Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics - Capítulos 16 e 17

                                                                                                                            

Livro: Armen A. Alchian, William R. Allen - Universal Economics



Pgs. 267-290


"CAPÍTULO 16: "OFERTA DE MERCADO E PREÇO COM TOMADORES DE PREÇOS"


173 - Custo irrecuperável/investimento afundado/"sunk investment": Se você comprar uma máquina de $ 100.000 que você poderia revender rapidamente por $ 95.000, seu investimento afundado seria de apenas $ 5.000. Isso não é recuperável, então é irrelevante para quaisquer decisões futuras. (...)  não determina se você fica ou sai.


174 - Competição num mercado de tomadores de preço: ...Para produtos facilmente padronizados ou classificados em graus de qualidade semelhantes — trigo, algodão, soja, ações ordinárias da Apple ou Chevron, mão de obra para colher morangos, unidades de moeda estrangeira — tudo o que importa é o preço. Qualquer vendedor que cobrar mais perderá todas as vendas; qualquer um que cobrar menos será inundado com pedidos. Há zero espaço praticamente para a diferenciação por qualidade.


175 - ...A entrada suficientemente rápida - ao menos em potencial - também cumpre um papel decisivo nessa configuração aí. Imagine uma vila com apenas uma costureira, que aumenta o preço. Em poucos dias, várias outras pessoas que sabem costurar poderiam entrar no mercado. O preço cairia novamente.


176 - "Tomador view": ...a demanda parece-lhe infinita a esse preço. No entanto, se um tomador de preços tentasse vender a um preço um pouco mais alto, todos os clientes mudariam para outros vendedores que já existem ou entrariam rapidamente em produção com um suprimento compensatório. Enfim, pode vender quanto quiser, desde que ao preço certo. Ele não consegue inundar o mercado, pois este é muito competitivo. Isso gera "não-rivalidade". Produtor de trigo não teme o vizinho. Eles não são como um merceeiro, operador de posto de gasolina, cabeleireiro ou dono de loja de antiguidades que considera um vendedor vizinho como um rival, um concorrente.


177 - Os custos fixos não entram nos marginais. Tudo que importa, para estes, são os variáveis.


178 -  Para um tomador de preços, maximizar os lucros é o mesmo que produzir a uma taxa em que o custo marginal corresponde ao preço de mercado


179 - Mercado competitivo e aumento de curso "surpresa":  Um aumento no aluguel pago pela empresa (coluna 2, custos constantes) não mudará os custos marginais, mas aumentará o custo médio. Isso não afetará a taxa de produção no curto prazo, embora isso afete a produção de longo prazo (posterior) quando a substituição do equipamento for considerada.


180 - Um papel para o custo médio: No longo prazo, um produtor continuará a produzir somente se o preço estiver acima do custo médio mínimo do produtor. Mas há dois custos médios mínimos: um para produção de longo prazo e um menor para tiragens curtas com uma unidade de produção existente. No curto prazo, a produção continuará enquanto o preço estiver acima do custo variável. (...) Para decisões de investimento inicial, o preço de mercado antecipado deve ser pelo menos tão alto quanto a média mínima dos custos totais de produção


181 - ...Suponha, no entanto, que o investimento em maquinário especial, fábrica ou edifício tenha sido feito, e a empresa agora exista. Estamos no curto prazo — durando até que novos investimentos de substituição sejam feitos. Aqui vale o custo variável médio mínimo. (Não vejo exatamente assim, se a revenda de equipamentos for rápida e de custo interessante... Porém, o valor de mercado dos equipamentos devem ser dependentes também da demanda dos bens finais "a que servem", digamos. O dirigente teria que se antecipar a algo que ninguém sabe ainda)


182 - Oferta agregada é a soma das individuais:



183 - Nesses mercados, produzir mais do que a taxa de maximização dos lucros pode não ser socialmente desejável: Produzir mais do que a taxa de maximização do lucro aumentaria o valor pessoal total (medido pelo preço) em menos do que o valor pessoal de outros bens abandonados (medido pelo custo marginal). Ao que entendi, é meio que uma parcial má alocação.


