Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics - Capítulos 27 a 29
Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics
Pgs. 469-486
"CAPÍTULO 27: "A EMPRESA CORPORATIVA"
351 - Uma corporação é uma forma de propriedade compartilhada e transferível com responsabilidade limitada — limitada à riqueza da empresa. Nenhuma riqueza externa de qualquer proprietário pode ser reivindicada para obrigações futuras da corporação.
352 - IPO: A empresa de banco de investimento estima um preço no qual acredita que todas as ações podem ser vendidas e garantirá vendê-las a esse preço. Por seus serviços de garantia e venda, o banco de investimento cobrará uma taxa de subscrição. Se o banco de investimento não vender todas as ações pelo preço declarado, ele deverá, no entanto, pagar o valor prometido e arcar com quaisquer perdas.
353 - Essa figura da sociedade anônima vai surgindo na Inglaterra e Escócia ainda na época das grandes navegações. Como as pessoas poderiam ser persuadidas a investir em um empreendimento de longa duração se pensassem que mais tarde poderiam querer consumir parte dos lucros ou retirar seus investimentos para consumo ou uma oportunidade de investimento alternativa antes que a viagem fosse concluída? Um primeiro passo foi permitir que os acionistas iniciais vendessem suas ações. Com a vendabilidade das ações, a corporação poderia continuar, mas com proprietários diferentes (parciais).
354 - SA com LTDA: Investidores individuais colocavam em risco apenas o que haviam pago pelas ações, independentemente de terem sido investidores iniciais ou compradores subsequentes de ações. A responsabilidade limitada permite a venda fácil para qualquer pessoa, uma política não discriminatória de venda anônima. (...) Os credores estariam menos ansiosos para emprestar, mas os investidores estariam mais dispostos a investir.
355 - Mercado de ações: A crítica ao mercado de ações como um lugar onde as pessoas apostam ignora o fato de que o mercado de ações não cria a incerteza sobre quais apostas ocorrem. Todo investimento é uma aposta — o resultado é incerto. O mercado de ações torna menos custoso suportar essa incerteza.
356 - Eu estava por fora disto: Em contraste com a ascensão da corporação na Europa Ocidental durante o último milênio, nas nações islâmicas uma parceria entre um grupo terminava com a morte de qualquer um dos membros. Investimentos de longo prazo (e grandes investimentos), portanto, eram mais arriscados e menos frequentes. Havia responsabilidade ilimitada. Afirmam que os islâmicos acabaram ficando pra trás por isso.
357 - O sucesso da forma corporativa de empreendimento no século XVII rapidamente gerou um grande número de empreendimentos de ações conjuntas . Inevitavelmente, muitos falharam, não porque a forma corporativa fosse inapropriada, mas porque as atividades propostas não eram lucrativas. Os fracassos provocaram perversamente a legislação na Inglaterra proibindo a forma corporativa. Mas brechas foram encontradas, e a evasão da lei superou a proibição. A oposição à forma corporativa de organização foi enfraquecida pela percepção de que ela era resiliente e produtiva e poderia servir financeiramente aos governos por meio de impostos.
358 - Tamanho ideal das empresas varia. Quanto maiores as diferenças na demanda por alguns itens especializados (representação legal, salões de beleza, serviços fiscais), mais provável é que os fornecedores sejam pequenos. Processos de produção que são menos dependentes de decisões de produção não discricionárias, padronizadas e repetitivas por funcionários são mais prováveis para se beneficiar de economias da produção em massa.
359 - As vantagens da abertura econômica cresceram com a evolução tecnológica: ...A continuação das restrições ao comércio internacional se tornou mais cara e prejudicial, porque mais oportunidades de comércio com menores custos de transporte e comunicações são obstruídas.
360 - Quando um novo imposto é imposto sobre corporações existentes, muitos recursos já em uma corporação não têm praticamente nenhuma oportunidade de se mover e escapar do imposto. O valor total dos ativos cai. Novos investidores em corporações antigas e novas — depois que o imposto for conhecido — não estarão em pior situação do que investidores em outras atividades não tributadas.
361 - A moderna corporação: É uma maneira conveniente de reunir capital. Nenhum proprietário precisa colocar toda a sua riqueza em uma empresa para que ela seja grande. A fácil vendabilidade da propriedade também aumenta a atração de investimentos. Em outras palavras, é uma forma eficiente de assumir riscos de propriedade.
362 - Por fim, há um interessante anexo explicando item por item mais comum de um balanço patrimonial típico.
Pgs. 487-500
"CAPÍTULO 28: "COMPETIÇÃO PELO CONTROLE DA CORPORAÇÃO"
363 - Nas grandes corporações dos Estados Unidos, os cinco maiores acionistas em uma corporação (geralmente investidores institucionais, como fundos de pensão ou companhias de seguros) possuem em média 25 por cento das ações. Em 15 por cento das corporações, os cinco maiores acionistas possuem quase metade das ações ordinárias.
