural é a taxa de juros de equilíbrio entre poupança e investimento no pleno emprego da economia. ...Variável não-observável.


2 - ...  No modelo do agente representativo a taxa de juros natural depende de três parâmetros, a taxa de preferência, a elasticidade de substituição do consumo e a taxa prevista do crescimento da produtividade da mão de obra. (tudo isso me parece bem difícil de medir, logo... difícil esse conceito..)


3 - Nos modelos Mundell–Fleming e de Gerações Superpostas (Barbosa, 2015), a taxa natural de uma economia aberta pequena é igual a taxa de juros real internacional. Em países que existe restrições a mobilidade de capital deve-se adicionar os prêmios de risco apropriados.


4 - Regra de Taylor: A regra consiste em uma taxa de juros nominal igual à soma dos seguintes componentes: i) a taxa de juros considerada consistente com o pleno emprego (que o autor sugere ser igual a 2% ao ano, próxima à suposta taxa de crescimento estacionária de 2,2%), a taxa de juros natural; ii) a inflação acumulada dos últimos doze meses; iii) a diferença entre a inflação e uma meta implícita da taxa de inflação de 2% ao ano; e iv) a diferença (percentual) entre o produto e o produto potencial (o hiato de produto). A regra original de Taylor tem a seguinte especificação:  

i = 2 +π + 0,5 ˜π + 0,5 ˜y

onde i é a taxa de juros nominal, π a taxa de inflação, π̃ o hiato da taxa de inflação, definido pela diferença entre a taxa e a meta da inflação, e ỹ o hiato de produto.


5 - Reparos de Barbosa: Nas economias abertas e pequenas a taxa de câmbio pode exercer um papel importante no processo decisório da autoridade monetária. Ocorrem, então, duas mudanças importantes na Regra de Taylor. Em primeiro lugar, a taxa de juros real de equilíbrio de longo prazo, a taxa natural, depende da taxa de juros real internacional e varia ao longo do tempo. Portanto, a hipótese de que ela é constante não deve ser usada, como, em geral, ocorre nos estudos empíricos da regra de Taylor numa economia grande, admitida fechada, no sentido de que eventos externos não afetam sua taxa de juros.


6 - Um estudo sobre política monetária europeia na década de 80 mostra algo curioso: "Concluem, os autores, que o Banco da Inglaterra, o Banco da França e o Banco da Itália agiram mais em função do Bundesbank do que em função de sua própria taxa de inflação. As três estimativas sem que se inclua a taxa de juros alemã fornecem constantes grandes e estimativas para a taxa de juros real de equilíbrio alta, da ordem de 6,5%." (...) Um agravante foi a situação doméstica da Alemanha, que teve que incorrer em déficits públicos para financiar o processo de unificação no final da década de 1980. Em resposta, o Bundesbank elevou a taxa de juros, levando os membros da MTC a fazerem o mesmo.


7 - O argumento básico é de que a queda é correlacionada com a queda dos juros internacionais, do risco país e do prêmio cambial




8 - Entre 2003 e 2007, grande parte da redução pode ser explicada pela estabilização do cenário macroeconômico brasileiro, fato que se refletiu na queda dos prêmios de risco e de câmbio e que dominou um certo aperto das condições monetárias internacionais. (...) Entre 2008 e 2013, por outro lado, a queda da taxa natural reflete a política monetária extremamente agressiva dos EUA, como resposta à crise financeira internacional, que não só provocou queda dos juros reais mas diminui o risco cambial.  Desde 2013, no entanto, a deterioração da economia brasileira — em decorrência da piora dos resultados fiscais, da aceleração da inflação e também de piores expectativas dos agentes econômicos com relação à política econômica — provocou o aumento do risco de investimento em ativos brasileiros, revertendo parcialmente a queda da taxa natural.


9 - O desempenho das NTN-B é mais suave, mas segue caminho-lógica parecidos:



10 - Os resultados do seu modelo mostra uma possível alteração do BC de Dilma I no manejo da Regra de Taylor. A evidência empírica encontrada por este trabalho sugere que, durante o primeiro governo de Dilma Roussef, o Banco Central teve uma postura significativamente mais leniente do que em todo os outros anos analisados, o que pode ser entendido como uma das razões de a inflação ter ficado consistentemente acima da meta desde 2011.


11 - Seu ponto diverge do que outros "neoclássicos e/ou austríacos" tradicionalmente defendem: a taxa de juros natural do mercado interbancário no Brasil pode ser explicada por quatro componentes: i) taxa de juros internacional; ii) prêmio de risco de câmbio; iii) prêmio de risco país; e iv) prêmio LFT. Ela não depende, portanto, da taxa de poupança doméstica da economia brasileira nem tampouco do déficit público. A sustentabilidade da dívida pública afeta a taxa de juros natural via prêmio de risco país.


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