184 - Os rivais competem pelos recursos e gerentes que podem obter lucros. Essa competição aumenta os preços dos recursos que geram esse lucro. O que eram lucros são convertidos em ganhos futuros normais de recursos mais valiosos. O que são lucros um dia se tornam custos de uso futuro do recursos. (...) Quando as pessoas veem uma empresa lucrativa, elas procuram o segredo do seu sucesso. Eles buscam o recurso responsável, e sua oferta de comprá-lo capitaliza o lucro futuro em um valor de capital presente mais alto do recurso. Os lucros são convertidos na riqueza de alguém. O "segredo do sucesso" pode ser equipamento(s), pessoa(s), uma ideia patenteada... Tudo terá seu valor de mercado aumentado até o lucro virar custo (lucro vai a "zero").


185 - Aqui é mais uma vez o lucro "econômico", não o contábil:  Lucros são os aumentos imprevisíveis, mas agora descobertos, nos valores dos recursos responsáveis. Os valores mais baixos anteriores subestimaram os valores de uso futuros. Ninguém sabia antes qual seria o valor dos recursos, senão seu valor de mercado já teria sido tão alto. O valor anterior, ou custo de uso, era o valor mais alto que alguém antes estava disposto a apostar que renderia. (...) Há antecipação especulativa, digamos. Um  lucro  é  obtido  pelo  inovador  que  cria  valor. (...) Se o lucro foi resultado de sorte, melhor previsão, percepções mais rápidas ou o que quer que seja, é irrelevante. Por fim, lembram que estamos falando de mercados abertos, não sendo renda de monopólios artificiais.


186 - Os lucros não duram no mercado aberto competitivo: Qualquer gerente ou proprietário que não respondesse aos custos mais altos de continuar a utilizar da maneira antiga o recurso agora descoberto como mais valioso perderia na competição com aqueles que se oferecem para pagar esse valor mais alto para obter a pessoa, o equipamento ou o serviço que está criando mais valor para os consumidores.


187 - Novo imposto sobre equipamentos: Os perdedores são 1) os proprietários de equipamentos existentes que se tornam menos valiosos e também 2) quaisquer funcionários cujos salários disponíveis em outros lugares são menores do que os salários que recebiam antes da mudança.


188 - Depreciação: Toda empresa calcula a depreciação de um recurso com base no preço de compra original — não no seu valor atual. As empresas relatam os dados errados — o registro histórico — mas geralmente de forma inofensiva. Querem diferenciar de obsolescência: Em nosso exemplo, o preço do produto caiu. Esse declínio no preço do produto resultou imediatamente em uma mudança no valor do recurso, uma obsolescência, não depreciação. Na outra direção, um aumento no valor do recurso é apreciação — um lucro inesperado. A máquina segue no seu curso de uso normal, mas o bem final que ela produz fica mudando de preço. Porém, relatórios contábeis não podem ou não costumam ficar estimando as coisas pelo valor de mercado.  Tentar estimar os valores de mercado atuais dos recursos da empresa introduziria opiniões pessoais subjetivas


189 - Já na parte de perguntas e reflexões: Com tantas outras pessoas, cada um de nós geralmente é impotente para afetar significativamente a produção ou a demanda do mercado. Isso não significa que não podemos escolher entre compras ou produtos alternativos disponíveis para produzir. No entanto, como dificilmente podemos alterar a gama de ofertas que nos são feitas, cada produtor de mercado aberto pensa que o consumidor (uma personificação do mercado) é soberano, enquanto o consumidor acredita que os produtores (personificação da oferta) decidem o que os consumidores podem ter.



Pgs. 291-310


"CAPÍTULO 17: "MOMENTO DOS AJUSTES"


190 - Reações a mudanças de preço não são todas imediatas. Levou alguns anos para tornar os automóveis menores e mais econômicos depois que o preço da gasolina saltou durante um "choque do petróleo" inicial. Mais tarde, quando o preço do petróleo caiu, levou vários anos para retornar aos carros maiores. Algumas respostas demoram tanto que é difícil lembrar a causa. (...)  O curto prazo inclui ajustes na taxa de produção, mas antes de alterar a quantidade de recursos produtivos duráveis. O longo prazo se refere aos ajustes finais concluídos, incluindo reduções ou aumentos no estoque de instalações produtivas.


191 - A mesma perda pode ser explicada de formas diferentes. Dez centavos a mais no imposto sobre a gasolina, por exemplo...




