Livro: Vilfredo Pareto - Crítica ao 'O Capital' de Karl Marx
Livro: Vilfredo Pareto - Crítica ao 'O Capital' de Karl Marx
Pgs. 1-16
"INTRODUÇÃO (*NOTA DO TRADUTOR)"
1 - Esse livro será curioso. Edição de 1937. Vou ler nesse português "arcaico" mesmo. Creio que vou ler também os apêndices ao final do livro. Ou seja, até a página 272. A introdução - espécie de prefácio - foi escrita pelo tradutor Nogueira de Paula, "cathedrático da universidade do Brasil". Inicia elogiando Pareto e Marx. Mais Pareto do que Marx...-
2 - Afirma que Pareto provou que as argumentações do "emocionado" Marx padecem de petição de princípio. Mais à frente, chamará de "heresias econômicas" a teoria do valor marxista.
3 - Em tempo, é muito engraçado o jeito pomposo da escrita.
Pgs. 17-23
"RESUMOS BIOGRÁFICOS"
4 - Vou juntar aqui o "biographico" de Pareto com o de Marx.
5 - Coloca que Pareto leu Walras quando este ainda era relativamente desconhecido.
6 - Pessoal realmente é fã dele aqui neste livro: "...perdia a humanidade o seu maior sociólogo e economista". Faleceu em 1923. Sem tempo pra ver no que deram as bostas fascistas com as quais ele flertava, por sinal. Talvez se arrependesse um pouco. A nomeação para o Senado de Mussolini foi chamada aqui de "elevado... à dignidade de Senador".
7 - Na de Marx, apenas traz os fatos já conhecidos. As perseguições e etc.
I PARTE - CRÍTICA A O CAPITAL
Pgs. 27-30
"CAPÍTULO 1: "Methodo seguido na analyse do "O Capital""
8 - Pareto se posiciona contrariamente a que se discuta valor ou capital. Seria assunto da "filologia". O positivismo quer estudar coisas e não palavras.
Pgs. 31-40
"CAPÍTULO 2: "Noções indispensáveis à compreensão da análise do "O Capital""
9 - Pareto observa que Marx não se coloca contra o "capital simples" (bens econômicos para produzir outros bens), como a rede e o barco de Crusoé, por exemplo. Visa atacar o capital apropriado pelos capitalistas.
10 - Pareto considera que há o papel do capitalista, havendo, por exemplo, falências por capital insuficiente e desperdícios de capital que dependem das qualidades do mesmo. Cita as perversidades da então ordem social indiana para indicar que, sem "capitalismo" e sua reprodução ampliada, a coisa é pior.
11 - Em certa parte, Marx critica que os capitalistas e dirigentes em geral consumam uma parte considerável do produto social. Pareto diz que, aqui, ele tem parcial razão, só quando fala dos governos. Só que um gestor de capital coletivo não seria menos dispendioso, mas possivelmente mais, coloca.
12 - Pergunta como ficaria a poupança privada no socialismo. Afinal, a abstinência continuará necessária para a produção e reprodução de bens, seja em que escala for. Pouparão mais? Menos?
13 - Os funcionários do governo serão mais sábio nas alocações/empregos do capital coletivo que os próprios capitalistas? Pareto coloca que não.
Pgs. 41-90
"CAPÍTULO 3: "Erros e sofismas da teoria do valor e da formação do capital"
14 - Lamenta que Marx tenha tomada de empréstimos da ciência econômica burguesa justamente termos tão imprecisos como valor de troca e valor de uso (Pareto define este último como utilidade mesmo). Acusa o pensador alemão, inclusive, de não ter sido muito claro no que entende por valor de troca. Por fim, coloca que a moderna ciência já descobriu que o valor-de-troca depende do grau final de utilidade. (Obviamente, não vejo como a "utilidade" como driver mais importante do valor. Utilidade depende do trabalho condensado no bem ou serviço e vice-versa).
