Livro: Reda Cherif (FMI) - The Return of the Policy That Shall Not Be Named (PARTE "A")

                                                                                                                                               

Livro: Reda Cherif (FMI) - The Return of the Policy That Shall Not Be Named: Principles of Industrial Policy



Pgs. 1-7


"CAPÍTULO 1: "INTRODUÇÃO"


1 - É uma publicação recente. Março de 2019. Há toda uma ressalva: IMF Working Papers describe research in progress by the author(s) and are published to elicit comments and to encourage debate. The views expressed in IMF Working Papers are those of the author(s) and do not necessarily represent the views of the IMF, its Executive Board, or IMF management.


2 - Petróleo ou pequenos aderindo à UE: Em 2014, menos de 10 por cento das economias (16 de 182) atingiram o status de alta renda. Em contraste com os milagres asiáticos, os outros que conseguiram ou descobriram grandes quantidades de petróleo ou se beneficiaram da adesão à União Europeia.


3 - Receita dos economistas-padrão? Aprofundamento financeiro, abertura ao comércio, facilidade de fazer negócios, boa infraestrutura e instituições, macroestabilidade, boa educação e acumulação de capital. Acha pouco.


4 - Arrisca outros diferenciais dos milagres asiáticos: (i) intervenção estatal para corrigir falhas de mercado que impedem o surgimento de produtores nacionais em indústrias sofisticadas logo no início, além da vantagem comparativa inicial; (ii) orientação para exportação, em contraste com a típica “política industrial” fracassada das décadas de 1960-1970, que era principalmente a industrialização por substituição de importações (ISI); e (iii) a busca por competição feroz tanto no exterior quanto internamente com responsabilidade estrita. Adiciona que promover o crescimento sustentado, diversificar o setor comercializável e aumentar sua sofisticação são cruciais para os exportadores de commodities


5 -  A “Mão Líder do Estado” tem um papel em direcionar o trabalho e o capital para atividades que o mercado não necessariamente realizaria.


6 -  Embora o Banco Mundial (1993) reconheça que a intervenção estatal para estimular indústrias específicas foi bem-sucedida em alguns casos, ele sugere que, em geral, a política industrial não funcionou e aconselha os governos a não usá-la.



Pgs. 8-10


"CAPÍTULO 2: "TESTEMUNHAS DE RASHOMON DOS MILAGRES ASIÁTICOS"


7 - Cita Hong Kong como exemplo da discussão. Muitos atribuem o sucesso apenas ao livre-mercado, digamos. No entanto, o Departamento de Comércio e Indústria de Hong Kong indica que forneceu várias formas de suporte à indústria, o que pode ser classificado como política industrial "suave". O Conselho de Produtividade de Hong Kong, criado em 1967, desempenhou um papel fundamental na promoção de tecnologia e inovação, TIP em nossa definição (Boulton 1997).


8 - Stiglitz e Greenwald (2014) argumentam que o que separa os países avançados dos países em desenvolvimento é a lacuna no conhecimento. Eles começam com o artigo seminal de Arrow (1962) “Learning by Doing” e argumentam que os mercados subproporcionarão a produção e a difusão do conhecimento. Fechar a lacuna do conhecimento exigiria uma política industrial bem elaborada para encorajar o aprendizado e criar uma sociedade de aprendizagem.



Pgs. 10-20


"CAPÍTULO 3: "APRENDENDO COM MILAGRES VS. FRACASSOS"


9 -  Definimos o limite de renda média-alta em 20% da renda per capita dos EUA e o limite de renda alta em 50% (Figura 1). Quem melhorou entre 1960 e 2011?




10 - Apenas alguns países subiram do status de renda baixa para o status de renda média-alta (Botsuana, Egito, China, Granada, Mongólia e Tailândia). Mais alguns países subiram do nível de renda média-baixa para o nível de renda média-alta (por exemplo, Brasil, Malásia e Romênia). Muitos outros ficaram para trás e caíram em classificações relativas (por exemplo, Jamaica e África do Sul).