192 - ...Suponha que o preço resultante incluindo impostos seja $1,03. Os consumidores pagam 3¢ a mais por galão, e os produtores recebem, após pagar o imposto, 7¢ a menos por galão. Ou seja, o consumidor pagou 3¢ e o vendedor 7¢ do imposto. A quantidade de gasolina sendo produzida é reduzida para onde seu custo marginal é 7¢ a menos do que antes do imposto, ou seja, para 93¢.


193 - ...Bem ou mal, deram a melhor definição de peso morto que lembro de ter visto: Essa é a redução no valor pessoal dos consumidores quando recursos são transferidos para outros bens, gerando menor valor pessoal do consumidor. Essa redução é o ônus do imposto.


194 - Recursos móveis e imóveis. Bens físicos ou mesmo pessoas. Você seria considerado perfeitamente móvel se seu melhor emprego alternativo fosse tão bom quanto o atual. Você seria muito imóvel se sua próxima melhor opção valesse muito menos.


195 - Quem paga o imposto? Nesta parte aqui estão falando, sem usar o termo, de elasticidade da oferta e como isso tem a ver com a tributação: Os impostos reduzem os ganhos para os recursos menos móveis, que, portanto, arcam com parte do imposto. Com o passar do tempo, mais recursos se afastarão ou serão erodidos e aposentados e não substituídos. O fornecimento de gasolina cairá em direção a uma quantidade na qual o preço de mercado da gasolina cobrirá toda a refinaria e os custos de refino mais o imposto. A partir desse momento, os consumidores pagarão todo o imposto. Mas no ínterim (o curto prazo) antes do ajuste total de longo prazo nas refinarias, a redução na riqueza será suportada em parte pelos proprietários dos recursos produtivos e por alguns dos funcionários que forem demitidos.


196 -  As elasticidades da demanda e da oferta no curto prazo são menores, porque ajustes mais rápidos (curto prazo) são mais caros do que se feitos menos rapidamente (longo prazo). As maiores elasticidades no longo prazo tornam os efeitos de quantidade maiores do que no curto prazo. Mais do imposto é suportado pelos consumidores, em vez de pelos fornecedores, quanto mais tempo o imposto estiver em vigor, exceto pelos impostos sobre recursos de fornecimento fixo e constante, como terrenos.



197 - ...Um imposto sobre um produto parece, a princípio, ser pago pelo produtor com pouco efeito na produção, mas depois, à medida que as maiores elasticidades de oferta e demanda entram em vigor, o preço para os consumidores sobe e a quantidade demandada e produzida cai. Mas quando isso acontece, quem se lembra que foi causado pelo imposto? No exemplo em questão... A parcela do imposto inicialmente suportada pelos proprietários de recursos de refinaria imóveis existentes foi transferida totalmente para os consumidores, porque o preço terá sido empurrado para cima o suficiente para cobrir o custo médio de longo prazo de criação e operação de refinarias. É por isso que os proprietários de novas refinarias não arcarão com nada, e os consumidores arcarão com todo o imposto daí em diante. (...)  Novos investimentos em refinarias serão feitos somente se for esperado que eles produzam a mesma taxa de retorno de qualquer outro novo investimento.


198 - De volta ao custo afundado/irrecuperável: Considere uma situação análoga comum. Você possui um carro que decide usar como táxi, mas a receita de operá-lo não precisa cobrir o preço de compra anterior do carro. Você já possui o carro. Para continuar a usá-lo, a receita deve cobrir (a) os custos operacionais restantes subsequentes ou (b) o que você poderia obter de um uso alternativo do carro. No entanto, quando o carro se desgasta, seu serviço de táxi terminará se você não tiver criado uma reserva suficiente para comprar um carro novo. (...) Como a refinaria é imóvel e não tem utilidade para nada além de refino, ela continuará operando enquanto as receitas cobrirem seus custos operacionais . Os ganhos podem ser muito pequenos para que o investimento inicial tenha sido lucrativo. Mas, uma vez que o investimento foi feito, qualquer ganho que exceda os custos operacionais é um excedente — até que o equipamento se desgaste.


199 - ...Não vejo bem o porquê de se chamar essa situação de "quase-renda", mas tem alguma lógica. Bom, resolveram chamar assim.