364 - Posicionam-se contra restrições aos bancos comerciais: ...Eventualmente, o Congresso mudou as leis novamente para permitir que bancos mantivessem títulos e ações como parte de seu portfólio de investimentos. Essa mudança aumentou a eficácia do controle do comportamento gerencial em direção à maximização da produtividade corporativa econômica líquida.
365 - As ofertas públicas de aquisição são por vezes financiadas através de empréstimos junto de banqueiros de investimento privados e da promessa dos rendimentos futuros (...) como garantia.
366 - Recompra de ações: As aquisições gerenciais são outro meio de buscar melhorar o desempenho da gestão. Os gestores que veem uma maneira de aumentar os lucros, a maioria dos quais irá para os acionistas, tentarão se converter de funcionários em proprietários. Os gestores formam um grupo, tomam dinheiro emprestado de uma empresa de banco de investimento e fazem uma oferta pública aos acionistas com um prêmio sobre o preço atual das ações. Esse preço mais alto reflete a confiança dos gestores sobre o quanto eles tornarão a empresa mais lucrativa se a possuírem.
367 - ...O incentivo para um melhor desempenho dos gestores é fornecido pagando a eles (como parte da compensação) uma parte dos aumentos subsequentes no valor de mercado das ações ordinárias. Isso é feito por "opções de ações", dando ao gestor o direito de comprar ações posteriores da corporação a um preço que é definido agora. Qualquer aumento futuro no preço das ações será um ganho para o gestor quando ele exercer o direito de comprar as ações prometidas pelo preço mais baixo anterior.
368 - Sacanagem com os credores? Algumas aquisições podem ser vantajosas para acionistas às custas dos detentores de títulos ou outros credores corporativos. Isso acontece quando a nova gestão muda a natureza do negócio para uma mais arriscada. Geralmente, muitos credores estarão "vacinados" contra isso: Os contratos de empréstimo contêm muitos restrições, condições e disposições sobre o que os devedores podem fazer. (...) Onde é difícil para os detentores de obrigações monitorizar a seleção dos tipos de riscos que as empresas assumirão, os empréstimos serão mais caros. A natureza da atividade costuma determinar o tipo de crédito. Empreitadas muito arriscadas, como filmes e etc. tenderão a repelir credores e atrair investidores. No outro extremo, as ferrovias e os serviços públicos, que apresentam menor risco de perda e maior probabilidade de ganhos normais, são mais capazes de atrair credores.
369 - Quem é o "stakeholder"? Pode ser um monte de gente afetada. Um stakeholder pode ser um supermercado vizinho, posto de gasolina ou apartamentos de propriedade independente e configurados para atender aos funcionários da corporação. O investimento do merceeiro certamente depende do sucesso e comportamento da corporação. Embora seja um stakeholder nesse sentido, o merceeiro não é um acionista. Porém, os autores veem esses casos como ilegítimos. Stakeholders legítimos incluem funcionários que ganharam retornos futuros prometidos , como direitos de pensão de aposentadoria, seguro saúde ou remuneração diferida. Essas são obrigações contratuais iguais aos direitos dos investidores. Banqueiros e detentores de títulos também estão incluídos.
370 - Isto aqui deve ter muito a ver com o processo de concentração: ...Em alguns anos, 30 a 40 por cento de todas as corporações de capital aberto relatam perdas, embora as empresas que relatam perdas nem sempre sejam as mesmas. Por um século, a porcentagem sempre foi acima de 20 por cento e tem sido superior a 50 por cento em vários anos. (...) Para todas as corporações que relatam, os lucros agregados (após impostos) normalmente são cerca de cinco vezes maiores que as perdas.
371 - Por que comprar um negócio que está dando prejuízo? E quando não faz sentido vendê-lo? ...(a) os compradores estão mais otimistas sobre como podem administrar o negócio; ou (b) o negócio não é realmente um “negócio perdedor”, mas investiu mais do que valia a pena, à luz dos retornos subsequentes. Então, um novo comprador oferece um preço pelo negócio suficientemente baixo para que ele consiga cobrir esses custos com os retornos futuros. Nesse caso, não há sentido em vender o negócio, porque a perda do investimento inoportuno anterior é um custo irrecuperável para o investidor original e não é evitado pela venda do negócio.
372 - Qual o problema dos fundos de garantia dos governos (tipo FGC e afins)? Gerarem risco moral.
Pgs. 501-525
"CAPÍTULO 29: "A DEMANDA POR RECURSOS PRODUTIVOS"
373 - Para alguns insumos produtivos — carvão, água, gasolina, eletricidade — as unidades de cada tipo são suficientemente similares para que apenas a quantidade, não qual unidade específica daquele tipo de recurso, seja importante. Para muitos outros bens, especialmente mão de obra, a descoberta de características individuais é cara.