15 - Pareto coloca que se compram valores de uso e se trocam valores de uso. São avaliações entre sacrifícios, o que é menos sacrificante e tal. (Entendo o ponto dele e seria adicional à análise falar em usos alternativos de bem/recurso x ou y, mas o valor de uso é capenga sem a medida da produtividade do trabalho).
16 - Pareto está incomodado porque Marx não considera o capital ao tratar de valor de troca. Ora, acontece que se trata de "trabalho morto", não de uma entidade mágica. Não é uma exclusão sem razão. Também implica com as "condições normais de produção", como se não existisse uma produtividade média ou algo do tipo.
17 - Coloca a remuneração ao capital como incentivo. Se fica decidido que cobrar aluguel não é justo, menos casas serão produzidas e servirão de moradia, segundo Pareto (no capitalismo, sem dúvidas).
18 - As críticas mais fracas "nem comento". Marx ignoraria que a taxa de juros tem a ver com o não consumo imediato do capital. Ou seja, cem reais hoje não valem cem reais amanhã, mesmo supondo inflação zero. A questão da preferência temporal, porém, não deixa de ser uma reformulação menos cretina da "teoria da abstinência". No fundo é: "juntei meu capital, ele é meu e eu faço o que quiser". Sim, juros reais são essenciais no capitalismo, mas outros sistemas poderiam funcionar sem eles. O próprio Pareto vai dizer isso depois.
19 - Ele pega algumas redundâncias ou pensamentos circulares de Marx - que realmente era prolixo pra caralho - para combater como se fossem demonstrações de tese. O Capital tem mais de três mil páginas. Uma frase ou outra (na verdade muitas) é só repetição de algo anterior.
20 - Pareto coloca que se o tempo de trabalho socialmente necessário for o critério para a troca numa sociedade, não haverá incentivo à redução do mesmo para cada produto/bem/serviço, já que o excedente seria sempre do consumidor, digamos assim. Pra que quebrar a cabeça como novas técnicas então? Produtividade estagnaria ou mesmo cairia. (Ele parece estar confundindo autogestão com "cada um faz o que quer", mas de fato a questão dos incentivos envolve discussões. Todo mundo teria que ter em mente que é consumidor do produto do outro. Exige-se certo grau de confiança).
21 - Coloca que a "natureza humana" (a questão dos incentivos) fará com que o governo socialista busque instituir prêmios por produtividade. Só que aí o valor já não será igual ao TSN.
22 - Afirma que Kropotkin quer abolir até mesmo a propriedade dos bens de consumo (não apenas os de produção). Não lembro se isso é preciso. Pareto, embora obviamente abomine isso (o argumento é o de sempre: a natureza humana), vê como algo mais coerente, pois bens diversos podem servir para ambos os propósitos.
23 - Pareto 100% empenhado em defender que, provavelmente (não o diz, mas parece estar implícito por tudo que já disse), o operário tem que agradecer ao capitalista. O operário, sem o capitalista, poderia não obter maiores valores-de-uso:
24 - Curioso que não atribuiu a lei de bronze dos salários a Marx, como muita gente faz. Coloca que Lassalle defendeu isto e que os fatos já desmentiram a lei (cita dados).
Pgs. 91-106
"CAPÍTULO 4: "Importância e valor das conclusões do materialismo histórico"
25 - Ataca o protecionismo. Seria roubo e pouco eficiente. Porém, coloca que isso não é demérito do capitalismo, pois se trata de espoliação entre capitalistas. (Ah tá). Critica também o pouco caso que alguns economistas fazem do expansionismo monetário via falsificação de moeda:
26 - Pareto praticamente coloca que tudo de ruim que ocorre no capitalismo é culpa do intervencionismo e do "socialismo burguês". Elogia Bastiat. Lamenta que Marx geralmente inclua economistas intervencionistas e partidários do livre-cambismo no mesmo bolo de críticas. Cita um exemplo. Marx critica um economista que queria limitar a imigração/livre fluxo de trabalhadores. Pareto coloca que o "livre-cambismo" também critica essa restrição e, pelo jeito, queria, por isso, os devidos afagos por parte do autor alemão.