200 - Ainda sobre ajustes: ...A produção cai mais quando a oferta é perfeitamente elástica do que quando ela é menos elástica. Isso já era dedutível, mas enfim...


201 - Mais uma coisa que penso sempre sobre "peso morto": Não devemos ignorar o que é feito com o imposto coletado. Ele pode financiar mais e melhores ruas. Você pode dizer que o valor das ruas é maior do que o valor do que não é produzido. Isso significaria um ganho social — maior valor pessoal total, não menor. Essa é a base da política pública para impostos — financiar atividades valiosas que não seriam possíveis de outra forma. Lembram que o imposto sobre a gasolina também combate uma externalidade negativa.


202 - Ajustes antes do evento previsto (nem todos surgem de imprevistos): Em Washington, DC; Hong Kong; Manila; e muitas outras cidades, centenas de pessoas com empregos de tempo integral se tornam taxistas durante as horas de pico. (...) Horas extras e/ou fornos/equipamentos de mais alto custo são usados. Enfim, são paliativos. Nenhum deles envolve excesso de capacidade. Esses chamados recursos de custo mais alto são as formas mais baratas de atender rapidamente a picos de demanda previsíveis.


203 - ...Recursos para demandas temporariamente altas são frequentemente chamados de recursos marginais ou firmas marginais. Toda firma está sempre na periferia (margem) em termos de sua taxa de produção, porque geralmente poderia produzir mais, e certamente poderia produzir menos.


204 - Nunca esquecer que as respostas dos preços podem ser assimétricas: Notícias de que um país produtor de petróleo no Oriente Médio foi invadido por um vizinho criam uma expectativa de um fornecimento futuro reduzido de petróleo. Seria tolice vender estoques atuais de petróleo a um preço muito abaixo do que é esperado no futuro próximo. O petróleo bruto disponível agora acima do solo em tanques de armazenamento pode ser retido para uso no futuro ao preço mais alto esperado. O preço atual sobe imediatamente. Mas o inverso não é o caso. Os maiores fornecimentos futuros esperados de petróleo (ou qualquer outro bem) não podem ser trazidos para o presente — embora os produtores atuais que têm excesso de capacidade possam produzir agora a uma taxa mais alta para vender mais ao preço mais alto de hoje, antes que o novo fornecimento entre em operação e resulte em um preço mais baixo. (...) Os preços atuais mais altos reduzem o consumo agora. Mais é retido para refino futuro, quando valerá mais. Os preços do petróleo no futuro serão então menores do que se mais petróleo não tivesse sido retido do presente.


205 - É o armazenamento quem muda as coisas: (Claro, se fosse algum bem não armazenável, o preço futuro mais alto não seria refletido em um grande salto agora: morangos atuais não podem ser mantidos como morangos frescos para um preço futuro mais alto.). Se estoques puderem entrar em ação...


206 - Quando o governador da Califórnia exigiu legalmente uma gasolina menos poluente houve necessariamente um aumento do preço. Em uma conspiração tentada privadamente , os refinadores teriam que concordar em reduzir a produção ou exigir que cada um aumentasse seu preço. Mas cada um tentaria ganhar reduzindo secretamente o preço ou aumentando a qualidade, ou ambos. Aqui, o governo ajudou a impor ambos os requisitos. Nenhum refinador poderia ignorar o mandato oficial e vender o tipo antigo de gasolina que custava menos.


207 - Competição por preços predatórios: Se o aviso anterior de Old a New fosse tomado como uma ameaça, New poderia alegar intenção predatória. Mas se a New prevê os efeitos competitivos de uma oferta maior no preço e a irrelevância dos custos de investimento iniciais e irrecuperáveis para as operadoras existentes, a New se absterá ou adiará o investimento. A New esperará até que a demanda por serviços seja grande o suficiente para suportar 50 canais adicionais (para um total de 100) a um preço de pelo menos US$ 675 por canal, ou até que o antigo sistema de fios de cobre esteja mais perto de se desgastar.


208 - Tem uma pergunta sobre peso morto de um imposto sobre amendoim: Nada nesta resposta ajuda a saber se a sociedade está pior ou melhor porque os usos dos recursos do imposto não são conhecidos


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