374 - Retornos marginais decrescentes: ...Parece que, tipicamente, adições de um insumo variável (trabalho) a uma quantidade fixa de outros insumos (terra) primeiro aumentarão a produção a uma taxa crescente e, em seguida, a uma taxa decrescente até um máximo, com ainda mais adições finalmente reduzindo o produto total (TP).
375 - A quantidade de qualquer tipo de insumo demandado depende das quantidades de todos os outros recursos sendo usados. Mas a presença de recursos complementares e substitutos afeta apenas a elasticidade da demanda por um insumo, não a negatividade da inclinação — mais a um preço menor e menos a um preço maior. E a algum preço suficientemente alto, nenhum será demandado. (...) Como os ajustes em insumos são menos custosos se feitos com menos pressa, a elasticidade da demanda por recursos produtivos é maior no longo prazo. Essa é a segunda lei da demanda — para todos os bens.
376 - O salário pago depende da competição de outros empregadores. (Também vinculam aos usos alternativos do trabalho do sujeito, claro).
377 - Tanto (a) a demanda negativamente inclinada por recursos produtivos quanto (b) a demanda negativamente inclinada por bens de consumo são formas do mesmo princípio geral. Uma é sobre produtos marginais decrescentes; para a outra, é sobre valores marginais decrescentes. Assim como há substituições entre quantidades de bens de produção, há substituição entre quantidades de bens de consumo. (...) As substituições são marginais — não são tudo ou nada.
378 - Isto aqui pra mim é o poder da demanda salarial elevando a produtividade: Anos atrás, duas pessoas operavam e gerenciavam um ônibus, uma como motorista e a outra como cobradora e atendente de passageiros. Em resposta aos salários mais altos, a cobrança de tarifas parcialmente automatizada resultou em ônibus com motorista único, mas menos seguros e agradáveis. É fácil pensar que as mudanças ocorreram por causa da automação, permitindo salários mais altos, em vez do contrário (os salários aumentaram, tornando a automação mais econômica).
379 - Um exemplo de ajustes não intencionais é a resposta à restrição do fornecimento de petróleo e o consequente aumento dos preços do petróleo e da gasolina na década de 1970. Os produtores de automóveis que já estavam fazendo carros menores e com maior quilometragem por galão encontraram seus produtos em alta demanda. Os carros japoneses eram menores, assim como alguns carros europeus, em parte porque havia um imposto muito alto sobre a gasolina naquelas nações. A mudança na demanda pública para carros menores deixou os produtores dos EUA em uma situação de baixa competitividade. Os produtores japoneses e europeus ganharam vantagem ao satisfazer mais rapidamente a demanda do consumidor.
380 - Algumas demandas favorecem o ganho salarial e outras não. É a elasticidade, como sempre, no jogo de quem o aumento da produtividade vai favorecer: ...se a demanda pelo produto for muito elástica, o preço mais baixo desse produto pode aumentar a quantidade demandada o suficiente para aumentar a demanda por trabalho e a quantidade empregada, bem como aumentar a taxa salarial.
381 - ...Elasticidade-renda influencia isso: Em algumas indústrias, como a agricultura, o número total de pessoas diretamente empregadas diminuiu como resultado do maior uso de equipamentos (funcionários que fabricam equipamentos agrícolas não são contados como trabalhadores agrícolas). Em outras indústrias, como a fabricação de automóveis, o número total de pessoas empregadas continuou a aumentar muito depois que a automação ocorreu porque a demanda por carros aumentou à medida que a economia se tornou mais rica.
382 - Seu valor (no capitalismo) dependerá em parte de 1) quantas pessoas estão fornecendo serviços semelhantes, 2) da tecnologia e do fornecimento de recursos com os quais você trabalhará e 3) das habilidades do empregador em estimar a demanda do consumidor por vários produtos e em gerenciar e selecionar uma equipe bem combinada na qual você trabalha.
383 - Em salários e rendas altos o suficiente, o efeito do aumento da renda do trabalho pode ser dominado pelo efeito de substituição (de lazer por renda). Isso se reflete em uma curva de oferta de curvatura para trás.
384 - Isto aqui, por vezes, é verdade: capital não está necessariamente demolindo o total de empregos: A substituição de “capital por trabalho” pode ser enganosa, porque ignora o trabalho usado para fazer o capital. Aumentou o emprego na empresa que faz o robô ou o algoritmo, por exemplo. (...) A mão de obra total é realocada em suas tarefas. Nenhuma mão de obra é liberada da força de trabalho, uma vez que essa mão de obra é usada para produzir mais de outros bens — exceto na medida em que alguns trabalhadores agora escolhem mais lazer. (Lazer não fornecido pelo trabalho capitalista, acrescente-se). (...) Novas invenções induzem o trabalho a buscar e se mover para o melhor dos outros empregos não preenchidos. A riqueza total da comunidade é aumentada.
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