11 -  No último meio século (1960-2014), apenas um punhado de economias, 16 das 182 economias da amostra em 2014 — Aruba, República Checa, Guiné Equatorial, Estônia, Hong Kong (China), Irlanda, Israel, Itália, Japão, Coreia, Omã, Portugal, Cingapura, Eslovênia, Espanha e Província de Taiwan na China — ultrapassaram o limite de 50% da economia dos EUA. (...) Examinando um pouco mais de 40 anos de dados (1970–2014), Israel, Itália e Japão saem desta amostra, pois atingiram o status de alta renda em 1970. Nos últimos 44 anos, 7 das 13 economias que atingiram o status de alta renda eram países europeus, que já eram economias de renda média-alta para começar, e mais tarde se tornaram parte da União Europeia, incluindo uma pequena ilha caribenha holandesa de Aruba. Não é surpreendente que essas economias tenham crescido relativamente rápido. Outros países, como Guiné Equatorial, Omã e, na verdade, Aruba, cresceram rápido devido às descobertas de petróleo. Enfim, sobraram os asiáticos. Esses sim os milagrosos.


12 - ...Embora países como Irlanda e Espanha forneçam lições valiosas, seus níveis iniciais relativamente altos de renda, a proximidade geográfica com as economias avançadas da Europa e os programas substanciais de ajuda e desenvolvimento da UE não podem ser ignorados como fatores contribuintes.


13 - Em um artigo seminal, Young (1995) realizou um exercício cuidadoso e meticuloso de contabilidade de crescimento com base nos dados da Coreia, Hong Kong, Cingapura e Província de Taiwan da China. Sua conclusão foi que a contribuição dos ganhos de produtividade, ou seja, Produtividade Total dos Fatores (PTF), havia sido exagerada e, uma vez que o capital físico e humano foram corretamente medidos, a contribuição da PTF para o crescimento diminuiu significativamente. (...) No entanto, Cingapura continuou crescendo rapidamente depois disso e se tornou um dos países mais ricos do mundo em 2017. Enquanto isso, a Coreia e a Província de Taiwan da China têm seguido um caminho semelhante, essencialmente não afetados pelas leis de retornos decrescentes.


14 - ...Estão ligados? Basta investir muito que a PTF sobe? Ao que parece, não. A Coreia, por exemplo, teve uma impressionante taxa média de investimento de cerca de 30 por cento entre 1970 e 1990, mas isso não foi excepcional. Um grupo diverso de países teve taxas de investimento semelhantes ou maiores, como China, Irã, Jordânia, Portugal e Arábia Saudita no mesmo período e o crescimento médio do TFP foi negativo em todos esses países. (...)  Curiosamente, no período subsequente de 1990 a 2010, a taxa de investimento da China aumentou substancialmente e seu PTF começou a crescer muito mais rápido, o que corresponde a uma mudança de um período de políticas de substituição de importações para políticas mais semelhantes ao TIP (ver Figura 3 do Apêndice). (Na verdade nem há correlação)



15 - ...Além disso, se alguém aceitar que a contribuição da PTF foi baixa nos milagres asiáticos, seria preciso colocá-la em uma perspectiva entre países. O mesmo método usado por Young (1995) de “desbastar” a contribuição da PTF por uma medição mais precisa da qualidade do capital, capital humano, participação no trabalho, horas, etc. também se aplicaria a muitos outros.


16 -  As  patentes concedidas nos EUA mostram que as empresas nos milagres asiáticos já eram muito ativas em termos de inovação em um estágio inicial de desenvolvimento. Em outras palavras, algo diferente de "transpiração" deve ter acontecido nesses países que os levou a um crescimento alto e sustentado.


17 - Acredita ser o caso aqui (crescimento asiático não é mera anomalia estatística): As distribuições de lei de potência exibem caudas grossas de modo que eventos extremos (múltiplos de desvios-padrão) são muito mais prováveis do que com distribuições normaisEstudos empíricos têm descoberto tais leis de potência em um amplo espectro de campos. A distribuição de riqueza, os tamanhos das cidades em um país e os retornos do mercado de ações são alguns exemplos (veja Gabaix 2009). (...) No geral, a lei de potência parece ser uma boa aproximação para taxas de crescimento relativo bruto de longo prazo.