27 - Pareto se coloca contra a exploração infantil, mas objeta que tenha a ver essencialmente com o capitalismo. Os sistemas primitivos também exploravam e exploram trabalho infantil, coloca. Cita vários exemplos extremos lá.
28 - Por fim, volta a condenar tudo que é intervenção estatal.
II PARTE - RESUMO DO O CAPITAL
Estou surpreso que o livro já "acabou" e todo o resto é meio que um resumo do "O Capital" - acho que é o de Lassalle? - e apêndices. Enfim, foi meio decepcionante. Achei que era apenas um início argumentativo.
29 - (Vou fichar aqui, mas já li resumos de "O Capital" demais, logo, não vou dividir em capítulos nem vou escrever muita coisa. Vai ser mais "leitura" mesmo, pra dar uma recobrada nas coisas.)
30 - (Em tempo: essa teoria da moeda marxista está mais próxima dos monetaristas que dos keynesianos. Mas enfim, coisas do seu tempo talvez.)
31 - Lembra que, para fugir dos problemas da oferta de baixíssima elasticidade, a moeda "de ouro" foi perdendo mais e mais quantidade desse metal. (Era o expansionismo monetário que dava pra fazer).
32 - (Por sinal, pelo que lembro do livro I do O Capital, esse "resumo" está mais chato que o próprio livro, que até gostei de ler. Parece um modo difícil/truncado de explicar coisas simples em alguns trechos).
33 - Capital é meio que a relação social que visa comprar para vender. Transformação dinheiro - mercadoria - dinheiro linha. Vender para comprar seria mera circulação simples.
34 - O capitalista vai além do entesourador. Aqui, o valor é progressivo, busca sempre crescer. Joga dinheiro novo na circulação a todo tempo.
35 - Desde que se trate de valor de uso, é claro que ambos os nossos permutantes podem ganhar. Valor de troca é que não.
36 - Capitalismo é quando a força de trabalho vira mercadoria. O trabalho assalariado livre se torna a forma predominante. Não basta circulação de moeda.
37 - Os meios necessários à subsistência (valor da força de trabalho) variam com a contexto. O texto exemplifica com o "economo que estava à frente dos escravos agrícolas" na Antiga Roma. Ele recebia ração menor que a do escravo, por seu trabalho ser menos penoso. Dá outros exemplos. Varia no espaço e no tempo. Hábitos, exigências, tudo influencia. Incluem os filhos dos trabalhadores também. A reprodução é importante. O resumo inclui inclusive despesas educacionais.
38 - (Continuo achando esse resumo mais confuso que o livro. Às vezes, parece até que está dizendo coisas que o livro não disse).
39 - Há mais dois apêndices: "notas coligidas por Paul Lafargue" e "análise matemática da teoria marxista da formação do capital, pelo professor Octacílio Novaes" (Chatices, mas resolvi ler também. De leve.)
40 - Lafargue: Produção para os fisiocratas: agricultura, mineração e pesca. Tudo vinha da terra (e da água).
41 - ...Traz frase de Smith bem categórica sobre o trabalho ser a medida real do valor de troca. Ricardo também, mas esse diz "quase exclusivamente".
42 - A terra só gera renda em razão da propriedade privada, gerando escassez (Lei de Terras que o diga). Daí vem seu preço.
43 - Coloca que sobretrabalho e mais-valia estavam implícitos em passagens dos liberais clássicos.
44 - Lafargue coloca que a lei de bronze é coisa de Lassalle, não de Marx (nele varia).
45 - O apêndice matemático passei o olho. O lucro "zero" está incluindo a "remuneração ao capital" que seria supostamente fruto do sacrifício absenteísta, então não provou coisa alguma. Não entendeu a crítica de Marx. Tirando isso de lado, é fácil justificar matematicamente qualquer coisa.
FIM!
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