18 - Sorte e política. O crescimento é o resultado de uma interação entre política e fatores exógenos, ou seja, decisões políticas podem ampliar ou mitigar a sorte (boa ou ruim). Desastres naturais, guerras, queda das commodities, etc. As prováveis decorrências disso? Para um "n"  grande o suficiente, cada país de baixo desempenho pode ser considerado único no sentido de que as fontes de sua má sorte são exclusivas para ele. A probabilidade de que a realização de variáveis exógenas x seja a mesma para todos esses países é muito baixa. Em outras palavras, as experiências de maus desempenhos podem não conter informações úteis. Enquanto isso, bons os artistas poderiam ser considerados os mesmos no sentido de que não foram duramente atingidos pela má sorte e adotaram as melhores políticas. (...) Esses padrões comuns reforçam ainda mais o caso de que seus sucessos são o resultado de políticas e não de boa sorte (cuja probabilidade é muito pequena com n grande) e, portanto, podem ser replicados.



Pgs. 21-26


"CAPÍTULO 4: "A POLÍTICA DE TECNOLOGIA E INOVAÇÃO COMO “VERDADEIRA POLÍTICA INDUSTRIAL"


19 - Uma explicação teórica para a falta de crescimento sustentado, especialmente na “armadilha da renda média”, está relacionada a desacelerações de produtividade, pois os ganhos com mão de obra de baixo custo e imitação de tecnologia estrangeira diminuem ao passar pelos estágios de desenvolvimento. Inovação se torna bem mais importante que taxa de investimento. 


20 - Produzir o mesmo conjunto de bens ou fazer o mesmo conjunto de tarefas levaria rapidamente à estagnação da produtividade. Em contraste, introduzir novos bens e tarefas permitiria que gerentes e trabalhadores aprendessem continuamente e subissem na “escada da qualidade” (Aghion e Howitt 1992).


21 - Eichengreen, Park e Shin (2013) mostram que países com uma alta parcela da população com educação secundária e terciária, bem como uma grande parcela de exportações de alta tecnologia, têm menos probabilidade de sofrer desacelerações no crescimento. (...) a duração do crescimento está correlacionada com a orientação para exportação — um foco na manufatura, abertura ao IDE e evitação da supervalorização da taxa de câmbio — além da estabilidade macroeconômica, instituições democráticas e menor desigualdade.


22 - A maioria dos casos de reforma econômica não produz acelerações de crescimento, embora mudanças políticas positivas e reforma econômica sejam preditores estatisticamente significativos de acelerações sustentadas, ou seja, aquelas que persistem além do horizonte de 8 anos. Choques positivos de termos de troca e liberalização financeira tendem a estar relacionados a acelerações que não são sustentadas.


23 - Coréia em 1970: Na época, o país não tinha experiência significativa, habilidades (no exterior ou em casa) ou capital físico em indústrias como aço, construção naval e automotiva. No entanto, estabeleceu em cada uma dessas indústrias uma produção em larga escala, não deixando dúvidas sobre a importância da exportação.


24 - Coloca isto aqui sobre os mercados asiáticos ("no âmbito doméstico"? e foi?): ...Embora indústrias específicas possam obter suporte, a competição intensa entre empresas nacionais foi altamente encorajada nos mercados doméstico e internacional.


25 -  Snail crawl, ao que entendi, é uma abordagem de política industrial mais horizontal e gradual: incentivos... institutos de pesquisa etc. Leapfrog seria buscar expandir para indústrias e produtos próximos aos já produzidos. Já a estratégia "moonshot" buscaria objetivos ambiciosos e mudanças radicais. Vai além da vantagem comparativa. Ela desafia o estado a ir além de consertar falhas de mercado e a criar e moldar mercados para enfrentar desafios tecnológicos e sociais. Mazzucato lembra que criar um novo mercado também pode ser algo que coincida com corrigir uma determinada falha de mercado.


(...)


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